EXCLUSIVO E QUASE INÉDITOA CIDADE EXCOMUNGADA E OS SETE PECADOS CAPITAIS, VERSÃO BAURUENSE, NA VISÃO PECULIAR DE DOIS ARTISTAS – ALGO DA HISTÓRIA BAURUENSE REVISITADA DE FORMA BRILHANTE
O texto de hoje é longo, porém, vale a pena. Trata-se de algo histórico. Ontem, sábado, 18/10, tive a oportunidade de assistir este casal em ação, Cátia Machado e Nel Marques no Festival Viva la Vida, da Casa de Frida. Já ouvi muitas canções tendo como pano de fundo Bauru. Muita coisa esparsa, porém, o que ouvi agora é mais do que grandioso. Um projeto com começo, meio e fim, com uma certeira denominação e depois, seu desdobramento envolvendo os Sete Pecados Capitais, cada qual relacionado com fatos históricos vivenciados em Bauru. Isso tudo, pode parecer longo, porém como se trata de um projeto musical, precisava ser bem fundamentado e assim foi feito. Abaixo o texto deles, com as letras das canções:
“No início do século passado a cidade de Bauru teve registrado em sua história um acontecimento relevante. O projeto “A Cidade Excomungada e os Sete Pecados Capitais” tem por objetivo contar aos bauruenses um pouco da história da cidade, através de canções inéditas que relatam estes fatos de forma original, divertida, sem deixar de lado o viés histórico dos episódios selecionados para o seu repertório.
Bauru é um polo regional localizado no centro do Estado de São Paulo. Curiosamente, de tempos em tempos, encontra repercussão nacional através de notícias e peculiaridades que, muitas vezes, não são conhecidas por seus próprios cidadãos. Assim, mais do que fortalecer o protagonismo local, este projeto traz conteúdo que reforça o vínculo entre seus habitantes e a terra onde vivem. Além disso, foi na literatura disponível que os artistas buscaram sua fonte principal de pesquisa para criação todas as canções que serão apresentadas no show. Serão explorados desde fatos históricos da cidade quanto personalidades que se destacaram nacional e até internacionalmente, levando o nome de Bauru para fora dos limites de seu munícipio, fazendo jus à sua alcunha de “Cidade sem limites”. Com sete canções autorais de compositores que escolheram Bauru como a cidade para fincar raízes e dar seus primeiros passos em suas caminhadas artísticas, ficam os frutos e o legado de um projeto único e grandioso, para permanecer no tempo e na memória dos cidadãos. Os temas de referência para a criação das canções são baseados nos sete pecados capitais, fundamentado na relação cultural e religiosa da maioria de seus habitantes, bem como nos desdobramentos que estes causos apresentaram, tornando ainda mais rico e original o produto final desta obra. São elas:
Introdução – Música: Cidade Excomungada
1) Luxúria – Música: Prazer, Eny
2) Gula – Música: Bauru Original
3) Inveja – Música: Batistar virou verbo
4) Soberba – Música: Trem da Ambição
5) Ira – Música: Quem mandou matar Azarias
6) Preguiça – Música: Viaduto Inacabado
7) Apagão na América Latina – Música: ¨Leite derramado¨
Introdução: Cidade Excomungada
O dia 13 de agosto de 1913, uma quarta-feira, foi a data que ficou registrada na história como o dia do Interdicto da cidade inteira de Bauru. Mas, afinal, o que é interdicto? È uma pena imposta pela igreja católica para grupos que não se submetem às determinações do Papa e os dogmas da Santa Sé. Seus efeitos se assemelham à excomunhão, que é o impedimento aplicado para caso semelhante, quando se trata de punir uma pessoa que desacata a autoridade magna do Vaticano. Até onde a historiografia registra, Bauru é o único caso oficial e documentado de interdicto aplicado a uma cidade no Brasil. E foi até o ano de 1964.
O dia 13 de agosto de 1913, uma quarta-feira, foi a data que ficou registrada na história como o dia do Interdicto da cidade inteira de Bauru. Mas, afinal, o que é interdicto? È uma pena imposta pela igreja católica para grupos que não se submetem às determinações do Papa e os dogmas da Santa Sé. Seus efeitos se assemelham à excomunhão, que é o impedimento aplicado para caso semelhante, quando se trata de punir uma pessoa que desacata a autoridade magna do Vaticano. Até onde a historiografia registra, Bauru é o único caso oficial e documentado de interdicto aplicado a uma cidade no Brasil. E foi até o ano de 1964.
