Hoje, 26/08, se vivo fosse JULIO CORTÁZAR estaria completando cem anos (nasceu em 26/08/1914), sendo que em 12 de fevereiro foram 30 anos de sua morte (1984). Esse argentino é um escritor pra lá do convencional, do trivial e do abusado, inovando na arte e desejo constante de se rebelar contra a monotonia mundana. Produzia textos curtos, contos minúsculos e para mim esteve à frente de outro argentino, Jorge Luis Borges (1899/1986). Foi a nova forma de fazer literatura o sedutor naquilo que produzia, tanto que outro latino, Pablo Neruda (1904/1973) escreveu dele certo dia: “Qualquer um que não leia Cortázar está condenado; não lê-lo é um doença grave e invisível que, com o tempo, pode ter terríveis conseqüências”. Foram 43 livros publicados entre poesia, ficção, ensaio crítico, além de alguns títulos póstumos. De sua picardia o mais gosto é a revelação do que há de fantástico e raro na vida cotidiana, pois sempre esteve empenhado na redescoberta do sentido humano, esse mesmo sentido hoje perdido nesse contraditório mundo, caótico e perturbador. “O Jogo da Amarelinha”, “Final do Jogo”, “Um tal Lucas” e um que tenho aqui até hoje no mafuá, o difícil “História de Cronópios e de Famas”, levando sete anos para ficar pronto, enigmático demais, releitura por várias vezes até seu entendimento (outros sete anos), pois foge completamente das formas habituais. Aliás, ele foge completamente também em vida dessas formas habituais. Para mim um dos grandes escritores de nossa América, um que nunca deixou de ser cult e nunca sairá de minha prateleira.
Em 17 de agosto, quem completou 80 anos, vivinho da silva é JOÃO DONATO, considerado por muitos entendidos um dos maiores artífeces da bossa nova, esse gênero musical que quase conquistou o Brasil, mas chegou a balançar os alicerces do mundo. Por tudo o que fez, faz e continua fazendo o considero como um agente modernizador de nossa música popular. Acreano, foi reprovado num curso para pilotar avião, seu sonho, por ser daltônico e daí caiu de boca na música, onde fez de tudo. Exímio acordeonista, trombonista e pianista, possui algo sui generis, um suingado molejo, malemolência pura no tocar, toque inconfundível, que seduziu gente daqui e de fora. Rodou o mundo e é um daqueles considerados essenciais quando citamos coletâneas dos melhores disso e daquilo. Quer ouvir algo dele? Abra o youtube e clique seu nome, tudo o que vier estará de bom tamanho para demonstrar o quanto é bom, pois só fez coisa boa. Ouço sempre e sempre. Cada vez mais e mais.
Daí, quando ontem entrei numa boba discussão pelo facebook de uns dizendo que tal político bebe, que bêbado não pode isso e aquilo, só para espezinhar uma determinada pessoa. Percebo o quanto esse reducionismo está mesmo nos conduzindo a estreitamentos preconceituosos e cheios de muita baboseira, aquela coisa gosmenta pingando da boca de alguns, eivada de um cagamento de regras improdutivo e cerceador. Esses dois aqui retratados beberam muito bem, o que podiam e o que não podiam e produziram obras primordiais. Quem não bebe nada e fica cagando regra, ou “é maluco da idéia ou doente do pé”. A chatice quer tomar conta do mundo e é bem capaz desses enxergarem nos barbudos algo de ruim, distúrbios nos que gostam de usar alpargatas, devaneios nos que gostam do vermelho, problema naqueles que abominam o deus dinheiro e continuam a pregar que um outro mundo ainda é possível. E olha quem nem bebo muito (a dibetes não me permite), mas sou ABSOLUTamente contra os que cagam regras contra os que o fazem, simplesmente por terem a obrigariedade de escrever todo dia algo de ruim sobre um político. Como tem xaropistas no mundo de hoje, longe disso, ô meu!.
Um comentário:
Ahhhhhh amei mano ...... beber um pouco não faz mal a ninguém ..... e nem sempre são os barbudinhos que bebem não ....rsssss ... os branquelos também ...... rssss
Helena Aquino
Postar um comentário