sexta-feira, 31 de maio de 2019

CENA BAURUENSE (185)


DEZ CENAS ENXERGADAS E FOTOGRAFAS POR ESTE MAFUENTO ESCREVINHADOR, ALGUMAS VEZES TAMBÉM REGISTRADOR FOTOGRÁFICO
01. Praça Parteira Bernardina, junto a avenida Pedro de Toledo, ao lado do bar Armazém é a última a manter um bebedouro de animais na cidade e resiste ao tempo, aroeira pura.
02. Nesta casa, localizada na rua Sete de Setembro, centro de Bauru, hoje sede dessa liga de futebol de salão, outrora funcionou e vicejou um órgão que deu vida para a Cultura Municipal, polo aglutinador de muita gente que fez e aconteceu por essas plagas, deixando em tudo e todos muita saudade, a Casa da Cultura, primeira gestão do Governo Tuga.
03. Esqueça! A denominada Casa dos Pioneiros, na rua Araújo Leite, com placa apregoando sua desapropriação e restauro é coisa do passado, pois com o destombamento à vista, terra arrasada, tudo no chão e no lugar o tal do progresso (sic). Diga adeus para a última casa dos resquícios e primórdios de Bauru.
04. Sabe aquele predinho desbotado na esquina, atrás de onde um dia foi o Luso? Está lacrado com tapumes, colocado à venda e muito em breve fará parte do passado. Olhem, revisitem, passem as mãos, sintam o cheiro, toquem enquanto ainda é possível.
05. Muito cuidado, pois na Duque de Caxias tem uma mulher de lingerie na beirada da calçada atazanando os desavisados motoristas durante todo o horário comercial.
06. Xerox, garçom dos bons, aqui imortalizado numa página central de livro bauruense, na época no Bar do Português, hoje no novo Skinão, desses onde o papo rola solto junto ao chopp.
07. Encravado no centro da cidade, esquinas da Rio Branco com Primeiro de Agosto, recheado de histórias mirabolantes em seus pequenos reservatórios, ops, digo, compartimentos. Quem souber uma, aproveite o momento, a despeje agora para conhecimento geral de todos nós.
08. A tranquilidade da rua Sorocabana, reduto de paz, na baixada junto aos trilhos da Sorocabana, onde de um lado residências, do outro o cheiro de mato e a enfileirada proteção das espadas de São Jorge.
09. Aqui neste local, rua Antonio Alves, duas quadras acima da Rodrigues funcionou, mais de década e meia atrás, pela última vez nosso Museu Histórico Municipal e continuam as promessas pela sua reabertura ao público, em caráter definitivo, no local onde antes funcionou a Cia Paulista, junto aos trilhos férreos.
10. Raiz exposta defronte passarela concreto sob rio Bauru, avenida Nuno de Assis entre os viadutos JK e JS.


A BAURU QUE RESISTE E LUTA - QUANDO O POVO SAI PRAS RUAS DECIDIDO NINGUÉM SEGURA
As fotos de Mauro Landolffi no ato bauruense contra os desmandos de Bozo em 30/05:

Sr É PETISTA?
Chego na portaria do Hospital da Unimed, rotina para pequeno procedimento cirúrgico e na conversa com a atendente, digo que justamente no horário marcado gostaria de estar em outro lugar. Me pergunta qual e lhe digo: "Hoje tem manifestação na rua contra o Bolsonaro, pela Educação, creio mais de três mil pessoas na rua e queria muito estar lá". Olhou pra mim e saiu a pergunta já esperada: "O Sr é petista?". Digo a ela que nem todos que estão nas ruas são petistas. Sua reação foi a de me questionar: "O Sr não acha muito cedo para tirá-lo, são só cinco meses". Olho bem nos seus olhinhos e lhe respondo: "É muita coisa ruim em tão pouco tempo, não acha? Os depósitos nas contas da esposa, os 37 imóveis de um dos filhos, pegar grana de todos assessores, a morte da Marielle tramada na casa vizinha a sua, essa reforma da Previdência, onde gente como nós não vamos mais nos aposentar e esses ministros todos despirocados. Precisa mais?". Sinto que ela quer argumentar, mas está preenchendo um formulário e a próxima pergunta foi fatal para nosso diálogo: "Sr Henrique, qual sua religião?". Ao lhe responder ser ateu, percebo ela encolher na cadeira e tasca lá no campo específico um "sem religião". Quase não trocamos mais palavras até o término do procedimento. E agora, chegando minha hora. Até...

quinta-feira, 30 de maio de 2019

INTERVENÇÃO DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (123)


PARA RESOLVER UMA QUESTÃO, A SOLUÇÃO LÁ DELES É ACABAR DE VEZ COM A "APAS"*
* A cada mês, uma ou duas intervenções do Guardião na defesa do ainda defensável dentro da terra "sem limites" denominada Bauru.
É sempre assim, ou na maioria das vezes quem detém a força e diante de decisões que os contrariem, partem para a forma mais simples, a de resolver tudo destruindo tudo. Bolsonaro, nosso atual mandante é useiro e vezeiro em agir dessa forma e jeito, vide a mais recente decisão de querer impor liberação de área ambiental, onde um dia pescou de forma irregular, foi punido e hoje, quer liberar tudo por ali com sua canetada Bic. Fatos idênticos se repetem pela aí e numa delas, aqui na cidade de Bauru.
Em matéria publicada pelo Jornal da Cidade, nosso único órgão impresso diário, saiu isso em manchete de primeira página, "Vereadores temem novas indenizações e defendem revogar APAs para evitar ações - Risco de ações judiciais em série seria após decisão que obriga pagar R$ 33 mi por área". Eis o link para leitura integral do texto: https://www.jcnet.com.br/…/vereadores-temem-novas-indenizac…. "Na verdade, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa e quando se fundem, desponta a ideia de acabar com tudo, inclusive com famosa Área de Proteção Ambiental, a APAS, que por coincidência está dentro dos limites desta cidade, dita como "sem limites" por quem dela, caneta à mão, faz e desfaz. Para decidir sobre uma questão, aproveita-se do conflituoso momento e a proposta é dar um jeito, assim meio que desapercebido para selar de uma vez por todas a liberação de tudo o mais", assim começa sua interpretação dos fatos o intrépido Guardião, super-herói destas terras e também matas.
"Para alguns, digo vereadores, pois nasceu deles essa ideia, sempre é bem mais fácil resolver atendendo os clamores de uma minoria e não promovendo aquelas intermináveis reuniões, com amplas e calorosas discussões. Se numa canetada podem decidir tudo e para tudo o mais, pra que mesmo continuar existindo uma ampla área de proteção ambiental na cidade, se ela só traz percalços para as tais forças vivas da cidade? Creiam os senhores, alguns pensam exatamente desta forma e jeito. Minha intervenção é para tentar estabelecer o bom senso e uma discussão mais pormenorizada e com outra solução", continua Guardião.
Até a Prefeitura Municipal, através do prefeito Clodoaldo Gazzetta já se manifestou contrária a essa solução e o atual presidente da Câmara de Vereadores, José Roberto Segalla foi enfático e aponta o dedo na origem do problema: "Esse problema aí se deve ao Rodrigo Agostinho, temos que dar nomes aqui". O problema desponta por causa do montante da indenização e do acordo proposto, um parcelamento após decisão judicial, porém, além disso, a solução encontrada é a derrocada de tudo o outrora conquistado. "É o que digo, para resolver uma coisa, estão dando cabo de outra, muito maior. A alegação é sempre a mesma, elas travam o desenvolvimento da cidade, criam problemas para a expansão do município, ou seja, com a liberação, condomínios e mais condomínios residenciais pipocarão nesses locais, antes santuário ecológico e num futuro muito breve, áreas eletrificadas com cercas intransponíveis e acesso restrito. O mesmo ocorre em outros setores e aqui do meu canto, só deixo a dica, se é assim que querem e entendem tudo para que Conselhos e tudo o mais? O liberou geral beneficia a quem mesmo?", dessa forma e jeito um irritado Guardão encerra o papo deixando todos com a pulga atrás da orelha.
OBS.: Guardião é obra das pinceladas do artista plástico e chargista Gonçalez Leandro, com pitadas escrevinhativas do mafuento HPA.

