Presentão de inestimável valor. Sem palavras para agradecer, o que posso fazer neste momento é intensificar meu trabalho nas ruas e assim, dar o meu quinhão, alguma ajuda que possibilite Lula realmente ganhar no primeiro turno e Haddad ao segundo como candidato a deputado federal. Já o incorporei ao meu mafuento acervo e já o considero como o mais adequado amuleto para a guinada neste país, na qual me encontro enfronhado dos pés à cabeça. Obrigado mesmo.
1.) MOTOTAXISTA LUIZ ANTONIO É BRAVO GUERREIRO DO CENTRO DA CIDADEEu me interesso por estes, os mais simples, os cidadãos que lutam e labutam desbragadamente pelas ruas de Bauru. Em cada um contida uma história de vida, muita resistência e dedicação ao que faz. de olhos bem abertos, sãos os que atentamente observam tudo e podem nos contar detalhes mais do que inebriantes de como enxergam isso tudo ocorrendo bem diante de nossos olhos.
Por estes dias, atuando no Calçadão, no trabalho de panfletagem do PT em prol da candidatura de Lula, Haddad e todos os candidatos petistas nessas eleições, banca na Esquina da Resistência, estaciono o carro, na Treze de Maio, quase junto da Rodrigues Alves e ali um ponto de táxi. Ao ver meu carro com adesivo do Lula e das dificuldades de tirar tudo do porta-malas, percebo alguém se aproximar e me oferecer ajuda. Olho para os lados e vejo um mototaxista. Aceito e começamos a comfabular, primeiro de Lula - o puxador de boas conversas. Trata-se do LUIZ ANTONIO, de Arealva e atuando por aqui, credenciado pela Emdurb e nas ruas de Bauru há alguns anos, desde não ter mais conseguido outra colocação para sua sobrevivência.
Luiz faz de tudo e mais um pouco, desde transporte de passageiros, encomendas, serviços de banco e o leva e traz de mercadorias cidade afora e também na região. Acabou se transformando num GPS da região central, tal sua habilidade e presteza no serviço. Ele sabe das coisas e me diz sempre ter estadoi junto de Lula e contra as maldades feitas contra ele. De olhos bem abertos, me diz saber filtrar as maldades que vê sendo publicadas pelo Facebook, sua única fonte de informação, junto da TV e, poucas vezes do rádio. Quando perseguem muito o Lula, ele me diz, sabe que algo de bom ele deve ter feito e assim, fica mais atento e com o radar ligado, percebe manipulação na informação.
Nos tornamos amigos em pouco mais de dez minutos de papo e agora divulgo seu trabalho e com uma cartão na carteira, já também adicionado ao whats, tenho alguém com quem recorrer no centro da cidade quando em caso de necessidade. Virou uma espécie de guardião de meu adesivado carro, não permitindo que ninguém dele se apreoxime com segundas intenções, devido aos adesivos lulistas e petista. Uma espécie de protetor, de guardião, sempre bem vindo. O Luiz é um guerreiro das ruas bauruense e desde estes dias, mais um amigo, bom de prosa e de entendimento de tudo o que acontece com o país. O centro da cidade está cheio de gente com ele, bravos lutadores e atentos a tudo o que de malvadez é feito contra o trabalhador brasileiro. Estes acreditam em Lula, pois vislumbram nele a única chance de reverter as malvadezas produzidas por Bolsonaro e essa corja neoliberal nos seus costados. Homenageando ele, o faço para todos os que vou conhecendo por estes dias.
Bem do lado da banca do PT, a distribuindo e panfletando material eleitoral do Lula/Haddad, uma banca de duas gurreiras e muito conhecidas no Calçadão. Na banca administrada por uma e com primordial ajuda da outra, elas seguem diariamente enfrentando seus moinhos e dragões, vendendo balas e doce de coco, além de meias, três pares por R$ 10 reais. Tiram leite de pedra e assim seguem, firme, fortes e altaneiras. Pela proximidade da banca, já nos tornamos amigos, como de longa data e a conversa flui. Eu sinto os fluídos positivos advindos delas duas para conosco e tento fazer o mesmo para com elas, pois tudo precisa dar mesmo muito certo, tanto para elas, como para o trabalho do qual estou investido nessa semana. Tocamos nossos barcos.
Ouvir os relatos de cada história de vida me faz parar a fanfletagem e puxar conversa. Moram ali por perto, em casas no centro ou bem perto dele, deixando o carrinho de venda num estacionamento ali por perto e se desdobrando para manter um ponto, um local onde possam vender algo e assim tocar suas vidas. Me contaram já ser mais de oito anos de Calçadão, vendendo de tudo um pouco, fugindo de fiscais e sabendo driblar as dificuldades. Ontem uma delas me mostrava seu livrinho de contabilidade, onde marca tudo, venda por venda, saquinho de bala de coco, um por um, com o valor vendido e o quanto compraram, ao final, com o lucro advindo de cada venda. Tudo contabilizado, para no final do dia, ter noção exata de quando foi arrecadadio, quanto podem investir para poder, desta forma, continuar comprando mais um bocadinho e assim continuar por ali.
