COMO TOCO AS COISAS, TEXTOS INTERCALADOS COM BOAS MÚSICAS*
* Escrevo e ligo a vitrolinha, ouço algo, busco inspiração, transpiração e transposição.
Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=Lr7ywDnQjvY
Eu não estou interessado/ Em nenhuma teoria/ Em nenhuma fantasia/ Nem no algo mais/ Nem em tinta pro meu rosto/ Ou oba oba, ou melodia/ Para acompanhar bocejos/ Sonhos matinais
Eu não estou interessado/ Em nenhuma teoria/ Nem nessas coisas do oriente/ Romances astrais/ A minha alucinação/ É suportar o dia-a-dia/ E meu delírio/ É a experiência/ Com coisas reais/ Um preto, um pobre/ Uma estudante/ Uma mulher sozinha/ Blue jeans e motocicletas/ Pessoas cinzas normais/ Garotas dentro da noite/ Revólver: cheira cachorro/ Os humilhados do parque/ Com os seus jornais/ Carneiros, mesa, trabalho/ Meu corpo que cai do oitavo andar/ E a solidão das pessoas/ Dessas capitais/ A violência da noite/ O movimento do tráfego/ Um rapaz delicado e alegre/ Que canta e requebra/ É demais!/ Cravos, espinhas no rosto/ Rock, Hot Dog/ Play it cool, baby/ Doze Jovens Coloridos/ Dois Policiais/ Cumprindo o seu duro dever/ E defendendo o seu amor/ E nossa vida/ Cumprindo o seu duro dever/ E defendendo o seu amor/ E nossa vida...
2.) O DOUTOR CLOROQUINA PERSISTE ENTRE NÓS, MUITOS DELES, FAZENDO E ACONTECENDOEu já escrevi sobre minha visita para médico aqui de Bauru, ele me recebendo sem máscara, me estendendo a mão e dizendo que já deve ter tido a doença, daí não correria risco. O fato é que eu, pertencendo ao grupo de risco ainda não tive. O risco, pelo visto, era meu. Disse mais, que receita os tais comprimidos, pois "se não matar engorda". Quis me dizer algo dessa laia: se bem não faz, mal também não. Ele mesmo me afirmou ter ingerido o tal coquetel com vários medicamentos, a maioria indicados na lista do Governo Federal e sem comprovação de eficácia. Eu olhei para aquele personagem das entranhas bauruenses e me perguntei: onde será que esse danado estudou? Será que aprendeu a agir assim lá nos bancos escolares? Depois de tudo, novas leituras e acrescento ao que escrevi lá atrás, mais algumas anotações.
Eu não estou interessado/ Em nenhuma teoria/ Nem nessas coisas do oriente/ Romances astrais/ A minha alucinação/ É suportar o dia-a-dia/ E meu delírio/ É a experiência/ Com coisas reais/ Um preto, um pobre/ Uma estudante/ Uma mulher sozinha/ Blue jeans e motocicletas/ Pessoas cinzas normais/ Garotas dentro da noite/ Revólver: cheira cachorro/ Os humilhados do parque/ Com os seus jornais/ Carneiros, mesa, trabalho/ Meu corpo que cai do oitavo andar/ E a solidão das pessoas/ Dessas capitais/ A violência da noite/ O movimento do tráfego/ Um rapaz delicado e alegre/ Que canta e requebra/ É demais!/ Cravos, espinhas no rosto/ Rock, Hot Dog/ Play it cool, baby/ Doze Jovens Coloridos/ Dois Policiais/ Cumprindo o seu duro dever/ E defendendo o seu amor/ E nossa vida/ Cumprindo o seu duro dever/ E defendendo o seu amor/ E nossa vida...
O Brasil vive seu pior momento, onde mesmo com todo avanço tecnológico conseguido, a regressão é latente. Alguém a cem anos atrás, como na Revolta da Vacina desdizer de tomar algo sem nenhum informação é uma coisa, mas agora é bem outra. As informações todas estão a apendas um click das pessoas. É inconcebível ver um parente de paciente falecendo por causa do Covid chegando pro médico e o culpando pela morte, com alegação das mais esdrúxulas: "Se tivesse dado cloroquina, ela estaria viva". Esse medicamento, útil para outras enfermidades, já se mostrou inócuo para o Covid, mas assim mesmo a insistência do Sr Jair, politizando a droga e anunciando curas, ao melhor estilo charlatão. A revolta se dá, passado o pior da pressão, foi exatamente na pressão que a classe médica sofreu para prescrever o tratamento sem comprovação científica. Muita gente foi afastada do serviço por se negar. Prontuários eram examinados dentro do serviço público, principalmente o federal, para explicar porque não estavam prescrevendo a cloroquina.
Por outro, como vi pessoalmente neste atendimento, a defesa do tratamento sem eficácia. Aquilo induzia as pessoas abandonar as medidas de proteção e na minha avaliação deixará mais um legado sombrio para a medicina brasileira. Não só a autonomia do médico está sendo restringida, como ultrajada, porém, muitos também se apequenaram, principalmente os médicos e entidades que escolheram manipular a ciência para usá-la como arma no campo político-partidário. Uma postura que nada tem a ver com ciência ou saúde pública., mas sim com interesses políticos estreitos e equivocados.
Querer no Brasil afirmar que a atividade médica deve ser pautada à luz da ciência, do conhecimento, da evidência científica é algo surreal diante de um Ministério da Saúde dirigido por alguém sem nenhum conhecimento da área e só dizendo amém para o patrão, sem nenhum poder de contestação. O ministro mesmo acaba de dizer: "Quem tem patrão, cumpre ordens". Pessoas sórdidas, ligadas às conveniências do momento. Já vimos esse filme, quando as mesmas entidades médicas fizeram de tudo e mais um pouco para impedir a vinda dos médicos cubanos, quando nos confins deste país os pobres teriam pela primeira vez na vida atendimento decente.
Médico não é deus, nem um sabe tudo, ele sabe disto, mas passa para as massas exatamente o contrário. A medicina, como a ciência num todo não é gerador de certezas. A experiência individual do médico vale muito ou mesmo a de colegas mais experientes, mas isso não quer dizer quer possa sair distribuindo algo sem nenhuma eficácia e com devida empáfia como modus operandi. O médico brasileiro está entre a cruz e a espada, pois se aderir sem contestação ao que diz suas entidades de classe, todas conservadoras e apoiando Bolsonaro, talvez estejam cravando uma estaca no próprio peito. Sei viverem situação extremamente difícil, momento conturbado, mentes confusas, mas fazer o que alguns estão a fazer com a saúde público e mais do que lamentável e merece a rejeição dos ainda atuando dentro do bom senso. Pedir bom senso para bolsonaristas é impossível, mas não custa ir dando uns toques, mesmo para estes que se dizem os sabichões. Enfim, você que me lê conhece algum doutor cloroquina?
3.) "É UM GRITO QUE SE ESPALHA, É UMA DOR CANALHA"Eu gosto dos malditos. dentre estes WALTER FRANCO foi mestre, falecido anos atrás aos 74 anos. De suas variadas e múltiplas letras escolhi a CANALHA, tudo dele, letra e música. Está no álbum "Vela Aberta", 1979 e ao colocar pra rodar, lembranças deste vanguardista de mão cheia.
Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=ClqaR1RKdNI
Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=ClqaR1RKdNI
É uma dor canalha/ Que te dilacera/ É um grito que se espalha/ Também pudera/ Não tarda nem falha/ Apenas te espera/ Num campo de batalha/ É um grito que se espalha/ É uma dor/ Canalha
Saio cedo de casa, 7h40 para ir fazer exames de sangue, solicitações médicas. Na descida da Araújo, paro com o carro no cruzamento com a Duque e já vejo de longe a presença de um trabalhador do local, o amigo poeta Cláudio Domingues, aqui pelo facebook conhecido pelo sugestivo nome de Floyd Knup. Ele, como sempre, estava com a mão abarrotada de produtos para serem vendidos aos que por ali possuírem a sorte de tê-lo ali com ele e levarem pra casa por módicos preços uma poesia feita com esmero e com uso de muita massa encefálica.
Ele me vê e vem em minha direção. Sei teremos pouco tempo, entro em desespero e no console do carro o que encontro são parcas moedas, pouco menos de 1 real, mísero valor para algo tão grandioso em suas mãos. Ele me reconhece e me estende uma poesia, mas vasculha o monte e diz que devo também levar uma outra. Recebo ambas e já me desculpo, pois o valor pela troca, sei ser insuficiente. Ele agradece e me diz: "Se você quiser fazer alguma coisa comigo, eu tenho muito pra te contar". Digo de bate pronto que quero sim fazer muita coisa com ele, escrever pra dedéu.
O sinal abre, nos despedimos rapidamente e ao acelerar o deixo no meio da pista, permanecendo olhando pelo retrosivor o que escolheu para fazer e o vejo alegre, disposto e sempre renovado. Cláudio inventou seu modo e meio de ir se safando, fazendo o que sabe e gosta, poesia. Pelo que sei, se safa e toca a vida em frente. A cada dia carrega um monte de poesias, ou seja, sempre tem grande expectativa de conseguir espalhar todas e ao fazê-lo, trazer algo consigo a lhe garantir o sustento e continuar fazendo tudo o que tanto gosta. O vejo aqui pelo facebook sempre indicando filmes, citando suas leituras e descrevendo suas preferências, influenciando pessoas e espalhando pelo mundo papeis cheio de alvissareiras mensagens.
Sigo meu caminho e já duas esquinas abaixo estou em outra, chego no laboratório e a enfermeira que me atende, pede para escolher o braço onde quer que tire meu sangue. Escolho o esquerdo e digo a ela que tem mãos de fada, pois nada senti. Ela ri, me agradece e diz que, após quatro anos, era o mínimo. Rimos os dois e na sequência me oferece bolachas e um café. Ela, mesmo sem o saber, faz o mesmo que o Cláudio lá na esquina, faz com seu trabalho espécie de poesia, atendendo quem lhe aparece pela frente com esmero e cuidado. Saio de lá, sento no carro, leio as poesias e volto para casa plugado numa rádio argentina me dizendo hoje completar 10 anos da morte de Nestor Kirchner, outro poeta, este político, um dos últimos que deu baita esperança pro povo daquele país.
Hoje bateu saudade de uma trilha sonora que ouvi muito décadas atrás. O LP do filme "Bagdad Café", 1990, está lá no mafuá desde então e hoje rodo aqui na vitrolinha essa CALLING YOU (Eu estou chamando você) com JEVETTA STEELE. Acho que foi um monte de saudade, tudo junto e misturado na cabeça, me fazendo recordar desde road movie pelos cafundós mais sórdidos do oeste norte-americano, estradinhas perdidas num fim de mundo, saudades de bater perna, daí a voz suave da Jevetta invade meu final de domingo e viajo sem tirar os pés do chão. Alcei vôo.
Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=Y8pvv5A8dgA
Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=Y8pvv5A8dgA
Eu Estou Chamando Você/ A estrada no deserto de Las Vegas para lugar nenhum/ Qualquer lugar é melhor onde você está/ Uma máquina de café está precisando de conserto/ Tem um pequeno café próximo da curva/ Eu estou chamando você/ Você não pode me ouvir/ Eu estou chamando você/ Um vento quente sopra através de mim/ O bebê está chorando e eu não consigo dormir/ Mas nós dois sabemos que uma mudança está chegando/ Venha logo, doce sonho/ Eu estou chamando você/ Você não consegue me ouvir?/ Eu estou chamando você/ Eu estou chamando você/ Você não consegue me ouvir?/ Eu estou chamando você/ A estrada no deserto de Las Vegas para lugar algum/ Qualquer lugar é melhor onde você está/ Uma máquina de café está precisando de conserto/ Tem um pequeno café próximo da curva/ Um vento quente sopra através de mim/ O bebê está chorando e eu não consigo dormir/ Mas nós dois sabemos que uma mudança está chegando/ Venha logo, doce sonho/ Eu estou chamando você/ Você não consegue me ouvir/ Eu estou chamando você
Assim passo meu dia, escrevinhando e ouvindo algo, me recarregando a cada instante...
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