OUTRA COISA
Estado de Sítio II
Como havia publicado por aqui carta do Aldo Wellichan, reprodução da Tribuna do Leitor, do JC, dois dias atrás, hoje sai publicada no mesmo espaço uma resposta, a minha. Para considerações variadas e múltiplas.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (72)


PERGUNTAS E INQUIETAÇÕES
1.) NENHUMA OPÇÃO
O que vocês acham de um consultório médico onde as únicas revistas existentes e oferecidas até chegar momento de seu atendimento são essas? Por sorte trago minha Carta Capital na algibeira e até algumas a mais para proporcionar algo mais palatável, leitura saudável enquanto se aguarda o diagnóstico da enfermidade que nos acomete. Lendo "Caras" adoeceria mais rapidamente, encurtaria minha existência.

2.) ALGUÉM PODE ME RESPONDER?
Por que na Argentina quando acontece uma Greve Geral, como no dia de hoje, por lá tudo para, desde aviação, transportes todos, nada funciona, supermercados fechados, bancos e por aqui tudo meia boca? Até jornais deixam de circular. Qual a diferença? Argentina inteira parada hoje contra os desmandos neoliberais predatórios do desGoverno de Macri, numa demonstração evidente da insatisfação popular. O que falta para algo dessa magnitude ocorrer no Brasil, uma vez que o país está tão degradado quanto a Argentina?

3.) "VIÚVA DO FASCISMO
Marco Antonio Villa é o pior tipo de sabujo. É chutado, mas não denuncia o golpe, tentando negociar sua volta. Em menos de um mês irá se autodeclarar de oposição. Dirá que nunca foi o que foi. É uma caricatura piorada de Carlos Lacerda. Não desejo o mal para ninguém, mas o ex-historiador precisa comer um pouco de merda para aprender", Gilberto Maringoni em algo que endosso e acrescento algo mais no texto abaixo.

4.) A JOVEM PAN, DIGO, VELHA KLAN É ESSA NHACA EM TODO LUGAR, INCLUSIVE EM BAURU
Sem tirar nem por, a rede Jovem Pan, digo, Velha Klan é o que de pior poderíamos ter no jornalismo brasileiro. Alastrou o jornalismo produzido na sua pior deformação, a que enjoa a todos com o declarado partidarismo e para o pior lado possível. Muitas vezes se travestem de bons mocinhos, como tentam fazer em Bauru, posando de defensores dos interesses da cidade, porém, lobos em pele de cordeiro. Os exemplos são muitos. Esse aqui compartilhado um deles, o do vilão Villa outro. Villa não vale nada, mas foi só criticar Bolsonaro e sua cabeça foi pedida e se não entregue numa bandeja, como solicitado, os recursos a sustentar o jornalismo às avessas minguaria. Não valem o arroz que comem... Veja o link: https://www.revistaforum.com.br/jornalista-demitido-da-jovem-pan-diz-que-lei-era-so-criticar-o-pt-e-abafar-o-resto/?fbclid=IwAR3xwR9ELolGpWFkUQuYhgIAnrpw7AMmUojK1gY--aMHdsBNbVcSm443IM4

5.) CONHECENDO MELHOR AS PESSOAS
Entre idas e vindas, tive alguma convivência com Aldo Wellichan num passado não tão distante, mais pela questão do gosto e preferências musicais. Nesse quesito muito entendimento. Elas param por aí, pois o descobri empedernido conservador. Hoje o vejo abertamente defendendo golpes e como em missiva publicada hoje na Tribuna do Leitor do JC, apoiando a continuidade do desGoverno atual. A distância já existente só aumentou, praticamente laços definitivamente cortados. Melhor manter distância de quem pensa e age como o descobri fazer.

6.) ANTES DE DORMIR...
Encontro sem querer essa charge do sempre útil Henfil, tempos outros, quando os desaparecidos pipocavam, não muito diferente dos que hoje somem pra não complicar os atuais governantes, como o tal do Queiroz eminência parda do atual descalabro governamental. Suas charges hoje seriam o uó do borogodó para ajudar a desmantelar essa barafunda toda. Vou pra cama agora, mas meu lugar eu sei é na rua, enquanto houver e tiver forças.

terça-feira, 28 de maio de 2019

AMIGOS DO PEITO (160)


ODE A AMIZADE

Eu e o fotógrafo Zanello. Muitas histórias juntos, uma amizade ultrapassando barreiras, mais de décadas de excelente convivência. De uma simples trombada na rua, ideias e confissões. A sua simplicidade me conquistou, numa espécie de amor a primeira vista. O reencontro sábado passado quando caminhava pela avenida Rodrigues Alves, ele todo pimpão, barba recém feira, paletó de terno e um sorriso de orelha a orelha. Paro, trocamos um fraterno abraço e lhe pergunto: "Qual o motivo da alegria?". Ele não se contém e me me conta várias histórias ao mesmo tempo. Gosto dele exatamente por causa disso, ele é um sujeito dado, franco e cheio de boa conversa. O motivo, fico sabendo, é salutar. Após tantos anos de labuta, contribuindo para a Previdência não se sabe nem como, conseguiu a tão almejada aposentadoria. E o fez no exato momento quando, se demorasse um bocadinho mais, após a aprovação da tão decantada reforma da Previdência, com certeza não mais o faria e teria que amargar, pelo menos mais uma década de contribuição.