São generosas e conversadoras, boa de prosa e sinceras, honestas, cheias de brio. Sabem rir e sabem ser mais do que sérias, pois a lida as tornaram também duras, implacáveis com tudo o que vivenciam ali na lida das calçadas. Me contavam das histórias já presenciadas, quando fomos fomos interrompidos por uma briga de casal, onde os dois o faziam em altos brados, cada qual gritando seus motivos, mas para conhecimento de todos. Ela diz que, algo assim, se repete muito, a lavagem de roupa suja em público. Diz essa ser apenas mais um acontecimento, dentre tantos diários ali diante de seus olhos. Possuem clientela fixa, gente que gosta delas e voltam para levar o doce e as balas. Permanecem ali junto da Esquina da Resistência, debaixo da cobertura da rua, junto a seu pequeno carrinho, nessa semana todo adesivado, corajosamente com propagando do Lula e assim, tocam suas vidas. prometi para uma delas uma toalha do Lula e se não levar fico sem crédito para com tão generosas pessoas. Promessa é dívida e assim sendo, levanto na manhã de sábado já separando a toalha para presentear quem muito me ajudou a passar as horas ali no Calçadão. O ruim disso tudo é que, sendo diabético, entrei de cabeça nos tais docinhos vendidos pelas duas e ando com a glicose em alta por estes dias. Tudo contornável, diante do benfasejo de ter conhecido e das histórias compartilhadas. Eu as observo vendendo suas meias e doces e elas me observam distribuindo "colinhas do Lula". Um fica observando e acompanhando o trabalho do outro. Esse povo que vivencia as ruas diariamento tem muito a nos ensinar, principalmente a mim, que estou aqui junto delas somente por uma semana. A promessa é voltar mais, mais e mais.
Na verdade, esse isolamento do mundo se deu no Mafuá. Havíamos combinado dele morar no início do curso de mestrado por lá e, justamente no período tem início a pandemia. As aulas foram interrompidas, ele não quiz voltar pra Prudente e permaneceu isolado e só no Mafuá. Ele e meu cão, o Charles. Quando as aulas retornaram, foi de forma virtual e depois de algum tempo, percebendo que não retornariam num curto espaço de tempo, retornou para Prudente. Foi bem mais de um ano, ele estudando recluso e no período, cuidando de meu cão. No pior período do contágio quebrou meu galho e foi o guardião do Charles. Demos o nosso jeito, eu o recompensei e ele me salvou, pois não teria como sair de casa.
Nessa semana, com a data mercada para sua apresentação da tese de mestrado com o recorte, "Mãe idosa brasileira na publicidade do Dia das Mães", aldo de como a velhice é desvalorizada e da discriminação pela idade, a faixa etária. Um tratado sobre a resignificação da velhice e da frieza do capitalismo neoliberal no desprezo ao velho. Ou seja, um belo trabalho, mas teve algo mais e isso me tocou profundamente. Na parte dos agradecimentos fez uma referência especial a mim e ao cão Charles, seu companheiro de reclusão nos tempos de confinamento lá pelos lados do Mafuá.
Foi assim: "Nessa caminhada, não dá para esquecer de você, Henrique Perazzi, dasua hospitalidade acolhedora e, também, desse seu cão amigo, que me fez suportar os momentos trágicos do primeiro ano de pandemia morando sozinho em Bauru. O isolamento social, de um lado, mas, em compensação, a companhia agradável do Charles, de outro. Obrigado".
Esse Mafuá já viu de tudo e, agora comprovo, mais um pouco. Charles idem, pois tudo o que ali acontece, teve a presença dele. Fui assistir a apresentação do amigo e volto de lá emocionado, pela forma como Cesar consegui concluir e realizar seu sonho. Está diante de novos rumos para sua vida e pensa em voltar a morar em Bauru, já se inscrevendo para o concurso, agora do Doutorado e já me sonda das possibilidades de retornar a morar no Mafuá, onde ocorreria nova convivência com meu cão. Essas são as pequenas grandes coisas tornando minha vida algo como um filme, cada capítulo mais emocionante que o outro. Sigo em frente, tentando ser o mais sensível possível nas relações para com todos à minha volta. Quem conhece o Cesar sabe da grande figura humana que é e assim, cá estamos, amigos para todo o sempre.
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