sábado, 15 de janeiro de 2022

DICAS (216)


PERDER UM AMIGO*

* Este foi meu 46º texto, de minha lavra e responsabilidade, publicado hoje no semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, sobre algo mais do que entalado em minha garganta. Escrevo movido pela emoção e quando isso ocorre, a escrita fica avariada. Escrever nessas condições é uó do borogodó. A seguir o texto:

Primeiro, antes de tudo, posto a letra de Aldir Blanc e Maurício Tapajós, para algo bem com sua cara, poema escrito numa mesa, algumas décadas atrás e com este título: “PERDER UM AMIGO - Perder um amigo/ Morrer pelos bares/ Pifar em New York/ Penar em Pilares./ Perder um amigo/ Errar a tacada/ Sentir comichão/ Na perna amputada. /Perder um amigo/ Mudar pra bem longe/ Levar vida afora/ O tombo do bonde./ Perder um amigo/ É a última gota/ Se o cara duvida/ Que a vida é marota/ Perder um amigo/ Perder o sentido/ Perder a visão/ As mãos, os ouvidos./ Perder um amigo/ Perder o encontro/ Marcado e marcar-se/ Com a perda do espelho/ Nos olhos do amigo/ Aonde melhor/ Conheci minha face”.

O que entristece mais quando alguém se vai, como neste momento, conhecido professor daqui de Bauru, militante social de uma vida inteira, PT e PSTU, Almir Ribeiro, 62 anos. Exatamente a minha idade. Junto tudo e tento escrever algo, num momento em que talvez saia algo disforme, fora do tom, azedo ou mesmo, sem sal. Ando angustiado e os motivos são mais do que evidentes. Tantas perdas e tanta imbecilidade, gente desdizendo da Ciência para continuar seguindo alguém totalmente desajustado, fora do tom, miliciano e criminoso. Chegamos a este ponto neste insólito país. Perdemos ao longo dos últimos anos a capacidade de reagir, ir pras ruas protestar e botar pra quebrar. Este que ontem se foi, era de uma geração que fazia e acontecia. Sem medo de colocar a cara a tapa, enfrentou tudo e todos, sem se vergar.

O entristecer maior é quando olhamos para os lados e diante de gente como ele partindo, mesmo muitos na lida, mas as peças de reposição parece não ser mais tão impetuosas e envolventes, arrebatadoras como dantes. Ou os tempos são outros ou estamos cada vez mais bundas moles. Não desmereço uma parcela da juventude hoje lendo muito, porém, militando menos. Não dá para fazer revolução sem a existência de uma base sólida, uma teoria por detrás de tudo. Poucos se dão ao luxo de ler, ir em busca das referências antes de abraçar as causas. Almir leu a vida inteira e conhecia como poucos todos os movimentos revolucionários mundo afora. Olho para os lados e não vejo mais gente deste mesmo quilate na lida e luta. Pioramos.

Meu orgulho – e também deste que se foi – é ter conseguido, ao menos, algo a me encher de orgulho. Meu filho hoje lê mais do que eu, muito mais e discute de igual para igual teorias, desde as marxistas, darwinistas, trotskistas, revolução francesa, russa de 1917, como nossas guerras, decepções e avanços. Tenho é muita dificuldade em acompanha-lo no debate. Ou seja, ele por ser assim, vai sofrer muito mais neste mundo onde ser indiferente parece ser um grande negócio. Almir não conseguiria viver indiferente, nem eu, muito menos nossos filhos. Quer orgulho maior que este? Envelheci, sei que o mundo avançou em muitos aspectos mas em outros regrediu e hoje a dominação se faz pelo medo, uma intimidação calando tudo e “quase” todos. Quando vejo ainda gente discutindo em voz alta que o “comunismo” é o pior dos mundos, sem nenhum conhecimento do que isso venha a ser, olho para trás, o que já fomos ou ao menos tentamos ser e me prostro, quase resignado, triste, pois ando cada dia mais cansado, poucas esperanças. Buscando forças, um “energético” dos bons.

