quarta-feira, 10 de outubro de 2018

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (160)


TRÊS HISTÓRIAS DE COMO OS NEOPENTESCOSTAIS FECHAM COM O CAPIROTO E INDUZEM OS SEUS A SEGUIREM O PRESCRITO PELOS PASTORES – UMA DISSIDENTE E SUA BELA INTERPRETAÇÃO
Meu escrito de hoje é sobre o poder dos evangélicos, principalmente os neopentecostais nessa eleição e ao contar três histórias distintas, porém unidas naquilo que de mais crueldade possuem, a ligação umbilical e sua nítida influência eleitoral.

Na primeira um jovem, perto dos 40 e poucos anos querendo se transformar em pastor numa evangélica dessas querendo se firmar no mercado, está iniciando suas primeiras incursões no comando dos fiéis. Segue com fidelidade canina o que lhe dizem para fazer, sem pestanejar, muito menos ousa discordar. Percebeu desde o início que para subir na empresa religiosa teria que seguir as regras estabelecidas pelo seu núcleo pensante. Desde o início se bolsonarizou de cabo a rabo. Sua mãe que nem evangélica é, segue por outra vertente, lê muito, discute opiniões e é totalmente contrária ao preceito distribuído pelo capiroto como verdade absoluta. Posta o que pensa no facebook e isso chega ao conhecimento da cúpula da igreja do filho. Esse leva uma chamada e na sequência se dirige a mãe nos seguintes termos: “A senhora está querendo me prejudicar? Se continuar postando algo dessa natureza não subo mais na hierarquia aqui da empresa religiosa onde atuo. Reveja por favor, pois tinha planos de galgar novos postos por aqui”. A mãe está inconsolável e reza muito para que o filho consiga enxergar o quanto o usam nesse emprego que foi arrumar e o molda da pior maneira possível. “Não fui isso que ensinei pra ele”, diz entristecida.

No segundo uma distinta senhora dos seus 60 anos, trabalhando como faxineira e muito deprimida nesses dias pré e pós-pleito eleitoral. Tudo por causa da filha. Ela e o genro estão tentando se tornar pastores numa dessas igrejas numa cidade bem próxima de Bauru. Fazem e desfazem da mãe por essa não se deixar convencer e estar com eles junto do capiroto na eleição. Querem porque querem obrigar a mãe a não só voltar para o tal segmento religioso, como renegar sua linha de pensamento. Ela desabafa: “Eu sei o que esse capiroto vai fazer com nós, os pobres, eles dois também sabem, mas estão cegos. O pastor não leva a mesma vida que nós, ele tem tudo do bem bom, negocia lá por cima com outros igual a ele e quer obrigar aos fiéis votarem em quem eles mandam. Sai de lá por esse motivo. Como vou votar contra o Lula, se ganhei uma casinha no Minha Casa Minha Vida, se recebo uma pequena pensão no Bolsa Família e agora mais um auxílio extra, além de receber meus medicamentos de graça e também viajar sem pagar por causa da idade no ônibus intermunicipal? Eu sei o que o capiroto defende, prega acabar com o pouco que tenho e ainda querem que vote no cara que vai acabar me matando de fome. Não posso mais confiar nem nos meus filhos, eles estão com a cabeça virada. Rezo por eles”. Desabafa e segue resistindo as investidas para capirotar e se danar logo ali na frente, na primeira curva da esquina.

A terceira história é no mesmo tom. Mulher, 30 e poucos anos frequenta um grande templo bauruense, desses onde o pastor diz o caminho a ser seguido eleitoralmente pelos fiéis. Ela é uma das poucas a continuar frequentando os cultos e pensando/votando diferente do pregado. Numa igrejinha pequena a imposição se faz presente com maior persuasão, mas numa grande o diferente é tolerado, mas acompanhado de perto. Um ano atrás, o pastor chefe lhe procura ciente de seus posicionamentos e vem com aquele papinho cerca-lourenço: “Estou querendo fundar um partido, algo Novo, diferente de tudo existente, queria que viesse conosco”. Ela não foi e não se arrepende, pois agora sabe, o cara se candidatou a deputado e apoiou o capiroto. “Induzem os fiéis a os acompanharem nessas investidas. Hoje sei, não vem com nada de novo e sim, o usual de sempre”, me diz. Hoje distribui entre os próximos algo dessa dissidência dentro de sua cabeça. “Eles querem que compre a ideia de que o mal do país é representado pelo marxismo, pelo PT e pelas esquerdas, mas não me convencem. Quando me passam um texto bíblico com interpretação feita seguindo essa concepção, desconstruo tudo e devolvo com a minha, a de que o mal maior hoje é representado pelo capiroto. Eu me vejo mais dentro da verdade de vida de Jesus Cristo do que eles todos. Como pode alguém se posicionar ao lado de um pregador da violência como solução para tudo? Comigo eles não emplacam seu discurso e meu papel aqui na igreja hoje é o de manter viva e acesa a chama de que o pensamento único deles não é consenso”. Um belo exemplo, porém único em seu agrupamento religioso, mesmo muitos outros, a procurando reservadamente para conversar, pois abertamente o pastor poderia não gostar. Eis um dos seus posts sobre o capiroto: “Minha revolta contra Bolsonaro não é o plano de governo dele pq já se provou que ele não tem nenhum, mas além de todas declarações odiosas que ele deu é o fato dele colocar o nome de Deus no meio de tudo, de ter conseguido se aproveitar da cegueira espiritual dos cristãos. É como se estivessem com escamas nos olhos, não enxergam os sinais da própria Bíblia que leem... Me perguntaram: e o presidenciável do PT, do partido x y z são homens de Deus? NÃO. Ou não sei, mas supondo q a resposta seja não. Será que alguém já falou de Jesus para Ciro, Haddad, Amoedo Alckmin? Será que fizeram oração de confissão e se assumiram e tiveram uma vida cristã pública? Não sei. O fato é que Bolsonaro sim, cujo batismo foi feito no próprio rio Jordão, como um homem que conhece ou diz conhecer a palavra pode envergonhar o nome de Deus assim... Uma coisa e você não ter o conhecimento outra e tê-lo e ignora-lo...".

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