quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Eu não gosto de ser grosseio com ninguém, mas tem momentos que necessitamos marcar posição, pois existem abusos. Num desses, li verdadeiros absurdos desferidos contra Lamarca e resolvi responder à altura. Quem acompanha o Jornal da Cidade deve estar por dentro da polêmica sobre ele e sabe que a resposta, partindo de mim, não poderia ser passada em branco. Saiu publicada na Tribuna do Leitor, edição do último domingo, 27/01. E como dizia o meu frasista preferido, o ex-presidente corintiano Vicente Matheus: "Quem entra na chuva é para se queimar". Entrei e sei que poderá pintar réplicas e tréplicas.
LAMARCA E GOFFI - Mr. HIDE E Dr. JECKYL
Ivan, de uma vez por todas deixe o Lamarca em paz. Ele se jogou de corpo e alma numa guerra contra as injustiças brasileiras, contra uma cruel ditadura e merece o reconhecimento postumamente prestado. O regime militar merecia reações daquele tipo. Falta-nos hoje essa coragem. Já, os seus textos estão sectários demais, duros, grosseiros, alguns até preconceituosos. Todo sectarismo é perigoso. E estás se transformando num cara tipo dr. Jeckyl. Daqueles que todos cortam volta. Daqueles que para provar no que acredita, até inventa e distorce fatos. Você não precisa disso. Ficou chato. Leia mais, beba mais, saia mais um pouco do seu restrito circulo de amizades, viva mais e de vez em quando procure observar algumas virtudes nos seus adversários e inimigos. Fique menos Taleban. Renascerá...
domingo, 27 de janeiro de 2008
Perdi o hábito de ler os tais jornalões diariamente, pois estão um tanto tendenciosos. Fujo deles, mas ainda os leio, principalmente quando bato o olho numa banca e vejo algo que me interessa. Hoje aconteceu isso. Fui logo cedo comprar minha revista semanal e não resisti acabei trazendo junto a Folha de SP (R$ 4,00). A manchete do alto da capa estava mais do que convidativa: "Brasil mandou matar Jango". Não estou escrevendo aqui para comentar a matéria em si, pois elas deveriam fazer parte de nossos jornais todos os dias. Escrevo sobre o que me move, a atração, o diferencial, o que busco e não encontro e quando algo que me desperta a curiosidade está logo ali, diante dos meus olhos, não resisto e trago logo para meu mafuá, onde o devoro avidamente. Com a Folha SP desse domingo foi assim. Trouxe para casa e não me arrependi.
O motivo estava dado (sempre é bom ter um motivo). Quando lançou seu novo livro, o "Bauru – Notas Históricas" eu estava viajando. Já o havia comprado, minha mãe até já o havia lido (também ficou com o tal gostinho de quero mais) e o estava levando para a dedicatória. O outro motivo era para elucidar um fato histórico que, só mesmo ele poderia me esclarecer. Sediaremos em Bauru um evento sobre Patrimônio Cultural no próximo dia 16/2, quando estariamos comemorando 100 anos da vinda de Afonso Pena, o primeiro presidente da República a visitar Bauru. A divergência é sobre o ano exato, 1908 ou 1909. Existem documentos com as duas datas. E agora? Se for 1009, o centenário será somente ano que vem. Liguei e marquei a visita.
No dia seguinte, no horário combinado, ao me receber sou encaminhado sem rodeios ao seu local de trabalho. Antes que pudesse mostrar cópia dos dois documentos que havia trazido, cada um com uma data, ele se antecipou e mostrou cópias das duas fotos, iguaizinhas as minhas e afirmou: "Até hoje, por tudo o que já pesquisei, foi em 1908. O centenário será esse ano". Faltava porém, um documento para decifrar de vez a charada, uma cópia da Ata da inauguração dos 100 kms, motivo da visita, "lavrada no quilômetro 92, estação de Lauro Piza, com a presença do presidente. Eu tenho cópia dela e se me der um tempo a encontro", me diz. A data havia sido mesmo em 16/2, mas o ano permanecia nas afirmações de memória.
