segunda-feira, 27 de junho de 2022

FRASE DE LIVRO LIDO (178)


INTERCALADOS NOS POSTS DESTA SEGUNDA, LIVROS (01)*
* Ganhei alguns de presente de aniversário e aqui algo deles.
BRASIL DOS HUMILHADOS - UMA DENÚNCIA DA IDEOLOGIA ELITISTA, do sociólogo Jessé de Souza
A idéia é mudar a imagem que os brasileiros fazem de si mesmos. O autor, denuncia a divulgação da ideologia elitista, que culpa o povo - seu comportamento moral, suas escolhas políticas - pelas condições de vida precárias na cidade e no campo. Nossas elites, retrógradas e ainda aliadas ao estilo Casa Grande & Senzala, se valem dessa ideologia para o arruinamento da proteção social, a privatização dos bens públicos e o domínio discursivo dos meios de comunicação. Com este "Brasil dos Humilhados", Jessé Souza, autor de mais de 30 livros, revisita as idéias fundamentais de seu best-seller "A tolice da inteligência brasileira". Dá prosseguimento no que já estava abordando, as bases do pensamento nacional. Isso de tratar o povo como ser inferior, desprovido de senso para fazer suas escolhas, serve somente para aumentar a dominação e dinamizar ainda mais os ganhos de quem explora e os impõe isso de permencer sempre de joelhos, subservientes e calados, contidos. Jessé combate isso, o que até hoje fez com que, fossem criados estigmas sobre a suposta corrupção do povo, a miséria criada pore culpa própria e a preguiça se somassem, criando uma autoimagem do Brasil como nação sem futuro e da percepção dos brasileiros como seres desprovidos de virtudes. Eu mesmo, em alguns momentos, me vejo aceitando essa ideia e a passando adiante. Primeiro se faz necessário entender o que de fato se passa, como o povo foi levado a situação atual, entender como se dá a resistência atual e não repetir conceitos depreciativos do povo, mas estar engajado, junto dele, não só no meio dele, mas fazendo parte do processo evolutivo e transformador. Lutar é preciso, incluive na transformação deste país em algo muito mais palatável do que temos hoje. Este livro vai ser leitura das mais edificantes. Adorei o presente.

SERIA MAIS UM ÔNIBUS ABDUZIDO DA EDUCAÇÃO E CIRCULANDO DOMINGO DE NOITE, NO CENTRO DA CIDADE?
Depois do escândalo ainda não esclarecido de ônibus da Educação emprestado com tanque cheio e despesas pagas para a Cultura repassar para excursão com valor de passagem cobrada, eis que tudo assusta e chama a atenção. O primeiro caso ainda não foi nem um pouco explicado e pelo visto, causa pouco furor nas hostes fundamentalistas da atual administração. Mas eis que, ontem, domingo, 26/6, 20h39, conforme cravado na gravação feita, mais um ônibus da Educação aparece circulando pela aí assim meio que perdidão, desorientado da vida. Recebo o vídeo com o texto: "Ontem, domingo a noite, vi o ônibus da secretaria de educação andando por aí, por incrível que pareça por coincidência o centro estava cheio de outros onibus e pessoas desembarcando de viagens. Me espantou ver esse ônibus pra rua em um domingo a noite. Nada me tira da cabeça que novas viagens foram feitas, mas como a gente pode averiguar isso?". Como nem todos os gatos são pardos, posto o vídeo feito no cruzmento da avenida Rodrigues Alves com Virgilio Malta e aguardo a explicação plausível e preenchendo as expectativas. A Educação se safou bem na primeira justificativa, a da viagem para Poços de Caldas, enfim, cederam o ônibus para a Cultura e ela que se explique - algo ainda não feito. Neste caso, aguardamos informações, enfim, pode ter sido só algo do inexplicável mundo dos Ovnis, quando objertos são abduzidos e circulam por aí guiados por forças ocultas. Será estarmos sendo invadidos por estes?
Eis o vídeo recebido com o tal ônibus da Educação circulando todo pimpão pelo centro bauruense na noite de domingo: 

