Circulei este ano por algumas cidades, após o abrandamento da pandemia e em todas, museus abertos ao público - ontem mesmo, domingo, visitei o Museu do CAfé, área rural de Piratininga e me encantei pela efetiva interatividade dos visitantes no local. Entro em todos e penso em minha aldeia, essa Bauru com três e todos fechados. É para entristecer e endoidecer gente sã. Sei dos percalços do Museu HIstórico - onde era antes a estação da Cia Paulista, ali na Rio Branco -, com grana recebida através de emenda parlamentar, depois incrementada com complementação pública local, aditivos sendo exigidos, mas tudo parado, o telhado ficou descoberto por um tempo, depois retomaram e tudo foi coberto, depois parado novamente e hoje, sem nenhuma movimentação. Agora, com o fim da obra no Ferroviário, aguardo ansioso e a roer as unhas por essa aupiciosa reabertura. A Cultura Municipal, tão vilipendiada hoje na atual administração, merece com essa reabertura, uma amostragem do que o quadro de funcionários, a maioria formada de abnegados profissionais, é possível. Creio não ser somente este mafuento escrevinhador a clamar por essa reabertura. Museu é tudo e vê-los fechados é algo mais do que entristecdor. Que agora, superemos este momento e a seguir lutemos - e muito - pelo fim das obras no Histórico Municipal e no MIS. Museu é tudo de bom!!!
Em tempo e só para lembrar: Nossa atual incomPrefeita é especialista em derrubar banheiros públicos - vide os do parque Vitória Régia - e em seu lugar, locar banheiros ambulantes. Se o problema é banheiro móvel, creio ela ter alguma expertise no assunto e deveria ser consultada, para apressar reabertura.
GREVE POR EQUIPARAÇÃO DOS VALES ALIMENTAÇÃO
A atual administração da Prefeitura Municipal, comandada pela incomPrefeita Suéllen Rosim, anuncia aumento acima da média para o vale alimentação dos funcionários, passando de R$ 600 para R$ 1 mil reais mês. Todos acharam ótimo, mesmo a medida sendo eleitoreira, pura jogada de marketing, tipo bola atirada pra torcida, porém, ela deixa de fora categorias vitais para o bom andamento da coisa, como os da Emdurb, com greve anunciada e deflagrada a partir da data de hoje, como se vê na foto de última manifestação da categoria. E aí, ela irá capitular, pagar o mesmo para todos ou enfrentar o problema numa queda de braços e medição de forças?A incomPrefeita Suéllen Rosim, mais bolsonarista e fundamentalista impossível, hoje teria que se deparar com greve dos funcionários da Emdurb. O motivo destes é mais do que justo. Ela concedeu aumento vale alimentação de R$ 600 para R$ 1 mil reais mês para funcionários da Prefeitura e deixou de fora do benefício os servidores da Emdurb. Por que uns merecem e outros não? Daí a justa greve marcada para ter início hoje. Sabe o que ela fez? Primeiro, não equipara os vales, depois chama a Polícia Militar para barrar o movimento. É dessa forma e jeito que a bonitona enfrenta as trapalhadas onde coloca sua assinatura. É exatamente o que Bolsonaro faz e faria. São farinhas do mesmo saco, sem tirar nem por. Assim, com a polícia nos calcanhares dos grevistas, Suéllen estabelece aberto o diálogo e comparece à mesa de negociação. Sete viaturas estacionadas bem no portão de entrada e saída dos funcionários. Mais democrático impossível. Tudo sem nenhum tipo aparente de pressão. Este desGoverno já chegou ao fim, sem nem bem ter começado. Irão tarde.
Obs.: A foto ilustrativa abaixo é de autoria de Rafael Santana de Lima, que também escreve a respeito.
FORMAS DE DESPEJAR SUA HISTÓRIA PARA OUTREM E ESTE PASSÁ-LA ADIANTE
Prof. Euclides Garcia Paes de Almeida |
Recebo via Messenger do facebook, alguém me postando longo texto: “Li teu comentário na revista Carta Capital de 26 de dezembro de 2018. Espero podermos trocar ideias por aqui. Sou alguém que foi procurado pelas forças da repressão política, no estilo do "vivo ou morto" por uma denúncia! Sem saber de que me acusavam, tive que ficar escondido em diversas cidades e 3 fazendas de parentes por 6 meses, e quando voltei pra Sampa, o advogado que eu constituíra nesse período todo me disse que não encontrara nenhuma denúncia oficial, ou processo e me aconselhou a ir pro exilio "até baixar a poeira". Assim em início de novembro de 1969 fui pra Montevideo. Lá fui morar numa pensão e por coincidência fui parar num quarto com outro brasileiro, estudante gaúcho. Mal cumpria uma semana e quando eu e esse gaúcho voltávamos à noite de uma visita as lojas, fomos presos por policiais uruguaios que procuravam guerrilheiros tupamaros. Fomos presos e passamos por 3 locais de detenção, sem nenhuma acusação. Consegui sair depois de avisar os jornais de lá, e depois o outro também. Passei lá até 1970 e em início de 71 fui pro Chile. Recebi carta de meus pais com 5 atestados de "nada consta" e resolvi voltar. Trabalhei em agências de Propaganda até que em julho de 1973 fui preso pelo Deops e imediatamente torturado nele e depois pelo DOICODI. Após ficar 2 meses e 40 dias preso fui solto sem nenhuma acusação. 33 anos após o meu melhor amigo de Araçatuba me pediu perdão e contou ter sido ele quem me denunciara, pois acreditava que eu estivesse dentro de uma organização clandestina de esquerda e ele era do S.N.I. Sabia esse tempo todo que eu era inocente, mas só agora me contava isso, pois tinha apenas 2 meses de vida, câncer inoperável. Esse é um pequeno exemplo do que eu passei nos meandros de uma ditadura militar. Hoje sou anistiado político pois, fui perseguido, preso, torturado por algo inexistente. Independente desse viés político gostaria de poder trocar ideias contigo, pois creio termos outros pontos convergentes!”.
