MINHAS CENAS ENTRE REFLEXÕES DESTES TEMPOS
REFLEXÃO UM - "Estamos todos embrutecidos Parece que nada esgota a raiva.
Estamos acumulando mágoas. Qualquer dia o simples gesto de dar as mãos será considerado insano. Desumanizamos. O amor, essa delicadeza que contém tanto significado, será insuficiente para encher nosso vazio cheio de artifícios .Nem os poetas se salvarão. Quando as palavras saltarem de nossas mãos, afogaremos todas com desdém. Vomitaremos os versos. Lançaremos as rimas na fogueira da inquisição pós-moderna. Toda metáfora será considerada culpada. A licença poética perderá a licença de ser poesia. O ódio venceu o homem, o ódio vencerá o menino? A mentira vencerá a verdade? Sou uma mulher do século vinte e um e ainda posso chorar. A lágrima é verdadeira", Angela Zanirato
01. Publicado em 22/10/2022: "Propaganda é a alma do negócio", ouço isso sendo repetido pelos mais diferentes lugares. Aqui mais um, a de um senhor atuando diariamente na calçada da rua Campos Salles, dou outro lado da rua, defronte o supermercado Confiança Falcão. Ele afirma já ter vendido a sorte, em parceria com o chaveiro do quarteirão, mas ela não o sorteou e, assim ali precisa continuar, ralando diariamente".
REFLEXÃO DOIS - "Extremistas de direita não fazem protestos contra a fome, por melhores condições de saúde e educação, melhores condições de trabalho,compra de vacina na pandemia, mas há 8 dias estão protestando contra a democracia", Kyn Junior.
02. Publicado em 23/10/2022: "Cena igual a essa se repete neste momento pelas calçadas deste país, demonstrando o desalento estampado na face de tantos esfomeados e abandonados à própria sorte. Aqui, um recorte de tantos descados juntos, em foto diante do supermercado Confiança Falcão. Impossível ir revendo isso pelas esquinas e achar que está tudo bem, tudo normal, quando o que se vê é exatamente o contrário".
03. Publicado em 26/10/2022: "Rua Aparecida, quadra 2, proximidades igreja Aparecida e cena se repetindo por toda a cidade, a tentativa da maioria da população em se virar nos 30 e levar algum pra casa ao final do dia, diante de um presidente miliciano repetindo não vivermos num estado de miserabilidade. Ouço um do grupo reclamando do preço do papel, R$ 0,10 o quilo, daí um corre danado durante o dia com pífio resultado no final dele, porém sem perspectivas, continuar é preciso.
04. Publicado em 27/101/2022: "O mais chocante nas esquinas bauruenses são os mais idosos, pedindo com um clamor na voz quase sumida, como a deste senhor, esquina da Nações com a Nuno de Assis: "Me dê algo, por favor, qualquer coisa". E me vendo responder não ter nada naquele momento, repete tudo e me faz, ao abrir o sinal, parar pra conversar. Ele tem fome, sede e não sabe mais o que fazer de sua vida. Se arrasta pelas esquinas e quando penso neles todos, vou ao livro Os Prêmios, do argentino Julio Cortázar, rememorando sua frase de abertura: "Que faz um autor com as pessoas vulgares, absolutamente vulgares? Como colocá-las perante seus leitores e como torná-las interessantes? É impossível deixá-las sempre de fora da ficção, pois as pessoas vulgares são, em todos os momentos, a chave e o ponto essencial na corrente de assuntos humanos; se as suprimos, perdemos toda probabilidade de verdade", Dostoiévski, "O Idiota". No caso dos tantos trombando pelas esquinas, substituiria o vulgar, pelo invisível, o miserável. Todos eles e suas histórias me tocam profundamente".
05. Publicado em 29/10/2022: "Manhã de sábado, movimentação intensa, inclusive com formação de fila, chama a atenção diante da igreja católica, localizada junto da praça Rui Barbosa, centro velho bauruense. O que seria? Algo subversivo ocorrendo em plena luz do dia? Na constatação, verifica-se ser o aglomerado humano fila de famélicos, que todo sábado, com o Bom Prato de portas fechadas, ali aguardam o café da manhã oferecido pela ação social da paróquia. A fome é a latente subversão, ferindo tudo e todos nesta cidade e país, mesmo sem ser notada por insensíveis políticos nativos".
REFLEXÃO SEIS - "Gente, imagina se o Zanin, no governo Lula, assume uma vaga no STF?
Eu vou morrer de rir da cara do Moro", Rosa Camolez.
07. Publicado em 03/11/2022: "O "pau come na casa do Noca", como diz o samba e na praça Salim Haddad Neto, vila Cidade Universitária, 7h da manhã de hoje, com um frio muito estranho para o período, além de vento de cortar mamona, ele dorme enrolado em alguns poucos cobertores e seus andrajos, tendo a seus pés os poucos pertences, todos dentro de sacolinhas de plástico de supermercado, passando desapercebido pela maioria dos transeuntes, enfim, trata-se apenas de mais um dos tantos invisíveis de nossas ruas. Faça sol ou chuva, frio ou calor, ele estará por aí, ele e suas necessidades, ele e milhares na mesma situação".
08. Publicado em 04/11/2022: "Rua Francisco Alves, quadra 1, acesso da Bela Vista para Vila Falcão e bem junto dos trilhos um portal, levando a barracão e residências ferroviárias da Noroeste do Brasil. Para quem passa pela rua, enxergando algo distante, muito ao fundo, a curiosidade por desvendar o seu conteúdo".
09. Publicado em 06/11/2022: "Debaixo do viaduto eternamente inacabado, junto da avenida Nuno de Assis, tendo ao lado trecho férreo abandonado, num dos seus vãos, justamente onde deveria estar funcionando uma ponte tornado o mesmo de duas vias, um colchão e alguns pertences, indicando ali dormir pessoas. Essa cena se repete em quase todos os viadutos da cidade".
Todo ódio aos terraplanistas e inimigos da vida", Wellington Leite.
10. Publicado em 08/11/2022: "Essa cena aqui postada nessas duas fotos pode parecer a coisa mais normal deste mundo, mas muito me incomoda. De lum lado, uma pequena farmácia de bairro, anos no local, fazendo de tudo e mais um pouco para sobreviver e continuar de portas abertas e do outro, esquina onde antes tinha agência bancária do Itaú, mais uma farmácia de rede espalhada país afora. Uma, que já tinha dificuldades, agora dificilmente vai continuar por muito tempo de portas abertas e outra, indo em busca de nichos pela aí, sem se importar se ao lado já existia outra e nas condições que vai deixá-la daqui por diante. Tudo muito normal e assim segue o jogo lá no coração da vila Falcão, defronte o supermercado Confiança. Eu passo ali quase todos os dias deste mês e me espanto, mas a maioria finge não perceber o sufoco, o estrangulamento em curso".
RECADO DO HPA (05)** Eu sempre gostei mais de escrever à mão do que datilografar ou teclar celular ou computador.
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