Só então fui dar conta do local onde me encontrava. Já havia estado ali em outras oportunidades e em todas uma constatação, a organização é algo que o acompanha há muito tempo. Tudo ali tem um lugar definido, porém daqueles que só o dono sabe o paradeiro. E ele vai mostrando de tudo um pouco, comuma paciência que também lhe é peculiar. Mostro o livro e peço a dedicatória. Ele o coloca num canto e pede que o pegue amanhã, pois não gosta de fazer isso com pressa. Vou olhando para tudo e ele parece se divertir com tudo isso. Todos que passam por aquele santuário devem ter a mesma impressão e a frequência de visitantes não deve ser pequena. "Vou receber três moças de São Paulo ainda nessa semana. Elas ficarão três dias por aqui me entrevistando sobre a ferrovia", conta ele. Conta sobre avinda de um funcionário do arquiteto Jurandyr Bueno Filho, querendo saber o nome anterior da rua Monsenhor Claro: "Para esse tipo de pesquisa, não preciso nem pesquisar. Na maioria das vezes sei de cabeça. Disser ser Piatã". E fala isso sem pedantismo ou falsa modéstia, é que sabe mesmo.
PS.: Fomos consultar uma antiga coleção de jornais "O Bauru", de 1908 e lá estava a confirmação de que a visita havia, de fato, ocorrido naquele ano, solucionando o impasse.
Henrique Perazzi de Aquino, escrito em 22 de janeiro de 2008.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Sou um carnavalesco nato. Esse período acaba me revitalizando para o restante do ano. Não sou adepto daqueles que, insistem naquela bobagem de que o ano só começa após esse festejo. Para mim, começou bem cedo, pois estou ralando desde o dia 2. Porém, acho mais do que necessário e estimulante a parada para cair na folia. Todas as pessoas sensatas, que professam uma fé autêntica, devem entender que não só de contrição a vida deve ser tocada. Muito menos só de trabalho. Essas paradas são mais do que necessárias, ainda mais, quando ocorre com uma festa que, considero nossa maior manifestação popular de congraçamento popular. Produzimos e muito, também no ócio.
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
sábado, 19 de janeiro de 2008
Foi só abrir a boca e manifestar uma provável intenção de ir à Cuba ainda nesse mês de janeiro, para ter início algumas considerações, que pelo volume, acabei dando mais corda, estimulando o seu prosseguimento, tudo para tentar obter uma espécie de perfil do que o brasileiro acha de Cuba e de como acredita que seja a vida naquele país. De cada um ouvi algo diferente, quase todos na mesma linha de pensamento, o que me deixou deveras preocupado, pois pela maioria das considerações ouvidas, a grande maioria acredita que Cuba vive num mundo de opressão, falta de liberdades e de condições mínimas de vida decente (sic), precariedade instituicional e a mais cruel ditadura. A pergunta que fica num primeiro momento é: Como construiram essa idéia? O que leram, viram ou ouviram para construir esse perfil?
Numa agência de viagens, um senhor ao meu lado, quando me vê consultando preços sobre pacotes para a ilha de Cuba, não se faz de rogado e faz questão, mesmo sem me conhecer, de me alertar: "Não iria para um lugar desses de jeito nenhum. Lá não têm nada que procuro. Vou é alguns quilômetros à frente, na Flórida. Aquilo sim é lugar para passear e fazer turismo". Mais não lhe deixo falar, pois me viro para o atendente e de costas para ele, deixo claro minha indisposição. Falando sózinho, a cantilena pára por aí. Quando ele se afasta, o constrangido atendente fez questão de me dizer: "Aqui a gente é obrigado a atender todo tipo de cliente, inclusive desse tipo. Eles acham que por terem dinheiro suas idéias devem prevalescer sempre". Evito comentários, pois essa era a melhor resposta que poderia ter ouvido.
Henrique Perazzi de Aquino, escrito em 15 de janeiro de 2008.
