quarta-feira, 21 de setembro de 2016
PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (115)
NÃO ME PEÇAM PARA DIVIDIR NESSE MOMENTO, QUERO MAIS MULTIPLICAR E FORTALECER A COLETIVA RESISTÊNCIA
Acompanho o desenlace da tentativa de criminalização de Lula pelo Judiciário, materializado pela Operação Lava Jato e seus asseclas e sendo vergonhosamente confirmada pela maioria da mídia nativa, tendo como um dos seus expoentes a TV Globo e a revista Veja. Nunca se mentiu tanto, se ocultou tanto e se fantasiou tanto, tudo com um só intuito, o de tornar Lula inelegível. Está mais do que claro que, mesmo o PT e o próprio Lula tendo cometido das suas, o excesso sendo direcionado somente para esses, desmerece e torna o momento brasileiro não só trágico, como de uma falsidade até então nunca vista. Existe uma complacência nacional, uma passiva aceitação, incitada pelo ódio ao PT e daí, como já se sabe, tudo é possível, tudo é válido. Mais do que certo que, após a consumação do último ato, a prisão e perda dos direitos políticos de Lula, a Lava Jato deixará de existir e a vida nacional seguirá seu curso dito como normal. Daí, o que faço e vejo tantos outros fazendo, não é a simples defesa de Lula, mas do estado democrático de direito. A usurpação atual degenerou o país de tal forma, desanimando os ainda sensatos.
Vivencio esse momento com muita intensidade. Acredito que me preocupo até mais do que poderia, pois não tenho a vida ganha. Nela existem prioridades mil e não consigo me afastar dos embates inevitáveis desses tempos. Sou assim, tenho um lado e dele não me afasto. Posso não concordar com muitas das atitudes de Lula e Dilma, alguns dos rumos dos seus Governos, mas analiso os acertos como avanços de grande monta para o país. E o retrocesso com o golpe, o ajuntamento de maldades sendo sacramentadas pelos golpistas me deixa inquieto, irrequieto e em estado de alerta. Escrevo muito, envio textos para muitos lugares, demarco meu território, faço o que posso e estou nas ruas e lutas dentro do possível (e até do impossível). Ficar indiferente é algo pelo qual não padeço, pois a cada novo ato neste grande teatro dos horrores acabo por me inserir mais e mais nos embates. Aos 56 anos, depois de tudo o já vivenciado, que outra atitude poderia tomar? Fingir que nada está acontecendo? Para mim isso é mais do que impossível. Sou um ser pensante e pulsante.
E por fim, essas eleições municipais. Olho para o que está em curso e bem nítida uma tentativa de encurralar as esquerdas. Estão se aproveitando do momento onde a direitona botou as manguinhas de fora e desdizem tudo o que a esquerda fez na história desse país. A direita também briga entre si, mas se uniram e defenestraram através de um golpe o que ainda restava de esperança de mudança e de olhos voltados para as questões sociais. E daí, de norte a sul, vejo parcelas da esquerda se digladiando para conquistarem espaço. Normal ocorrer uma disputa por representações em cargos eleitos, mas para mim, muito anormal, entre os ditos esquerdistas o desnecessário confronto entre um e outro. Um se dizendo mais a esquerda que o outro e por isso desmerece, menospreza e o ataca outros do seu lado como o algoz. Vejo grassar uma insensibilidade entre pares até pouco tempo unidos (ou pelo menos tentando) em algo comum, uma luta maior, um objetivo similar.
Não entrarei ais nessa besta briga que vejo acontecer por aí entre PT, PSOL, PCO, PC do B e até mesmo o PSTU, que se fracionou mais um pouco nesse momento. O que tinha que digladiar já o fiz antes do pleito, agora não mais. Tenho como objetivo principal nesse momento garantir a legalidade e uma Justiça imparcial para Lula e todos os demais sendo injustamente penalizados. Quem entender do grandiosidade disso, seguiremos juntos. Nas eleições, estarei ao lado dos que muito já fizeram e dos que vejo podem continuar fazendo algo nesses novos tempos despontando pela frente. Não me peçam para bater em pessoas que tanto fizeram até agora, tudo para favorecer um ou outro e nos dividirmos mais e mais. Não o farei, pois entendo como melhor posicionamento estarmos unidos. Se isso não é possível, cá estarei na minha trincheira lutando contra o golpe e todos os que o defendem. Depois, apoiando quem de fato seja merecedor, principalmente os que sempre fizeram algo de concreto no campo em que me encontro. Tento passar por cima das desavenças sendo criadas e não estarei aliado a quem as fomenta. Entendo existir algo maior e ainda acredito na preservação disso.
Esse meu desabafo não é, como alguns poderão entendê-lo, ficar em cima do muro. Muito pelo contrário. Não criarei mais desafetos dos que já os tenho e mesmo discordando de alguns posicionamentos de alguns bem próximos de mim, sei o quanto fizeram e farão com as oportunidades renovadas. Seria tão bom se estivéssemos todos mais unidos nesse momento, mas na impossibilidade, não perderei meu tempo fomentando e colocando mais lenha em fogueira de vaidades. Eu quero é transformar esse país e para tanto, faço minhas apostas em projetos coletivos, nunca individuais. Erro algumas vezes, mas o faço com a intenção de acertar. E o que mais quero nesse conflitante momento é não errar novamente, para não propiciar mais perdas do que já as tivemos. Entendam esse eu escrito de hoje como o desabafo de alguém querendo evitar confrontos desnecessários. O inimigo se fortaleceu demais da conta e nós, cada vez mais fracos, divididos, porém, assim mesmo, desistir da luta, jamais. Quero muito continuar indo pras ruas e lutas com todos os que nela estiveram até hoje e se isso puder ocorrer sem rusgas, melhor ainda, pois assim estaremos mais e mais fortes. Em frente...
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