IMPRESSÕES DA ALCAIDE BAURUENSE*
* Meu 70º texto para semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, edição chegando nas bancas na manhã de hoje.
Viajar é algo indescritível. Gosto muito. Por onde circule, em algum momento a conversa gira pelo interlocutor do outro lado, em querer saber de onde você é. E daí, você acaba declinando sua aldeia de origem, dando início em nova conversação. Nestes dias, passei por algumas pelas quais poderia muito bem não ter escutado. Não pensem ter brigado ou contestado o que ouvi.
Aqui hoje, de onde me encontro, na capital paulista, no momento em que falei ser de Bauru para o dono do restaurante onde almocei, na região do bairro da Saúde, o sujeito deu uma gargalhada. Fiquei sem entender e quis saber do motivo do incontido riso. “É por causa de sua prefeita. Meu, não dá para entender, ela é negra, mas renega até a cor, tudo por causa do seu posicionamento político e religiosidade. Vocês estão mal, cuidado, com bolsonarista não se brinca”, disse e me alertou.
Terminamos rindo juntos, enfim, tudo o que me disse da percepção à distância que tinha da prefeita bauruense, eu comungava de todos. Quis saber como sabia de detalhes da atuação da dita cuja. “Não sei se você sabe, mas a sua Bauru é hoje uma espécie de embaixada paulista do bolsonarismo. Bauru se transformou no epicentro dos abilolados e pode ser, em breve, se vocês não acordarem à tempo, em reduto de vários espalhados por aí, os intransigentes, os tais que ninguém quer em lugar nenhum. Já imaginou Bauru no paraíso destes?
Essas notícias correm e ela é muito conhecida, mas pelo lado negativo, para onde arrastou Bauru, a terra do Pelé”, me diz.
Que faço, quando concordo? Só posso dar vazão e assim ele falou mais e mais. Acabou interrompendo o trabalho no caixa, repassado para outrem e me deu aula sobre como enfrentar estes. Morro de vergonha quando isso acontece, pois não sei existir coisa pior do que, quando longe, ouvir algo de sua cidade estar associada a procedimentos negativos. Mesmo não sabendo onde enfiar a cara, creio que, a única forma de ultrapassarmos o mais rápido possível é ampliar os fatos ocorridos, para assim, alguma providência despontar no horizonte mais rapidamente.
Que faço, quando concordo? Só posso dar vazão e assim ele falou mais e mais. Acabou interrompendo o trabalho no caixa, repassado para outrem e me deu aula sobre como enfrentar estes. Morro de vergonha quando isso acontece, pois não sei existir coisa pior do que, quando longe, ouvir algo de sua cidade estar associada a procedimentos negativos. Mesmo não sabendo onde enfiar a cara, creio que, a única forma de ultrapassarmos o mais rápido possível é ampliar os fatos ocorridos, para assim, alguma providência despontar no horizonte mais rapidamente.
Mas eu me chateio, enfim, é tão chato ser ironizado. Noutro dia o dono de um sebo em Águas da Prata, ao me apresentar como de Bauru, a primeira coisa que me disse: “A terra da prefeita bolsonarista neopentecostal”. Todos sabem, notícia ruim corre muito mais rápido que as boas e como se espalham com o vento, não tendo também como defender a alcaide, acabo entrando no clima e coloco mais lenha na fogueira, com informações adicionais. Em Jaú, semana passada, num velório da mãe de amigo, numa roda de conversa, surge o assunto Bauru e um adentra o mesmo assunto: “Bauru piorou muito, hem! Como conseguiram escolher uma prefeita tão sem noção?”. Nessa eu até me sai bem, respondendo na lata: “Concordo, regredimos, mas Jaú não ficou para trás, pois o Cassaro é tão fundamentalista quanto”.
Nem sempre é assim. Em Arealva no lançamento de um livro histórico sobre a cidade, sou obrigado a ouvir que a prefeita de minha cidade teve não sei quantos pedidos de processantes num curto espaço de tempo. “Ela bate recordes, hem!”, me diz o gaiato e é a mais pura verdade. Que faço? Jogo mais lenha na fogueira. Não tenho um só motivo para render-lhe justas homenagens, daí, endosso tudo, mas confesso, está ficando chato. Não ouvi até agora sequer um mero elogio destes de fora e como a primeira impressão é a que fica, resoluto, aguardo ansioso o tal do “mais dia, menos dia”, quando o povo cairá em si e daí, pra perder logo a paciência um pulo.
Henrique Perazzi de Aquino – jornalista e professor de História (www.mafuadohpa@gmail.com).
Impossível passar em branco e não fazer um mínimo de comentário para os dois últimos textos do professor Luiz Gonzaga Belluzzo para CC. No primeiro, quando cita Machado de Assis e da voracidade do lucro, quando vender uma "sobrinha" é tão intensamente vil quanto as negociatas atuais. O amor desmedido ao dinheiro está também presente quando lendo a biografia de militar exemplar, general Lott, reforça o que este fez para "de forma enérgica e eficiente impedir os arroubos golpistas da tigrada". Belluzzo sabe, que os interesses de hoje vão muito além do interesse pelo Brasil. Hoje, Lott insistiria em tentar impedir o derramamento de sangue, mas a maioria, mais de 8 mil dentro do desGoverno, pensam e agem prontos para vender a própria "sobrinha". Evidente que, um time de futebol, nas condições atuais do Brasil não iria permitir um presidente com essa postura tão límpida e oxigenante como a de Belluzzo. Talvez num outro momento deste País. Talvez...
Leiam os dois textos, clicando nos links abaixo:
“O soldado da democracia - Homenagem ao general Lott, que entrou para a história por preservar a ordem constitucional”, texto publicado na revista em 15/07/2022: https://www.cartacapital.com.br/.../o-soldado-da-democracia/
“Sobre o amor ao dinheiro em si – De Machado de Assis a Paulo Cunha e a Luiz Inácio”, texto publicado na revista em 07/07/2022: https://www.cartacapital.com.br/.../sobre-o-amor-ao.../
ROMARIA QUE SEMPRE GOSTO DE MARCAR PRESENÇAHoje, dia 23/7, acontece nas cercanias de Bauru, mais uma Romaria da Terra e das Águas. Quem a organiza é a comunidade lá do Assentamento Aymorés e todo ano, movimenta o pessoal ligado nas questões da terra. Não poderia ocorrer em melhor lugar, pois ali em Aymorés, o início de algo sólido, um assentamento de fato e de direito. Quando convidado por Maria da Luz, do CPT e Zé Mária, ambos moradores do local, vou e tiro fotos, escrevo deles com o maior gosto. A Pastoral da Terra, da igreja católica, só acontece de fato em Bauru por causa de abnegados como estes dois aqui citados, ambos enfronhados nessas questões uma vida inteira. A romaria vai além da caminhada pelas estradinhas de terra do lugar, pois com ela a possibilidade de discussão dos temas candentes nas grandes questões nacionais. Nossa reforma agrária está mais do que incompleta e se já não era realizada a contento em outros governos, com este do capiroto, deixou de vez de acontecer. Hoje a partir das 9h e com a presença do deputado federal Vicentinho, mais uma edição. Não compareço, pois estou longe de Bauru na data de hoje, mas aguardo as fotos e os comentários para escrevinhar deles, bravos guerreiros e lutando por uma das causas mais justas e dignas deste país.
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