Terminei de ler o seu livro no dia 01/01/2007. Demorei a fazê-lo, pois você esteve aqui em Bauru no dia 12/12 e na correria de final de ano só fui conseguir devorá-lo nesses dias de festas, de pouca atividade e algum tempo ocioso. Aproveitei para colocar as leituras em dia e teu livro foi uma das prioridades e a que me proporcionou maior prazer, pois além de acompanhar sua trajetória há muito tempo, a forma como escreve, faz a gente começar e não querer parar mais. A cada página lida ia constatando a sua integridade, a forma de tratar o semelhante e a preocupação com os desvalidos e os miseráveis dessa nossa terra varonil. Tua vida sempre foi muito intensa e devido ao teu estilo peculiar, a facilidade de escrever (e bem) e retratar o que ia observando pelas caminhadas, a sensibilidade de descobrir boas histórias nos acontecimentos mais simples, noto que nunca esteve privado de trabalho, nunca tendo passado por grandes sobressaltos, pois soube fazer bons amigos e ser reconhecido por eles. O stress e a angústia foram a de não poder resolver tudo da forma e no momento adequado, mas isso ninguém consegue a contento. Vamos fazendo a nossa parte e contribuindo para transformar esse país, pouco-a-pouco no país que idealizamos. Você faz a sua parte muito bem feita.
O fato é que me encantei com tuas histórias, tanto que fui meio que obrigado a ir grifando o livro com minha caneta marca-texto, pois além das lições recebidas a cada página, gosto demais da profissão de jornalista. Recebi uma verdadeira aula, uma lição de como deve ser a prática do verdadeiro jornalismo. Fiz questão de reproduzir lá embaixo uma porção de frases, as mais significativas do livro, aquelas que selecionei, reescrevi num outro papel e mantenho ao meu lado para futuras consultas de como deve ser o procedimento, a alternativa correta para algumas embrulhadas que a vida sempre nos apresenta.
De uns tempos para cá tenho escolhido melhor os livros que leio (uns 50 por ano). Já li de tudo, desde coisas enfadonhas, que vamos arrastando, lendo numa marra danada, até aquelas que você começa e não quer mais parar. Teu livro foi assim, tanto que tomei uma decisão (que não sei se conseguirei cumprir): só lerei esse ano aqueles, que batendo os olhos, sentirei prazer em lê-los. Começo muito bem o ano, pois o que encontrei nas páginas do "Do Golpe ao Planalto" foi uma espécie de regra de conduta daqui para frente.
Obrigado por me proporcionar um belo começo de ano. Voltando para Bauru (que tal no lançamento da revista?) não se esqueça dos amigos deixados em Bauru (envio foto anexa, tirada no JC, junto comigo e o Alcimir do Carmo, do Sindicato dos Jornalistas). Outra coisa: como percebi que tua revista vai retratar as histórias de brasileiros comuns, aquelas que todos nós possuímos, conhecemos, mas não lemos em lugar nenhum, quero ir te enviando via e-mail algumas delas, que irei resgatando e coletando aqui por Bauru. Quem sabe você não se encanta com uma delas e vem para cá antes do previsto. Os bares de Bauru te aguardam.
Vamos as frases:
- "Rossi foi quem me ensinou na prática qual o sentido da nossa profissão: garimpar boas histórias e oferecer informações confiáveis à sociedade."
- "Para ficar boa uma história tem que ser contada como foi contada desde o início."
- "Foi com ele (padre José de Almeida Prado) que aprendi o prazer da leitura e a escrever da forma mais simples possível para me fazer entender – em português."
- "...o excesso de zelo naquela época muitas vezes impediu que assuntos importantes viessem a público. Como acontece até hoje."
- "No corre-corre do desafio de cada edição do jornal, muitas vezes não nos sobra tempo para refletir sobre o trabalho que estamos fazendo – e por que estamos fazendo. O jornal precisa acompanhar o seu tempo sem se deixar levar por ele, mas não pode nunca perder de vista as perspectivas históricas, os seus compromissos com o leitor, a comunidade, os interesses maiores da Nação. Acima de tudo, porém, o seu compromisso é com a verdade."
