quinta-feira, 16 de junho de 2011

PALANQUE – USE SEU MEGAFONE (09)

A VERSÃO BAURUENSE DA “MARCHA DA LIBERDADE” E OS JOVENS POR TRÁS DELA
Ontem recebo CONVITE via email de GORETE BERNARDES, com quem estudei no passado, hoje servidora da Educação bauruense e militante das causas culturais na cidade, para participar no próximo sábado de uma MARCHA DA LIBERDADE DE BAURU, aos moldes do que ocorreu recentemente em São Paulo, quando ficou mais conhecida como Marcha da Maconha, terminando em pancadaria e repressão policial. Não sei se eu é que estou meio desantenado dos meios de comunicação, mas nada vi ou li por aqui. Vi que ontem um Supremo aí deliberou pela autorização (sic) das mesmas país afora. Sou de um tempo em que manifestações eram feitas sem autorização, hoje para se cruzar a Rua Batista, pedem que se comunique a PM com antecedência. Com pouca informação, respondo para Gorete e quem desponta no horizonte é RENATA TAKAHASHI, uma jovem estudante de Jornalismo em Bauru e da organização local. Faço uma batelada de perguntas e recebo dela um documento com mais detalhes da versão bauruense a ocorrer no sábado. Noto que tudo rola via Facebook e no boca a boca. Abaixo seu texto:

Sábado, dia 18 de junho, Bauru também marchará. A concentração começa às 14 horas no Parque Vitória Régia. O movimento seguirá pela Avenida Nações Unidas, subindo um trecho da Avenida Rodrigues Alves e finalizando na Praça Rui Barbosa. São as pessoas da cidade tomando parte na Marcha Nacional da Liberdade.

Muita gente não entende ou nunca ouviu falar da Marcha da Liberdade. “Mas isso não é muito geral?” “Como assim?” "O que quer dizer isso?" “Vão marchar pra quê?”. Voltemos três meses na história do nosso país: 20 de março de 2011. A Marcha da Maconha, marcada para o dia seguinte é proibida por decisão judicial. O Tribunal de Justiça de São Paulo alega crime de indução ou instigação ao uso de drogas. Os manifestantes decidem então fazer uma passeata pela liberdade de expressão, pela legalização do debate. Avenida Paulista, 21 de março. Manifestantes que participam da passeata pela liberdade de expressão em São Paulo são fortemente reprimidos pela polícia. Cenas fortes de violência são registradas e vistas por milhares de pessoas. Para conter o ato, a polícia ataca com bombas de gás e balas de borracha. Agridem pessoas desarmadas e pacíficas, que não agiam nem reagiam com violência. Mesmo após o grupo que protestava sair correndo, abandonando a Avenida, foram perseguidos e agredidos violentamente.

Uma sensação generalizada de indignação diante do ocorrido faz ecoar pelas redes sociais uma questão adormecida no Brasil: onde está a nossa liberdade? A mesma rede que serviu para espalhar o massacre à liberdade de expressão, então, uniu 5 mil pessoas de cores, crenças e bandeiras diversas. Sete dias após o massacre na Marcha da Maconha nascia a Marcha da Liberdade. Embora a maioria dos grandes veículos de comunicação, como as grandes emissoras de TV, tenham ignorado ou distorcido os fatos, pela internet as fotos e vídeos de cinegrafistas amadores denunciavam para o mundo a violência desmedida aplicada pelos agentes do estado contra manifestantes pacíficos. Motivada pela crença de que a liberdade de expressão é a base para todas as outras, a marcha da liberdade é um grito inédito de uma geração digital que finalmente sai às ruas. Liberdade de expressão é liberdade sexual, liberdade de credo, liberdade de ir e vir e muitas outras. Por isso a marcha une tanta gente diferente! Liberdade é andar sem medo pela rua. É poder demonstrar o seu pensamento, seu sentimento, sua opinião, sua fé, seu jeito de ser (interna e externamente) sem ser agredido. “Liberdade é o espaço que a felicidade precisa”.E não por acaso, a Marcha da Liberdade ganhou proporções nacionais. Cidades do Brasil inteiro realizarão, no próximo dia 18, a Marcha Nacional.

CARTA MANIFESTO DA MARCHA DE BAURU
No próximo sábado uma festa vai percorrer as ruas da cidade. Marcharemos pela vida, pelo amor, pela arte, pela natureza, pelo direito de ir e vir, pelo direito de sonhar, pelo direito de demonstrar pacifica e democraticamente o que se pensa, o que sente e no que se crê, sem ser agredido de nenhuma forma. Pela liberdade de lutar pela liberdade, pela legalização de todos os debates e, acima de tudo, pela paz. Contra o medo, o preconceito, o ódio e a violência... No sábado, sua voz será ouvida... Será ouvida porque não será a única. Sua voz também será minha voz. Será a voz de todos. Venha lutar pacificamente por seus ideais, sonhos e amores. Traga sua família, seu violão, sua bandeira e sua alegria. Existe sangue nas veias e esperança nessa terra que já foi tão conhecida como coração de São Paulo. Vamos somar vozes. Bauru na Marcha Nacional! Porque nós somos a favor da liberdade de organização e expressão! Gritemos NÃO ao uso de armamentos pela polícia em manifestações sociais. O Brasil pela paz! A hora é agora, vamos pra rua! E ATENÇÃO: A marcha da liberdade Bauru não é uma marcha isolada. No dia 18, cidades de Norte a Sul do Brasil realizarão marchas pelo país em um carnaval de paz e amor chamado Marcha Nacional
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15 comentários:

Anônimo disse...