A letra:No meio do caminho do areião/ uma capela bem na contramão/ fez coronéis e até bispo cristão / pedir pro papa autorização
Eles pediram pra botar no chão / a igrejinha e em seu lugar / fariam imponente construção/ que a santa se iria se orgulhar / mas o vaticano disse não - 3 x
Então, na calada da madrugada/ a casa de deus derrubada / ninguém sabe e nem viu nada./ Não teve reza, promessa e oração/ que nos livrasse da condenação/ toda cidade, cada cidadão / do interdito, da excomunhão
E pra quem pensa que isso e passado / te conto tá muito enganado/ fé e poder inda vão lado a lado / pra nos manter, alienados./ Na cidade excomungada/ e os sete pecados capitais.
Eles pediram pra botar no chão / a igrejinha e em seu lugar / fariam imponente construção/ que a santa se iria se orgulhar / mas o vaticano disse não - 3 x
Então, na calada da madrugada/ a casa de deus derrubada / ninguém sabe e nem viu nada./ Não teve reza, promessa e oração/ que nos livrasse da condenação/ toda cidade, cada cidadão / do interdito, da excomunhão
E pra quem pensa que isso e passado / te conto tá muito enganado/ fé e poder inda vão lado a lado / pra nos manter, alienados./ Na cidade excomungada/ e os sete pecados capitais.
1) PRAZER, ENY - Eny Cezarino; Com um grande tino para os negócios, Eny Cezarino, que começou a vida na prostituição, em pouco tempo seu estabelecimento alcançou projeção nacional e internacional, fazendo da cidade uma referência e ponto de visitação quase obrigatório para grandes nomes da época, desde jogadores de futebol, até políticos, artistas, celebridades, padres, entre outros que podiam pagar pelo prazer sigiloso que ela oferecia. Viveu seu apogeu, entretanto, sem desfrutá-lo no final de sua vida, aos 69 anos, depois de perder tudo e ver a emancipação sexual das moças ditas “direitas”, como um dos fatores que levaram seu negócio à decadência. Outro importante fator de seu declínio foi um golpe que sofreu por parte do contador que administrava sua fortuna, quando o mesmo desviou boa parte de seu capital para tentar a sorte como transformista na Europa. Sem entrar no mérito das questões morais, Bauru teve em Eny uma mulher forte, que ocupava um lugar de poder e influência, e que enfrentou toda uma sociedade carregada de valores com os quais ela nunca se permitiu sujeitar. Não é relevante, neste momento, questionar a prostituição como profissão, a partir de conceitos atuais, ou negar suas implicações para as profissionais do sexo, quando optam ou necessitam levar uma vida onde seus corpos são transformados em produtos de comércio. Fato, sim, que se tornou diferencial, na época da Casa da Eny, em seu momento áureo, são alguns fatores que ela implementou, como melhorias nas condições de vida e trabalho de suas contratadas, como cuidados com a saúde, educação, cultura e conforto, sendo que a maioria delas, inclusive, falava duas línguas ou mais, pois assim sua clientela seleta o exigia.
A letra - Prazer, Eny (letra):
Mulher da vida/ Por profissão/ E nessa lida/ Fez ascensão.
Poder, dinheiro/ Ostentação / Prazer à venda/ Com discrição.
Padre, artistas, magnatas e elites/ Até príncipe e políticos aqui/ Fez da Casa da Eny, na Sem Limites/ O maior bordel de todo esse país.