- "O melhor da experiência de ser correspondente internacional é que você se obriga a fazer matérias para todas as editorias do jornal, e acaba conhecendo a cada dia novas histórias e novos personagens. (...) Quem descansa, enferruja."
- "Apanhei um pouco no começo, até descobrir que texto de revista é diferente de texto de jornal. (...) A formula consistia em, com base em algumas informações originais, construir uma tese qualquer sobre o assunto; eu já não podia apenas relatar os fatos".
- "Nessa profissão, para conseguir matérias, não adianta brigar nem discutir com as fontes; é preciso ter paciência, engolir sapos e pensar sempre apenas em como arrancar informações que sejam do interesse do leitor, nosso verdadeiro patrão. (...) Às vezes, a grande matéria surge de um fato banal do cotidiano, de uma pista que se recebe num telefonema ou se ouve em conversas num balcão de bar."
- "Páscoa, Finados, Natal, não tem jeito – é difícil para um repórter escapar da cobertura de tais datas e das matérias que parecem ser sempre as mesmas, ano após ano. No entanto, em lugar de falar do preço de ovos, peixes, flores e panetones, pode-se contar uma história que de alguma forma esteja relacionada a essas datas."
- "É esta a função do repórter: mostrar a nossa realidade para que as pessoas tenham elementos capazes de transformar esta mesma realidade, reagir diante dela, se quiserem. O resto é burocracia, propaganda ou literalice, não tem nada a ver com jornalismo. Complicaram muito as coisas, mas jornalismo é uma arte muito simples: um repórter e um fotógrafo na rua, mentes e corações bem abertos, contando as histórias do dia-a-dia da vida."
- "É preciso estar sempre atento a qualquer fato ou personagem que possa render uma boa matéria. Às vezes, são os próprios leitores que nos dão a pauta. (...) Às vezes, eu embarcava com uma pauta e trazia de volta outra história, completamente diferente."
- "Aprendi a não escolher assunto, a ir atrás de qualquer história."
- "Acontece muitas vezes de passarmos todos os dias por um determinado lugar, entre a casa e o trabalho, e não repararmos que ali mesmo tem matéria."
- "Quem não é do ramo dificilmente entende que repórter não trabalha só quando está em serviço, dentro do horário comercial. O que nos move e abastece de boas histórias, matéria-prima do nosso ofício, é a curiosidade, o olhar atento, a descoberta do novo, do inusitado."
- "Repórter, expliquei a todos, mesmo quando está a favor de uma causa, não pode nunca brigar com os fatos, sob o risco de suas matérias não servirem para mais nada – nem para a causa que defende."
- "O jornalista de raça é um mágico. Transfigura o anônimo em notável, celebra o desapercebido, enquadra o texto no contexto. Enquanto nós nos limitamos a olhar, ele vê as coisas, pessoas, a paisagem. Vê e conta. (Ulysses Guimarães)."
- "Está na hora de acabar com esse negócio de jornalista ser dono da verdade. Eu ainda acredito naquelas coisas antigas: jornal, para mim, só tem sentido, só vale a pena fazer, se for para informar a sociedade, discutir o que está acontecendo, denunciar as injustiças, elogiar o que tem de bom e lutar sempre para mudar o que está errado."
- "Tem horas na vida em que a gente não fica escolhendo caminho – nem escolhe, nem é escolhido. Vai apenas porque tem vontade de ir em frente, arriscar, ver o que acontece, só para não se arrepender de não ter seguido. O que vem depois e conseqüência. "
- "... quando alguém lhe perguntava em que baseava sua confiança numa virada na campanha, ele resumia a resposta em dez letras mágicas: m-i-l-i-t-â-n-c-i-a.(Lula)"
- "Ou seja, não só o jornal onde eu trabalhava, mas também o jornalismo, como eu imaginava quando comecei na carreira, haviam desaparecido em algum desvão da história, justamente agora, que tínhamos novamente liberdade para escrever."