Assim o respondi: “Conte sobre o comentário lido de minha lavra na Carta Capital. Quero me recordar dele. Sua história de vida é de muita resistência”.
Assim o respondi: “Conte sobre o comentário lido de minha lavra na Carta Capital. Quero me recordar dele. Sua história de vida é de muita resistência”.
Ele envia texto complementar: “Carta Capital é uma das poucas publicações que resistem bravamente e atuam sempre dentro dos princípios da verdade factual, algo inabalável em sua trajetória. O cerco do governo amplia-se,mas a revista estará, certamente mais operante e implacável. Infelizmente o cerco à existência da imprensa escrita está enorme, pela "disruptura", que é algo que condeno, pois acredito que devemos sempre preservar os princípios de todas as tecnologias. Sempre mostrava isso pros meus alunos, com o caso do filme do naufrago, que ficou numa ilha deserta e tentou fazer fogo pelo princípio que aprendera quando na infância (aliás creio que todos nós). Porem ele apanhou pra chegar ao verdadeiro princípio de como poder fazer o fogo, pois exige uma serie de quesitos, que nossa racionalidade produz. Eu sobrevivi, quando em fins de 1969 fui preso de forma ilegal e clandestina pela polícia uruguaia e usando de alguns critérios de criatividade pude avisar a imprensa o que se passava. E antes disso eu que fui preso junto com um estudante gaúcho, o informei de um modo de podermos conversar e planejar um meio de fuga ou de avisar a imprensa usando apenas um pente e um fio de linha preto simulando fio de cabelo. Era amarrando um fio longo preto no 1º dente dos dentes finos e usando cada dente fino como letras em ordem alfabética ir passando o fio entre os dentes e usando os dentes grossos como números de 0 a 9. Pra minha sorte os policiais suspeitaram de minha mala de viagem, quando nos prenderam dentro da pensão. Acreditavam que minha mala devia ter fundo falso com coisas escondidas nela de organizações de esquerda. Mas lá na prisão rasgaram o forro da mala e descobriram que não tinha nada disso e me devolveram na minha solitária. Essa mala eu usara nos momentos em que estive escondido em fazendas de parentes na região sul do Mato Grosso e na região norte do Mato Grosso. Eram 1 carretel de linha preta e um de linha branca, agulha e botões. Também tinha caderno e caneta. E guardava nos últimos dias notas de dinheiro uruguaio (de 100 pesos), que valiam hoje a 30 reais cada”.
Intrigado, somente aqui cito seu nome e o questiono: “Euclides Garcia Paes de Almeida, posso publicar esse seu depoimento, com as devidas correções no meu blog e facebook. Creio ser um documento interessante sobre procedimentos truculentos daquele período da história brasileira. Henrique”.
Não sabendo direito o que fazer com o material recebido, daí resolvo publicar tudo do mesmo jeito recebido. Eis sua última mensagem: “São tantos os procedimentos truculentos da ditadura que as pessoas nem conhecem, pois muita coisa ainda não foi à luz do dia Claro, eu posso te passar melhor pelo que eu andei escrevendo pra um livro de memorias. São tantas e acho importante editar o livro não por mim, mas pra saberem coisas dessa época que ainda estão encobertas. E o que eu digo, muito disso eu posso provar. (...) depois te explico cada manchete dessas. Vou depois te indicar as origens desses slides todos pela ordem de postagem.”
Pelo mesmo facebook, aceito seu pedido de amizade e descubro ser ele professor de História, residente em Araçatuba. Por que publicar este texto assim sem maior checagem? Vasculho seu facebook e descubro ser ele realmente professor e estar tentando denunciar ou contar sua história há bastante tempo. Dei o pontapé inicial e assim, com ela exposta, conforme sua autorização, tem início o desbravamento de tudo o mais. Quantos não se encontram na mesma situação, à espera de uma brecha para abrir seu baú de memórias? Desabafar, tornar algo público, conversar, encontrar um interlocutor faz um bem danado e assim algo onde já estivemos enfurnados torna-se do conhecimento de maior número de pessoas. Vem mais por aí, enfim, sua história necessita ser passada adiante, ser contada em detalhes. Ela é merecedora de primoroso texto, talvez um livro.
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