Sim, ela não é a primeira pessoa a apregoar dos benefícios para o corpo, principalmente os desgastados pelo tempo, disso de aportar em Brasília Paulista e desfrutando dos benefícios advindos simplesmente de estar presente num lugar onde a passagem do tempo se faz diferente da, por exemplo, a que ocorre aqui pela tresloucada Bauru. "Em primeiro lugar, chegue lá desarmado. Não de armas de fogo - estas também -, mas das que te afetam, as que te fazem ficar enjoado o dia inteiro. Chegue e esqueça de tudo o mais, curta o momento e das possibilidades do lugar. Vá no boteco, dois lá no lugarejo e encoste o cotovelo no balcão ,depois oupa o que diz a voz da razão, a dos moradores do lugar, principalmente a do dono do estabelecimento", me diz.
Outro que já tinha descoberto os maravilhamento de Brasília Paulista foi o escritor, historiador e visualizador de estrelas no céu, Luis Paulo Domingues. Este escreve muito e quando a memória rareia, as ideias não mais despontam, tudo fica nebuloso e sem sequência lógica, foge imediatamente para lá e em questão de horas já está devidamente recarregado. Em seus escritos e publicações pelas redes sociais, muitas fotos e escritos, todos reverenciado o lugar e seus moradores. Diz ser mesmo um "lugar de outro mundo". Acredito e sei que, os que vivem em grandes centros e Bauru, os que se acham num grande centro, mas muito de caipiras e provincianos, talvez não saibam, mas nada melhor do que escapulir de vez em sempere e ir ter com as estrelas do cepu num lugar inusitado e surreal. Paulo, já confessou que, por lá conversa até com os bois e cabras. Nada de anormal, pois se assim o faz, primeiro se inteira de tudo o que por lá se passa e como nada melhor do que estar atualizado, ouvir os bovinos é sempre alvissareiro, pois estes, segundo me diz, são muito mais observadores que os dito humanos e racionais.
Ilda me envia um áudio com uma fala de seu irmão, Osvaldo Viegas, outro adepto de Brasília Paulista: "Brasília Paulista está localizado do município de Piratininga uns 12 kms, indo por dentro, pela vicinal. Se for pela pista, sai na rodovia, passa por Alba e logo depois à direita, com placas de sinalização, tudo certinho. Lá tem umas dezessete ruas, todas sem placa, não tem asfalto e as casas não possuem documentos oficializados, registrados em cartório. Essa uma das brigas que eles tem. Antes passava por lá a ferrovia e hoje o trecho abandonado. Eu conheci lá através do Toninho, o dono de um dos bares lá. Se você for pela estrada de terra é o segundo bar. Ele morava em Bauru, ali na avenida Castelo Branco, mas cansou de asfalto. Quando conheceu o lugar se apaixonou. Conheço ele desde criança, ele tinha um caminhão e puxava o time do Ordem e Progresso. Um lugar gostoso, bem tranquilo, paz interior e exterior. Lá você pode tomar sua cervejinha com a devida calma e comer uma mortadela picadinha, sem pressa, só falando, pensando e fazendo o mundo correr mais devagar".
Fui pegando gosto.
O danado contou mais: "Essas ruas de lá não tem serviço de Correio, porque as ruas não tem placa, nome e muito menos número. O Correio não vai lá fazer entrega, pois não tem como identificar. O Samu também passa apertado quando tem algum doente, pois chegando lá, tem que alguém ficar esperando e conduzir a ambulância até a casa do doente. Lá cada um conhece muito bem o outro, mas ninguém invade a vida do outro, fica cada um na sua, os não identificados. Se a gente falar que o povoado é muito primitivo é mentira, pois isso de não ter nada não demonstra primitivismo e sim evolução, pois vivem sem se importar com estes negócios de identificação". Não deveria passar o mapa, o guia para lá se chegar, mas o fiz, pois sei que, todos os que estiverem passando por apuros, necessitando de sair da realidade atual, uma massacrando o indivíduo, eis uma saída, uma alternativa.
Os moradores de lá não gostam muito de ver sendo feito o que faço neste momento. Quando se fica apregoando das maravilhas do lugar, aparecem logo a seguir tipo de todos os jeitos, alguns considerados perigosos, primeiros, os chatos que, tentam modificar o estado e sequência das coisas, algo não aceito por ninguém nativo do lugar ou já aceito pela comunidade como integrante do lugar. Depois, os perveros, os aproveitadores, tentando tirar vantagem, achando que o povo de lá é tudo capiau. Podem ser caipiras, mas bobos não são e se tentar se passar por esperto, dançam e caem num limbo sem fim. Ou seja, aportar por lá, algo natural, mas nada conveniente chegar por lá querendo dar uma de senhor da razão e sabichão. Melhor é ir, ver e se integrar, curtir e ser curtido. Olhar para o horizonte e esquecer de tudo, desde dívidas ou compromissos previamente assumidos. Tudo deve ser deixado de lado. Luis já havia me dito, por lá não existe pousadas, muito menos hotéis e ele, quando num estado alfa, aportou com uma barraca, permanecendo por lá sem nenhum assistência pública, como água ou luz, mas tudo advindo da natureza, tão boníssima com todos. Ilda e Luiz sabem das coisas.
ENFIM, PORQUE UM CONSEGUE E OS OUTROS TRÊS NÃO?
Posso ter inúmeras restrições - e tenho - pela forma como o militar da reserva, o conhecido Jorge Santos, o Jorjão, reúne e bota pra funcionar o Museu Histórico e Militar de Bauru, mas ele, também historiador e geógrafo, faz das tripas o coração e é hoje o único museu aberto na cidade, pois os três públicos - o Municipal, o Ferroviário e da Imagem e do Som, pelo visto, todos continuarão fechados ainda por longo tempo -, não conseguem algo que ele sózinho, sem a influência de um poder público constituído consegue, o Alvará ou Licença dos Bombeiros. Daí, a pergunta que não quer calar, ele fazendo questão de mostrar o tal alvará emoldurado dentro de uma redoma de vidro no local: por que será que não caminha a liberação e abertura de nossos museus públicos? Qual o entrave, a amarração, o problema burocrático, o empeçilho ou mesmo a pouca vontade, enfim, por que o museu privado consegue e os públicos não? Precisamos provar que, o poder público é bastante competente, eficaz e sabe fazer, mas precisa sair urgente das amarras que o prendem.
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