sábado, 13 de agosto de 2022

REGISTROS DO LADO B (98)


NO 98º LADO B, A POESIA DE JOSÉ BRANDÃO E DOS PORQUES DESTE PAÍS SER IMPOSSÍVEL E NÃO SER PARA PRINCIPIANTES

José Brandão
é um poeta que, em boa parte de sua obra, teceu loas para sua aldeia, Dois Córregos, portanto, trata-se de eminente caipira, interiorano como todos nós e com um algo mais, a sapiência de saber colocar no papel e registrar, na forma de poesias e crônias, o que lhe vai pela mente e também, algo mais do passado, presente e sua visão de mundo. Um grande poeta, com muitos livros publicados e sempre cavando espaço, não só para propagar a poesia de sua lavra e a dos que o cercam. Inesquecível sdua participação em tantos festivais, aqui e por aí afora. Seus livros saem publicados de tudo quanto é forma e jeito. Em alguns casos paga a edição, noutros consegue parte do patrocínio ou mesmo, vai longe, como no último, em busca de algo mais para rodar, imprimir e colocar à solta seus escritos. Ou seja, Brandão faz e acontece, ao seu modo e jeito, ele e sua Sônia, a esposa, parceira de todas suas artes, também poeta, inconformada do mesmo jeito e maneira. Desta forma e jeito, eis o 98º LADO B - A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES.

Como o danado está lançando um novo livro aqui por Bauru no próximo dia 17 e logo mais outro, edição oriunda de um concurso no Pará, nada como ouvi-lo. Queria fazê-lo faz tempo, mas agora, quando fui agraciado com um exemplar do "O País Impossível", vi que tinha chegado a hora. O danado se superou e botou todos os bofes pra fora, numa poesia não só contundente, como afiada. A poesia neste e a crônica no outro, ou seja, versátil, audaz, lépido e fagueiro, sempre presente e atuante. A conversa será hoje e lá do hall de entrada de sua residência, quando sentaremos pra prosear e falar um pouco mais dessa arte da escrita e de tudo o mais a envolver a vida de quem se predispõe a escrever.
Vamos juntos?

EIS O 98º LADO B, COM O POETA JOSÉ BRANDÃO, O "AFINADOR DE SILÊNCIOS", FALANDO POUCO, MAS SEMPRE CONTUNDENTE E PRECISO, DIRIA MESMO, CIRÚRGICO
Uma hora de boa prosa, contida, porém sempre cheia de lucidez, clareza e a retidão de quem sabe o que faz: https://web.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/429704245616133


outra coisa
RODOVIAS PAULISTAS, UM TANQUE DE GUERRA E OS TRABALHADORES*
* Meu 72º texto inédito para o semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, em edição de hoje:

A história aqui relatada me foi contada, pequena parte, ampliada por mim, do jornalista e escritor Camilo Vannuchi. Ele esteve em Bauru nesta semana para participar da Semana de Jornalismo, na Unesp Bauru. Curioso fui ouvi-lo e não me arrependi. O tema do qual teria que discorrer por quinze minutos era “Jornalismo, Direitos Humanos e Equidade Social”. Ele escolhe forma bem didática para discorrer sobre o tema.

Começa dizendo sobre a viagem que fizeram da capital paulista para Bauru, trazidos por veículo da universidade e logo ao sair da capital, o nome da rodovia utilizada lhe chama a atenção, Marechal Castelo Branco, o primeiro ditador do pós 64. Para seu espanto, na parada para o lanche no Rodoserv, ele se depara com um tanque de guerra ali exposto e com o propósito de que, os visitantes tirassem fotos junto à peça de guerra. Achou justo, enfim, um general e um tanque de guerra no mesmo quadrilátero.

Prossegue a conversa. Isso tudo o fez se lembrar que após a morte do piloto Airton Sena, o governo paulista da época, querendo lhe homenagear dá seu nome para uma rodovia. Mal qual? Tínhamos então, a Castelo Branco, Bandeirantes, Imigrantes, Anhanguera e dos Trabalhadores. Devem ter matutado muito, segundo disse e chegaram, evidentemente na conclusão mais óbvia possível, o único nome com alguma possibilidade de ser trocado sem constrangimento para os barões, estes sempre atentos, foi a dos Trabalhadores. Estes não teriam do que reclamar, nem lhe dariam ouvidos.

E assim foi feito, a antiga rodovia dos Trabalhadores passou desde então a se chamar rodovia Airton Senna. E ponto final. O que quis dizer o nobre palestrante, para plateia formada quase que em sua totalidade por jovens estudantes, cabeças em formação e ebulição? São as tais escolhas que todos em certos momentos da vida somos obrigados a tomar. Imagina que iriam trocar o nome do general Castelo Branco. Nem pensar nessa hipótese. Com certeza, geraria problemas mil e indissolúveis. Todos os outros remetem algo, onde quer queiram ou não, existem laços com as tais “forças vivas”, daí o menos problemático e diante de nenhum nova para ser inaugurada, saca-se o nome do “Trabalhador” e tudo resolvido. A corda, como se sabe, sempre arrebenta do lado mais fraco.

A fala foi motivo de risos, porém, deve ter colocado também uma minhoca na cabeça de muitos. Minhocas na cabeça de qualquer jovem é o que de melhor pode acontecer em sua formação. E daí ele discorre para finalizar sua fala sobre quem de fato é merecedor dos espaços de visibilidade na mídia, no trato com os escritos e o que nos é passado como informação, de que forma, maneira e jeito. Enfim, as tais escolhas do que deve se fato ser considerado na abordagem de um tema.

Saio com aquela junção de elementos a movimentar meus próximos passos. Parecia algo banal, meio sem sentido, mas com tudo a ver, principalmente do jeito como encaramos as questões envolvendo os tais “donos do poder” à nossa volta. Hoje, o tanque de guerra lá no Rodoserv é altamente emblemático, ainda mais neste momento bolsonarista, onde o presidente, miliciano de carteirinha, faz questão de insuflar tudo e todos com bravatas e provocações de força. E a peça é ali colocada, junto da rodovia reverenciando também algo militar e assim, discutimos com maior propriedade de algo a envolver a questão tão pertinente e contestável dos Direitos Humanos e da Equidade Social.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

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