Ele acabara de voltar de um serviço, um casamento civil e mostrava a versatilidade de seu novo celular, com duas câmeras de fotos. "Henrique, eu sempre andei com aquelas máquinas a tira colo e hoje, continuo para fazer pose, pois talvez os clientes não entendam muito bem e nem compreendam ao me ver tirando fotos lá no cartório ou mesmo nas igrejas e com o celular. Mas é a mais pura verdade, esses novos celulares possuem uma definição muito melhor que muitas das melhores máquinas que já tive". E para provar tira algumas fotos minhas e mostra como é o resultado, as amplia e pede para que verifique a definição. Eu, com o meu, também percebo isso, mas continuo intercalando, ora a maquininha portátil, ora sacando o próprio celular e clicando o objeto do interesse. Ele me mostra fotos tiradas com o celular hoje no cartório, intercaladas também com outra máquina, essa daquelas pesadonas, hoje não mais penduradas em seu pescoço como até bem pouco tempo. "Eu tiro as fotos com a profissional e ofereço um vídeo grátis, esse feito com o celular", diz.


Zanello conta isso para abrir o leque de conversas que virá pela frente. Mesmo conseguindo sua tão almejada aposentadoria, algo que nem pensa em fazer é permanecer trancado dentro de casa. "Você me conhece, sabe que gosto de estar na rua, ver as pessoas e ir registrando seus momentos. A aposentadoria, agora junto com o salário da esposa me dá mais segurança para fazer o que gosto e com mais afinco, mais dedicação e até esmero. Vou continuar fazendo o que sempre fiz a minha vida inteira. Eu vou atrás dos meus serviços, descubro eventos, percebo de longe onde vão precisar de um fotógrafo e vou pra lá, me ofereço. tenho muitos clientes fixos, que me conhecem de longa data. Faço de tudo, desde o tradicional casamento, como festas variadas, torneios de futebol e de esporte em geral. Essas festas com políticos, sempre alguém me chama e depois proponho o meu pacote. Hoje eu não levo somente a foto revelada, mas junto levo também um disquete com os originais, além de quando possível, acrescentado com alguma gravação. Eu mesmo faço tudo, todas as etapas. Só não revelo, no mais monto tudo".


Ele é o que pode ser considerado como mambembe, um fotógrafo à moda antiga. Tempos atrás, ele foi convidado a ir contar suas experiências profissionais para alunos universitários na disciplina de Fotografia. Não se avexou e sabe que, todos deram a devida atenção, pois ele é possuidor de histórias que a molecada desconhece. "Eles entram na universidade para ouvir histórias de grandes profissionais e daí se deparam com alguém como eu. Eles nem imaginam o que faço para continuar conseguir meus trabalhos, onde os faço, o que já passei. Minhas histórias chamam a atenção". Aproveita e me conta uma: "É minha tradicional. Fui fotografar uma festa familiar de um povo da roça. Dentre as fotos quis aparecer numa foto com eles, montei a máquina em cima de um tripé, regulei 10 segundo e sai correndo para me posicionar junto deles. Para minha surpresa todos saíram também correndo, achando que algo pudesse estar em vias de ser disparado. Até explicar pra eles, depois foi só risada".

Ele gosta também de uma boa viola, já tendo participado de várias duplas sertanejas na cidade e até ajudado a apresentar um programa de rádio. Ali atua do mesmo jeito e maneira quando está com a máquina na mão. Sabe ir levando tudo na maciota, com seu jeito simples, modesto, porém ciente de tudo. Percebe muito bem quando alguém quer tirar vantagem pra cima do seu trabalho. Deixa até onde pode, mas em alguns momentos, me diz, é obrigado a desancar com a pessoa, ainda mais quando essa passa dos limites. "As pessoas podem me achar simplão, mas não sou bobo não. Caipira não é bobo. Eu sou um sujeito do interior, da roça, gosto de trabalhar para esses, mas mesmo entre eles tem os aproveitadores. A gente tem que estar esperto em todo lugar". Ele conta isso, mas também diz não saber fazer outra coisa e não saber o que seria de sua vida se não fosse a fotografia, algo que o acompanha desde bem umas três décadas.

Ele vai sempre lá pelos lados do Mafuá. Passando pelas cercanias, para sua moto e se aproxima. Nas quartas a tarde toca na missa da igreja Aparecida e vez ou outra, passando em frente, vendo uma porta aberta, assunta como anda as coisas pro meu lado. Ele desabafa comigo e eu com ele. Somos confidentes um do outro. Já me contou muitas agruras vividas e por viver, daí também me abro e acabamos até trocando conselhos. É muito bom ter gente como o Zanello nos rodeando. Eu gosto muito, pois nesse mundão véio, danado de problemas, percalços pra todos os lados, quando vejo alguém com a sapiência desse matuto se aproximando, afrouxo o cinto, relaxo e vamos pras risadas. Foi o que se sucedeu ali na calçada da Rodrigues, bem em frente onde o seu Bau tinha seu sebo e defronte uma loja de outro conhecido seu, um também resistente fotógrafo, com sua vitrine cheia de aparelhos antigos e peças de máquinas, apetrechos lindos de se ver, raros, impecáveis, mas de pouca saída nos dias de hoje. Ele me fala desse desinteresse pelas coisas que até bem pouco tempo tinham tanto valor e hoje tão pouco. Com ele, engato um assunto no outro e para me desvencilhar do danado, tive que apelar, dizer que estavam me esperando pro almoço, estava atrasado, tempo curto, pois do contrário, a conversa se estenderia até não mais poder.


