quinta-feira, 23 de junho de 2011

CHARGES ESCOLHIDAS A DEDO (41)*

PROFECIAS CULTURAIS SOB O EFEITO DE UM VINHO, NA BANCA DOMINICAL DO CARIOCA - RESOLUÇÕES E ACHADOS
(*Pois bem, como os frequentadores desse espaço etílico cultural sabem, sou um adorador de charges e de seus criadores. Gosto demais de incluir desenhos deles todos nos meus escritos e hoje, reproduzo dois. Primeiro o BIER, sobre a cara que pretendemos dar ao que vejo acontecer naturalmente defronte e nos fundos da banca do Carioca e depois, esse ajuntamento de cabelinhos brancos lutando por algo palatável nesse rincão varonil, expressado no desenho do gaúcho SANTIAGO).

Um dos lugares onde mais gosto de extravasar as agruras vividas durante a semana é na obrigatória “batida de cartão” junto à dominical Feira do Rolo e, conseqüentemente, parando por mais tempo na Banca de Livros do Carioca. E ali tenho encontrado uma infinidade de gente aportando por ali com a mesma justificativa e finalidade: “Esse lugar é gostoso demais e aqui me sinto bem”. Nesse domingo cruzei com o professor Duílio Duka e esposa, a Rosana, o também professor Manuel Rubira, o advogado e declarado judeu Carlos Augusto, o imenso farmacêutico e poeta Francisco, o jornalista de política internacional Benedito Requena, a professora aposentada de Educação Física Enys Orti, o radialista e adorador da música francesa Aldo Wellichan e outros que me esqueci no momento. Passo e ali me instalo, já do lado de lá do balcão. As vezes alguém me vendo ali se atreve até perguntar o preço de um livro e falo logo um preço maior do que o praticado pelo Carioca, pois ele revende seus produtos muito baratos e assim o ajudo a ganhar algum a mais.

Nesse último domingo falamos de tudo um pouco. Eu, acabrunhado com o passamento de minha mãe, fui lá exatamente para rever pessoas queridas, folhear livros e olhar novamente para a vida ainda pela frente. Falamos de tudo e ali ao lado algo me chamava para outro espaço. A Maria Fumaça apitava insistentemente na Feira Estação Arte, junto à Estação da Cia Paulista. Pisando ali naquele chão de paralelepípedos, todos, sem distinção clamávamos para que o tal do Memorial da Indústria a ser instalado junto ao antiga armazém defronte o largo tenha um mínimo de sensatez e não queira fazer o mesmo que a Polícia Militar, que queria colocar uma camada de asfalto sobre a história, tudo para facilitar o seu serviço. Impedida, o estrago está feito pela metade e na recuperação vozes gritarão pela recuperação do piso num todo. De política, falamos de quem realmente manda na cidade, do papel dos vereadores e da corrupção desvairada e avassaladora instalada na mente da maioria de nossos representantes. “Toda pessoa ao atingir 70 anos deveria receber um salvo conduto e poder dar uma marretada certeira e fatal na cabeça de vinte pessoas, pondo fim ao seu ciclo de malversações”, é o que clamava aos brados Carlos Augusto, após arrebatar uns seis novos LPs para sua coleção (me disse ter mais de oito mil, deixando os meus dois mil no chinelo).

Carioca desaparece como num passe de mágica e ao voltar traz na mão uma garrafa de vinho mineiro. Copos de plástico para todos os presentes e uma decisão tomada ali em conjunto. Por que não criar um espaço ao fundo de sua banca, coberto por uma lona, junto ao muro da Associação dos Aposentados, onde estaríamos oficializando um ponto de encontro semanal para esses desprovidos de atenção e desaventurados culturais? Tomaríamos todos as medidas necessárias para que isso pudesse vingar o mais rápido possível. Eu lancei outra idéia, que estarei apresentando para a namorada Ana Bia, professora de Design: poderíamos criar um protótipo de uma banca moderna para expor os livros do Carioca e isso poderia, vingando a idéia, ser estendido para todos os demais expositores da feira. Seria uma proposta de trabalho para os alunos da Bia no segundo semestre, a de modernizar a Feira do Rolo, dando a ela novos ares. Ela comprou a idéia de imediato e acho que isso vinga em breve. Junto dela a da barraca de encontros e reencontros culturais. Seria a pá de cal naqueles que querem essa Feira longe dali.

Dito isso, fomos alguns ver as apresentações culturais sob os paralelepípedos da Estação Arte. Xiko Peres, da TUSP, do alto de um palanque, de cuecas e enrolado entre cartolinas comandava o espetáculo e no chão, Arthur Faleiros, do Enxame Coletivo tentava equilibrar seus malabares, sob um som esfuziante e pés descalços na pedra quente. Tudo tendo ao fundo os apitos de uma Maria, a Fumaça. As manhãs de domingo estão ficando movimentadas culturalmente pelos lados da beirada dos trilhos. Numa barraca, livros sendo trocados. Levo dois e fiquei de trazer os correspondentes para troca no próximo evento. Despedida geral e feita às pressas, pois meu pai me chama para o almoço e nem o alface prometido havia ainda comprado (pelo adiantado do horário acho somente acelga). Na saída trombo com um casal, Isaías e Ana Daibem, chegando para presenciarem as animações culturais dominicais à beira dos trilhos. Saio de lá em desabalada carreira, acreditando que todo o planejado poderia vingar o mais rápido possível, para o bem dessa cidade, principalmente o quesito das marretadas nos vinte irrecuperáveis (pena mesmo é estar longe dos 70 - compelto 51 hoje). É nisso tudo que me empenho nos próximos dias.

OBS.: Ontem, quase na virada do dia, o SANTOS sagrou-se TRI campeão da Libertadores da América, vencendo o Penarol por 2x1 no Pacaembu e no final foram entrevistar o presidente do clube uruguaio: “Esse menino, o Neymar é de outra galáxia. Não existe como ganhar de algo assim. E dessa forma, perdemos”.

2 comentários:

Anônimo disse...

hoje foi aniversário do henrique. hpa. no anao passado - quando fez 50 anos - fizemos uma festa muito bacana. este ano, sem clima. não tivemos uma boa idéia aos 51 dele. almoçamos em família. foi o possível. quase ninguém lembrou. ele está amuado depois da morte da dona eni. passamos parecido. me pai morreu 22 dias antes do meu aniversário e minha sogra 10 dias antes... penso que henrique merece um abraço amigo pra quem puder dar e lembrar. henrique detesta que eu poste comentários pessoais no blog, mas no momento ele precisa de amigos - se é que os tem. na hora que estamos mais precisando, são poucos os que aparecem de verdade. ana bia andrade

Mafuá do HPA disse...

Ana
Sou lembrado sim, por incrível que pareça sou um cara lento nesse negócio de facebook, acabo não respondendo aos contatos, mas todos eles são me passados também via e-mail e ontem tive a paciência de contar os abraços e oarabéns recebidos. Foram 26, vindas dos mais diferentes lugares. E acabei ganhando uma garrafa de 51 do meu irmão, que me entregou junto de 3 limões. Abracito a todos (as).
Henrique - direto do mafuá