"...guardei a lição: os problemas de boa parte do povo brasileiro são pequenos, custam pouco para ser resolvidos, não existem grandes planos nem projetos. No entanto, é preciso saber que eles existem, e quais são."
- "Em vez de falar muito, procurar ouvir mais."
- "Não há nada pior do que fazer campanha depois que você deixa de ter esperanças de ganhar. Os rituais e as palavras vão perdendo o sentido, fica difícil transmitir confiança para os outros se nem você mesmo encontra motivos para uma virada."
- "Sem manuais de redação nem projetos para reinventar a roda, a receita era simples: retomar a boa e velha reportagem para resgatar lugares e personagens ausentes da grande imprensa do país." - "Sonha-se muito com a vitória, mas quando chega o dia você fica na dúvida, se é fantasia ou realidade o que você está vivendo."
- Muitos de vocês, como eu, passaram a vida do outro lado do balcão, reclamando dos assessores de Imprensa. Agoras, temos a oportunidade de mostrar na prática que é possível fazer aquilo que cobramos dos outros."
- "...entendia ser o relacionamento com a imprensa um trabalho construído no dia-a-dia, com paciência, fundamentado no respeito mútuo e na aceitação de que governo e mídia têm naturezas, objetivos e até tempos diferentes. (...) ...pelo simples e bom motivo de que acho besteira brigar com a imprensa. Não há receita. Trata-se de uma batalha diária, a ser decidida em cima de fatos e com argumentos eficazes."
- "O bom relacionamento com os profissionais dos veículos e respectivas direções é importante não apenas para divulgar corretamente as ações do governo, mas também para informar o próprio governo sobre o que está acontecendo do lado de fora do Palácio do Planalto. É um trabalho em duas vias.
- "Cem dias é o prazo de trégua que, no mundo inteiro, a imprensa geralmente dá aos governos. (...) No governo, aprendi que costuma ser assim mesmo: os ataques vêm quando e de onde menos se espera."
- "É melhor não mexer com isso", me aconselhavam. Se eu indagava os motivos, a resposta era uma só: - - "Deixa assim porque sempre foi assim". Pensei: ora, se era para deixar tudo como estava, então para que ganhar a eleição?
- “Penso que isso deve acontecer um todo governo: se algo dá certo, logo aprecem vários pais; se dá errado, a idéia é órfã."
- "Escrever sobre gafes de Lula passara a ser uma pauta fixa para alguns jornalistas, pouco importando se haviam sido cometidas ou não. (...) O grave é que a generosa quantidade de detalhes oferecida pelos repórteres na descrição de uma cena que não presenciaram pode transformar um fato que não aconteceu em registro histórico."
- "Jornais e jornalistas podem fazer críticas a todo mundo, mas têm uma dificuldade intrínseca para aceitá-las – não aceitam sequer que se discutam assuntos relacionados à imprensa. É fato, também, que em todos os escalões do governo se dava uma importância exagerada a qualquer crítica feita pela imprensa."
- "Imprensa é como o Congresso Nacional: você não têm como escolher os interlocutores. De nada adianta gostar ou não deles. Trata-se de poderes independentes. Há que aprender a conversar e conviver com eles todos. Ponto."
- "Apesar da concorrência acirrada, muitas vezes o noticiário político de Brasília parece ser produzido em pool, tal a mesmice das pautas e matérias. Com medo de levar um furo, em lugar de procurar a notícia exclusiva, boa parte dos repórteres fica trocando figurinha, quer dizer, checando informações entre si."
- "Se um assessor não tem condições de evitar as crises, pelo menos pode ajudar a não aumentá-las."
- "...no governo, você não pode apenas deduzir; tem que ter certeza, reunir antes todas as informações, para evitar imprevistos."
- "...em política, como de resto em qualquer área da comunicação social, não importa o que você pensa, o que você diz, o que você de fato defende – o que fica valendo é a versão, com base no entendimento da mídia, sobre aquilo que você pensa, faz e defende. É como picar papel e jogar do alto de um prédio; depois não tem volta."