INTERCALADOS NOS POSTS DESTA SEGUNDA, LIVROS (02)
HISTORIADORES PELA DEMOCRACIA - O GOLPE DE 2016: A FORÇA DO PASSADO, organizadores Hebe Mattos, Tânia Bessone e Beatriz G. Mamigonian
Esse golpe, ainda em curso, chegou com Temer e se consolidou com Bolsonaro. Para começar a falar desse assunto, copio o que disse Tânia Bessone na abertura do livro: "Sugiro como marco inicial desse novo regime que não sabemos o nome, o dia 17 de abril de 2016, o dia da infâmia. Depois faremos outras periodizaqções. A do terror, por exemplo". Historiador tem que investigar, ler várias versões e denominar a mais adequada, a versão que mais se aproxima dos fatos. Aqui neste livro, documentos comprovando o golpe de 2016, incontestável, culminando com o impedimento de Dilma, naquele "teatro de horrores" que foi sua sessão de cassação de mandato. Nele um exercício de história imediata, pois os textos todos foram escritos ainda no calor dos acontecimentos, com uma ampliada pluralidade de olhares, todos unânimes em afirmar: foi golpe e uma preocupação comum, a de que a democracia brasileira continua correndo muitos riscos. Este livro é da editôra Alameda SP, com uma seleção de textos curtos, cada qual com sua avaliação dos acontecimentos, muitos deles ainda em curso, pois o golpe ainda não se findou. Vivemos esse clima de terror ou de fingida normalidade, quando na verdade estamos mais do que cientes do país ter entrado numa enrascada de difícil saída. Agora, para reverter a maldade em curso, só mesmo muito "sangue, suor e lágrimas". Os textos demonstram isso e muito mais. Vou me deleitar, pois estou a cada dia me aprofundando mais nessas questões de querer saber mais e mais de como conseguimos cair nessa.

ESPERNEAR É POSSÍVEL, FUGIR DA RAIA NÃO - PROCESSANTE PROSSEGUE EM BAURU
A compra mal feita de fato ocorreu, disso creio eu, ninguém mais tem a menor dúvida. Imóveis inservíveis, edificações em locais sem estudo prévio, preços mais do que esquisitos, muito acima dos oferecidos pelo marcado e tudo feito no apagar das luzes de 2021, sem consultar ninguém. Estranho, muito estranho. Vereadores investigaram e me lembroda fala de Chiara Ranieri, olhando cara a cara para a prefeita: "Temos aqui motivo não só para a processante". Ela veio, mas a inconPrefeita não só renega, como trata tudo com desdém. Evidente que ela sentiu o baque, o golpe, mas finge não ser com ela. Tanto sentiu que, não encontrando algo consistente na advocacia da Prefeitura, foi em busca de respaldo paulistano, algo cobrado de forma consistente. Falam em milhões. Ela volta da consulta paulistana, tenta barrar o início da Processante, mas nada consegue. Tanto o promotor como o juiz da questão rejeitam a liminar proposta e tudo segue. Evidente que, ela irá recorrer e a pendenga deve se arrastar por bom tempo, o que não impedirá da investigação prosseguir. Agora, ela tem dez dias, a contar de sexta passada, para apresentar suas justificativas. Muito aguardado pela cidade o que virá daí além do que já foi dito. Não cola mais a reafiormação de que tudo seguiu trâmites legais, quando toda a cidade já sabe que tudo foi feito pela cabeça dela, a alcaide e mais ninguém. Enfim, por que optou por não ouvir ninguém e bancar sózinha a compra? Aguardemos, assim como o vice, de dedinhos cruzados...

INTERCALADOS NOS POSTS DESTA SEGUNDA, LIVROS (03)
GOLPE 16 - O LIVRO DA BLOGSFERA EM DEFESA DA DEMOCRACIA, organizado por Renato Rovai, prefácio de Lula e entrevista com Dilma Rousseff
Os golpes destes tempos são mais sutis, não precisam mais de tanques nas ruas, nem baionetas espalhadas pelas esquinas. Tudo ocorre sem fechar veículos de comunicação, sem cassações de deputados, sem tiros, sem violência - aparente, viu! -, sem juízes sendo afastados de suas funções. Trata-se de uma ruptura democrática, mas com cara de legalidade. Engana só incautos, pois por debaixo dos panos, a mesma defesa da classe mais abastada, privilegiada. Neste caso bem brasileiro, aproveitam e entregam o pré-sal. A putaria é generalizada, tudo favorecendo o rentismo, empresários entreguistas, parte do Judiciário, de quase toda a mídia tradicional e do parlamento. Tudo no mesmo balaio e como disse Jucá, "com o STF, com tudo". Blogueiros progressistas denunciaram isso desde o início, mas mesmo entendidos, não foram ouvidos. Este livro foi escrito por esses, blogueiros, junto de jornalistas e ativistas. Resumindo tudo, um livro escrito por quem faz a história pelo lado da democratização da informação, de quem não se rendeu ao pensamento único. E de quem continua denunciando tudo, escancarando as falcatruas, os conluios, conchavos e acordos espúrios. Aqui algo contundente contra essa máfia: a mídia golpista. Textos de dois vigorosos bauruenses, Luiz Carlos Azenha e Gilberto Maringoni. O livro foi lançados pela Edições Fórum/Publisher SP. Sei de antemão que irei gostar muito e ao final da leitura irei ficar ainda mais puto da vida.

