sábado, 22 de fevereiro de 2014

O QUE FAZER EM BAURU E REDONDEZAS (41)


AINDA A BOÊMIA E O SHOW DA ZÉLIA DUNCAN NO SESC BAURU
Quando escrevo aqui que o bom mesmo na noite é BOÊMIA e não esse negócio de BALADA, alguns me desacreditam. Insisto na coisa e não me decepciono. Quem sai por aí atrás de balada, sai afim de uma determinada coisa e quem sai pela boêmia afora, sai em busca de outra. Podem até parecer meio idênticas no seu fim, mas não o são, pois diferem em tudo. A noite para mim é uma diversão, um congraçamento, reencontro de pessoas, fazer o que gosta com pessoas cuja proximidade é latente, jogar conversa fora, ouvir boa música, aproveitar o tempo disponibilizado para coisa úteis, etc e tal. Em um dicionário a definição é essa: “O que leva vida despreocupada; farrista; vadio; estróina”. Achei um tanto pesado demais.

Depois achei isso nos alfarrábios consultados: “Do latim bohemĭus, o termo “boémia” tem diversos significados. A palavra está associada ao estilo de vida à margem das regras sociais e que privilegia a arte e a cultura acima das coisas materiais. No sentido lato, uma pessoa boémia é aquela que leva este tipo de vida. Por exemplo: “O João é um boémio, vive num vagão de comboio e dedica-se à pintura”, “As noites de boémia eram um clássico de Paris na década de 60”. Estas acepções do termo também permitem referir-se à boémia em geral, como a comunidade de pessoas que vive desta forma: “A boémia de Buenos Aires reunia-se no Café Tortoni”, “Após o encerramento do centro cultural, a boémia perdeu o seu principal refúgio”. A designação para este modo de vida surgiu a partir do uso originário do termo: Boêmia é uma região da República Checa de onde partiram muitos grupos de ciganos com destino a outros países europeus. Os ciganos, à semelhança dos artistas do século XIX, viviam com valores sociais diferentes dos da burguesia conservadora e sedentária. Desta forma, os intelectuais passaram a ser conhecidos como sendo boémios”. Fiquei satisfeito e se formos procurar o que venha a ser “baladeiro”, algo bem diferente.


Tudo isso para expor aqui algo ocorrido na quinta passada, 20/02, no recinto que me formou culturalmente ao longo das últimas décadas, o SESC Bauru. Seria bem diferente do que sou se não fosse o SESC e sua programação ao longo dessas décadas. Devo parte do que sou a eles, impecáveis. Uma parcela de culpa nesse negócio de ser boêmio devo ao SESC e aos seus programadores. Pois bem, na última quinta mais uma, dessa vez um show com ZÉLIA DUNCAN. No folheto que trago para casa e guardo numa caixa (coleciono e já tenho várias caixas de shows antigos) lá está escrito: “Carioca de Niterói, ZD começou a cantar e compor em Brasília, onde cresceu. Lançou seu primeiro disco em 1990 e de lá para cá foram vários álbuns solo, além da participação em projetos especiais, como em songbooks de Edu Lobo, Dorival Caymmi, Chico Buarque, Djavan, João Donato, Marcos Valle, Tom Jobim e Francis Hime; no Projeto Cidade do Samba, de Zeca Pagodinho e Max Pierre; e a turnê com os Mutantes, em 2007. Com Simone, lançou em 2008 o DVD e CD ‘Amigo é Casa’, gravado no Auditório Ibirapuera em São Paulo. Neste circuito de shows que realiza nas unidades do SESC, Zélia apresenta repertório de seu último CD, “ZD canta Itamar Assumpção Tudo Esclarecido’, só com músicas de autoria de Itamar, um dos ícones da Vanguarda Paulista dos anos 80. Com o disco, a cantora foi contemplada com o Prêmio da Música Brasileira, nas categorias de Melhor Cantora e Melhor Álbum Pop/Rock/Reggae/Hip Hop/Funk”.