A gente sempre deixa um bocadinho pro próximo encontro. Peço para ele passar lá pelas bandas do Mafuá e sei, ele é desses que marca e comparece, vai mesmo. Ter Zanello como amigo é mais que um luxo, uma deferência especial. Eu e ele vamos tateando por esse mundo abestado, cavocando aqui e ali, escarafunchando algo para fazer e assim tocamos nossas vidas, algumas vezes pra frente, outras nem tanto, mas sempre tentando caminhar pra frente.


JÁ BUSCASTE HOJE TUA CARGA DE LENHA NO MATO?
"Com a disparada do preço dos combustíveis e do gás de cozinha muitos brasileiros estão passando por essa situação ilustrada na capa de O GLOBO nesta quinta. E olha que as empresas dos Marinhos são "sócias" nisso tudo. A impactante foto da capa é de autoria de Márcia Foletto e mostra a casa de dona Jurani em Senador Vasconcelos, Zona Oeste do Rio de Janeiro. E vem mais por aí com o super aumento da energia elétrica, vida que segue...", João Carlos Godoy.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

COMENDO PELAS BEIRADAS (72)


UM POUCO DE COMO EU E O “PH” FOMOS DAR DE CARA COM O "PASSOCA" ONTEM NO SESC


Passoca passou ontem por Bauru e poucos tomaram conhecimento. Aqui em Bauru também temos um Passoca, músico e talvez o apelido tenha surgido do mesmo jeito do cantante paulistano. O Passoca que ontem cantarolou divinalmente por Bauru é o Marco Antonio Vilalba, santista de nascimento e caipira por adoção, ou seja, como ele mesmo disse ontem, “para ser caipira e admirar a belezura da música sertaneja de raiz não se faz necessário nascer no interior”. Ele é praieiro, mas pegou gosto desde cedo e toda sua trajetória musical está ligada a música de raiz, principalmente enraizada no interior paulista. Tem pelo menos dois discos seus contando da trajetória dessa música e seus expoentes. Num deles, ele revê o que de melhor o grande João Pacífico produziu. São trabalhos não muito conhecidos do grande público, mas todo bom violeiro, pelo menos os que se prezam conhecem algo da pesquisa que o Passoca vem desenvolvendo ao longo de décadas dentro da música brasileira.

Pois bem, ele estava se apresentando ontem em Bauru e tocou no SESC (sempre ele), num horário pouco usual, 11h da manhã, em pleno domingo. Quem frequenta o SESC sabia de sua presença, pois o anúncio do seu show se fez numa página inteira da revista mensal com a Programação da unidade de Bauru, a de Maio. Mesmo não conhecido do grande público, seu show, “Toadas” estava assim anunciado pelo SESC: “Projeto que apresenta a versatilidade da viola, passando pela delicadeza e sensibilidade das modas, a releitura de músicas tradicionais em arranjos contemporâneos e novas experimentações do gênero”. Tinha mais para aguçar a curiosidade dos interessados: “Breve História da Música Caipira – O show apresenta a dualidade cidade-campo, a poética urbana sobre um suporte harmônico de viola caipira. O cantor Passoca interpreta músicas de artistas clássicos do mundo da viola com Raul Torres, João Pacífico, Alvaregna & Ranchinho, Teddy Vieira entre outros, intercalando as composições com “causos” e fatos históricos que formam a história da música caipira”.


Tempos atrás, creio que, pelo menos uns cinco anos, eu Ana Bia, Sivaldo Camargo e mais outra pessoa que não me lembro fomos assisti-lo em Jaú, no hoje fechado teatro Elza Munerato e saímos de lá extasiados e com o CD dele cantando o João Pacífico. Digo e confirmo isso do “extasiados”, pois Passoca tem um jeito só seu de cantar. Um senhor não tão velho, 69 anos nos conta, cabelos brancos e um bigode dos mais vistosos, sempre em primeiro plano na capa dos seus discos e nos cartazes dos seus shows, desses que afinam na ponta, denotando bom trato e cuidados especiais. Além disso, cuidados especiais ele tem com o seu repertório e no jeito todo especial com que manuseia suas violas. Ou seja, um caipira de fino trato, com um belo chapéu a ornar seu cocorutcho, igual aos que uso, só que o dele original e o meu, comprado por R$ 10 reais em feiras como a do Rolo bauruense.

Falando em feira, estava na feira dominical ontem, tomei uns chopps e por lá encontrei o PH, o Paulo Henrique, um dos maiores colecionadores de LPs de Bauru, desses a entender de tudo em questão musical, principalmente MPB. Ele me caiu do céu, pois no meio daquela balbúrdia estava a perguntar para mim mesmo: "Quem daqui pode conhecer o Passoca?". Olhava para os lados e nada, daí dá-lhe chopps. Foi quando o PH surgiu assim do nada e o convidei para tomarmos mais um no Bar do Barba, ontem servindo Germânia diretamente de uma perua com torneiras instalados nas suas laterais. Foi quando lhe perguntei: “Você se lembra do Passoca?”. Primeiro me falou do cantante bauruense, amigo de nós dois, mas não era dele que buscava forçar sua memória. Não foi difícil e sendo nós dois, talvez os únicos ao redor que o conhecia e com o horário já batendo quase 10h45, disse para ele: “Ele está tocando no SESC agora, 11h, vamos pra lá?”. Sua resposta foi o sinal para aceitar a troca sugerida: “Se depois você me levar em casa, topo”. Topado, fomos.

Chegamos com o show em andamento, havia começado e pouca gente na plateia. Tenho certeza que os violeiros de Bauru não sabiam da presença do artista pela cidade, pois pelo menos os cantadores de moda caipira, deveriam estar por ali, marcar presença a prestigiar a belezura que assistimos a seguir. Ele só tocou clássicos e com arranjos bem seus, um primor. Enquanto Passoca dedilhava sua viola, PH relembrava que algumas das canções ali relembradas e revividas tiveram seu início miraculoso em Bauru, tempos ainda da Bauru Rádio Clube, a PRG8. Eu ouvia a história de cada música pela voz do Passoca e do meu lado, PH complementava com um algo mais. Quer dizer, acertei no milhar, eu e ele ali sentados na fila do gargarejo e a saborear algo inebriante. Gravei duas canções pelo meu intrépido celular e as tento reviver por aqui para quem quiser tomar conhecimento mais de perto disso tudo que escrevo de uma só sentada e com poucas correções: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/2689803344382991/.