Fez riqueza, sofreu discriminação/ Mesmo dando o seu quinhão pra caridade/ Por fazer do sexo seu ganha pão/ Sem querer corresponder à sociedade
E foi na hipocrisia da velha moral/ Que fez sua freguesia sexual/ Mas numa cama de hospital/ Triste e sozinho.../ Foi seu final
Ninguém jamais/ Vai ser igual/ Quem faz história/ É imortal/ Prazer, Eny/ Pra sempre Eny/ Enigmática Eny
2) BAURU ORIGINAL - Sanduíche Bauru Feito primeiramente no Ponto Chic e, mais tarde, no Skinão, o sanduíche Bauru, hoje, também pode ser encontrado em diversos pontos da cidade. Orgulho do bauruense, se tornou patrimônio imaterial do estado, ganhou personagem, o Bauruzinho, e até estátua em sua homenagem. No carnaval, um bloco carnavalesco da cidade faz alusão à mudança dos ingredientes da receita original e, com humor, mexe com os brios dos seus moradores: o “Bauru sem Tomate é Misto”. Toda esta presença na cultura local leva seus cidadãos a também chamarem a cidade pela alcunha de Cidade Sanduíche. Pão francês, com rosbife, queijo derretido na água escaldante, picles e rodelas de tomate. Este é o verdadeiro Bauru, que tem até uma festa com o seu nome, a Festa do Sanduíche Bauru, no dia do aniversário da cidade, movimentando a economia local e fortalecendo diversas instituições, com a renda de sua venda. Casimiro Pinto Neto foi o bauruense criador desta marca registrada da cidade, que ultrapassou os limites locais, se espalhando por todo o território nacional.
A letra - Bauru Original
Bucho bauruense é muito exigente/ Só aceita o Bauru original/ Há quem diga: sem tomate é mixto quente/ Bula não com nossa gente, pra você não ficar mal
Casimiro, certa vez, na capital/ Não se deu por satisfeito e sugeriu/ Um lanche que não tinha no cardápio oficial/ O Bauru original, foi assim que ele surgiu
Quem provou, aquela nova sugestão sempre pedia outro igual/ Do Ponto chic caiu na boca do povo em território nacional/ Ganhou fama desse jeito casual/ Com o nome da cidade de seu criador/ E agora eu vou contar pra vocês/ A receita verdadeira como Casimiro fez
Corta ao meio o pão francês e tira o miolo/ Rosbife, tomate, picles, se derrete o queijo quente/ Diferente, não há cristo que aguente/ Não tira nem bota nada, respeita os ingredientes/ Hoje é nosso patrimônio cultural/ Rodopia, canta junto, rasta pé até o final/ Ganhou festa, virô personagem/ Tem até estátua em sua homenagem/ No forró do Bauru que agora é tradicional.
3) A RUA DOS ESQUECIDOS - João Batista de Carvalho e a Rua dos Esquecidos: João Batista de Carvalho foi um personagem importante da época da fundação da cidade de Bauru. Ele sabia disso, bem como seus contemporâneos. O fato histórico selecionado ilustra, com humor, a indisposição gerada com o proeminente comerciante que foi esquecido ao escolherem os nomes que seriam dados às ruas da cidade. Assim, se sentindo injustiçado, resolver se vingar de um modo, pelo menos, criativo, apregoando na rua em que morava uma placa com os dizeres “Rua dos Esquecidos”. Naquela época, ainda não havia chegado às terras bauruenses a moderna Estação Ferroviária da Noroeste, cuja construção foi finalizada apenas em 1939. Desta forma, o logradouro situado fora da região central, a baixada do Silvino (nos arredores de onde é, hoje, a Avenida Nuno de Assis, no cruzamento com a rua Araújo Leite), com a chegada da ferrovia, se tornou um ponto importante de circulação e comércio. Somente 3 anos após sua morte, em 1904, é que se fez justiça ao inconformado comerciante mineiro, sendo incluído no mapa da cidade a rua Batista de Carvalho, que daria origem ao verbo “batistar”, tão conhecido em Bauru e toda a região.