Eu tenho aqui no mafuá alguns LPs e três CDs solos dela, além do com a Simone. Posso considera-la uma das grandes da MPB no seu momento atual. Possui um repertório considerado romântico, mas avançado, bem pop e moderno, letras ao meu estilo, compositores afinados com o novo, uma proposta ousada. Possui sucessos que muitos cantam e ao chegar no SESC uma surpresa, a casa estava bombando, lotada. Fui eu (Ana nos TCCs na Unesp), Ademir Elias (aniversariante e novamente solteiro) e Duílio Duka (veio na minha audiência, direto de Botucatu e pernoitou em casa). Como é maravilhoso sermos reconhecidos por onde passamos. Do momento que entramos até conseguirmos chegar até a fila para conseguir refrescar a garganta com cevada gelada foi algo demorado, paradas obrigatórias, abraços, beijos, apertos de mão, agrados, paparicos, aconchegos, fuxicos e conchavos, tudo numa boa. Amigos em profusão e conhecidos idem. Em lugares assim, pessoas iguais, proximidades de pensamentos e ideias.

Foi um show saboroso além da conta. Não porque estávamos sozinhos, sem nossas parceiras, mas porque tudo estava encaixando certo demais naquela noite. Zélia estava inspiradíssima, a casa estava mais que receptiva, o público idem, um congraçamento perfeito. Não sou crítico musical. Gosto e pronto, sai de lá satisfeito e meus dois parceiros idem. Escrevo tudo isso para novamente dizer que as investidas noturnicas de gente próxima de mim, os lugares onde frequentamos são assim, desse naipe. Naquela noite tocava no Templo Bar o violeiro Levi Ramiro e o guitarrista Norba Lopes, outros que gostamos além da conta. Hoje sábado tem show no mesmo SESC em cima da obra de nada menos que Dolores Duran. Amanhã tem show com Lucinha Lins e Tânia Alves. É disso que gostamos, é nisso que marcamos presença, é assim que gostamos de ser boêmios. Desculpem, mas eu queria escrever algo assim e postar algumas fotos do show. Pois bem, o motivo foi dado e cá está o texto e algumas das fotos. Viva Zélia, Viva o SESC, Viva a Boêmia e Viva esse trio que sabe muito bem onde pisa.

Obs.: Queríamos levar conosco nesse dia o Marcos Paulo, Roque Ferreira, Vitor Martinello, Wellington Leite, Lázaro Carneiro, Gilberto Truijo, Ademar Aleixo, Carioca livreiro da Feira do Rolo, Manoel Rubira, George Vidal, José Laranjeira, Silvio Selva, Paulo Neves, Orlando Alves, Vinagre, Juarez Xavier, Antonio Morales, Esso Maciel, Antonio Carlos Pavanato, Fausto Bergocce, Arthur Monteiro Jr, Luis Victorelli, Sivaldo Camargo, Elson Reis, Rui Bertotti, Gilson e Gilmar Dias, Tuga Angerami, João Francisco Tidei de Lima, Nildo Araújo, Tauan, Pittolli, Ralinho, Neto Amaral, Darcy Rodrigues, Gaspar Moreira, Tito Pereira, artesão Chico Cardoso, Rubens Colaciono, Nicodemus, Brandão, Fernando do Templo, Paulão do Armazem, Ricardo Coelho, Kyn Jr, Bordini, Oskar Sobrinho, João Bráulio. Kizahi Baracat, Maurício Passos, Celso Costa, Alberto Pereira, Daniel Marcos, Lau e uma pá de gente, todos precisando sair mais de suas casas e botar o bloco na rua.

2 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

Como você só incluiu machos na sua lista não me sinto ultrajada, nem menosprezada.

Tenho saudades de Bauru exatamente por isso, a maior possibilidade da proximidade com as pessoas, os reencontros mais possíveis e frequentes. E o SESC, que assim como no seu caso, também ajudou na minha formação musical. Quem não se lembra de shows antológicos ali ocorridos. Alguns deles não me saem da memória.

Pela forma exposta por ti, não dá outra, também sou boêmia.

Aurora

Anônimo disse...

Belo texto, a alegria de rever amigos não tem preço, abraço!
MARIA CRISTINA ROMÃO