FRASES DE UM LIVRO QUE JÁ LI (7)
Esse livro eu li e o tenho como uma preciosidade aqui no meu mafuá. Trata-se da confissão e testamento do fazendeiro goiano Terêncio Bógea Filho, mais conhecido como O Mulo. É claro que a obra é fictícia, mas retrata como nenhuma outra o pensamento dos coronéis interioranos. As frases são o pensamento desses coróneis, na escrita alucinante de um dos maiores pensadores que esse país já produziu. Reler isso é para ficar arrepiado:MATAR: “Matar exige é coração para não se amarrar no finado e sair carregando a memória dele pela vida afora, como um escravo. (...) O morto é do matador”.
Frases do livro “O MULO” (A visão da classe rústica brasileira), do Darcy Ribeiro, 1981
Esse livro eu li e o tenho como uma preciosidade aqui no meu mafuá. Trata-se da confissão e testamento do fazendeiro goiano Terêncio Bógea Filho, mais conhecido como O Mulo. É claro que a obra é fictícia, mas retrata como nenhuma outra o pensamento dos coronéis interioranos. As frases são o pensamento desses coróneis, na escrita alucinante de um dos maiores pensadores que esse país já produziu. Reler isso é para ficar arrepiado:MATAR: “Matar exige é coração para não se amarrar no finado e sair carregando a memória dele pela vida afora, como um escravo. (...) O morto é do matador”.
POVO: “Um mundo cheio de compaixão pelos fracos seria um mundo fraco. Um mundo com muita atenção com os tristes e desenganados seria um mundo triste, no máximo resignado. (...) A mula que a gente monta, tem de esporear pra pôr no bom caminho, fazer andar, tirando dela o passo que pode dar. Assim o povo. Não pode ser deixado ao deus-dará”.
CÉU: “Se o céu é esse falado Paraíso de anjos alados cantando a Glória insaciável de Deus e dos Santos, lá não vou”.
SEXO: “O melhor da vida são as fodeções... O melhor dos arranjos de Deus foi este de dividir a criação em machos e fêmeas e pôr um imã em cada um para buscar o outro”.
RELIGIÃO: “Somos, talvez, a tropinha divina que Deus tange lá de cima, por rumos e desvios que só Ele sabe. Somos aqui na terra seus atribulados, sofridos, suados burrinhos de carga. Também não sabemos para que, para onde, somos tangidos”.
CARINHO: “...não gastar muita doçura com mulher. Elas não gostam. (...)Mulher direita não dá gaitada, goza calada. (...) Encostação com moça donzela é safadeza. Putaria se faz é com puta”.
NEGRO: “Negro não tem ambição, nem gosta de obrigação. A ojerija maior deles é ter patrão em cima com hora de pegar e largar serviço. (...) Essa gente é de cabeça miúda mesmo. (...) Sina de negro é servir. Resmungões, se poupando, mas, servindo”.
POVO: “O povo só quer folgar, comer e parir. Se fosse negócio criar gente, eu não queria outro. Povo é bicho que reproduz e cresce que é uma beleza.(...) Esse mundo precisa de guias. Deus sabe em quem confia. Só dá a mão em quem leva esse mundo pra frente. (...) Como é fácil fazer agrados num bicho. Pra mim, gente humana é que é esquiva, difícil. Inacessível”.
VIDA URBANA: “Gente de cidade não vive vida verdadeira. Imita. Suas casinhas de quintal e jardim são rocinhas de brinquedos. Arranjos de quem não pode abrir roça verdadeira”.
FAZENDEIRO: “Fazendeiro que se preze cuida dos gados e das gentes de suas terras. Toma conta. (...) No nosso ofício, homens e animais tem que ser ensinados desde novinhos. (...) Nós, fazendeiros, somos a mão de Deus, na imposição da lei e da ordem nesse mundo. (...) Exercer esse mando com o pé da espora firme no estribo e mais firmeza ainda no freio”.
GERENTE: “Gerente nem é gente. (...) São funcionários do furto alheio. Ladrões por procuração. São fantasmas dos patrões”.
PÊNIS: “Coisa bem feita é pau de homem. Mole, é um saco vazio, molambento. Infumescido, enrijado, comando o mundo. (...) Broxura é ruim demais. Um homem pode rejeitar uma mulher porque não quer, sem vexame nenhum. Mas, broxar isso não pode. Dor de corno ofende demais, mas não dói tanto”.
PADRE: “Ser padre é aceitar ser meio homem. Sacrifício maior não há. Viver a vida toda sem mulher é demais”.
VELHICE: “Não há doença pior do que a velhice”.
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