quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (66)
ARMA DE FOGO, PRA QUE TE QUERO? – UM AMPLO E PORMENORIZADO ESTUDO SOBRE ESSE USO PELOS AINDA INÁBEIS BRASILEIROS* *Entenda, sem ironia para com esses perversos, impossível sobreviver.
Nunca tive uma e como cheguei na beirada dos 60 sem nunca na vida ter tido a necessidade de dar um tiro sequer, creio eu poderia passar o que me resta de tempo de vida sem fazê-lo. Hoje estão a mudar a legislação vigente e o brasileiro poderá ter acesso até a quatro por pessoa. Vai ser uma esbórnia atirativa. Já imagino as Escolas de Tiro que estarão pipocando no mercado. Naquelas lojas fechadas lá no Calçadão da Batista em Bauru já poderão surgir alguns empresários ligados no boom do momento e contratar experts em tiros para nos ensinar as maciotas da nova pegada. E quem seriam esses novos instrutores? Simples, quem já faz uso de armas. Você poderá entrar numa escola legalizada, essas com instrutores do meio militar, nos ministrando aulas nas horas vagas. Eis aí uma concorrência explícita para a Atividade Delegada, que com isso deve ter algumas consideráveis baixas, pois o novo mercado deve ser mais promissor. Uma outra escola, essa clandestina teria como instrutores o pessoal que faz uso de armas para meios ilícitos e dentre esses pode incluir tudo e todos que se possam imaginar. Seria um curso na moita, sem certificado legalizado e para não chamar muito a atenção, tiros em locais distantes, escondidos e com silenciador, no maior silêncio.
Deu para perceberem que a bagunça já começa tomar conta da população e filas já se formam diante da única fábrica brasileira, a Taurus, que já deve estar com os próximos estoques reservados de hoje até perder de vista. Virou um negocião e já se comenta reservadamente que o pessoal do novo Governo está providenciando a liberação a toque de caixa, ou seja, a entrada imediata de fabricantes estrangeiros, o que seria considerado como fonte certificada do aumento do número de empregados com Carteira de Trabalho assinada. Como já existe um incentivo muito grande para que o ensino não tenha mais o apelo de antes, comenta-se que a maior fabricante de cadernos escolares da América Latina, a bauruense Tilibra, estaria agendando reuniões em caráter de urgência urgentíssima com a finalidade de verificar se o mercado de cadernos ainda seria viável e se não seria conveniente ingressar imediatamente no novo ramo da fabricação de armas de fogo. Como se vê, bruta transformação está ocorrendo mesmo antes de tudo ser oficializado, pois hoje só foi ainda anunciado e o corre-corre está mais do que estabelecido.
A Associação dos Devedores de Contas Variadas e Múltiplas – ADCVM já está impetrando com um mandado de segurança para barrar a liberação de armas, pois alega que seus sócios serão os mais prejudicados com essa posse desmedida de armas, ou seja, toda cobrança daqui por diante pode estar acompanhada de uma arma carregada e as consequências disso será a dizimação de associação tão ativa. Essa perda do poder de negociação de quem já se sente inferiorizado diante de quem ser apresenta, mesmo sem argumentos, mas com um trezoitão no coldre está promovendo um rebuliço dentre quem, como eu, nunca pensou em ter algo parecido em sua gaveta de trabalho, porta luvas do carro ou mesmo cueca. O que anda assustando muito também são os informes do pessoal da área de Saúde, preocupados com o brasileiro que nunca esteve habituado a esse manuseio e como consequência, certamente aumentará de forma assustadora os incautos, que com ela pendurada na cinta, acabarão efetuando disparos acidentais e terão seus pés dilacerados. Imagina quando custará daqui por diante qualquer tipo de seguro de vida? Seguradoras já pensam em fazer constar das apólices uma cláusula onde conste que se a morte não for causada por revólver a cobertura será muito maior. Escreva isso.
Eu já sonho com isso tudo, junto e misturado e já considero tudo um grande pesadelo. Fabricantes de rojão já pensam nos prejuízos, pois daqui por diante ninguém mais vai querer ficar soltando rojões, quando dar tiros para o alto será sinal de status. Uma transformação muito grande na vida das pessoas. O desafeto não vai mais aceitar não possuir argumentos convincentes para continuar conversando contigo. Quando se ver em situação inferiorizada, vai te acertar na carótida e pronto. Ter adversários um perigo, inimigos então nem pensar. Imagina o Noroeste recebendo a visita dos marilienses aqui no Alfredo de Castilho ou nós lá no campo deles e o jogo não estar muito bom para os donos da casa. Vai ser uma chacina, pois ninguém mais var aguentar risinhos irônicos sem resposta adequada. Sentiu-se injustiçado, bala em quem lhe causa dores de cabeça. Mesmo sem grana para comprar o novo lançamento anunciado na TV, quem é o louco que não vai lhe entregar tudo de mão beijada diante de alguém interessado no produto, sem recursos, mas com balas prontinhas para pipocarem pra fora do cano da arma. Não serão compras a crediário, mas com pagamento somente quando terminarem as balas.
Escreveu não leu o pau comeu, esse o novo lema daqui por diante para um país onde reinava a calmaria até dias atrás. A intenção é essa mesma, foi muito bem pensada, estudada e só colocada em prática quando se tinha certeza da ampla, total e irrestrita aceitação popular. Enquanto todos estão a partir de agora preocupados em como adquirir esse mais novo produto, enfim, se o meu vizinho já tem, imagina eu ficar sem, algo foi muito bem bolado e creio eu, deve ter passado pela mente de poucos até a presente data. Reflita comigo. Toda essa liberação tem nome e sobrenome, QUEIROZ. Sim, ele está envolvido na trama. A partir de agora está decretado que não se fala mais nada a respeito dele, nem do filho do general que teve aumento desmedido de salário no Banco do Brasil, muito menos dos assessores do filho do presidente que não pagavam seus assessores, dos depósitos transitando de uma conta pra outra de gente ligadas a todos eles, pois todos estão mais preocupados em como ter em mãos a tal da arma de fogo e sair logo dando uns tirinhos pela aí para treinar e desenferrujar os dedos. Uma mão lava a outra, simples assim. Vocês não queriam armas, pois já a tem, mas não queiram continuar querendo saber do destino do Queiroz, pois aí já é demais e na insistência alguém virá até ti e resolverá tudo rapidamente te dando um tiro.
Em tempo: Por fim, dias atrás eu e amigos discutíamos o que montar por essas plagas para ganhar algum e passar incólume a esse cruel e insano momento no país. Não chegamos a nenhuma conclusão viável e ontem, o amigo Claudio Lago dá a sugestão definitiva, a melhor de todos: "O negócio mais rentável para o momento será montar uma funerária".
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário