EXPOSIÇÃO NO POMPIDOU EM PARIS E ALGUMAS FOTOS DAS RUAS DE LONDRES
Na chegada a Paris o primeiro lugar visitado foi o Centro Cultural Pompidou, com uma arquitetura que desde sua inauguração, décadas atrás, continua arrasando arquitetonicamente. Circulamos pelas exposições gratuitas (em Londres todos os museus são grátis, Paris não) e uma delas, de fotografias retratando algo da questão social e dos movimentos sociais que movimentaram a Europa nos anos 30, todos de esquerda, cunho revolucionário e transformador, a SOCIAL AND DOCUMENTARY PHOTOGRAPHY IN FRANCE (1928-1936). Nos registros da exposição, algo mais que tocante, as publicações a retratar aquilo tudo em plena efervescência. De tudo o que ali captamos, exponho parte das fotos das ruas captadas nesse exato momento nas ruas de outro lugar, Londres. Faço uma comparação com os homeless de ontem e de hoje. Sim, encontrei poucos pelas ruas londrinas, porém muitos deles ali continuam, mesmo com tudo o que ouvi sobre o atendimento social inglês e um só pedinte dentro do metrô durante uma semana de andanças. Quando ele começou sua fala, uma pessoa se levantou do banco, entregou a ele um impresso e lhe falou algo aos ouvidos. Ele se pôs a ler e desceu na próxima estação com o papel nas mãos. Acreditamos fosse algum endereço de assistência social. Daria para escrever um longo texto sobre minhas observações, o que me é impossível no momento, em trânsito e na correria. Deixo as fotos para reflexão coletiva e numa delas, a última aqui publicada, a que mais me impressionou, um negro abaixado, corpo curvado, num frio de lascar, poucos metros do rio, costas para cima, mãos para a frente e segurando um copinho. Impossível, mesmo com muito esforço, alguém ser totalmente indiferente para algo assim, esteja onde estiver. Os registros feitos na exposição fizeram história. Eu só registro, algo que faço desde muito tempo, inquieto com as injustas diferenças deste mundo. Registro, escrevo e ao longo do tempo, todos que me conhecem, sabem que o faço como questionador, querendo e buscando algo além das explicações normalmente dadas. O mundo merece uma ampla reparação coletiva, um entendimento cordial facilitador da vida de tudo, todas e todos. Chamam isso de comunismo. Será?
EU NÃO RESISTO VER QUEM ESQUECE DO CELULAR E SE PÕE A LER EM LUGARES PÚBLICOS, COMO ESSE SENHOR NO METRÔ LONDRINO
Tempos atrás queria copiar uma ideia de um jovem de Bueno Aires que criou um site só para publicar fotos de pessoas que ia encontrando pela frente, nos mais diferentes lugares e lendo. Tinha desde mesas de bares, restaurantes, ônibus, praças, filas variadas, metrô e trens variados, como andando pela rua. Desisti, pois por mais que tentasse tirar fotos desses me deparava com poucos. O que mais dava e continua dando são os tais clicando algo no celular por todos esses lugares e tantos outros, mas lendo livros, revistas que seja, bulas de remédio já me encantaria, mas nada disso vejo mais no meu país. Aqui em Londres tenho me deparado com vários desses e hoje quase do meu lado um senhor chegou com o vagão cheio, colocou sua sacolinha de plástico entre as pernas, se equilibrou magistralmente num dos ferros internos, abriu o livro, retirou com uma habilidade de dar gosto o marcador da página e se pôs a ler de uma maneira brejeira, só dele, dessas de dar água na boca. Fiquei com inveja, dei uma piscada pra ele, pedi se podia tirar uma foto só no gesto, mostrando a máquina, ele quase não se mexeu, mas consentiu com o rosto e continuou a ler até a próxima estação, quando sobrou um lugar e ele seguiu vidrado a viagem. Eu meio trêmulo pelo sacolejar do trem, não aproveitei bem o momento e tirei uma foto embaçada, como a maioria das que produzo. Não tenho mesmo jeito e maneiras.
Macacos me bloguem. Aderi. Estarei juntando aqui, direto do meu mafuá particular, translucidação da minha bagunça pessoal, uma amostra de escritos variados, onde cabe de tudo (quase!) um pouco, servidas sempre, de forma desorganizada, formando um mural esclarecedor do pensamento de seu escrevinhador.
Pegue carona aqui e ao abrir a tampa do baú, constate como encaro tudo isso. Deixo cair rostos, palavras; alguma memória. O diálogo se instaura.
Abracitos do
Henrique Perazzi de Aquino - direto de Bauru S.P.
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