quinta-feira, 25 de abril de 2019

MÚSICA (172)


RECEITAS, INCLUSIVE MUSICAIS

1.) BOTEQUIM TAMBÉM É CULTURA - SUCO DE CAQUI
Ontem à noite, etilicando (existe isso?) a existência num botequim (digo qual, o Bar do Genaro, do Fabricio Genaro), enquanto deputados eram devidamente comprados e empacotados para votar a favor da previdência e o Curíntia sapecava mais um, eu me encontrava sentado num roda com a finalidade de reverenciar a santa cevada e comer mais uma rodada de ardida (pero no mutcho) linguiça, comprada no açougue três quadras acima, eis que o Antonio Pedroso Junior profere uma de suas histórias (muitas sem pé nem cabeça, outras com tudo a ver) e a coloco em prova na manhã desta quinta. Diz estar relendo os dois livros da biografia do grande revolucionário nordestino Gregório Bezerra (não se fazem mais comunistas como antigamente, cepa inquebrantável), aquele que os bestiais malucos, golpistas de 64 ao o prenderam, amarraram sua boca ao cano do escapamento de um jipe militar. Triste lembrança. Pois o gajo do Pedroso lembra e nem sei por quais motivos o fez, que Gregório diz na biografia, uma das maiores saudades que teve durante o período de sua longa e bestial prisão, foi a estar impedido de tomar diariamente um suco de caqui. E deu a receita: pegue o danado inteiro, divida em pedaços, coloque no liquidificador com um copo de água bem gelada e tome sem açúcar ou nada mais. Diz ter seguido a receita, ele que não gosta de frutas, mas por ter sido dica do grande Gregório, fez, experimentou, provou e gostou, agora passa adiante. Acordei, ao abrir a geladeira para tomar meu leite esquentado em microondas com café solúvel, dou de cara com um pacotinho de caqui (quando comprei o cara da barraca apregoava 3 pacotes por R$ 10 mangos) e reproduzo a receita, finalmente também comprovada logo a seguir sua praticidade, operacionalidade e funcionalidade, enfim, até o presente momento sem intercorrências de grande vulto. Gostei muito.
Gregório, como sempre soube, sabe o que faz e Pedroso, mesmo com todo o ajuntamento acumulativo político mental do seu cérebro, tira lá do fundo muita coisa de ótimo proveito. O suco de caqui à la Gregório Bezerra é da hora! Tão simples, não precisa nem mastigar a fruta, desce macio, sem turbulências. Toda vez, de agora em diante, ao repetir a dose, irei me lembrar dos ensinamentos do Pedroso e da receita de alguém pelo qual nutro algo muito mais que respeito e admiração, Gregório Bezerra.

2.) "VIVO NUM MUNDO AGITADO CHEIO DE GENTE VAZIA'
Não ando com a memória lá muito boa, avariada pelo acúmulo de volumes no cérebro. Esse CD que hoje coloco pra rodar, por mais que tente, não consigo me lembrar onde o comprei, se ganhei ou como chegou até mim. O fato é que chegou e dele gosto muito. É o "SANTA IGNORÂNCIA", música título e que dá nome ao CD deste belo músico, o JOSÉ DOMINGOS. São doze faixas de um sabor indescritível e hoje pela manhã, antes de ir na feira, ao ir pro Mafuá dar comida e carinho pro meu cão, o Charles, ouvimos o CD inteiro juntos antes de ruar. Eu sentado numa velha cadeira e ele de barriga pra cima, olhinhos revirados (deve ter gostado). A "Santa Ignorância" é letra do Seu José e música do Adauto Santos e esse seu CD só foi possível graças ao apoio de um tal de ETAD - Ernesto Tzirulnik Advocacia. É desses CDs, pelos quais não quero mais me separar enquanto estiver por aqui entre tudo isso que ainda nos resta de paz, ou seja, meu mundo.
Dele, li no site Vermelho isso e gostei muito: "Santa ignorância (2011) é o nome do disco do cantor e compositor José Domingos. Nascido em Guaxupé (MG), aos cincos anos veio, com a família, para o interior de São Paulo e, em 1956, para a capital paulista, de onde nunca mais saiu. Virou cantor da noite com grande destaque, embora permaneça obscurecido pela chamada “indústria cultural”, que não valoriza talentos populares sem viés comercial. Mesmo com anos de estrada, Zé Domingos permanece encarcerado numa espécie de nicho neste mundo que cada vez mais transforma a arte em mercadoria fugaz, momentânea, circunstancial". É isso que gosto demais da conta de ficar escutando enquanto tento reconstruir o Mafuá. Se alguém souber algo mais dele, conte, pois sei quase nada e gostei demais da conta do seu jeitão de cantar. Me encantou. Essas minhas preciosidades. Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=tXpWmnjkCLA
Cliquem em cima para ampliar o texto do Ruy Castro sobre o Faustão.

