DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (142)

VOCÊ PERCEBE QUE A COISA É MAIS SÉRIA DO QUE SE IMAGINA QUANDO AO ABRIR O JORNAL, A LISTA DOS AVISOS FÚNEBRES SE AMPLIA A CADA EDIÇÃO

Sim, você pode alegar que hoje é a edição de terça, segunda não teve jornal, acúmulo de dois dias, coisa e tal, mas inegável que o número de falecidos aumentou e sem querer assustar, mas alguns precisando levar mesmo um choque elétrico para cair na real. O bicho está pegando aí fora e quem trabalha em hospital afirma que, os casos não param de aumentar, dia após dia. Olho pela janela, esfriou, chove lá fora, me aquieto e continuo de querentena. No mesmo jornal, a confirmação oficial de mais e mais casos, fora os extra-oficiais, os aguardando confirmação, muitos desses já enterrados, quatriplicando o número até agora anunciado. O que mais precisa acontecer pra gente encurralar esse desGoverno Federal, para ele assumir verdadeiramente as rédeas da nação, fazer o que é sua obrigação, alicerçar logo os que mais necessitam (cadê essa ajuda de R$ 600 que não cai na conta dos solicitantes?) e acorbertar as pequenas e médias empresas em dificuldades, além de cobrar dos mais ricos uma parcela maior nesse momento? A questão não é abrir o comércio, escancarar tudo justamente no momento mais crítico, mas pressionar a quem de direito. Os cofres da União precisam ser abertos, o país não pode parar por irresponsabilidade de seus políticos, tudo encabeçado hoje na figura desajustada do presidente, o mais irresponsável dos brasileiros. Dar voz a demência explícita desse insano cidadão, pregando o ir pras ruas em detrimento do que indica o abalizado conhecimento cietífico é de uma absoluta irresponsabilidade. O aumento do número de óbitos deve ser credito e muito a ele, o que representa e o que personifica. O abismo entre a rapidez no necessário atendimento à demanda e a morosidade no socorro aos mais pobres é visível na seletividade do cronograma das medidas até agora tomadas, todas sob muita pressão. Quando falta gestão, sobram aventuras, cada vez mais evidentes na imbatível mediocridade da turma de Brasília. Em curso toda uma deficiência cognitiva, aliada ao sectarismo dos poderosos de Brasília, impedindo o país de entender o dilema criado entre o salvar a economia e salvar vidas. Preferem salvar a economia, deixando de lado o povo, intensificando a crise e a prolongando para muito além da pandemia. O que esses dementes todos no poder, desde o Senhor Inominável, o Posto Ipiranga ao Marreco de Maringá, todos ainda não entenderam a fragilidade do contrato social. Os sentimentos de solidariedade moldarão as sociedades decentes após a crise e a brasileira estará na rabeira, prócer em atraso, em apunhalar o povo para beneficiar uma minoria, essa que não precisa de ajuda no momento. Somos governados por monstros.

DENIS MARQUES, CIRCULADOR DAS RUAS DE BAURU SE VAI E ACENDE O ALERTA

Eu já escrevi muitos textos sobre esse rico personagem das ruas de Bauru, DENIS MARQUES. 

Um senhor que se apresentava como jornalista, com colete e carteirinha, levando sempre junto consigo uns jornais onde teve sua participação. Sempre com uma bolsa tiracolo no ombro, franzino, pequeno, camisas de magas compridas, evangélico e batalhador, um rueiro na acepção da palavra, pois gostava demais de nela estar. Ia e voltava a pé de sua casa, sendo o caminho, o da avenida Nuno de Assis, desde a rodovia até o Confiança Rodoviária, seu local preferido de permanência. Difícil as vezes em que não ia ao mercado e lá me deparava com ele, sempre nos cumprimentando e tomando ciência das últimas das ruas. 

Dos meus escritos publicados no blog Mafuá do HPA, eis alguns dos que esteve presente como protagonista: https://mafuadohpa.blogspot.com/search?q=denis+marques.

Conheci Denis das também andanças pela rua e o tipo diferenciado me achamou a atenção. Dele fiquei amigo, a ponto de me passar várias pautas para escrevinhações, quando não estar no meio delas. Mais de décadas na mesma situação, nem imaginando como devia ser difícil sua sobrevivência, com ele sempre altivo, cabeça empinada, sem demonstrar desânimo, tocava o barco como podia. A notícia do seu falecimento nesta manhã me é dada por Cirineu Fedriz, pois havia lido o que escrevi tempos atrás e queria que soubesse do ocorrido. "Recebi informações do irmão dele que ele estava com problemas pulmonares decorrentes do cigarro. Precisou ser entubado mas que não tem relação como Coronavirus. Triste. Era uma figura", me escreve Cirineu. Nada sei ainda além disso, mas o fato por si só, o da morte me assusta. Denis não era assim tão novo, mas era do tipo aroeira, vergava mais não quebrava, ou seja, deve ter sido algo como esse vírus ou algo parecido para levá-lo assim num vapt-vupt. Sem maiores informações, presumo algo aterrador para os moradores e frequentadores das ruas, os que se trombam por todos os lugares e quebradas desta cidade, pois tendo sido o Covil-19, ele já deve estar entronizado na comunidade frequentadora das ruas, a menos provida e em condições de reagir, de buscar adequado tratamento. Uma baita nuvem assombra a tudo e todos no momento com a triste notícia, pois com a chegada do vírus contaminando os populares, anônimos, invisíveis, desgarrados, talvez ocorra uma limpa, um sumiço de todos esses. E isso é mais que estarrecedor...