HENRIQUE
Leio vc sempre que posso, aqui das barrancas do Mato grosso. Força no caso da mama.

Fico contente de ver a estudantada lutando por liberdades, pois como vc mesmo escreveu aqui, a maioria de hoje não está mais interessada na luta e sim nas baladas, festas.
Quando vejo parte dessa geração ainda não perdida na mesma sintonia da que estivemos lá atrás vejo que nem tudo está perdido.

Adorei sua observação de que manifestação não precisa de avisar a polícia. Quando isso é feito perde a originalidade e da liberdade disso, nem se fala. Sou de uma época que íamos e fazíamos.

Se estivesse por aí, estaria com eles, assim como vc deve estar.

Abracitos de resistência

Paulo Lima

Anônimo disse...

HENRIQUE

O BRASIL ESTÁ FORA DO EIXO.
VOCE ACREDITA QUE ALGUM SINDICALISTA, DESSES ENCASTELADOS NOS SINDICATOS DE HOJE ESTARÁ PRESENTE POR LÁ?
OS MOVIMENTOS SOCIAIS ESTÃO ESTAGNADOS, A LUTA É PELO PRATO DE COMIDA, PELA SOBREVIVÊNCIA E QUEM PODE DE FATO LUTAR ESTÁ ACOMODFADO ATRÁS DE UMA MESA E COM UM BAITA DE UM SALÁRIO.
SOU PROFESSORA E VEJO PELOS QUE ME REWPRESENTAM, SÃO DIFERENTES DOS DE ANTIGAMENTE. FALTA CORAGEM, ESTÃO TODOS ACOMODADOS.
NÃO TENHO CERTEZA SE ESSA MOÇADA COM A CABEÇA QUE ESTÃO VINDO AÍ TERÃO CORAGEM PARA DAR CONTINUIDADE NUMA LUTA QUE NÃO DEVERIA TER TRÉGUAS.
VEJA QUANTOS QUE VOCE CONHECE E QUE SÃO DA ESQUERDA ESTARÃO LÁ NO SÁBADO?

MARIA CRISTINA

Mafuá do HPA disse...

Puxa vida, vejam só!
Chego agora da rua e ao ler os dois comentários sobre a participação dos jovens na luta, recebo email da organizadora, a RENATA TAKAHASHI, exatamente sobre o contrário. Leiam um trecho:


"Henrique! E ouvir isso de alguém que tem a idade do meu pai é lindo (não estou sendo indelicada, o que quero dizer é que, normalmente, o tempo passa e vai apagando a esperança do coração das pessoas, até levá-las ao conformismo, à inércia). Abraços".

Nem os jovens, muitos menos os velhos. E assim sendo, quem estaria disposto a lutar? Nos latinos países vizinhos estão todos muito mais nas ruas do que aqui. Ótimo para reflexões.

Abracitos do Henrique - direto do mafuá

Renata disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renata disse...

A carta manifesto e o "release" foram escritos coletivamente. A "organização", na verdade, não está centralizada. Temos algumas pessoas trabalhando mais com a comunicação, mas como a marcha é NACIONAL, a galera vai espalhando a notícia e aderindo muitas vezes de forma espontânea. Contatos novos são feitos diariamente, com pessoas de longe e de perto.
É algo viral, que se multiplica pela rede e vai tomando forma.

http://www.marchadaliberdade.org/

A marcha mais bonita tem criança, jovens, adultos, idosos... todo e qualquer partidário da paz.

Abraços, Henrique! Nos encontramos lá... porque não?

Anônimo disse...

Henrique

Boa discussão, mas a que quero fazer aqui é outra.

Percebam que em nunhuma marcha existe uma divulgação ampla da mídia. Eles não falam nada, como se a marcha não existisse.

Imagina só se elas forem um sucesso em todos os lugares.

Poderíamos estar decretando que as mídias atuais não servem mais e não possuem mais o poder de antes, de quase únicos propagadores das notícias, fatos e divulgação dos eventos.

Eles todos serão descartáveis e podemos propagar as coisas por meios outros.

Isso não é maravilhoso.

Só por isso gostaria muito de que estivesse lotado de gente na manifestação. Eu mesma estarei lá de bandeira e faixa na mão.

Valerinha

Anônimo disse...

para que nao fiquemos escondidos por uma curtina de fumaça estaremos lá baseado no direito a liberdade.
lazaro carneiro

Renata disse...

