terça-feira, 21 de abril de 2020

CHARGES ESCOLHIDAS À DEDO (157)


JÁ QUE A CARREATA DO SINCOMÉRCIO SERÁ INEVITÁVEL...

Tudo foi feito para demover a insensibilidade do SinComércio e afins no intuito da não realização da carreata em mais essa tentativa de burlar a legislação vigente, em caráter extraordinária, decorrência da pandemia em curso, cujo aumento da transmissão do COVID-19 só aumenta, resultando no provável colapso da saúde pública. Dirigentes de classe pensando somente no lucro dos seus negócios e nunca nas vidas humanas envolvidas, optaram for forçar a barra e impor na força, a ilegal carreata e depois, na sequência, a reabertura do comércio em Bauru, mesmo diante do quadro de calamidade. No entendimento das pessoas normais, quem tem que dar condições para a manutenção das empresas, sobretudo das pequenas e médias, é o Governo Federal. O que falta, muitas vezes, são medidas mais efetivas para preservar as empresas e os empregos. No topo do pódio mundial do obscurantismo e da irresponsabilidade, o governo brasileiro, que não assume o seu papel e essas entidades de classe, como o SinComércio, que ao invés de cobrar do governo, insistem em não fazê-lo, mas o fazem ao contrário, colocando seus funcionários em situação de risco e os obrigando em participar de eventos como essa carreata e também no retorno forçado ao trabalho. Todos deveríamos estar juntos, unidos lutando para que, após o pagamento da Ajuda Emergencial (que ainda não foi paga aos que dela fazem jus), para o socorro também aos pequenos varejistas, inclusive com empréstimos do Tesouro Nacional. Tudo o que precisamos neste momento é da ampliação da transferência aos cidadãos e de auxílio às empresas para a manutenção dos postos de trabalho e não o contrário.

Diante da manutenção desta carreata e da insistência na abertura desenfreada do comércio em Bauru só nos resta uma alternativa, denunciar os envolvidos, cobrar agora e posteriormente por tudo o que causarem, e distribuir na saída da carreata essa DECLARAÇÃO, onde cada participante deverá, se for sensato, isentar de fazer uso de serviço médico público se porventura se contaminar. Já que a opção é continuar apoiando Bolsonaro e seus insanos atos, que o façam, mas assumam também não precisarem de futuro atendimento médico. Quem menospreza a pandemia e tudo o que ela nos traz de ruim, não pode querer se beneficiar de algo proveniente de quem se cuida. O ser humano deve estar acima de tudo, inclusive do lucro, do que dita as leis de mercado neoliberais. Veremos quantos devolverão assinados a DECLARAÇÃO, entregue no início e recolhidas ao final do ato marcado para acontecer amanhã, 22/04.

OBS.: O texto de Roque Ferreira, publicado ontem pelas redes sociais é um primor na cobrança a quem de direito: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=3153704181314992&set=a.101141503237957&type=3&theater

SÓ PARA CONSTAR

Uma curta historieta da verve do jornalista Fausto Wollf, dentre mil do seu livrão "A milésima segunda noite", todas com o intuito de fazer pensar, espécie de soco abaixo de nossa linha de cintura:

"No prefácio de um dos meus livros, "O Dia em que Comeram o Ministro", escrevi: "Não canso de me admirar com os verdadeiros canalhas. Não estou falando dos amadores. Refiro-me aos profissionais sérios, esforçados que imprimem um espírito de missão à canalhice; o canalha por opção, enfim. Vendo-os agir, crápulas, impávidos, orgulhosos de suas ações, certos de suas imunidades, me convenço de que o verdadeiro canalha, das três uma: 1) acredita mais do que ninguém na capacidade divina de perdoar; 2) acredita-se imortal; 3) simplesmente está ocupado em mentir, roubar, corromper, assassinar e torturar que ainda não pensou no assunto. Bons pais de família, excelentes maridos, hábeis homens de negócios, políticos poderosos, juízes venais, os canalhas brasileiros têm essa incapacidade incomum de odiar o povo que os sustenta".


HISTORINHA DA QUARENTENA*
* Eu gosto demais de contar histórias, pequenos relatos e as vezes as deixo de fazê-lo, não por querer, mas talvez por causa do momento pedir outra coisa. Queria até desviar do tema da pandemia, da quarentena, do irracionalismo de Bolsonaro, mas não dá. Vez ou outra tenho recaídas e volto pras historinhas. Ficaria nelas pro resto da vida.


Queria uma foto de alguém que já recebeu o Auxílio Alimentação. Não estava acreditando que já haviam de fato creditado em contas o valor de R$ 600. Ouvia que isso, para os novos cadastros só viesse de fato a ocorrer dia 27. Descobri uma pessoa, ela havia recebido na sexta passada, 17/04. Tinha uma bela foto sua, com máscara e tudo, ligo, conversamos ela me conta a história, linda por sinal e na hora que peço para postar a foto, me pede: "Por favor, não faça isso". Achei que, talvez pudesse ser por não querer se expor ou mesmo dívidas, as pessoas descobririam que recebeu e viriam em cima dela querendo receber. Não foi. A explicação: "Aqui no quarteirão onde moro, só aqui tem uns três que me devem, todos pequenas quantias. Em outros lugares, mais ainda, vendo umas coisinhas e faço muito fiado. Tenho levado alguns calotes, mas aos poucos vou recebendo, pressão aqui, jeitinho ali. Se eles souberem que recebi os R$ 600, daí não irão me pagar mesmo, pelo menos nesse momento. Muitos também estão para receber, não posso arriscar. Prefiro que não saibam que recebi, vou dizer que meu cadastro não foi aprovado. O senhor entende, né?". Guardo a foto para outra oportunidade e essa história conto, sem que ninguém além de mim saiba que é o protagonista.


VAMOS ESPERAR ACONTECER O QUE MAIS?

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