Tirei uma foto até do repertório dele, escrito num papel, esses que os artistas deixam junto aos pés, para ir seguindo, não atrapalhar e confundir os músicos. Foram umas quinze e depois mais duas de sua autoria no bis. No encerramento vamos para o bate papo. Não resisto e compro dois novos CDs dele, o "Suíte Paulistana" e o mais recente "Duofel e Passoca", ambos com patrocínio do Proac, o hoje quase extinto Programa de Ação Cultural do Estado de SP. Boa conversa, que só não se estendeu por mais tempo, pois seu filho, o baterista que o acompanha tinha show em Sampa às 18h30 e tinham que voltar rápido, comer na estrada. Do seu filho, quando lhe falamos sobre os trens, que PH trabalhava no Museu Ferroviário, o cara abriu baita olhos de admiração e nos mostrou uma tatuagem pegando todo seu braço, com uma locomotiva ali estampada. Foram mais alguns minutos discorrendo sobre o amor dele pelos trens e nós, sobre o que representou a famosa estação da NOB para a história das ferrovias brasileiras.

Passoca não se avexa mais com pouco público. Ele tem o seu, cativo, mas sabe que sem boa divulgação entre os violeiros de um lugar, sendo suas músicas direcionadas para gente que gosta desse gênero, sempre poucos estarão presentes. “Já me acostumei”, disse. Por mim, tenho a mais absoluta certeza de que, o que faltou aqui foi fazer um boca a boca junto aos violeiros locais. Temos por essas bandas muitos que gostam demais de música caipira de boa qualidade e ontem, sem tomarem conhecimento, a frequência foi baixa. No Jornal da Cidade uma única nota na coluna do Rufino e sem foto, nada mais. Pelas rádios e TV, creio nada saiu. Eu e o PH lá estivemos e na volta, saindo quase junto da van levando o trio de volta para Sampa, voltamos cantarolando sertanejos e relembrando histórias do arco da velha. Eu e PH, sabemos que já estamos dobrando o Cabo da Boa Esperança e gostamos mesmo é de gente, histórias, músicos e canções tiradas lá do fundo do baú. Assumimos já estarmos desgastados pelo tempo, porém, como Aldir Blanc apregoa num dos seus mais lindos sambas: “Envelheci, mas continuo em exposição”. Arruaça para nós é isso, nossa bagunça é feita desse modo e jeito. Esbórnia pra nós é isso.

domingo, 26 de maio de 2019

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (141)


INSÓLITAS FIGURINHAS - PARA COLECIONAR

Aqui irei juntando o que de melhor saiu pela aí sobre os manifestantes de hoje, aqueles que costumam usar a camisa da seleção canarinho pra ir pras ruas e hoje aqui em Bauru prometem até fazer uma carreata, a dos insensíveis, insanos e despropositados. Alguns dos convites para o convescote de hoje eu irei juntando e postando todos juntos nesse mesmo post. Fará parte de um estudo de caso sobre a parvoíce, quando não à mais pura demência. Hoje o lado doente do país, aquele dominado pelo ódio nas entranhas estará mostrando suas garras e soltando seu "pum".

REPERCUSSÕES DIANTE DE GENTE QUE AINDA VAI PRAS RUAS DEFENDER BOLSONARO & CIA
- “O povo veio as ruas neste domingo. Deve ter sido pelos aumentos de preços no super mercados, da gasolina, do dieesel, do gás de cozinha, da energia elétrica, pela estagnação da economia, pela alta do desemprego, pelo fim da corrupção, pelo fim dos privilégios. Se não foi por isso Bolsonaro tem razão: o povo é alienado e massa de manobra”, músico Gilson Dias.

- “Não há nenhum setor produtivo que apoia esse governo, pois a rigor ele existe para destruir esse mesmo setor. Incrivelmente Bolsonaro conseguiu a proeza de colocar no mesmo bloco opositor a ele trabalhadores e empresários. (...) A sua renúncia está pronta. Basta saber quando será o momento de apresentá-la. A ideia é um desembarque antes do dia 15 de junho, após a virada de mais um mês de ingovernabilidade e recessão. Não haverá nenhum golpe de Estado e nenhuma pirotecnia janista. O temor de uma esquerda nostálgica não tem fundamentos. Milhões de brasileiros tomarão as ruas no dia 30, em resposta a essa camarilha fascista e ignóbil. Assistiremos a uma manifestação como nunca houve em nossa história. A renúncia de Bolsonaro será uma grande vitória das forças sociais e produtivas. Vai frear o descalabro neoliberal, a ingerência norte-americana e vai restaurar o diálogo com os setores mais progressistas do país”, empresário da Educação Carlos D’Incao.

- “Pelo visto na TV, as manifestações convocadas pelo presidente da República foram um gesto que ele tanto gosta de fazer e até o ajudou a ser eleito. Contudo, um gesto que saiu pela culatra. Obviamente, outros poderosos estão analisando a situação política e constatando que o único apoio que restou foi de parte dos camisa-verde-e-amarela remanescentes da campanha em prol do impeachment de Dilma Rousseff. O número de apoiadores virtuais ultrapassa bastante o de manifestantes nas ruas, demonstrando que o apoio a Bolsonaro é mesmo proveniente de robôs, já que a A hashtag #BrasilNasRuas é o assunto mais comentado do Twitter pela manhã de domingo. Com a PEC antimourão entrando em votação, logo em seguida poderemos contar com o acatamento de qualquer pedido de abertura de processo de impeachment. Provavelmente, a hashtag mais comentada ainda neste ano será #Tchauqueridobozzo!”, editor de livros Murilo Coelho.

- “O fracasso do dia 26 não é representado apenas pela quantidade inexpressiva de pessoas que o micasso levou às ruas (em Bauru, apenas a classe média branca de meia idade, fascista). O fracasso do "movimento" são suas pautas” (...) A globo, como porta-voz da burguesia, consegue fazer do limão uma limonada. Essa é a habilidade política que falta ao defunto que preside a nação. Eles estão certos, estão fazendo o que lhes cabe fazer. Cabe a nós não entrarmos nesse jogo. Nós vamos derrotar a "reforma" da Previdência & os cortes de verbas na educação., professor da rede pública Tauan Mateus.

