sábado, 8 de fevereiro de 2014

FRASE (115)


“NÃO É UMA COISA ESPONTÂNEA”, DISSE O GOVERNADOR - IDEIAS PARA BAURU

Quero usar do mesmo argumento que o governador paulista, o tucano Geraldo Alckmin quando na semana passada, diante de um insolúvel problema no metrô paulistano, gente aos borbotões nas estações, trens não dando conta e diante de panes constantes, para explicar a sequência desastrosa de fatalidades oriundas do despreparo saiu-se com essa: “Não é uma coisa espontânea”. Quer dizer, jogou a culpa em algo como a sabotagem oposicionista. Assim fica fácil, mas não é novidade. Quem não se lembra da aliada Soninha, tempos atrás afirmando que o pane nos mesmos trens foi gerada por causa de uma camisa vermelha (sic) sutilmente atirada nas engrenagens dos trens. Estão afinados um com o outro. Não existe coisa mais fácil do que, para escapar de críticas, jogar a culpa nos adversários, afinal, eles são sempre uns chatos.

Pensando nisso, chego a seguinte conclusão observando alguns fatos aqui em Bauru que poderiam ser resolvidos da mesma forma:

- o viaduto inacabado é culpa única e exclusiva de uma briga inconclusa entre dois bairros, a vila Falcão e o Bela Vista, remontando os primórdios da cidade. Um boicota de um lado, outro doutro. Um não quer facilitar a vida do outro e como um acha que o outro seria o mais beneficiado com o dito cujo, um emperra de lá, outro de cá. Daí não sai nunca.

- a dívida impagável e cumulativa da Cohab é culpa dessa imensidão de gente que sempre precisou de emprego, possuidores de contas a pagar todo santo mês e após cada eleição ficam enchendo o saco de todos os administradores querendo um lugar ao sol. Fazem até fila. Com todos eles lá, casas de menos, a dívida só cresceu.


- o caso da denúncia de negócio dentro da Seplan só pode ser culpa das escadas que levam aquele andar, o primeiro dentro do dito Palácio das Cerejeiras. Se a Seplan estivesse localizada no terceiro não correria esse risco, pois para chegar até lá teriam que passar pelos escândalos de todos os outros. Ninguém mandou estar logo na boca da escada, terra de passagem sempre paga pelo mal de todas as outras.

- o caso dos médicos fugindo do trabalho, batendo cartão e escapulindo para outros lugares é exclusiva culpa de um incessante e intermitente batuque ocorrendo ali no bar da esquina e que não deixam os coitados trabalharem quietinhos, como prescreve um dos requisitos básicos da profissão. Como trabalhar com um barulho desses?

- o caso dos azulzinhos da Emdurb que regateiam de multar conhecidos é culpa dos amigos, esses que fazem questão de ficar importunando a gente quando estamos munidos de uniformes e talões nas mãos. Só aparecem nessas horas, surgem assim do nada. E como fazer para dizer não a um amigo? Se alguém souber responda.

- o caso da continua falta de água nas torneiras só da periferia é culpa dos pobres que resolveram, assim sem mais nem menos morar nas partes mais altas da cidade e dessa forma, a água demora mais para chegar em suas torneiras. Na subida, todos sabem, a água é mais lenta.


- os buracos existentes na cidade e que aumentam consideravelmente em dias de chuva é culpa de um estratégico plano, ainda secreto, mas revelado agora (a contragosto): trata-se de um ainda esboço de futuras obras do metrô bauruense, uma surpresa que a cidade teria nos próximos anos, estragada com a antecipada revelação.

- o caso da necessidade de possuir diploma de nível superior para fazer parte do Conselho da Funprev é culpa de uma faculdade localizada ali na esquina que não está mais agilizando os diplomas à distância, conseguidos de forma rápida, limpa e segura. Com ela funcionando novamente todo mundo será diplomado rapidinho e a calma voltará a reinar.

- o caso do deputado não repassar verba para o prefeito por esse não ser da mesma linha de atuação dele e do governador é simples. Recomenda-se daqui para a frente o prefeito fazer um convênio (melhor com licitação, hem!) com famosa loja de roupas da Batista e daqui para a frente só usar camisas com a dupla cor, amarelo e azul. Dessa forma o deputado não terá dúvidas em beneficiar Bauru.

Da mesma forma que o governador encontrou uma forma edificante para escapar das críticas, basta seguir à risca sua abalizada regra de conduta. A culpa é sempre do outro.

2 comentários:

Anônimo disse...

OPOVO É O CULPADO HENRIQUE............

GILBERTO TRUIJO

Anônimo disse...

Henrique

Voce me faz rir e isso é bom

Devemos levar a coisa muito a sério, mas ironizando como você faz, tudo fica mais leve e palatável.

espero que na ironia, alguns tenham vergonha na cara.

Só um reparo.

Os pobres. pelo que si, não moram nas partes altas e sim, nas baixas, daí sofrerem mais, enchentes, etc. Mas a piada foi mais que boa.

Ri muito e depois analisei caso a caso isoladamente e quase chorei.

Paulo Lima