A letra - Rua dos Esquecidos
E/ Quando era para fazer/ Eu também estava lá/ Tava todo mundo junto/ Quero ver quem vai negar/ Trabalho nunca faltou/ Pra cidade prosperar/ Mas lembrar, ninguém lembrou
E eu sei do meu lugar/ Toda a rua teve nome / Pra alguém homenagear/ Só este aqui que vos fala/ Foi deixado para lá/ Eu sou bom comerciante/ Não penduro, nem faço fiado/ Mas se alguém tá me devendo/ Eu cobro com juros, me paga é dobrado
Se engana quem pensar/ Que vou me importar/ Se alguém me julgar/ Só não vou deixar passar/ Difícil fazer/ Mais fácil falar/ João Batista de Carvalho/ Invejoso e ressentido/ Carta fora do baralho/ Mas não vai deixar passar batido
Vai vendo, amigo/ Que história tão contraditória/ O que fizeram comigo/ Presente de grego, cavalo de tróia/ Vou pendurar uma placa/ Não vou me dar por vencido/ De agora em diante essa rua tem nomeeee/ Pra ninguém esquecer / Rua dos esquecidos
La la ia la ia/ Aqui tem tudo pode acreditar/ La la ia la ia/ Não falta um desconto pra quem quer comprar/ La la ia la ia / Se falta dinheiro pra dá parcelar/ La la ia la ia / Trabalho mês inteiro pra pode gastar/ Tem loja, tem ambulante, carrinho de lanche pra fome matar / La la ia la ia/ Uns vão bater pernas e outros trabalhar/ La la ia la ia / Quem diria Batista no que ia virar/ La la ia la ia / Quem já foi esquecido hoje tem seu lugar.
E/ Eu vou batistar/ Batistar, virou verbo/ Que toda cidade sabe conjugar/ Eu batisto, tu batista/ Quem não batistou ainda vai batistar?
4) O TREM DA AMBIÇÃO - A chegada da Noroeste; A chegada da linha ferro Noroeste foi decisiva no crescimento da cidade de Bauru e conferiu à economia local sua característica de terra de passagem e perfil de comércio que atraiu muitos dos pioneiros que povoaram o local. Com a decadência da exploração do ouro nas Minas Gerais, muitos forasteiros decidiram se aventurar pelas novas terras, desbravando a boca do sertão, como era referida a região nos antigos mapas. Para tanto, enfrentaram a resistência de seus valentes moradores originários, povos indígenas de variadas etnias, dando origem ao distrito de Bauru. Consolidou-se a categoria de trabalhadores dos ferroviários. Se, por um lado, deu oportunidade a muitos cidadãos de constituir um ofício e sustentar suas famílias com dignidade, movimentando a economia e projetando seu comércio na região, por outro, simbolizou o genocídio de povos ancestrais que habitavam estas terras, a saber, caingangues, Guaranis e Xavantes, principalmente. Historicamente, a ferrovia, por sua localização estratégica, ligava os dois oceanos que banhavam o continente, sendo por muitos anos o maior entroncamento ferroviário do país. Dos tempos do café, suas muitas riquezas se consolidaram. Hoje, no entanto, a Estação principal, que já comportou a segunda maior plataforma de embarque da América Latina, atrás apenas da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, encontra-se abandonada, mas muito da sua história pode ser visitada no Museu Ferroviário da cidade. No entanto, esta narrativa, quase sempre contada pela ótica da civilidade e progresso, será revista neste projeto, sob o ponto de vista daqueles que foram oprimidos, mortos e expulsos de seus territórios, fazendo uma mínima reparação aos que realmente sofreram o impacto de sua chegada, pois a história sempre tem, pelo menos dois lados, e um deles já é fartamente abordado e documentado.
A letra – O trem da Ambição:
Sobre trilhos e dormentes/ Gigante de ferro vem/ Tão lustroso e imponente/ Apitando, óia o trem
Vagões da modernidade/ Com promessas de riqueza/ Pro futuro da cidade/ E de toda a redondeza/ tudo, passou por cima./ Terras, matas, rios e gente/ Por interesses se afirma/ Soberba dos indolentes
Mas quando a história é contada/ Quem conta é o vencedor/ Falando só da vitória/ Faz pouco caso da dor... do perdedor/ Esquece do mal que fez/ Não reza por quem morreu/ Não vê pecado entre os seus / Nem pede perdão a Deus
Pajés, caciques, guerreiros/ Com seu saber ancestral/ Contra os guardiões primeiros/ O progresso impôs seu mal/ Agora chegou a vez/ De quem aqui já viveu/ Muito antes de vocês/ Lutou, plantou e colheu/Quem era o dono da terra / Não é menos ser humano/ Nem quis sua covarde guerra/ Ou seu sistema tirano
O tempo, ironicamente/ Não pára, ele sempre passa/ Seu símbolo de progresso/ Pro meu povo foi desgraça/ Até a Maria Fumaça/ E a grandiosa estação/ Agora são só carcaça/ Que triste confirmação/ O trem mais cruel de todos / É o trem da ambição / Seguindo rumo ao abismo / Dos homens, da extinção / Alerto, não por vingança/ No fim somos todos iguais / Espero, não seja em vão/ Que seja tarde demais.
5) QUEM MANDOU MATAR AZARIAS - Azarias Leite e seu trágico fim; Em outubro de 1910, às margens do rio Bauru, foi assassinado o Coronel Azarias Ferreira Leite, ou apenas Azarias Leite, como é conhecido atualmente. Ele foi vereador por diversos mandatos, inclusive sendo o Presidente da Casa de Leis por três gestões. Travava uma luta constante para que a cidade se tornasse um Distrito de Paz, com direito a uma sede de governo, mas não pode ver este sonho concretizado em vida. Casado com Vicentina, que era sua prima e filha do Capitão Araújo Leite, Azarias também fez parte do grupo que armou a mudança de sede da Vila de Espírito Santo da Fortaleza para Bauru. Tinha trânsito e influência na política da capital, o que incomodava grupos rivais que disputavam o poder na cidade. Ainda que fosse comum a resolução de disputas políticas serem resolvidas na “bala”, o assassinato de Azarias Leite alcançou repercussão nacional por sua influência na capital. E a cidade acabou colhendo frutos deste desfecho dramático, pois após seu assassinato, houve uma mobilização que acolheu a demanda da nova sede de governo e, em apenas três semanas, este objetivo foi concretizado.
A letra - Quem mandou matar Azarias?
Quem matou matar/ Azarias / De noite e de dia me pergunto / Só quem sabe é o defunto / Mas quem vai chorar o leite / Derramado / Estirado / Dois tiros no corpo matado / Caído, calado/ Segredo guardado
Quem vai responder?/ Azarias/ Que era natural de Minas/ Por amor a sua prima/ Que se chamava Vicentina/ Largou tudo/ Com destino ao interior/ Rumo a Boca do Sertão/ E com ela se casou/ Fez família/ Pra essas bandas se aprumou/ Se tornou vereador/ E alguns incomodou
Extra! Extra!/ Foi notícia nacional/ Conseguiu depois de morto/ Ter sucesso no final/ Bauru ganhou sua sede/ De governo afinal/ Saiu pela culatra/ Aquele tiro fatal
(refrão)/ Homem de nome Joaquim/ Honorato, atirador/ Também teve mesmo fim/ Do tal do vereador/ O passado insiste em ser tão atual/ As notícias envelhecem no jornal/ Os mandantes seguem livres sem temor/ Escondidos por detrás do matador.
6) QUE RAIO DE APAGÃO É ESSE - Apagão na América Latina: Tendo ocorrido há 24 anos, o maior apagão da América Latina, como ficou conhecido, colocou Bauru em evidência no cenário nacional e internacional, tendo se iniciado numa subestação da CESP, na cidade de Bauru, e se estendeu até o Paraguai, deixando quase 80 milhões de pessoas à escuras. Em discurso nacional, a justificativa para a queda energética foi atribuída a um fenômeno natural, um suposto raio que teria caído na região. Mais tarde, demonstrou-se equivocado o discurso que defendeu o Ministro das Minas e Energia da época, desmentido por especialistas do IPmet, bem como por professores do curso de Engenharia da Unesp, importante universidade pública estadual com campus em Bauru. Foi demonstrado que não havia nenhuma formação de nuvens que pudessem resultar em raios e que a real causa era falta de investimento na área de estrutura de distribuição energética nacional. O Brasil vivia uma época de boom econômico e consequente sobrecarga da rede, verdadeira causa do incidente. Deste episódio surgiram campanhas de racionamento de energia que atingiu a todos os brasileiros, até que os investimentos tardios voltassem a ser aplicados na promissora economia que, em pouco mais de uma década, se tornaria a 6ª maior do mundo.
A letra - Que raio de apagão é esse?
