quarta-feira, 3 de outubro de 2018
CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (139)
ELE VAI CHEGANDO DEVAGARINHO E OCUPANDO OS ESPAÇOS - CUIDADO COM ELE Tem candidato que não se enxerga. Nós devemos enxergar muito bem as intenções de quem nos pede seu voto. Vejo que tem candidato se aproximando de lideranças comunitárias na cidade, assim como não quer nada e pagando algo como uma mensalidade para que esses não só façam campanha pra ele, mas lhe entregue o que mais rico que possuem, a credibilidade de seu território, quase sempre duramente conquistada, décadas de intenso trabalho no lugar onde residem e atuam. E esses o fazem por dinheiro, talvez para suprir uma necessidade momentânea e desta forma, a ajuda chegando em boa hora. Passam a circular com o candidato, promovem reuniões, circulam pelos pontos conhecidos e entram na casa dos mais chegados. Alguns não fazem isso por simplesmente terem aderido ideologicamente na proposta do candidato, por acreditarem no que propõe, mas o fazem por grana. Omitem isso da população, mas existe um acordo de bastidores entre as partes. Um toma lá dá cá e dentro do acordo, está subscrito que, deve também defende-lo dentro do seu espaço na internet e por outros meios.
Dentro da barbaridade dos tempos atuais ouço de um líder comunitário que isso também já ocorre dentro de muitos Conselhos Municipais. O cara chega da mesma forma e jeito, com muita grana no bolso e querendo ser eleito de qualquer jeito e maneira. Vasculha quem são as lideranças dentro de cada Conselho e se aproxima deles, primeiro com a proposta financeira, a de pagar pelo apoio. Pagam e agem da mesma forma feita com os líderes comunitários. Na boca pequena, essa pessoa que me conta disso, pede anonimato, mas diz que o descaramento é tão aviltante, chegando a ponto dessa pessoa já dizer ter nas mãos vários Conselhos Municipais. Qual interesse teria ele em dominar tais Conselhos, ainda antes de ser eleito? Coisa boa não deve ser, pois qualquer tipo de dominação e de ingerência nos destinos de algo ocorrendo naturalmente, moldando-o para defender os seus interesses não se mostra nada sadio.
Nas ruas vejo as bandeiras em cada esquina e isso me assusta. O poder econômico sempre me assustou e quando muito evidente, tudo indica que o melhor caminho é se manter o mais distante possível dessas pessoas e prática. Ver gente nas esquinas balançando bandeiras em época de eleições algo até natural. Eu mesmo o faço por convicção. Na cidade se percebe outro fenômeno e para o mesmo candidato. Nas esquinas do centro da cidade um tipo de pessoa, mais simples, enfim o povão da periferia ali desfraldando as bandeiras em troca de uma diária. Dias atrás ao me entregar um papel, ouço de um deles: "Nem água gelada o cara disponibiliza pra gente". Disse ao mesmo: "Trabalhe, ganhe o seu, mas pense muito bem na hora de votar. Se age assim contigo, imagina depois". Dizia dessas pessoas com bandeiras no centro, mas com um traje diferente nas regiões mais abastadas da cidade, outro visual. Existe o desfraldador de bandeira pra um tipo de eleitor e um mais refinado para outro. Isso merece mais do que uma mera observação.
Não gosto de quem faz campanha acintosamente. Quem mói dinheiro dessa forma e jeito é do tipo que quer ser eleito de qualquer forma. Para tanto paga o que for preciso. Joga o tal jogo em todos os seus detalhes, desde os mais sórdidos, aos singelos. Se faz de bonzinho, mas no sorriso já se mostra lobo em pele de cordeiro. Eu temo isso tudo. Não cito nomes, pois talvez tudo isso venha a ser mera ficção, fruto de um sonho, noite mal dormida, daí fica a dúvida: acontece mesmo por essas plagas?
ALGUNS SINAIS DAS RUAS Paro no sinal no centro da cidade e logo duas pessoas vem me entregar panfletos políticos. Dois horrorosos candidatos, desses que gastam os tubos, infestam a cidade de papéis, cédulas só com seu nome e tentam vencer o eleitor pelo cansaço, ou seja, por onde andem lá estará folhetos deles. Proponho uma troca com ambos e entrego a eles cédulas de meus candidatos. Ambos ao verem o 13, me dizem: "Nós já íamos votar no 13. Faço questão de guardar". Trocamos os papéis e ainda deu tempo de lhes dizer no pé do ouvido: "Vocês estão trabalhando, ganhando de forma suada uma grana muito bem vinda, mas na hora de votar, pensem bem. Esses dois aí, valem nada, nada irão fazer pelos pobres. Só pensam nos ricos". Uma delas me olha e diz: "Eu percebo como eles nos tratam. Lá nos Altos da cidade pagam mais para outras pessoas fazer o mesmo serviço que fazemnos aqui no centro e nos bairros. Na região dos chiques tem gente muito diferente da gente nas esquinas e ganhando mais que nós. Acha justo isso?". A conversa foi boa depois disso e até o sinal abrir deu para sentir que nem tudo está irremedivelmente perdido. Ainda creio que o povão vai saber dar o troco para esses todos, inclusive para o capiroto. Eu faço a minha parte nas esquinas bauruenses.
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