Denis Marques deixou sua marca registrada nas ruas de Bauru. Não o analiso enquanto posicionamento político, mas sim, como pessoa humana, digno personagem e representante das ruas desta cidade. Um a merecer não só nome de rua, homenagem póstuma, mas reconhecimento pela bravura com que enfrentou as agruras, as inteméries da vida e dela ia conseguindo tocá-la cada vez mais longe. Tem cadeira cativa dentre os imortais populares destas plagas.

O FUNDAMENTAL PAPEL DO BOM PRATO PARA COM OS DESVALIDOS

Não me peçam para elogiar o governador João Dória, pois pelo conjunto da obra, impossível fazê-lo, mas nesse cruel momento, achei dos mais dignos o papel cumprido pelos restaurantes BOM PRATO em todo o estado de São Paulo. Quando as portas literalmente se fecham para os desvalidos, os que vivem nas ruas e dela tiram seu sustento para comer, a rede altera toda sua programação e passa atender café da manhã, almoço e jantar, tudo servido em marmitex, para serem consumidas em outro lugar, por R$ 0,50 cada. Antes funcionava de segunda a sexta e hoje, todos os dias da semana. Louvável e se antes, quem dali fazia utilização eram não só os em situação vulnerável de rua, hoje com muita coisa fechada, esse predominam nas filas. Dória é um carrasco em vários quesitos, mas nesse momento, em posicionamentos como esse, mesmo que tenha intenção eleitoreira, faz o que qualquer representante de Executivo eleito deveria fazer. Isso deveria ser praxe, o normal, trivial em casos excepcionais como o ocorrendo, mas a gente sabe que não é isso o que ocorre. Vejam o caso do Governo Federal, quando os cadastros dos que devem receber os R$ 600 reais foram feitos todos há mais de uma semana e até agora nada, nenhum valor entrou em nenhuma conta. O ex-presidente Lula que sempre se estranhou com João Dória tiveram algo como uma trégua numa conversa semana passada pelas redes sociais. Tudo normal, são políticos, posições mais que antagônicas, mas nesse momento, não existe clima, nem é adequado ampliar discussões. Não houve afagos, mas respeito público diante de algo estarrecedor, a pandemia avançando sobre tudo e todos. Por outro lado, enquanto o governador faz o que deveria ser feito por todos, mera obrigação, alguns insistem em espezinhá-lo, para simplesmente tentar obter vantagens eleitorais lá na frente. Digo dos bolsomínions que, abertamente se posicionam contra o Dória, por motivos diferentes dos meus e dos movimentos sociais, por exemplo, mas por almejarem colocarem no lugar esse tal de Major Olímpio. Amenizo temporariamente com Dória, mas não com esses desqualificados. Tenho o Bom Prato como bom exemplo para esses que são o motivo de minha maior preocupação, os invisíveis nas ruas. Dória continua pisando na bola em tudo o mais, assim como vi na desocupação da Cracolândia, no desligamento dos terceirizados dos Poupatempos, no insipiente repasse para hospitais municipalizados, mas deixo a pegação de pé quando tudo isso acabar. Eu quero mesmo nesse momento é ver o povo vulnerável se safando e tudo o que for feito para esses terá meu reconhecimento. E tem uma legião de anônimos também distribuindo comida em diferentes pontos das cidades. Esse são impagáveis no que fazem.

CRISE GLOBAL - ECONOMISTA DAQUI PREGA RESPEITO AS LEIS DE MERCADO E OS DO MUNDO VISLUMBRAM OUTRAS POSSIBILIDADES PARA O PLANETA

Enquanto eles se comprazem com as bobagens da análise econômica de um Reinaldo Cafeo, veja esse vídeo de Alfredo Zaiat, do Página 12://youtu.be/PX7v1QoMEZ4
Cito o economista da terrinha, um que sempre esteve ao lado dos "donos do poder" em detrimento da imensa maioria da população, pois ao ler suas opiniões publicadas regularmente no Jornal da Cidade - Bauru SP, a constatação de que, ao final de tudo, o que gente como Cafeo quer não será remodelação ou nenhuma nova possibilidade, mas o uso de força, se necessário para segurar com mãos de ferro a Economia dentro dos parametros propostos pelas Leis de Mercado. O vídeo de Zaiat mostra a situação atual do planeta, tendo como base a sua Argentina, servindo para o restante do mundo, principalmente todos os países do considerado Terceiro Mundo, onde nos localizamos. Com o título DEFAULT GLOBAL, a demonstração de como a dívida pública dos países é impagável. Impagável antes da crise do Covid-19 e mais ainda depois do seu encerramento. "Nunca antes houve uma crise global com estas características", conclui e apresenta sua proposta de reconstrução levando em conta o ser humano e suas necessidades, deixando de lado o que economistas como Cafeo mais prezam, seguir cegamente a cartilha dos que insistem no aperto do cinto, no arrocho sem tréguas. Será uma queda de braço das mais instigantes e todos os sensatos terão que se posicionar, lutar pela possibilidade de um outro mundo ou se aquietando ou sendo vencidos, ter que suportar algo como um retorno ao período mais nefastio da escravidão humana. É ver para crer.