terça-feira, 4 de dezembro de 2018
DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (162)
OS BAIANOS SE FORAM E ENTRISTECERAM A PRAÇA RUI BARBOSA, O HOTEL COLONIAL E A GRAZIELA
Domingo passado estava dando uns bordejos pela aí, saia do caixa eletrônico do Banco do Brasil na praça Rui Barbosa e ao ir acionar o meio de locomoção para almoçar, eis que uma estranha movimentação me remete a adiar a saída. Graziela, a linda partner, ou seria musa do Bar do Barba e de toda feira dominical, me chama para ter em algo ocorrendo defronte o Hotel Colonial. Xereta que sou, assunto, olho de soslaio e me aproximo. Ela me diz o que se passa, quase em prantos: "Os baianos vão embora!". A fisionomia de tristeza invadia seu semblante e ao ouvir seu relato, desabo junto dela, pois parte da alegria reinante naquele pedaço da cidade estava nos deixando naquele exato momento. "Eles estavam aqui na cidade há meses, quase um ano e todos hospedados no hotel. Vieram para trabalhar na construção civil, todos baianos e os que não eram, eram das proximidades. Aos domingos, todos em descanso do trabalho, primeiro perambulavam pela praça, depois desceram a feira e descobriram o Bar do Barba. Ficamos amigos, confidentes, eles muito alegres, calorosos, cheios de histórias para contar. Ouvi todas deles, a das famílias que lá ficaram e da saudade deles. Chegou o momento deles voltarem pra suas casas", me contou.
Conheci parte deles num ato ali realizado pró-Lula no começo desse ano, numa tarde de domingo e quando nos viram fazendo algo para o ex-presidente, se aproximaram e logo se enturmaram, tiramos fotos e um deles me disse: "Puxa, até que enfim algo de Lula nessa cidade e justamente aqui defronte onde a gente fica". Os baianos formavam um grupo mais do que coeso, unidos e entrelaçados entre si, quase todos lulistas, pois sabiam muito bem reconhecer tudo de bom que lhes aconteceu com os governos petistas. Quem os conheceram, como a Graziela e a turma do Bar do Barba, sabem do que escrevo. São pessoas mais do que sinceras, humanas, fragilizadas pela distância de casa e loucos para encontrar gente e praticar a boa conversa. Encontraram isso lá com a turma do bar e o choro da Graziela é muito disso, dessa hospitalidade e companheirismo tão em falta nos dias de hoje. Na manhã de domingo a cena era de despedida, pitada triste, pitada alegre, malas espalhadas pelo hall do hotel e calçada defronte a praça, até o momento do ônibus estacionar e os levar de volta para os seus. De toda a dureza dos tempos atuais, a vivência estreita possibilitada entre eles e uma parcela de bauruenses, ressalta aos olhos a grandiosidade dessa gente nordestina, calorosa em tudo o que faz, esbanjando simpatia por onde passem. Talvez uns deles voltem para outros projetos, mas algo ficou aqui plantado, uma amizade sincera entre eles e quem os conheceu.
Não existe como não se emocionar com cenas como as que vi e os abraços deles para com a musa de todos nós, a encantar os frequentadores do Bar do Barba e, é claro, também aos baianos.
OBS.: Na foto, Graziela é a de camiseta listrada, ali junto da filha e de sua mãe.
EU DE CAMISETA AMARELA COM "LULA LIVRE" E ELA DE FRIDA KAHLO - DEU CONFUSÃO Pintei com minhas trêmulas mãos uma velha camiseta amarela, presente da companheira de todas as horas, muito tempo guardada num gaveta. Trouxe para o Mafuá e num rompante de criatividade (sic) desferi com essas bisnagas de tinta para panos um "RESISTIR É PRECISO - POR UM MUNDO SEM CAPIOROTOS" e na parte inferior frontal tasquei em tamanho menor um "LULA LIVRE". Circulei com ela pelo corpo neste final de semana até ser vencido pelo cheiro de dias em contínua exposição. Num dos lugares por onde circulei uma surpresa. Em muitos recebi elogios, afagos, motivo para iniciar conversações. Estava todo pimpão quando adentro um estabelecimento comercial e lá numa mesa do lado uma moça, nova, creio dos seus 25 anos, não mais que isso. Devo ter incomodado, pois fez questão de dizer como ainda tinha coragem de sair pela aí defendendo o ex-presidente. Quem não entendeu até agora o que de fato se passa com Lula, não merece mais uma linha sequer ou nem mesmo uma verbal resposta, pois já perdeu o bonde da História, está mais perdida que cego em tiroteio. Que o mundo está odiento e nos surpreendendo a cada virada de esquina, disso não tenho a menor dúvida, mas algo vindo de uma jovem envergando no peito uma vistosa e colorida camiseta tendo como estampa nada menos que FRIDA KAHLO, isso já é demais para minha parca compreensão dos fatos. Eu com um LULA LIVRE sendo admoestado por alguém vestindo FRIDA KAHLO. Olhei para ela com aquela cara de paisagem que me é característica nessas oportunidade e tasquei: "Sabes quem é e o que representa essa aí na sua camiseta? Pelo jeito conheces só o nome. Procure saber, de que lado estava nesse mundo, o que fazia, como fazia, o que defendia e só depois conversamos". E dei-lhe as costas, pois a tolerância deste HPA anda por um tiquinhho. E fui beber com os amigos e amigas. Acho que o colorido proveninete de tudo o que nos faz lembrar Frida, atrai gregos e troianos, sem ao menos saberem de quem se trata. Não imagino outra possibilidade.
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