A minha mãe me fez uma ligação? Dizendo que Bauru estava na televisão/ Que um raio que caiu lá na sub-estação/ Deixou metade do país na escuridão/ De terno e gravata se achando o tal/ Até Ministro, em rede nacional, mentiu/ Falei pra ela que aqui raio nenhum caiu
Que raio é esse, mas que raio, ninguém viu/ E foi assim, no escuro do apagão/ Que ficou clara tanta esculhambação/ Dos governantes dessa grande nação/ Tentando enganar toda a população/ Mas essa conta, diz aí, quem vai pagar?/ Se a corda sempre estoura do lado de cá/ Dinheiro que nunca faltou pra investir/ Enchia o bolso de quem deixou a bomba explodir
Ô, Mãe/ Não acredita, não, nessa gente/ Tanta mentira logo se desmente/ Mas de que vale, se nas eleições/ O povo ainda vota inconsciente/ Mãe, não inventaram fake news agora/ Mas, porém, contudo, todavia, embora/ Já passou da hora do povo entender/ Para, outra vez, não se arrepender/ No fim das contas, vale mais a mais valia, lucro, capital/ E a avareza, dando as cartas sobre a mesa, finge que é normal
Em 16 de março de 1999 o governo brasileiro culpou um raio que nunca existiu/ Pelo maior apagão da América Latina até então/ E foram mais de 50 milhões no breu/ Se eles não são culpados, muito menos eu/ Todo mundo sem luz/ Sobrou pra Bauru carregar essa cruz/ Só que não ...
7) QUEM SABE MEU NOME? - Viaduto Falcão-Bela Vista: O viaduto que toda a cidade apenas conhece como “Viaduto Inacabado” tem um nome: Nicola Avalone, ex-prefeito de Bauru, entre os anos de 1956 a 1959. Diante de tanto tempo sem ser concluído, tendo passado por diversas gestões executivas da cidade, prefeitos seguiam adiante sem enfrentar o elefante branco que ele sugeria se tornar. A população desacreditava que a obra terminaria um dia, e muitos ainda se preocupavam com os riscos de queda que a obra apresentava. Preguiça é o pecado mais apropriado para definir a negligência administrativa envolvida no projeto de ligar dois importantes bairros da cidade: a Vila Falcão e o Bela Vista. Tanto que se tornou uma lenda local de permanecer eternamente inacabado e levou, em sua inauguração, muitos curiosos e céticos. A preguiça tardou, mas ele foi, após mais de 20 anos, finalizado. Ou parcialmente finalizado, considerando que foi planejado para aliviar o trânsito na região central da cidade, com circulação nos dois sentidos. Porém, até o momento, apenais vai. Quem se utiliza dele sabe que se tornou, indiscutivelmente, mais prático transitar no sentido Falcão-Bela Vista, escoando o tráfego na Avenida Nuno de Assis. Mas, ainda resta um segundo capítulo desta novela, tão desacreditado quanto o primeiro: quando será que o caminho de volta, no sentido Bela Vista-Falcão vai se consumar? Ou, será que vai se consumar? Pois ainda dá um trabalho danado e mil atalhos para fazer o trajeto contrário. No episódio da Preguiça, como já diz o próprio nome deste pecado, a morosidade continua.
A minha mãe me fez uma ligação? Dizendo que Bauru estava na televisão/ Que um raio que caiu lá na sub-estação/ Deixou metade do país na escuridão/ De terno e gravata se achando o tal/ Até Ministro, em rede nacional, mentiu/ Falei pra ela que aqui raio nenhum caiu
Que raio é esse, mas que raio, ninguém viu/ E foi assim, no escuro do apagão/ Que ficou clara tanta esculhambação/ Dos governantes dessa grande nação/ Tentando enganar toda a população/ Mas essa conta, diz aí, quem vai pagar?/ Se a corda sempre estoura do lado de cá/ Dinheiro que nunca faltou pra investir/ Enchia o bolso de quem deixou a bomba explodir
Ô, Mãe/ Não acredita, não, nessa gente/ Tanta mentira logo se desmente/ Mas de que vale, se nas eleições/ O povo ainda vota inconsciente/ Mãe, não inventaram fake news agora/ Mas, porém, contudo, todavia, embora/ Já passou da hora do povo entender/ Para, outra vez, não se arrepender/ No fim das contas, vale mais a mais valia, lucro, capital/ E a avareza, dando as cartas sobre a mesa, finge que é normal
Em 16 de março de 1999 o governo brasileiro culpou um raio que nunca existiu/ Pelo maior apagão da América Latina até então/ E foram mais de 50 milhões no breu/ Se eles não são culpados, muito menos eu/ Todo mundo sem luz/ Sobrou pra Bauru carregar essa cruz/ Só que não ...
