sábado, 4 de outubro de 2025


APESAR DE TUDO, AINDA BEM, TEM UM IPÊ AMARELO NA BEIRA DA ESTRADA...
O pega pra capar da vida anda pela hora da morte. Não tem um dia sem muitas notícias ruins nos nossos costados. Uma atrás de outra, apesar de, em alguns momentos, pintam também algumas boas. Das ruins, o massacre de Gaza continua, um genocídio a doer na alma, depois este Congresso brasileiro, que nem sai de uma armada falcatrua, bola outra pior, tudo para ir emplacando e fincando homéricas facadas nos costados do povo brasileiro. Esses golpistas que não sossegam e insistem em mesmo diante da comprovada aberração, continuam a falar em anistia e livrar a cara da comprovada criminosa famiglia Bolsonaro. Aqui em Bauru, outra famiglia, a Rosin, uma que um dia havia prometido em campanha eleitoral resolver o problema da água e recuperar a estação da NOB, mudando-se para lá, não faz coisa nem outra. Na verdade, contrai empréstimos injustificados e brinca com o erário público municipal, cada vez mais comprometido e sem lastro.
A quantidade de bola nas costas é de endoidecer gente sã, uma loucura. Aqui no estado, ainda o mais rico da Federação, conseguiu-se eleger um forasteiro que nada sabia das coisas de São Paulo, tudo porque o concorrente era um petista, porém, um cara preparadíssimo para resolver muitas questões. Preferiram dar carta branca para um privatista de mão cheia, espalhando pedágios até na porta de cemitérios e agora, pior que tudo, pegando leve com uma organização criminosa e com quem adultera bebidas e as revende criminosamente. O país ainda continua dominado pelo resultado das últimas eleições, uma que deu expressiva vantagem para a ultradireita e seus asseclas e estes, investidos de algum poder, estão propostos a destruir o que nos resta de democracia. Uma luta esgrimar contra isso tudo ocorrendo ao mesmo tempo. Cansa bocado estar na cancha de luta e colocando a cara a tapa contra todo este estado de coisas.
A infinidade de coisas estonteantemente incompreensíveis poderiam aumentar minha lista de iniquidades e ficar aqui deitando falação a tarde toda, porém, hoje é sábado, acabo de voltar das ruas, de mais um bela manifestação de rua, desta feita não contra a falta d'água na cidade ou contra a perversidade dos políticos locais, estaduais e nacionais - também mundiais -, mas contra o que continua ocorrendo em Gaza, num massacre inexplicável e incompreensível. Volto e se deixar fico aqui só citando dos motivos de estar e continuar na lida e luta. Porém, lembro que dias atrás, creio que coisa de um mês, passando pela estrada ligando o trevo da rodovia até Arealva, uns 7 km, me deparo com um ipê amarelo no meio do descampado, onde antes florescia um canavial, recém cortado para virar álcool ou coisa parecida.
A cena me fez parar o carro e fotografar o ipê ali no meio do descampado. Lindo demais da conta. Uma espécie de oásias no meio do deserto. E não era? Evidente que era. Ainda bem que a sensibilidade de quem faz aquela poda, permitiu ele ali permanecer e desta forma, foi visto por muitos. Uma cena para alegrar a alma dolorida após tantos embates e reveses. O uso neste momento, até como alento, pois mesmo diante de tanta iniqidade, coisa ruim e escabrosa, sempre existe algo a nos fazer virar o pescoço e ficar com olhos marejados. Eu fiquei e fico toda vez que me deparo com algo dessa magnitude. Este sobrevivente de outra brutalidade com o solo paulista e brasileiro, onde os canaviais invadiram e ocuparam quase todos os espaços, onde os pequenos agricultores, não encontrando outra saída, se viram praticamente obrigados e locar suas terras para usineiros e assim, viver de renda, porém vendo o solo antes vivejante, hoje definhando. Coisas deste insano mundo capitalista, onde o lucro está acima de tudo e todos, a grana fala mais alto e vence na maioria das vezes. E daí, lá está o ipê, imponente e bem amarelo, ardendo até a vista de quem o observa e saca tudo o que ocorreu para ali ainda estar vivo naquele momento. Semanas depois passo novamente por ali e o amarelo já se foi, mas o danado ali permanece, esperando nova florada. Estarei passando por ali ano que vem, só para ver o belo espetáculo da natureza. Viva para todos os ipês amarelos e de todas as outras cores, insistindo com suas floradas neste solo antes fértil, hoje nem tanto, pois o infestam de plantações que o estragam. Escrevo essa ODE ao IPÊ, pois ele me fez esquecer por momentos muita coisa ruim me atormentando a mente.

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