- “O bolsonarismo volta ao tamanho que tem há um ano, um núcleo consistente de 20% da população. Segue muito expressivo. Aumenta, de outra parte, o peso relativo do Congresso na aliança - Maia e centrão - e possivelmente de Mourão e do setor militar. Perdem Bolsonaro, filhos e o olavismo. Aumentará o preço de barganha parlamentar e o presidente terá reduzida sua margem de manobra pessoal. Num quadro desses, em que os atores se definem, duas apostas são feitas pelo lado popular: os atos de 30 de maio e a greve geral de 14 de junho. Todo o gás deve ser empenhado agora. O cabaré não pega fogo. Mas a música começa a desafinar, professor universitário Gilberto Maringoni.

- “Robôs postando fotos de eventos anteriores como se fossem de hoje e os bolsonetes desesperadamente compartilhando. TOSCOS!”, Vera Padilha Pereira.

- “De um lado, milhões de fanáticos. Do outro, estudantes e professores, basicamente. Em cima do muro, quieta (mesmo levando na cabeça), uma multidão que podia fazer a diferença. Eis a conjuntura. O Brasil descarrila a cada dia, sem sabermos onde isso irá dar’, Daniel Pestana Mota.

- “Manifestação de "protesto pela aprovação do pacote da previdência, o pacote do Moro e o governo Bolsonaro". Assim a mídia está apresentando o que está acontecendo hoje. Os jornalistas insistem em descrever o que as imagens não mostram. Não é uma manifestação grandiosa e sim uns gatos pingados pedindo o fechamento do STF e do Congresso. São uns fora-da-lei. E defendem também o contingenciamento de verbas para a educação. Ainda bem que o Fascismo não consegue reunir muita gente no país. Este movimento dá sono!”, professora universitária Dalva Aleixo.

- “O Brasil está a um passo de um colapso político e de uma catástrofe econômica sem precedentes na história deste país. As passeatas de hoje puseram à mostra a impopularidade do porco fascista, a sua minúscula base social. A hora para derrubar aquele animal é agora”, Ronaldo Albuquerque.

- “As manifestações pro BOLSONARO me lembrou o comercial da Sadia. UM montão de frango festejando o próprio abate”, comerciário Wagner José Gomes.

- “Micareta na orla a favor dos desmandos do atual (des)governo, tocando Legião Urbana”, Jaqueline Quiroga.

- “E insistem q não é golpe: jogaram o majestoso CUrintia vs São Paulo pra 19h, pra abrir alas da Capital p coxinhas, bolsominions, canalhas, covardes manifestarem apoio a Jair Autoritário Messias Bolsonaro (Laranjas/PSL); pra gente que quer cortes de recursos e fim de políticas públicas e concordam com extermínio de pobres e pretos, LGBTs índios, mulheres, crianças e destruição do meio ambiente”, jornalista Ricardo Santana.

- "Minha opinião sobre o dia de ontem e as manifestações pró Bolsonaro: o país está doente e parcela dos brasileiros continua movida pelo mais doentio ódio que já vi em minha vida. A imensa maioria dos que estavam nas ruas foram prejudicados pelos atos dos últimos desGovernos, os de Temer e agora, Bolsonaro, mas continuam apoiando tudo cegamente, jogando contra o próprio patrimônio. Difícil entender isso. O ódio enraizado dentro de cada um desses impede que enxerguem o óbvio ululante. Continuam fazendo tudo como se, com a derrubada do mal atual fosse a deixa para que o PT voltasse ao poder e daí, preferem continuar se danando, levando bola nas costas. Na verdade, muito claro, não querem não só a volta do PT, mas também ver a classe desfavorecida tendo direitos garantidos e conquistando espaços, galgando degraus que antes eram só seus, uma bestial classe média, perdida no tempo e no espaço. Inimaginável para esses bestiais a perda de sua condição social. Ódio de quem propiciou isso e fazem questão de exibir sua parvoice nas ruas, quando não demência. Observando as plaquinhas e os gritos entoados, a clara percepção de um evidente desvio de conduta, algo beirando o irracionalismo mais arcaico e retrógrado. Se o que produziram ontem teve pífio resultado, dia 30/05 receberão a devida resposta. Não existe mais meio termo, é agora ou vai demorar tempo demais pra virada dessa mesa. Estou engajado de corpo e alma para que tudo aconteça o mais rápido possível, daí a continuidade e necessidade de união contra essa bestialidade em curso. O país não merece passar por tudo isso, tempos onde a mente das pessoas parece ter regredido", Henrique Perazzi de Aquino, o mafuento HPA, este que vos escreve.

sábado, 25 de maio de 2019

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (126)


POR POUCO OS PROBLEMAS DO NOROESTE NÃO FORAM TODOS RESOLVIDOS
Como já é do conhecimento geral da aldeia bauruense, o Esporte Clube Noroeste, esse centenário time de futebol passa por mais um dos seus tantos momentos periclitantes, na sua trajetória de 120 anos de existência. O lema “resistir é preciso”, cabe como uma luva para designar como se processa a vida intestina de um time do interior paulista. Histórias como a dele se repetem em Jaú, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Limeira, Americana, Marília, etc. Uma sina, de altaneiras agremiações a representar o futebol de cidades, ora em alta, ora em baixa. Agora mesmo, a “maquininha vermelha”, após não se classificar para a fase decisiva da III Divisão do Paulista, numa até honrosa classificação, tem seu time desmontado, quase às vésperas de ter início um novo campeonato, o silêncio paira sobre sua participação, o presidente não se manifesta, ninguém fala em seu nome e algo a mais paira no ar, muito além dos aviões carreira. É desfraldada nova bandeira, tentativa de leiloar o Ginásio Panela de Pressão, para saldar principalmente dívidas trabalhistas. Administrações outras já o tentaram e nessa mais uma. Quando começam a minguar recursos, após ter sido tentado de tudo, intenções se voltam para se desfazer de parte do patrimônio, algo até bem pouco tempo considerado invendável, pois foram concedidos em doações, repasses e benefícios ditos inalienáveis. O impasse tomando conta das hostes noroestinas nos dias de hoje é esse: leiloa ou não? A Prefeitura já se manifestou através da Justiça pedindo para tudo ser devolvido aos seus cuidados, todo o Complexo ainda sob cuidados do Noroeste. O imbróglio ainda não tem solução definida, ou seja, mais um capítulo sendo desenrolado, sem que se tenha ideia do final, aliás, nada presumível.