A LETRA: "Vim de longe, estou cansado/ Com o peso dos desenganos/ Cada dia mais pesado/ Somado ao peso dos anos./ Vivo num mundo agitado/ Cheio de gente vazia/ Vendo um sonho sepultado/ Na manhã de cada dia./ Ah! Meu tempo de menino/ Se eu pudesse, voltaria/ Ao riacho cristalino/ E às coisas que eu mais queria./ Meu rancho de pau a pique/ A minha cama de varas/ Meu travesseiro de penas/ Minha esteira de taquara/ O terreiro onde eu jogava/ A minha bola de meia/ Toadas que o pai cantava/ Nas noites de lua cheia./ Minha peteca de palha/ Minha sopa na gamela/ Minha santa ignorância/ Saudade que eu tenho dela".

3.) Fausto Wolff, um dos que lia diariamente no JB, pelo site do jornal, hoje retratado na crônica diária de Rui Castro, na Folha de São Paulo. Passei pelo sindicato dos Ferroviários, enquanto aguardava, li, gostei, fotografei e compartilho. Faustão era tudo isso e muito mais, nunca me canso de falar dele, um dos que mais gostei na imprensa brasileira, tendo, creio eu, quase todos seus livros.

4.) 'CANTO PRO POVO DAQUI, CANTO PRO POVO DE LÁ'
Confesso, conhecia pouco do trabalho da CEUMAR, até o momento em que alguns anos atrás, duas ocorrências quase simultâneas me reviraram a coisa. Na primeira, o convite para um show dela dentro de um espaço muito mal utilizado em Bauru, o vão central do nosso Museu Ferroviário, convidado pela sua amiga, a Manu Saggioro e depois, logo na sequência, o Carioca da Banca, lá na Feira do Rolo me diz ter comprado um lote de CDs de uma rádio que havia fechado de universidade paulistana. Fui lá e arrematei o lote, dentro dele vários da CEUMAR. Foram maravilhosamente curtidos, ouvidos e devassados, com prosseguimento até hoje. Num dos CDs, o CEUMAR & TRIO LIVE IN AMSTERDAM (2010), lindo de doer, ela canta ao lado de um trio jazzista holandês. Escolhi para ouvir juntos uma das que mais gostei, a GIRA DOS MENINOS (Ceumar e Sérgio Pererê). Linda de doer, como tudo que ela canta, toca e espalha mundo afora. Quase perco essa preciosidade na enchente aqui no mafuá, mas o lavei, retirei o barro na capa e hoje continuo o ouvindo com a todo vapor. Eis o link:
https://www.youtube.com/watch…

A letra: "Deixa a madeira cheirosa queimar/ Deixa a fumaça subir/ Hoje eu quero cantar e cantar/ Para os meninos daqui/ E se os meninos de lá/ Podem ouvir minha voz/ Que lancem o seu olhar sobre todos nós/ Canto pro povo daqui/ Canto pro povo de lá/ Giro entre as linhas da terra e do ar/ Conto as estórias daqui/ Pros meus amigos de lá/ Pois vejo estrelas no céu e no mar". 

5.) O QUE ME PREENCHE O TEMPO, OS "PISANTES" TODOS EM DIA, NO VARAL, QUARANDO...

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