7) QUEM SABE MEU NOME? - Viaduto Falcão-Bela Vista: O viaduto que toda a cidade apenas conhece como “Viaduto Inacabado” tem um nome: Nicola Avalone, ex-prefeito de Bauru, entre os anos de 1956 a 1959. Diante de tanto tempo sem ser concluído, tendo passado por diversas gestões executivas da cidade, prefeitos seguiam adiante sem enfrentar o elefante branco que ele sugeria se tornar. A população desacreditava que a obra terminaria um dia, e muitos ainda se preocupavam com os riscos de queda que a obra apresentava. Preguiça é o pecado mais apropriado para definir a negligência administrativa envolvida no projeto de ligar dois importantes bairros da cidade: a Vila Falcão e o Bela Vista. Tanto que se tornou uma lenda local de permanecer eternamente inacabado e levou, em sua inauguração, muitos curiosos e céticos. A preguiça tardou, mas ele foi, após mais de 20 anos, finalizado. Ou parcialmente finalizado, considerando que foi planejado para aliviar o trânsito na região central da cidade, com circulação nos dois sentidos. Porém, até o momento, apenais vai. Quem se utiliza dele sabe que se tornou, indiscutivelmente, mais prático transitar no sentido Falcão-Bela Vista, escoando o tráfego na Avenida Nuno de Assis. Mas, ainda resta um segundo capítulo desta novela, tão desacreditado quanto o primeiro: quando será que o caminho de volta, no sentido Bela Vista-Falcão vai se consumar? Ou, será que vai se consumar? Pois ainda dá um trabalho danado e mil atalhos para fazer o trajeto contrário. No episódio da Preguiça, como já diz o próprio nome deste pecado, a morosidade continua.
A letra:
Quem sabe meu nome?/ De todos os pecados capitais / A preguiça é a mais lenta no que faz / E quando faz leva tempo até demais / Vai deixando pra depois até não aguentar mais
Passando pano e refazendo planos / É ano após ano e a mesmas promessas se renovando / E vai adiando os seus compromissos / É bicho-preguiça contando que o outro faça seu serviço
Aqui na Bauru City / Um exemplo perfeito de morosidade é lembrado / Por mais de 20 anos adiado / Fui parado e retomado e até desacreditado
É muita preguiça, / É pouco trabalho pagando dobrado/ Ainda incompleto, vai só para um lado/Por pouco eu podia até ter desabado
Me dá licença / Sou aliado da dona indolência / Peço um pouquinho mais de paciência/ Tenha fé na divina providência
Quem sabe meu nome? / Nicola Avalone/ Mas só sou lembrado/ Como o viaduto inacabado".
OBS DESTE HPA: Ontem lá no "Viva la Vida", eis minha gravação com a dupla cantando todas as canções: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/1817362949142952 . Cátia neste vídeo conta algo mais de cada composição. O fato motivador de querer, não só compartilhar, como escrever a respeito é por constatar a grandiosidade do que estava ouvindo. Maravilhoso trabalho, ainda pouco conhecido, portando, difundido. Isso aqui, no meu entender, é mais que histórico. Cátia e Nel foram mais que felizes, quando tiveram a brilhante ideia, depois a felicidade pelas letras, pela positiva reprodução de fatos históricos, alguns polêmicos, escritos com precisão, picardia e originalidade. Isso aqui merece um algo mais, o registro de forma profissional, quem sabe através de um documentário, quando poderia ser juntado depoimentos sobre cada um dos oito itens e depois uma gravação musical deles. No momento, me vi na obrigação de compartilhar este trabalho, mais que histórico e depois, quero me colocar à disposição para ir buscar junto dos autores condições para perpetuarem tudo num registro definitivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário