Presentão de inestimável valor. Sem palavras para agradecer, o que posso fazer neste momento é intensificar meu trabalho nas ruas e assim, dar o meu quinhão, alguma ajuda que possibilite Lula realmente ganhar no primeiro turno e Haddad ao segundo como candidato a deputado federal. Já o incorporei ao meu mafuento acervo e já o considero como o mais adequado amuleto para a guinada neste país, na qual me encontro enfronhado dos pés à cabeça. Obrigado mesmo.
Por estes dias, atuando no Calçadão, no trabalho de panfletagem do PT em prol da candidatura de Lula, Haddad e todos os candidatos petistas nessas eleições, banca na Esquina da Resistência, estaciono o carro, na Treze de Maio, quase junto da Rodrigues Alves e ali um ponto de táxi. Ao ver meu carro com adesivo do Lula e das dificuldades de tirar tudo do porta-malas, percebo alguém se aproximar e me oferecer ajuda. Olho para os lados e vejo um mototaxista. Aceito e começamos a comfabular, primeiro de Lula - o puxador de boas conversas. Trata-se do LUIZ ANTONIO, de Arealva e atuando por aqui, credenciado pela Emdurb e nas ruas de Bauru há alguns anos, desde não ter mais conseguido outra colocação para sua sobrevivência.
Luiz faz de tudo e mais um pouco, desde transporte de passageiros, encomendas, serviços de banco e o leva e traz de mercadorias cidade afora e também na região. Acabou se transformando num GPS da região central, tal sua habilidade e presteza no serviço. Ele sabe das coisas e me diz sempre ter estadoi junto de Lula e contra as maldades feitas contra ele. De olhos bem abertos, me diz saber filtrar as maldades que vê sendo publicadas pelo Facebook, sua única fonte de informação, junto da TV e, poucas vezes do rádio. Quando perseguem muito o Lula, ele me diz, sabe que algo de bom ele deve ter feito e assim, fica mais atento e com o radar ligado, percebe manipulação na informação.
Bem do lado da banca do PT, a distribuindo e panfletando material eleitoral do Lula/Haddad, uma banca de duas gurreiras e muito conhecidas no Calçadão. Na banca administrada por uma e com primordial ajuda da outra, elas seguem diariamente enfrentando seus moinhos e dragões, vendendo balas e doce de coco, além de meias, três pares por R$ 10 reais. Tiram leite de pedra e assim seguem, firme, fortes e altaneiras. Pela proximidade da banca, já nos tornamos amigos, como de longa data e a conversa flui. Eu sinto os fluídos positivos advindos delas duas para conosco e tento fazer o mesmo para com elas, pois tudo precisa dar mesmo muito certo, tanto para elas, como para o trabalho do qual estou investido nessa semana. Tocamos nossos barcos.
Ouvir os relatos de cada história de vida me faz parar a fanfletagem e puxar conversa. Moram ali por perto, em casas no centro ou bem perto dele, deixando o carrinho de venda num estacionamento ali por perto e se desdobrando para manter um ponto, um local onde possam vender algo e assim tocar suas vidas. Me contaram já ser mais de oito anos de Calçadão, vendendo de tudo um pouco, fugindo de fiscais e sabendo driblar as dificuldades. Ontem uma delas me mostrava seu livrinho de contabilidade, onde marca tudo, venda por venda, saquinho de bala de coco, um por um, com o valor vendido e o quanto compraram, ao final, com o lucro advindo de cada venda. Tudo contabilizado, para no final do dia, ter noção exata de quando foi arrecadadio, quanto podem investir para poder, desta forma, continuar comprando mais um bocadinho e assim continuar por ali.
São generosas e conversadoras, boa de prosa e sinceras, honestas, cheias de brio. Sabem rir e sabem ser mais do que sérias, pois a lida as tornaram também duras, implacáveis com tudo o que vivenciam ali na lida das calçadas. Me contavam das histórias já presenciadas, quando fomos fomos interrompidos por uma briga de casal, onde os dois o faziam em altos brados, cada qual gritando seus motivos, mas para conhecimento de todos. Ela diz que, algo assim, se repete muito, a lavagem de roupa suja em público. Diz essa ser apenas mais um acontecimento, dentre tantos diários ali diante de seus olhos. Possuem clientela fixa, gente que gosta delas e voltam para levar o doce e as balas. Permanecem ali junto da Esquina da Resistência, debaixo da cobertura da rua, junto a seu pequeno carrinho, nessa semana todo adesivado, corajosamente com propagando do Lula e assim, tocam suas vidas. prometi para uma delas uma toalha do Lula e se não levar fico sem crédito para com tão generosas pessoas. Promessa é dívida e assim sendo, levanto na manhã de sábado já separando a toalha para presentear quem muito me ajudou a passar as horas ali no Calçadão. O ruim disso tudo é que, sendo diabético, entrei de cabeça nos tais docinhos vendidos pelas duas e ando com a glicose em alta por estes dias. Tudo contornável, diante do benfasejo de ter conhecido e das histórias compartilhadas. Eu as observo vendendo suas meias e doces e elas me observam distribuindo "colinhas do Lula". Um fica observando e acompanhando o trabalho do outro. Esse povo que vivencia as ruas diariamento tem muito a nos ensinar, principalmente a mim, que estou aqui junto delas somente por uma semana. A promessa é voltar mais, mais e mais.