NESTE MOMENTO DE MINHA VIDA, Por Eric Nepomuceno*
*Publicado edição do diário argentino Página 12, edição de domingo, 26 de junho de 2022. Guardados todas as devidas proporções, o brilhante jornalista Eric Nepomucemo acaba de completar 74 anos e eu, este modesto mafuento HPA, 62. Ele vivenciou e enfrentou muitos mais perigos que este mafuento, mas me espelho em seu escrito, para proclamar que, além de me inspirar, tenho um pouco disso tudo, na forma de resistência e de olhar para o que fomos, somos e seremos. Este seu texto é o que melhor encontrei - e conseguiria produzir - para expressar como me sinto neste momento, daí o copio e reproduzo. Leiam abaixo e tirem suas conclusões:

"Na última quarta-feira, 22 de junho, completei 74 anos. Há muito venho dizendo, e repito aqui, que a vida não me deve nada.
Convivi muito de perto com algumas das melhores cabeças do meu tempo , tive e tenho amigos de especial grandeza, tenho o mesmo companheiro há 51 anos, cinco meses e oito dias, um filho que me enche de orgulho.
Soube sobreviver a perdas infinitas, a começar pela do meu pai e também de amigos e almas amigas. O vazio na alma nunca deixará de existir, mas é preciso viver a vida com esse buraco e com a memória plena do que foram e, de certa forma, ainda são.
No meu tempo de repórter, consegui sair ileso da cobertura das guerrilhas urbanas na Argentina (1973-1976) e das guerras civis no Saara e na América Central, principalmente em El Salvador (1976-1983).
Passei por dois exílios, primeiro na Argentina (1973-1976), depois na Espanha, que ainda carregava o peso do legado desastroso de Francisco Franco (1976-1979).
Tem sido uma vida particularmente intensa. Que, insisto, ele não me deve nada, absolutamente nada.
O que nunca imaginei, mesmo nos momentos mais sombrios, é que chegaria à minha idade vendo o que está acontecendo no meu país. Nunca.
Essa decadência feroz começou, não deve ser esquecida, com o golpe institucional que afastou Dilma Rousseff da presidência e instalou em seu lugar um ladrão comum chamado Michel Temer . Devemos a ele o desmantelamento da estatal Petrobras e a atual política de preços, o que significa que o que é produzido em reais, a moeda nacional, é pago em dólares. E também a transformação de uma petrolífera integrada em outra, que perdeu refinarias e redes de distribuição.
E então veio o sucessor, a maior e mais abjeta figura da história da República brasileira: Jair Bolsonaro (foto) . E a catástrofe se alastra e destrói ou ameaça destruir tudo o que nos levou décadas para existir.
Por mais que eu entenda que desde o golpe militar de 1964, que estabeleceu uma ditadura feroz que durou 21 anos, a primeira coisa que foi desmantelada foi a educação, criando gerações de brasileiros submersos na mais profunda ignorância – e ignorância em todos os sentidos. a ignorância política a que ele se refere à realidade do nosso país – ainda me impressiona que Bolsonaro tenha sido eleito presidente.
Conheço também a extensão dos danos causados ​​ao Brasil pelo trabalho de um juiz desonesto e manipulador, Sergio Moro, que deteve ilegalmente o ex-presidente Lula da Silva, auxiliando concretamente na vitória de Bolsonaro . Desde o primeiro momento compreendi que Moro agia, para demonizar a política brasileira, com total apoio da mídia oligopolista, de parte substancial dos militares, dos donos do dinheiro. E que teve a omissão cúmplice dos membros da mais alta instância da Justiça, o Supremo Tribunal Federal, que levaram anos para chegar à conclusão óbvia: todo o julgamento e a prisão de Lula foram uma farsa, e foi anulado.
Eu sei de tudo isso, eu entendo, mas uma pergunta continua a sufocar minha alma: como é possível ter tanta gente que vai votar de novo naquele ladrãozinho grotesco, naquele aprendiz de fascista?
O Brasil de 2023 será um monte de poeira da ruína que será deixada por Bolsonaro. Por onde começar a reconstrução?
Guardo na alma uma esperança imaculada: que assim que for catapultado da cadeira presidencial e a imunidade concedida por lei, Bolsonaro seja levado diretamente a um tribunal para responder pela infinidade de crimes que cometeu ao longo de seu imundo mandato.
E essa esperança me ajuda a aguentar até que esse dia finalmente chegue.
Que a vida continue sem me dever nada".

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