sexta-feira, 22 de agosto de 2014

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (89)


A PRAGA DOS CARROS PRATA – SERIA COISA DE PAULISTA?
De vez em sempre estou eu por aqui remoendo fatos sobre esse arraigado (enraizado também) conservadorismo do povo paulista, hoje, para mim, o mais conservador da federação brasileira. Irrefutável isso. São tantas e tantas coisas, tudo começado bem lá atrás, até antes daquela tal de Revolução de 32, quando instigamos pela elite queríamos nos desvencilhar do restante do país. Isso se reflete em muitas outras coisas e uma delas, besta para muitos é a que tento explicar ao meu modo e jeito nas linhas seguintes.

Em tempos idos o brasileiro (mais o paulista) possuíamos uma variedade infinita de cores nos nossos meios de locomoção, os veículos. Anos 70, 80, era um tal de verde, vermelho, amarelo (quem não se lembra da Brasília amarela?), marron, azul e hoje não mais. O predomínio é pelas cores PRATA e BRANCO, poucos. E por que isso? Como chegamos a isso? A explicação que mais ouço por aí diz respeito da facilidade de revenda do carro nessa cor, suja menos, essas coisas. Eu vejo inconvenientes e o principal deles é das vezes que estacionei o meu PRATEADO (sim, também tenho um) por aí e depois fico a procurá-lo sem saber qual deles é o meu dentre aquele mar de carros prateados estacionados em fila rua afora.

Hoje quando se vê um carro de cor diferente pelas ruas ocorre o espanto e fica-se à procura do seu proprietário, até para descobrir dos motivos do mesmo não ter um igualzinho ao de todo mundo. Que coisa maluca isso, não? Sei que hoje o sujeito que quer comprar um carro novo, sendo prata leva na hora e sendo de outra cor, tem que esperar certo tempo. As revendas não possuem mais nenhum estoque de outras cores. Só por encomenda. O mundo colorido, cheio de muitas possibilidades é muito mais instigante e versátil do que o mundo opaco, restrito dos que vivem dentro das limitações de tudo ter que ser feito conforme o estabelecido. O que nos levou a isso? Não seria pelo fato dos tempos também serem mais sombrios? Estaríamos mais conformados e aceitando tudo quase sem nenhuma contestação? Isso é coisa só de paulista? São perguntas que gostaria de dividir com mais cabeças. Vamos pensar coletivamente e descobrir se isso é coisa só daqui ou se já está dissimulado pelo país todo. Um bom tema para divagar numa sexta...

Um vermelhinho é raridade difícil de ser encontrado hoje em dia.

Um comentário:

Anônimo disse...


meu caro
Eu tenho birra de carro prata. Não que eu ache feio, pelo contrário, tem uns bem bonitos. Só que eu praticamente não vejo ninguém comprando carro prata porque gosta e só: compra-se um carro prata porque é mais discreto, aparece menos sujeira, é mais fácil de vender depois... Quanto a mim, podendo escolher, não há dúvida: é vermelho. E quanto mais fizer "paaaaah" debaixo do sol, brilhando enlouquecido e quase fluorescente, melhor. Seu texto expressa exatamente o que sinto em relação ao atual tédio das paletas de cores da indústria automotiva - e o público que motiva essa indigência cromática.
Juliana Guido