sábado, 12 de agosto de 2023

FRASES (236)


SANTO E CANALHA NO BOLSONARISMO*
* Meu 120º artigo pro semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, circulando a partir de amanhã pela aí:

O dramaturgo Nelson Rodrigues costumava apregoar que, todos os homens tem em si duas metades, uma “face linda” e outra “face hedionda”. Em toda sua vasta obra, isso ficou evidente através dos personagens criados, parcialmente Deus, parcialmente Satã, algo como santos e canalhas. Fui me lembrar dessa classificação por estes dias, justamente quando à beira de ver incriminado o demoníaco Seu Jair, o ex-Presidente da República, que felizmente perdeu a última eleição, mesmo tendo feito de tudo e mais um pouco, muito mais que diabrices para conseguir sua reeleição.

E por que me lembrei de Nelson Rodrigues? Simples, explico, ou ao menos tento, ao meu modo e jeito. Dias atrás um vetusto senhor bauruense, empresário vem me dizer, depois de tudo o que já foi demonstrado e comprovado, possuir afinidades com o ideal político tocado pelo bolsonarismo nos últimos quatro anos no Brasil. Ouvi atentamente a ladainha e ao final, sem mais papas na língua, soltei o verbo. “Ou o senhor não tem vergonha na cara ou é muito do sem noção, o que não acredito. Tenho certeza, sabes tudo o que foi feito e reconheces como algo hediondo as revelações quase semanais, sempre algo mais escabroso, dos atos deste que ainda considera mito. Se não enxerga nenhum avanço no país com a eleição de Lula, algo totalmente diferente do que tínhamos, não quero nem mais conversar contigo”.

Em princípio ele se assustou. Não esperava ser confrontado em alto e bom tom. Não dá mais para continuar ouvindo a ladainha advinda de quem ainda, depois de tudo, queira continuar a defender o indefensável. Algo meramente impossível. Daí me pergunto: como uma pessoa, dita e vista como normal, ainda consegue elogiar algo proveniente de ação bolsonarista? É o mesmo que, tempos atrás, presenciar a pessoa devota, comparecer ao culto de sua igreja pela manhã e depois, chegando em casa, oprimir sua empregada, num tratamento beirando à escravidão. Enfim, Nelson afirmava, as pessoas possuem dupla personalidade, num momento se mostram lindas, mas noutras são por demais hediondas.

Vejam essa senhora bauruense, alugando um ônibus e levando gente para o quebra quebra em Brasília, quando foi presa, fazendo questão de se mostrar como se estivesse fazendo algo em prol do país. Na verdade fez, mas pela destruição de nossas instituições. Solta nessa semana, convivendo com tantos outros de idêntica índole, saiu e pelo visto, nada aprendeu, nada enxergou de diferente desde então. Se continua com a mesma cabeça, não existe jeito, está doente, precisa de cuidados, pois não conseguindo enxergar o óbvio, algo a transformou nessa monstruosidade. Se até então, pelo que me dizem, possuía “face linda”, o que a teria levado a pôr pra fora sua “face hedionda”?

No teatro da vida, segundo Nelson demonstrou com sua obra, após ampla pesquisa nos meandros da vida urbana carioca, percebeu essa convivência estreita, simultânea entre a pessoa que, se mostra uma coisa, quando na verdade é outra. E o fazem sem perceber? Evidente que não. A maldade permeia muito dessas ações. Para o senhor da tentativa de diálogo, começo deste texto, o desmontei quando comecei a citar as aberrações com a digital de Bolsonaro. E por fim o pergunto: “É isso que defende? Se é, desculpe, mas tu é uma aberração, como ele”.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

CONSERVADORISMO, PRAGMATISMO, ESPERANÇA E SONHOS DESFEITOS QUANDO PENSO NA SUCESSÃO BAURUENSE
E este conservadorismo nos rodeando? Nem sempre foi assim, mas hoje, o percebo mais agressivo e se impondo de forma mais violenta, agressiva e impositiva. Sempre Bauru foi uma sociedade conservadora. Tivemos na história da cidade alguns momentos onde foi conseguido sair da bolha. Nos governos de Tuga Angerami isso ocorreu, propiciado no primeiro por alguém inusitado na história da cidade, Edison Bastos Gasparini. Olho para os todos os demais e vejo alguns querendo fazer algo realmente em prol da cidade, mas a imensa maioria com pensamentos e linha de ação bem conservadoras.

Não foi a primeira vez que o eleitor é ludibriado, como o foi com Suéllen Rosim. Digo ludibriado, mas creio errar, pois da maioria que votou nela, a maioria, pelo visto, não se arrependeu. Será que estes sabem de fato o que está em curso e ocorrendo com a cidade, como age realmente a mandatária, o que está em curso nos bastidores decisórios da vida pública municipal e quais os interesses em questão e em disputa? Muitos acreditam só na propaganda distribuida por ela. Ela o faz com algum aconselhamento e parece acertar, pois conquistou parcela significativa de bauruenses. E por que acreditam nela? Pelo que faz ou pelo que diz fazer e demonstra em suas aparições?

Uma nova eleição se aproxima e dentro da cidade vivencio junto com alguns a questão de quem irá enfrentá-la no próximo pleito. Como chegamos a isso? Hoje, pelo menos até agora, ninguém despontando como a pessoa resolutiva, a que vai dominar as atenções e com reais possibilidades de disputar com boas chances de vencê-la na disputa pela reeleição. O pior não é nem isso, e sim, ninguém com um real projeto a tocar a mente dos bauruenses. Tenho lido alguns propondo algo de concreto, mas não deslancham, patinam e não saem do lugar, outros, tentam novamente, mas continuam como dantes, não conseguindo tocar os bauruenses. E como alguém como Suéllen tocou o coração de parte significativa desta cidade e continua a fazê-lo? Quando no poder, sabendo se utilizar da máquina pública, grande chance. Quem o faz de forma pensada, meticulosa, ágil, mesmo que totalmente ardilosa, usufrui e conquista. Estar lá, fazer, mas não querer entrar no jogo do brilho fácil é hoje se passar por alguém que deixou de fazer. A propaganda é a alma do negócio. Uma merda ter que dizer isso e concordar pela entrada nesse viciante jogo para vencer.

Enfim, por que o povo se deixa iludir e acaba por aprovar o perigoso, o que provoca dano, o que desdiz de caminhos salutares, mas faz. Faz e divulga, escancara o que faz, provoca, agita e esperneia bem. Não tem medo do confronto e vai escapando de penalidades, vai jogando pra frente e assim, continua nas paradas de sucesso. Tudo é muito incerto no que virá pela frente. Torço muito pelo aparecimento de alguém capaz de reunir condições de ser a pessoa, aquela realmente com boas intenções, ideias e propostas, mas acho difícil. Quem são nossas lideranças? Quem topa neste momento ir pra disputa e representar algo bem diferente do que se vê na maioria dos lugares, essa tendência abominável pelo conservadorismo já adentrando a ultra-direita? Meus botões não vislumbram algo de salutar pela frente. Gostaria muito de me engajar em algo arrebatador, mas como este nome ainda não surgiu, continuo só na observância. Eu queria mesmo um projeto arrebatador. Sonho com isso e acordo todo suado, sem nenhuma definição à vista.

OBS.: E olha que não citei ESQUERDA em nenhum momento do meu texto. Por que será?

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