- “Escrever para a redação (resposta para matérias) é sempre um risco, porque a última palavra fica com o veículo, além de os efeitos das cartas serem limitados, já que elas saem com muito menos destaque do que a matéria contestada."
- "Aquilo lá é um serpentário. Não importa quem esteja no governo. O poder alimenta as cobras."
- "Mas quem iria acreditar que alguém pudesse deixar o governo por livre e espontânea vontade, num país onde as pessoas vendem a mãe e não entregam para chegar ou continuar no poder? "
- "Para dar uma idéia do clima que o país vivia, alguns amigos chegaram a me aconselhar a não ir – para não se queimar -, justamente no momento mais difícil que o governo atravessava – você já está fora, fica longe disso, justificavam. Pois era exatamente por esse motivo que eu não podia deixar de ir."
- "Para complicar mais as coisas, os companheiros do governo retomavam a antiga prática, que vem dos primórdios do partido: dividir-se, culpar uns aos outros e o resto do mundo pelos erros cometidos. Em nenhum momento, porém, senti Lula fraquejar. Muito ao contrário, quanto mais difícil a situação ficava, mais disposto ele se mostrava a enfrentar as adversidades."
- "...porque o noticiário altamente explosivo é como fogo morro acima e enchente morro abaixo; depois que começa, ninguém segura."
- "Olhando as coisas agora de trás para a frente, fico com a impressão de que a raiz do problema não está nas pessoas ou nos partidos, mas num sistema político condenado a não dar certo. Para chegar ao governo, um candidato, qualquer candidato de qualquer partido, tem que fazer tantas concessões e alianças, mobilizar tantos recursos, que acaba amarrado a um conjunto de antigos interesses – de tal forma que não consegue implantar as reformas reclamadas pelo país há muitas décadas."
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Sou classe média,/ compro roupa e gasolina no cartão/ Odeio "coletivos" e/ vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos,/ Estou sempre no limite do meu cheque especial/ Eu viajo pouco, no máximo um/ Pacote CVC tri-anual
Mas eu "tô nem aí"/ Se o traficante é quem manda na favela/ Eu não "tô nem aqui"/ Se morre gente ou tem enchente em Itaquera/ Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com o Estado/ Quando sou incomodado/ Pelo pedinte esfomeado/ Que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado/ É camelô, biju com bala/ E as peripécias do artista Malabarista do farol/ Mas se o assalto é em "Moema"/ O assassinato é no "Jardins"/ E a filha do executivo/ É estuprada até o fim
Aí a mídia manifesta/ A sua opinião regressa/ De implantar pena de morte/ Ou reduzir a idade penal/E eu que sou bem informado/ Concordo e faço passeata/ Enquanto aumento a audiência/ E a tiragem do jornal
Porque eu não "tô nem aí"/ Se o traficante é quem manda na favela/ Eu não "tô nem aqui"/ Se morre gente ou tem enchente em Itaquera/ Eu quero é que se exploda a periferia toda/
Toda tragédia só me importa/ Quando bate em minha porta/ Porque é mais fácil condenar/Quem já cumpre pena de vida
FAUSTO WOLFF NO JB
Um cara que escreve isso só pode ser uma pessoa sensível para os problemas desse mundo. Leio FW quase diriamente no JB e suas tiradas são de uma lucidez estonteante. Essa frase abaixo retirei de uma crônica dessa semana, lá no Caderno B:
"O que há de errado nessa cena: Ônibus escolar de próspero colégio. Menino de uns oito anos debruça-se na janela do ônibus e pergunta para menino de uns oito anos que faz malabarismos com três laranjas no meio da rua: "Por que você não vai trabalhar, heim?" O fascismo começa em casa".
