Curitiba, capital do estado doi Paraná mora no meu coração desde algum tempo e a foto enviada a mim pelo amigo bauruense, hoje com mais de 30 anos por lá, Kizahy Baracat Neto me reavive algo, desabrochando pra fora e, creio eu, tenho que contar algo. Conheci a cidade por causa de minhas atividades profissionais com a HPA Chancelas, minha saudosa firma, meio de sobrevivência por décadas. Viajei para inesquecíveis lugares, sempre conciliando o trabalho com a lazer, tudo graças às chancelas. Escolhia um lugar pra vender, ia pra lá e executava o serviço, depois usufruia da cidade. Assim fiz com Curitiba e com o Rio de Janeiro. Essa as duas cidades onde mais atuei. Era praticamente uma semana numa, outra noutra. Tive muitas semanas em que, viajei para Curitiba no domingo à noite, permaneci por lá, segunda e terça, vijando de lá para o Rio, lá ficando quarta e quinta. Na sexta em Bauru, administrando tudo num dia. Foram mais de dez anos assim, daí peguei amor por alguns lugares, especialmente os mais visitados.
Em Curitiba, o meu porto seguro foi este hotel, o Palace, ali pertinho do calçadão da Rua Quinze. O descobri por acaso e dele não mais me separei. Virei freguês habitual e espero um dia voltar, até pra matar saudade. Logo na virada da Quinze, frequentei muito os seus dois cinemas de arte, mantidos pelo poder público municipal. Num deles, um elevador pantográfico, aberto dos lados, antigo e atração do lugar. Os dois cinemas foram fechados, como muita coisa boa deixou de funcionar no centro. Descia duas quadras e o Teatro da Caixa, onde assisti peças e shows divinais. No Guaíra vi de tudo. Estando por lá e tendo show, dava meu jeito.
O centro velho de Curitiba, como o de Bauru e de tantas outras cidades perdeu muito. Cheguei a ver o então prefeito Greca inaugurando uma praça com chafariz, cantando a canção das "meninas da cidade". Hoje ele ficou carola, chato e apoiador do fundamentalismo. Já foi mais arejado. Vivenciei Lerner e Requião com cargos públicos e no comando do estado. De lá pra cá uma desgraceira, pois hoje quem dirige o Paraná é Ratinho Jr. Não podia ser pior. Seus sebos me trazem imensa recordação. Vendi chancelas na maioria deles, conhecia seus donos e proseava por todos os lugares. Procurava o escritor Dalton Trevisan lá pelos lados dos Altos da Glória em todas minhas idas e nunca dei sorte de o encontrá-lo. A Livraria do Chaim, ainda funcionando, foi também meu point e até hoje a tenho como uma das melhores do país.
São tantas coisas. O Largo da Ordem e minha desordem nas andanças atrás de boêmia em suas entranhas. Quanta perdição naquelas ruas de paralelepípedo, nos becos sem saída. A chancela me propiciou tanta coisa. Tive a sorte de andar por lá muito antes de por lá estagiarem Moro e Dallagnol, pais da Lava Jato. Sou de época muito antes deles, pouco depois do Leminsky, infelizmente. No hotel eu só dormia, pois no resto do dia e parte da noite, perambulava pelas ruas. Dormia em quarto sem banheiro, no sótão e só muito tempo depois, em modestos apartamentos. Café da manhã sem salamaleques, o suficiente. Lembro muito de um porteiro que fez por ali história. Foi assaltado tempos depois ali no hall e perdeu a vida. Voltei depois poucas vezes, semana com Ana e a sogra, depois as quatro vezes em que vim para apoiar o Lula preso na sede da Polícia Federal.
Hoje volto nas lembranças propiciadas pelo amigo Kizahy. Ele me manda a foto e diz ter passado lá em frente e se lembrado de mim. Mal sabe o que reacendeu em mim. Tantas boas lembranças, algumas inenarráveis, ali dentro e pelas ruas. Eu, como todo mortal tenho meus segredos, alguns inconfessáveis. Alguns deles vivi por ali e gostaria muito de saber do destino de algumas pessoas que me foram muito gratas naquele período de minha vida e com as quais perdi todo e qualquer laço. É isso, uma simples foto, pode causar o reacender de chama meio que apagada dentro da gente. Eu não renego nada do já vivido. Aliás, muita coisa gostaria imensamente de poder reviver. As tantas vividas, tendo este hotel, como o epicentro, o porto, são algumas. Ainda bem, tenho histórias para relembrar e as guardo todas num cantinho todo especial dentro de mim. Curitiba das quebradas, dos tantos pés sujos, das madrugadas frias só para ver Arrigo cantar e muito tempo depois, num dos retornos, Kizahy me apresenta um novo lugar, o Bar do Torto, em homenagem para Mané Garrincha. Fui com ele também no Bife Sujo, local de encontro de gente no desvio, como eu, ele e os arruaceiros daquela cidade. Isto tudo me veio à mente só por causa da foto. Se me perguntarem qual o hotel de minha vida, este e um no Rio, beirada do Saara, lugares inesquecíveis dentro de minha modesta existência. Obrigada, Kizahy!
SEIS DIAS LONGE DE BAURU...Sei quase nada do que ocorre em Bauru. Estou perambulando pela aí há exatos seis dias. O que sei foi informado por diletos amigos. Nada mais. Não li o jornal, nem me atentei para publicações sobre ocorrências políticas na cidade. Me abstive, ou ao menos tentei. Fico por demais envolvido quando por aí. O máximo que vi e fiquei tentado a escrevinhar foi sobre a incomPrefeita Suéllen Rosim ter tentado dar uma carteirada no jornalista Tizoco da 94FM, quando entrevista por este, se mostrou não contente com a forma como o jornalismo da emissora a tratava. No vídeo, remontado à maneira do vereador Eduardo Borgo, preferi não reproduzi-lo, pois se o rejeito enquanto político, não caberia bem compartilhar algo valorizando sua linha pensamento e ação, que é bem diferente da minha e dos ares arejados que o país volta a respirar desde agora com a eleição de Lula. o fato é que, no embate entre a alcaide e Tizoco, ela demonstra seu nervosismo quando inquerida e colocada junto da parede. Das duas uma, ou não possui argumentos convincentes para rebater o que lhe havia sido perguntado ou o jornalista lhe perguntou algo que o melhor é agir ao estilo bolsonarista, não respondendo mais atacando o oponente. Foi só o que vi e sei dos últimos dias. Achei que, ela continua a mesma de sempre, joga pra sua galera e esconde o jogo pra cidade, pois faz pouco e quando o faz, mal feito, pegando carona em obras que não foram sua iniciativa. Trata-se de uma alcaide inaugurativa, estando aí só para descerrar placas e cortar fitas de inauguração, sendo que a maioria vieram de iniciativas de outros. Amanhã, quinta volto para a cancha de jogo e posso, conversando, lendo e tomando ciência de como está sendo jogado o jogo, dar pitacos mais consistentes. Volto recarregado e no momento ainda continuo agindo com o Sig, mascote do velho Pasquim, fazendo o sinal que lhe era característico: uma banana para os atuais governantes de minha aldeia.
* Sem nenhuma aparente regularidade, ouço ali, anoto num papel qualquer, pra não esquecer, depois escrevo e destrincho neste bat canal.
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