Nada contra um mecenas aparecer e querer tomar conta de tudo, um comprador vir e assumir o passivo. Os exemplos dos times ingleses, hoje decidindo o maior campeonato de futebol do planeta, o europeu de futebol são exemplos mais que clássicos. Muito se diz de nossos times se transformarem em empresas. Por que não? No caso dos times do interior, faltam os interessados, pois eles estão todos aí, rasgadamente de oferecendo. O caso mais recente, o Bragantino de funde com o Red Bull e hoje estão na cabeceira da série AII do Brasileiro. Alguns se perguntam: por que isso não acontece com o Noroeste? Um dia isso aconteceu com o Oeste, naquela época ainda Itápolis, cidade de 60 mil habitantes, quando um empresário investiu no time e o levou para série AII do Brasileiro, mas por problemas outros, saiu da cidade e hoje esse time, ainda na AII, vive sem torcida, estádio alugado e sob comodato do empresário, apátrida e jogando para estádios vazios. Outros exemplos, ruins e bons pululam pela aí, mas a maioria dos times, todos com rica história, principalmente de resistência, vivem numa penúria de dar gosto. O caso noroestino é exemplar. Quando tudo está para se desfazer, sempre surge alguém, representando um pequeno grupo, se unem, investem e o time dá sinais de recuperação, mas isso logo mais na frente se desfaz e tudo volta para estava zero.

A solução mais uma vez esteve para ser resolvida, mas não se concretizou. Conto a história de um abnegado torcedor, desses que não perde jogo, já tendo viajado muito com o time, mas hoje se reservando a estar presente em todos os jogos em Bauru, mesmo caindo ele em Páscoa, Dia das Mães ou mesmo aniversário de um dos filhos. Vai em todos. BATISTA seu nome, conhecido nas hostes das arquibancadas, principalmente do lado da sombra dos eucaliptos. Foi durante uma vida inteira vendedor de assinatura de revistas, tendo viajado boa parte do país como supervisor de equipes de vendas. Ia, voltava e sempre esteve no Alfredo de Castilho. Aliás, digo, estará, pois não pretende abandonar o gosto adquirido bem lá atrás, o de verdadeiramente amar o Noroeste. Diz de boca cheia deste abnegado amor. Tempos atrás me confessou algo, creio ter sido lá mesmo no intervalo de uma das contendas: “Henrique, jogo toda semana na loteria e sabe por quê? Se ganhar compro o Noroeste, o transformo num clube empresa e você vai ver como ele se tornará grande”. Eu sei, ele faria exatamente isso ganhando os tubos na loteria. Semanas atrás a premiação esteve nas alturas, mais de duzentos milhões e o reencontro nas ruas. Ele me reafirma a disposição, seus planos são mirabolantes e sei, ocorrerá uma profunda transformação intestina no time do nosso coração, sendo de fato valorizado, respeitado e glorificado. Ele me diz nunca ter parado de jogar, semana após semana. Contou dos planos, da transformação e até sonhamos com ela. Tudo estava já traçado, porém, faltou combinar com quem faz o sorteio e novamente ele não ganhou (aliás, ninguém sabe, ninguém viu, quem ganhou) e o Noroeste continua amargando tempos inenarráveis e intempestivos.

Torço muito para BATISTA ganhar na loteria, não só para dar uma guinada em sua vida, mas para transformar o Noroeste num time como nunca se viu. Esse o sonho do BATISTA e de uma legião de torcedores que, como ele, colocam o time de sua aldeia e do coração em primeiro lugar. A dura realidade, sem a grana da loteria e tendo BATISTA como seu mecenas é bem outra, mas eu e ele não nos cansamos de sonhar. Aliás, SONHAR É PRECISO. Ganha logo BATISTA, pô!

ESSA É PARA OS SUGADORES DE PÓ DE ESTANTES - O SEBO DO VELHO JOÃO BAU, NA RODRIGUES ALVES, FALECIDO RECENTEMENTE SERÁ REABERTO
A bagunça ainda está grande lá dentro do local onde por décadas o seu JOÃO BAU, falecido recentemente com mais de 90 anos, trabalhava no ofício de revender livros e discos. Seu endereço ficou famoso e também seu jeito peculiar de atender os clientes, sempre puxando conversa e fazendo uma barganha, uma possibilidade do interessado nunca sair dali sem ter em mãos o objeto de seu desejo. Desde que faleceu, meses atrás, as portas estavam fechadas e nessa semana a mesmo foi levantada e um movimento se estabeleceu no lugar, chamando ao atenção de antigos conhecidos, amigos, clientes e todos que o conheciam. A pergunta é uma só: “O sebo vai ser reaberto?”. E a resposta, para alegria geral dos consumidores de estantes variadas e cheiradores de papel é SIM. Hoje pela manhã um eletricista cuidava dos retoques na parte elétrica e um antigo colaborador acompanha tudo, fazendo ainda uma faxina no local, pois com tudo fechado, alguma umidade, o que estragou está sendo separado e na próxima semana as portas serão devidamente levantadas e o atendimento terá continuidade. Uma pena que, sem a presença do seu Bau, com aquele baita sorriso estampado no rosto e chamando, quase puxando para dentro os que ousassem olhar para os lados do seu estabelecimento. A bagunça está sendo devidamente organizada, mas não completamente, pois como todo bom sebo e com um nome a zelar e preservar, sem resquícios de alguma desorganização, nenhum lugar decente pode ser chamado de SEBO. Aguardem mais um pouco, guardem suas economias e em breve, os fuçadores estarão liberados para derriçar a contento o local, desde que gastem algum e contribuam para que o local permaneça aberto por muitos e muitos anos. Seu Bau estará por ali zelando por todos nós.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

MÚSICA (173)


BUENOS AIRES E UM ROTEIRO PERCORRIDO POR DOIS DE SEUS ESCRITORES - VISÃO DE UM JORNALISTA BAURUENSE

Para uma imensa legião de fãs a rivalidade entre argentinos e brasileiros é pura balela, perda de tempo e conversa pra boi dormir, pois o que muitos nutrem ao longo do tempo é um fraterno amor, admiração saudável com o país vizinho, principalmente com sua capital, Buenos Aires. Ela é demonstrada de variadas formas e maneiras, uma delas o escritor e fotógrafo bauruense, portanto caipira assumido, porém viajado, como gosta de apregoar, Joao Correia Filho corajosamente lançou ao mar na noite de ontem, quarta, 22/05, no Café Dell'Arte (comandado por um casal de cariocas radicado há algum tempo por essas plagas), um livro de texto e fotos, o "Buenos Aires, Livro Aberto - A capital argentina nas pegadas de Borges, Cortázar e Cia".

