GERALDO ANTONIO INHESTA é da safra de 1953, portanto já completou seus 69 anos, mas imenso, estilo grandão, Geraldão, como é muito conhecido nas rodas de samba e dança da cidade, esbanja simpatia e sapiência na arte da dança. Sim, ele é hoje um dos nossos maiores dançarinos de salão – se não o maior. Um verdadeiro e original “pé de valsa”, destes que sai do trabalho às 19h, como ontem, chega em casa, toma seu banho, se arruma e não perde a oportunidade de ir saracotear pela aí, extravasando e pondo pra fora a tensão de um dia tenso de trabalho. Digo “tensão”, pois Geraldo atua numa das atividades onde a tensão faz parte de sua rotina. É agente penitenciário, aposentado pelo INSS, mas continuando atuante, extensa folha corrida, ops, digo, horas trabalhadas. Eu sempre brinco com ele sobre isso lhe dizendo que a dança de salão é para ele uma forma de extravasar, colocar pra fora toda a tensão. Ele ri, concorda e sabe que, sem ela, a dança, seus dias seriam mais do que sofridos, difíceis de serem enfrentados. Daí, quando o vejo nos reencontros sempre sorridente e pronto para um boa prosa, imagino que, assim como todos temos nossa carcaça, onde deixamos de lado o que nos incomoda e apresentamos o melhor de si nas andanças, ele assim o faz e é feliz ao seu modo e jeito.
Geraldo nos contará onde é ainda possível praticar a boêmia nesta cidade, em quais lugares ele circula e nos dará dicas de locais onde a boa música ao vivo reina e, como gosta, pode dançar. Ele ensina a dança gratuitamente para quem estiver disposto a aprendê-la e o faz ciente de que, com mais gente dançando, menos tempo para colocar abobrinhas na mente. Quem dança, na maioria das vezes, são pessoas felizes, pois vencem o tédio de permanecer em casa, trancados só vendo TV e reclamando da vida. Todos sabemos que, lugares para exercitar o prazer da noite ainda existem e Geraldo os conhece de cor e salteado. Evidente que junto deste tema, entrelaçaremos o de sua atividade profissional, desgastante e perigosa, uma que, com seu jeito malemolente, deve saber como conciliar e ir tocando a vida adiante, sem interferir na dos demais à sua volta. Enfim, vejo nele um sujeito de bem com a vida, com poucas reclamações e sempre buscando disposição interior para superá-las a contento.
Em 20 de maio de 2012 publiquei algo dele no blog Mafuá do HPA, aqui reproduzido: “GERALDO INHESTA, PÉ DE VALSA NA ACEPÇÃO DA PALAVRA - Dois dias de Virada Cultural em Bauru e, principalmente, muita música espalhada pela cidade. No SESC, o destaque para um personagem sobressaindo-se sobre os demais. Não se trata de nenhum músico. Quem acaba chamando sempre muito a atenção de todos os frequentadores nos salões do SESC, Luso, Clube da Vovó, Jeribá, Made in Brasil e tantos outros espaços onde exista uma gafieira rolando e uma pista disponível é GERALDO INHESTA. Não existe como não chamar a atenção, pois mede quase 2m de altura, corpulento, negro retinto, sempre metido dentro de um sapado branco, próprio para a pista e com um molejo no corpo desses de arrastar qualquer dama que goste de uma pista para o centro dela. Desde menino gosta de música de salão, tentou aprender tocar violão e até conseguiu progressos, mas na hora de cantar e juntar ambos, preferiu mesmo tentar algo novo, a dança. Seus pés sempre balançavam meio que automáticos ao ouvir o sincopado musical e de uns dezoito anos para cá, com muita dedicação, aprendeu cada passo e virou mestre no assunto. Há quatro anos virou monitor em casas de dança e hoje, aos 59, ostenta no cartão de visitas a imponente função de “Personal Dancer”. A dança de salão virou o grande motivador em sua vida, mas o ganha pão continua sendo o trabalho como Agente Penitenciário no CDP de Bauru. No lazer ele descarrega toda a imensa carga de energia negativa acumulada com a labuta diária e assim ostenta um sorriso dos mais conhecidos nas pistas por onde circula, feliz da vida”.