Você tem razão, Valéria! Por isso, quando discutimos os temas presentes na marcha, incluímos "o monopólio midiático". Ainda que a grande mídia ignore, a cobertura das marchas será feita em todo o Brasil. Vai ser lindo!

Mafuá do HPA disse...

Lázaro
Vc é otimo.
Adorei o "baseado no direito à liberdade".
É exatamento por isso que estaremos lá.
Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

MARCHA DA LIBERDADE
Como dizia Karl Marx “Mudanças na sociedade ocorrem a partir da ebulição dos movimentos sociais”. Cobrar mudanças, reivindicar transformações, mostrar quando o povo não está satisfeito com as medidas adotadas por governantes e cobrar medidas quando necessário, eis a importância das mobilizações sociais para se garantir o respeito aos direitos humanos.

Claro que existem leis e estas devem ser cumpridas, mas nada impede que sejam questionadas, aliás, devem ser. E alteradas quando necessário. Sim, supostamente o Estado às cria para garantir a segurança e o bem estar dos cidadãos, mas cabe a sociedade civil organizada levar para o Estado informações que subsidiem a elaboração de novas leis e a monitoração dos governos, de modo a garantir o cumprimento dos direitos humanos e a soberania popular.

Em Bauru, acontecerá amanhã a Marcha da Liberdade, movimento que começou depois que a polícia duramente repreendeu manifestantes que tentavam realizar uma marcha pela legalização da maconha, em São Paulo. Esta agora pede principalmente a liberdade de pensar e de expressão. Também está previsto a realização deste evento em muitas outras cidades, com o objetivo de ter uma abrangência nacional.

Acontece que tradicionais puritanos, descendentes de acendedores da fogueira da inquisição, já se posicionaram para o ataque, sem se ater que a Marcha da Liberdade é um movimento social organizado, ou seja, a manifestação de um grupo de pessoas valendo-se do direito de discordar de algo e se manifestar. Caraca, isso é ruim? Foram manifestações assim que conquistaram os maiores direitos humanos até hoje, como a Marcha sobre Washington.

Com o tema “Trabalho e Liberdade”, a Marcha sobre Washington reuniu mais de duzentas e cinquenta mil pessoas na capital dos Estados Unidos em 1963. Organizada e liderada pelo advogado, pastor, ativista dos direitos humanos e pacifista Martin Luther King. Foi neste dia que ele fez o famoso e imortal discurso que pulsa até hoje no peito de qualquer militante: “Eu tenho um sonho”.

Mas sonho sem ação acaba se transformando em pesadelo, então é recomendável a quem sonha em mudar algum tipo de realidade que julgue equivocada, que lute, marche, escreva, pinte a cara, sei lá, mas que faça algo. Caso queira, senão, também não é obrigado a fazer. A liberdade de expressão é a base de todas outras, como a religiosa, política e a de orientação sexual.

Finalizando com um famoso “moral da história”: Não importa se você concorda ou não, o fato é que você pode fazer uma marcha contra a maconha, contra os escapamentos barulhentos, contra o uso indevido do dinheiro público, contra homens de barbas, ou contra peitos siliconados. Você pode marchar, ou não. Isto é o que importa, e como dizia Voltaire – “Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la”.

esse é meu texto publicado hoje no Bom Dia
RICARDO BARREIRA

Anônimo disse...

Marx falava da conscientização e organização proletária contra o capital e seu estado, Marx não pregava reformismo e sim a destruição violenta do estado capitalista e a construção de um novo estado proletário. Sem a consciencia para a crítica de ataque ao estado e a sua derrubada é fazer brincadeira de ciranda, faz mais de 20 anos que o revisionismo pelego, oportunista acabaram com a real resistencia social onde hj muitos se aproveitam apenas para promoção eleitoreira e manutenção deste estado.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

ArabeAlli disse...

"...Marcharemos pela vida, pelo amor, pela arte, pela natureza, pelo direito de ir e vir, pelo direito de sonhar, pelo direito de demonstrar pacifica e democraticamente o que se pensa, o que sente e no que se crê..." Pergunto: E pela maconha, não??
E Valerinha, se fosse uma marcha para Jesus, para Deus, para a Tradição, Família e Propriedade, ou ainda pela louvação do fato improvável com o sagrado invisível, a mídia, pelo menos a de Bauru, estamparia uma foto de 1/4 na primeira página de domingo, tendo a frente o pastor vereador presidente ladeado por pastores assessores e outros tantos do baixo clero.

Anônimo disse...

E POSSO LEVAR MEU CIGARRINHO DE PALHA?

juvêncio

Anônimo disse...

Se tirar do contexto de resistencia, questionar, lutar, organizar e as armas, tudo se equivale, como uma marcha religiosa onde se celebra o nada, o que não se pode é levar tudo a nivel de carnaval fora de época.
O livro Vermelho é uma boa pedida para essa reflexão.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

Anônimo disse...

Não se esqueçam de convidar os Bombeiros, pois é uma das classes mais sensíveis no momento.

André Ramos