Não tivemos nem força suficiente para vergar esse presidente hoje ainda no poder e depois de tanta malversação. Almir se foi entristecido por dentro, militando e tentando até o último instante formar, mostrar, propor, instigar, sugerir, confrontar... Eu farei o mesmo, até meu último suspiro e sei, meu filho fará o mesmo, mas nem sei se teremos força para impor uma vitória popular, onde o ser humano seja o artífice da construção de um novo mundo. A luta de uma vida inteira, lendo e buscando formas de vergar os perversos, os que danam com nossas vidas é tarefa sem fim. Almir foi mais aguerrido que eu. Estava mais preparado, conseguiu mostrar isso para mais pessoas do que consigo fazer. Precisamos para mudar este mundo, de muito mais gente assim, sem medo de nunca esmorecer. Eu não pretendo fazê-lo, mas aos 61, o corpo dói, a incontinência retarda meus passos, mas na caminhada sei, não existe trégua. Sinto o baque, mas não existe como esmorecer e entregar os pontos. Se estou em busca de um país melhor, diferente, muito mais justo, soberano, tenho que, mesmo na adversidade, “levantar a cabeça, sacudir a poeira e dar a volta por cima”.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e historiador (www.mafuadohpa.blogspot.com).

ENQUANTO ISSO, NO REINO DE SUSSU PREFEITA, TODOS DISTRAÍDOS E ELA SE APROVEITANDO DA SITUAÇÃO...
Fez o que era esperado, por decreto, após impasse (sic) pelo não quórum da reunião do Conselho de Usuários, que supostamente decidiria sobre o aumento. Como no dia choveu a cântaros na cidade - teve até enchente no Mafuá -, o quórum não foi alcançado e como se sabe a cidade não poderia esperar mais sem uma decisão, ela optou por assumir a pinimba para sua responsabilidade, apagou as luzes, mandou todos sairem da sala e assinou o aumento. A passagem dos ônibus urbanos estarão já a partir de fevereiro custando bem pertinho de R$ 5 reais cada. Nenhuma novidade. Nosso últimos prefeitos não agiram em desacordo com o que lhe era imposto pela pressão das empresas de ônibus - as duas, por sinal, do mesmo proprietário, mas com nominação diferente para enganar incautos. Empresas de ônibus movimentam muita grana, entrada diária e assim sendo, quando existe necessidade de algo, nunca se negaram a fazê-lo, mas depois cobram a conta. A pressão feita pelo reajusta - ou como se diz nas esquinas, aumento - não é algo novo, nem se deu pela primeira vez. Suéllen se mostra favorável à pressão recebida, pois não pestanejou e aumentos os preços das passagens. 

Do Conselho de Usuários, mesmo querendo se mostrar operantes e com alguma utilidade, quer queiram, quer não, sempre foram massa de manobra nas mãos dos alcaides. Desconheço se algum dia o Conselho brecou algum aumento nos preços cobrados. Sempre estiveram em acordo casado com as administrações e os aumentos ocorrem dentro de percentuais previamente acordados. Daí, a pergunta que nã oquer calar é somente uma: se a maioria dos conselhos existentes hoje na cidade, perlo menos os deliberativos, não estão deliberando mais nada - e já faz algum tempo -, qual o sentido de se manter reuniões ordinárias? Sendo de caráter consultivo, tudo bem, até entende-se, podem no máximo indicar algo, sugerir, propor, mas nunca decidir, já o deliberativo, ao contrário, tem o poder de veto, de tomar decisões. Quando não o faz, algo mais do que estranho no ar. O fato é um só e até agora se não foi entendido pela maioria da população, que algo fique exposto, como mais uma das tantas fraturas bem evidentes destes tempos e dessa administração: o Executivo é autoritário, prepotente, não gosta de ouvir contrários, muito menos acatar decisões que não sejam as suas. Bolsonaro, o ainda presidente miliciano brasileiro age do mesmíssimo jeito e maneira, sempre dando seu jeito e sendo sua a palavra final. Se é para ser assim, qual o sentido de manter estes Conselhos? Seria simplesmente para manter as aparências? Pelo meu parco e diminuto entendimento, não dá mais para tapar o sol com a peneira: estamos vivenciando uma administração onde nenhum voz externa é levada em consideração. Quando nem a de um Conselho constrituído o é, por que fariam ouvindo a voz do povo. Meu dileto amigo, ex-secretário de Cultura em administrações passadas, Elson Reis é hoje o representante do funcionalismo junto da Ouvidoria da Prefeitura. Deve passar mal bocados, pois ouvir é uma coisa e ver aquela reclamação ser colocada em prática, atendida ou mesmo,  tudo resolvido é bem outra coisa. Suéllen, a Sussu do Cerrado, pode até te ouvir, mas é do tipo que, principalmente reclamações, entram por um ouvido e saem pelo outro. Ou seja, discussão inócua, pois a prefeita gosta de bater o martelo ao seu modo e jeito. Viva o aumento, reajuste ou seja lá o que quiserem denominar. Contestação até o presente momento nenhuma legal ou em curso. Só mesmo uns gritos e bocejos de praxe. Em fevereiro, com o passe mais caro, o usuário terá que se conformar ou andar mais a pé do que já está fazendo.

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