Quem gosta por demais da conta de Buenos Aires não poderia perder. Com o livro já debaixo do braço, comprado antes do lançamento diretamente por um sistema de sociedade entre autor e editora, a Mireveja, o livro tem um sabor especial, pois assim de bate pronto é bonitão, charmoso e cheio de bons atrativos. Numa folheada rápida, nasce a predisposição para deixá-lo ao lado da cama, no criado mudo e ir curtindo como drops, aos poucos. A ousadia do João está em tentar recriar os (des)caminhos dos dois escritores, um mais à direita, no caso Borges e outro mais à esquerda, no caso Cortázar, na imensidão buenarista. Quem não gosta de perambular por Buenos Aires é como apregoa uma velha música, "ruim da cabeça ou doente do pé". Eu adoro e o faço desde que, na primeira vez lá estive em 2007, junto com o Marcos Resende, o Comunista em Ação, para presenciarmos algo inusitado, um comício de Hugo Chavez no estádio Ferro Carril, que acabou se transformando no meu primeiro texto publicado em Carta Capital. De lá para cá, volto há oitos seguidos anos junto com Ana Bia Andrade, para participarmos de Congresso/Encontro Design, na Universidade de Palermo, sempre final de julho, começo de agosto (período muito frio, inverno quase sempre bravo), onde ando pela cidade durante uma semana inteira.

Como o livro do João é sobre sua andança e o seu olhar sobre os lugares percorridos pelos dois escritores, já gostei de cara e irei utilizá-lo como uma manuel, guia para a viagem deste ano. E já percebi, o livro tem um sabor especial, que é o do gastar sola de sapato, acrescentado de seguir uma trilha já percorrida e com teoria, ou seja, com uma bela escrita, juntando tudo, numa liga mais que consistente. Enfim, o livro eu ainda não li, mas o farei em breve e ontem lá no café, muita gente conhecida, todos amigos do João e a maioria também meio amantes da capital argentina. e dentre eles gente que conhece a fundo particularidades da cidade, como Dino Magnoni, que morou durante um tempo, quando fazia estudos acadêmicos, particularmente na zona boêmia de Boedo, reduto de histórias mirabolantes, como as que lerei e terei o prazer de viajar com os olhos degustando o livro em mãos. Muito gostosa a conversa na mesa onde sentamos, junto com o Bessa e esposa, os Manaia e outros, num papo que certamente, poderia se prolongar noite adentro. na dedicatória do João para o casal, algo singular: "Ana e Henrique, que este livro traga mais poesia para sua vida e nos aproxime ainda mais. Forte abraço do João".

Coisas que a gente vai desvendando com o transcorrer da noite, maravilhamento provenientes de boa conversa, como a dica dada pela Maria Amélia Silva Bessa, citando a frase que abre o livro e que diz ser também a sua marca e cara: "Ser o que se pode é a felicidade. A felicidade é a aceitação do que se é e se pode ser". Viajamos todos juntos desvendando o que está contido por detrás do também descoberto pelo autor. Gostoso também foi presenciar a entrevista feita ao vivo, do Bruno Sanches, fazendo perguntas com seu jeito peculiar de vasculhador (ou seria garimpeiro?) de livros. Trocaram figurinhas na nossa frente e, assim tomamos conhecimento de um montão de detalhes que, talvez pudesse até passar desapercebido por um desatento leitor. Enfim, noite de quarta foi muito bem aproveitada. Depois dela, já quero conhecer os outros livros do João, ao mesmo estilo e jeito, com sua visão sobre Lisboa, Paris e São Paulo. E qual seria o próximo lugar a ser desvendado? Com certeza, isso já está devidamente alinhavado na mente do contumaz viajante.

ESTIVE LÁ...
Chavez Contra Bush en Buenos Aires - https://www.youtube.com/watch?v=5NLL64KSXFY
Eu e Marcos Paulo Resende, o Comunista em Ação, estávamos em Buenos Aires, 09 de março de 2007, somente para ver o comício de Hugo Chavez, no estádio Ferrocarril, enquanto em Montevideu, Uruguai, George Bush fazia o mesmo. Um contra o neoliberalismo e outro a favor. Saímos de Bauru, três dias em Buenos Aires e depois, convenci Mino Carta e lá sai publicado meu relato, meu primeiro texto em Carta Capital, num relato sobre a viagem e a experiência de dois bauruenses naquele dia. Encontrei o vídeo no youtube e isso me emociona. Estive lá.

'QUIERO AL SUR, SUA BUENA GENTE, SU DIGNIDAD'

A maioria dos LPs e CDs que tenho aqui no Mafuá eu consigo me recordar de onde os consegui. Muitos a memória já se foi e deles resta somente a boa música, essa permanecendo por aqui junto deles todos. Esse que aqui vos apresento foi conseguido numa feira de rua na capital paulista, uma que acontece todo domingo lá pelos altos da rua Consolação, perto do Bexiga. Bati os olhos, conferi o preço, R$ 5 e disse: "É meu". Acertei na mosca. Gosto muito e indico para escutação coletiva na noite de hoje. Trata-se do CD "Tangos del Sur", do ROBERTO GOYENECHE (direção musical de Nestor Marcini), lançado pela BMG londrina/1989. Das dez, tem pelo menos umas seis que gosto demais, mas essa VUELVO AL SUR é demais da conta. Me arrepio toda vez que ouço. Me digam, não dá uma baita vontade de sair dançando tango sala afora?

Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=SGrp1Y251TM

Vuelvo al Sur,
Como se vuelve siempre al amor.
Vuelvo a vos,
Con mi deseo, con mi temor.

Llevo el Sur,
Como un destino del corazón.
Soy del Sur,
Como los aires del bandoneón.

Sueño el Sur,
Inmensa luna, cielo al revés.
Busco el Sur,
El tiempo abierto y su después.

Quiero al Sur,
Su buena gente, su dignidad.
Siento el Sur,
Como tu cuerpo en la intimidad.

Te quiero Sur,
Sur, te quiero.

Vuelvo al Sur,
Como se vuelve siempre al amor.
Vuelvo a vos,
Con mi deseo, con mi temor.

Quiero al Sur,
Su buena gente, su dignidad,
Siento el Sur,
Como tu cuerpo en la intimidad.

Vuelvo al Sur,
Llevo el Sur,
Te quiero Sur,
Te quiero Sur...