Nos anos 80 estudou Comunicação na antiga FEB – Fundação Educacional de Bauru, antes dela se transformar em Unesp e de lá conta também boas histórias, pois sua militância política, a escolha de um lado para atuar politicamente veio dali, do vivenciado nos corredores e salas de aula. Conta uma envolvendo Roque Ferreira e um ato de racismo de aluno da engenharia, quando sua reação foi imediata. Junto dela ela narrará neste papo muitas outras, pois muito além de pé de valsa e funcionário público estadual, Geraldo atua nas quatro linhas na cidade. Tentou a política anos atrás, numa candidatura para vereador e sempre está marcando presença nos atos de protesto. Marca posição, sem medo de mostrar a cara e nisso reside outra de suas qualidades. Este grandalhão, hoje beirando os 70 anos, circula com sua moto pela cidade, divorciado, amado pelos seus, devoto da santidade proporcionada pela convivência com as ruas desta cidade, enfim, um ser esbanjando muita luz. Sua história é a da própria resistência e conhecê-la, algo que faremos juntos, será de um prazer inenarrável.
Vamos juntos?
Um bate papo revelador, com sua trajetória e histórias vividas ao longo do tempo. Eis o link com uma hora de bate papo, realizado na manhã deste domingo, na residência do entrevistado, com ele já pronto para a escapulida, onde sairia dançando pela aí: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/1096201607633979
outra coisa
Acordo bem cedo para buscar pão quente para a cara metade a exigir tal iguaria no seu café da manhã e no meio do quarteirão, junto a populares na padaria, entre o café e as fiadas conversas, um carro batido noutro estacionado, sendo que o motorista medindo as consequências, abandona o local rapidamente, deixando tudo para trás, desde vidros abertos e seus documentos espalhados no seu interior. Divagam adoidado neste momento no que poderia ter causado tal choque, no raiar de um novo dia e dos motivos da escapulida. São as tais conversar a mover uma manhã aqui pelos lados da vila Universitária, ainda acordando neste momento dominical e buscando ainda os assuntos que, moverão o dia pela frente. Este com certeza, será um dos mais picantes, além dos de praxe, os políticos, tendo como base o próximo pleito. Os curiosos mantém certa distância, mas cada qual tem uma versão das causas e também dos efeitos posteriores. Divagar é preciso...A discussão continuava, até o momento em que o proprietário do veículo se pronunciou e colocou fim a todo tipo de especulação: "Bom dia eu sou o dono do veículo, esse ocorrido foi seguido de ROUBO tentaram roubar e pelo fato do carro ter um dispositivo de anti roubo ou corta corrente, seguido disso a acidente", Luiz Eduardo Pereira.
A maioria afirmava ser uma coisa, mas na verdade, era bem outra. Isso move as peças no tabuleiro diário nas ruas de uma cidade.
VITÓRIA NA COLÔMBIA Nada define tão bem as eleições colombianas como o desejo de mudança. A demanda, que se tornou imperativo popular, tem em seus primórdios o chamado estallido social [levante popular] vivido no país em 2019 - 2021. O candidato de extrema-direita Rodoldo Hernández tentou se camuflar, mas ao final, os colombianos optaram pela fórmula que rompe com o poder estabelecido no país. Em seu discurso de vitória, neste domingo (19), Gustavo Petro, da coalizão progressista Pacto Histórico, afirmou que a mudança consiste em deixar o ódio e o sectarismo para trás: “as eleições mostraram duas Colômbias e queremos que esta seja uma Colômbia”.
Veja como foi: https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/.../quantos...
Agora é lutar - e muito -, para que o mesmo ocorra por aqui, fazendo vingar a eleição de Lula em outubro. Na lida e luta desde sempre...
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