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Hamilton nasceu em Pompéia, pra lá de Marília e quando aqui chegou costumava reverenciar sua cidade natal: "Terra boa é Pompéia". É de uma família bem tradicional por aqui, os Suaiden, os Madi e tantos outros libaneses que por aqui aportaram. Muitos não o conhecem pelo nome, mas pelo apelido de "Turco". Fumante inveterado é daqueles que já fez de tudo um pouco na vida. Acabou cursando e tem lá na parede de sua casa o diploma de advogado, mas o que gosta mesmo de fazer é mascatear, comercializar as coisas. Desde que o conheço faz isso com maestria, mas uma que não o faz enricar, mas sobreviver. Quando ainda cursava Direito, resolveu se candidatar a vereador e fez uma campanha sem um tostão no bolso. Teve muito mais votos que muita gente endireirada da cidade. Dentre suas especialidades está o carteado e o jogo de sinuca, além do amor pelas duas filhas. Turco marca pela simpatia e por possuir um dos maiores narizes da cidade.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Vou a uma pequena loja na cidade e a dona do estabelecimento reclama aos brados contra o Governo. Noto que seu filho estuda pelo Pro Uni ? Programa Universidade para Todos, criado em 2004, cujo objetivo é conceder bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de baixa renda em instituições de ensino superior privado. Aqui, os beneficiados são exclusivamente os de baixa renda e já são mais de 112 mil bolsas, devendo esse número atingir 400 mil novas bolsas nos próximos quatro anos. Pergunto a ela sobre os benefícios de manter o filho cursando o curso que tanto almejava, Veterinária, em outra cidade, e ela é obriga a concordar comigo. Não existe senão para o Pro-Uni. Ele é ótimo e foi criado por esse Governo, o do sapo barbudo. Quem tem filho cursando curso superior sabe muito bem do que estou falando.
Vou num sindicato e uma líder sindical reclama do Governo, nada está bom, tudo é ruim, retrocesso, peleguismo e coisa e tal. Ouço e a observo de carro novo. Tudo muito lindo, Governo ruim, situação péssima para negócios. Nada disso, pois hoje, é o melhor momento para se trocar de veículos e até tirar seu carro zero. As condições nunca estiveram tão favoráveis. Vejo gente que, nunca teve carro zero, tendo possibilidades de ter o seu. Isso não está acontecendo aleatoriamente, algo foi necessário para chegarmos a essa situação. Espero a sindicalista terminar sua cantilena e a questiono do carro novo e das condições para a troca. Por fim, sou obrigado a demonstrar que está faltando com ética, pois se o Governo que ela combate não faz nada, não deveria se beneficiar de uma medida desse Governo para trocar de carro. Faltou no mínimo coerência.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
A revista Piauí não goza da minha preferência, porém a leio regularmente. Confesso meio que envergonhado, tenho todos os números aqui no meu mafuá. Já enviei cartas para a redação reclamando de sua postura de "lobo em pele de cordeiro". Foram elegantes e publicaram lá na seção de Cartas do site. Reclamava de alguns posicionamentos da revista, contrários aos meus. Democracia é isso, critico, porém, respeito.
A última edição, a que está nas bancas nesse início de ano tem uma entrevista das mais polêmicas, feita com o ex Chefe da Casa Civil do Governo Lula, José Dirceu e está sendo muito comentada pela imprensa. Pelas declarações do Zé, li que até uma CPI pode ocorrer. Acho imprudente e meio demagógico, mas o fato é que ele escancarou algumas coisas, daquelas inconfessáveis. Foram doze páginas, muito bem escritas por uma jornalista que o acompanhou por uns 4 dias, inclusive visitando alguns países. Deu para perceber que ele gosta de mostrar, de citar nomes importantes e continua fazendo lobby. É sua forma de viver. O que me chateou foi o fato de que mesmo passado tanto tempo das últimas eleições, ele que é do Campo Majoritário do PT ainda não cicatrizou suas feridas com o PT gaúcho e fez questão de mandar um recado, de alfinetar o pessoal do sul. No mais, um belo perfil, como tantos outros que foram feitos pela revista. Continuo comprando, mas faço sinal da cruz e rezo três "padre nosso" para me penitenciar.
O HOMEM DO SEBO E SUA HISTÓRIA COM ELIS REGINA