UM LUGAR POR AÍ (116)

A POSSE ONTEM DO SEGUNDO MANDATO DE MADURO NA VENEZUELA, ONDE ELE É MUITO MAIS LEGÍTIMO DO QUE OS GOLPISTAS TEMER E BOLSONARO JUNTOS – ASSISTI A POSSE DO CONSULADO VENEZUELANO NO RIO DE JANEIRO

Maduro não é Cháves, nem o momento vivido pelo comandante é o mesmo de hoje, quando as forças democráticas estão sendo suplantadas pela força de uma direita raivosa, implacável e antidemocrática. Essas fazem e acontecem contra a democracia e ainda possuem o disparate de acusar Governos de esquerda, onde os pleitos ocorrem dentro da normalidade como anormais. Ou seja, para a direita neoliberal raivosa só o que ela faz está correto, porém, o que ela faz é o que existe de mais errado na face da Terra. Antes de qualquer análise de minha parte sobre a posse do Maduro hoje na Venezuela, posto um escrito de quem estende deste assunto, meu amigo bauruense, o professor e escritor Gilberto Maringoni, com um livro sobre esse país, algo como uma bula para entender tudo o mais na sequência. Ele postou isso hoje sobre Maduro e o momento atual na Venezuela. Num primeiro momento pode ser algo duro, porém, realista, sincero e não dando trela para o que a direita insiste em apregoar como o certo. O certo é Maduro assumir e tentar salvar a Venezuela das mãos dos imperialistas sanacas que, certamente farão muito pior do que tudo o que porventura ele tenha feito ou vai fazer. Leiam abaixo:

“NÃO É POSSÍVEL CONTESTAR A LEGITIMIDADE
DE MADURO SEM FAZER CORO COM A DIREITA
Nicolás Maduro toma posse hoje em seu segundo mandato na presidência da Venezuela. O país vive uma gravíssima crise econômica e humanitária. Dos 32 milhões de habitantes, cerca de 1,9 milhão teriam saído do país desde 2015. O desemprego atinge quase um terço da população economicamente ativa e a inflação pode alcançar 1 milhão por cento neste ano.
Apesar de indicadores para lá de preocupantes, não há neles motivos para se contestar a legitimidade de Maduro ou para chama-lo de ditador.
A crise humanitária dos migrantes da América Central para os EUA é igualmente dramática e ninguém exige que se isolem os países da região. A situação dos Direitos Humanos na fronteira México-EUA é bestial, sem contar a ação deste último em Guantánamo, nas incursões bélicas que faz no Oriente Médio, seu apoio ao governo terrorista de Israel ou seus ataques a organismos humanitários da ONU. Os EUA seguem impávidos se autoproclamando os campeões da democracia.
MADURO FOI ELEITO em uma disputa com regras contestadas. Ele não teria – segundo países do Grupo de Lima – votos necessários para se eleger. O Grupo é composto por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru. Os mesmos países deveriam – por coerência – voltar suas baterias contra o sistema distrital das eleições legislativas francesas. Em junho de 2017, o partido Em Marcha!, de Emmanuel Macron, granjeou 43,6% dos votos válidos. No cômputo final, alcançou 53,5% das cadeiras (308 em 577). É uma distorção séria.

A Venezuela enfrenta desde 2015– ainda no governo de Barack Obama – pesado bloqueio econômico por parte dos EUA. Estes se acentuam no governo Trump. A forte queda dos preços internacionais do petróleo entre 2014-16 arrebentou o caixa do Estado, num país sem indústrias e marcado por um único produto exportável. A moeda nacional virou pó.
AS PRESSÕES QUE O PAÍS sofre dos Estados Unidos, da União Européia e agora do Grupo de Lima vêm acentuar a crise. Dominado pela direita e pela extrema direita continental, em especial pelos governos Bolsonaro (Brasil), Macri (Argentina) e Piñera (Chile), o Grupo se tornou uma extensão da política do Departamento de Estado norteamericano.
É difícil apoiar o governo Maduro, tamanha é sua incompetência e conduta reprovável em várias frentes. Mas é um governo eleito e legítimo (coisa que a administração Michel Temer não era).
Política se faz com atos e movimentos concretos. Não há alternativa democrática ou progressista a Nicolás Maduro. As pressões por sua queda se originam na cobiça de Washington pelas reservas petrolíferas venezuelanas (as maiores do mudo) e por forças políticas internas que combinam obscurantismo, autoritarismo e submissão ao Império.
Não há neutralidade possível ou oposição que não favoreça o ultraliberalismo no país vizinho.
Não é possível contestar a posse de Nicolás Maduro sem jogar água no moinho do outro lado”, Gilberto Maringoni.

Lido o texto digo algo de onde estive hoje na parte da manhã aqui na cidade do Rio de Janeiro, onde me encontro a trabalho durante a semana toda. Ciente da posse ser hoje, convidado estava para comparecer no escritório diplomático da Venezuela, na avenida Presidente Vargas nº 463, 14º andar. Cheguei com um pouco de atraso, sala cheia, gente fazendo uso do microfone, o consul com a palavra, depois uma ex-ministra da Saúde e por fim, a transmissão pela TV, a chegada dos chefes de estado e a posse em si. Fotos e mais fotos, revi o amigo Norberto Osilieri, natural de Jaú, residente no Rio há décadas e conhecido de muitos dos presentes. Ele me abriu portas, me apresentou muita gente que conhecia de nome e assim, além de presenciar a posse, fiquei enfronhado com muitos do que propiciam a resistência aqui pelos lados do Rio de Janeiro.

Uma pessoa em especial me foi muito grato ter tido a oportunidade de conhecer, dar um abraço, trocar umas singelas palavras. Trata-se de nada menos que a filha de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário, a querida ANITA LEOCÁDIO BENÁRIO PRESTES. Não se furtou em tirar uma foto ao meu lado e me perguntou: “São Carlos fica longe de Bauru?”. Quando lhe disse ser somente uns 100 km, explicou dos motivos: “Doei todo o arquivo pessoal da família para a universidade local, estive lá e sei estão montando um aparato para visitação. Procure ir acompanhando esse trabalho e se puder vá visitar, pois tudo o que tinha repassei para eles”.

Da posse, gravamos todos os presentes um curto vídeo para ser transmitido para a TV venezuelana TV SUR, com a participação e apoio dos cariocas para esse tão importante dia da resistência em tudo o que está a acontecer com a América Latina. Com as fotos aqui publicadas o meu registro e como me posiciono a respeito desse conflitante momento na América Latina e de que lado me encontro. Como não podia deixar de ser, mais que favorável não só a posse de Maduro, rejeitando a vã tentativa de impedir-lhe a posse neste dia, mas referendando que, a eleição venezuelana é neste momento, muito mais limpa do que muitas ocorrendo por toda a América Latina.

ESSAS SÃO AS ILUSTRES PESSOAS PELAS QUAIS GOSTO DE TIRAR FOTOS AO MEU LADO
Hoje no Consulado Venezuelano no Rio, posse do segundo mandato de Maduro e eu com a filha de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário, a querida ANITA LEOCÁDIO BENÁRIO PRESTES, nascida num campo de concentração da então Alemanha nazista.