Conversava semana passada com o ex-presidente do DAE, João David Felício e ele contava fatos daquele período da história bauruense, a envolver os anos de Izzo Filho no poder. Quanto mais ele me contava, tinha a absoluta certeza: sabemos pouco de fato e temos muito pouco escrito sobre este e outros períodos da história bauruense. Essa história, a que ainda não está nos livros e sim, nos documentos guardados em armários e cofres do município e, principalmente, na cabeça de pessoas que vivenciaram o período. Se faz necessário resgatar isso e confrontar com o que temos já como dados oficiais. Isso é fazer História.
Tenho comigo uma conversa com o memorialista Gabriel Ruiz Pelegrina, pouco antes antes dele falecer, em sua casa ali na rua Julio Prestes e falávamos sobre sua prodigiosa memória, guardando fatos, acontecimentos da história nunca dantes revelados. "Eu sei de muita coisa, ouvi e confrontei, mas ainda não posso contar. Quem a produziu já morreu, depois seu sucessor também, mas ainda restam vivos familiares, netos destes e daí não quero ferí-los com algo contrariando alguém querido de suas famílias. Por causa disso, continuo guardando para mim e não conto", foi mais ou menos o que me disse. Ficamos de continuar conversando, estava disposto a relatos minuciosos e não deu tempo.
Isso ocorre muito com a História. Quem sabe não revela esse conhecimento, não o passa adiante e ele se vai com ele. Mais triste que isso é, como no caso da Guerra do Paraguai, mesmo com muitos novos dados, a continuidade do reverenciamento de vultos nacionais como grandiosos, caso do Duque de Caxias, quando na verdade ajudaram em muito na dizimação do oponente, de forma cruel e insana. A História não pode perdoar, passar o pano, escamotear e apenas rodear ou enaltecer algo não verdadeiro, pois isso pode ferir conceitos estabelecidos.
Volto essa semana de um passeio por Reginópolis e constato isso. Os poucos ainda com algo na memória, com a história de fato do que se passou anos atrás naquela cidade estão envelhecendo e quando se forem, se nada for feito para resgatar o que possuem guardados dentro de si, ela nunca será contada devidamente. Isso não se passa só com Reginópolis, mas por todos os lugares.
Volto essa semana de um passeio por Reginópolis e constato isso. Os poucos ainda com algo na memória, com a história de fato do que se passou anos atrás naquela cidade estão envelhecendo e quando se forem, se nada for feito para resgatar o que possuem guardados dentro de si, ela nunca será contada devidamente. Isso não se passa só com Reginópolis, mas por todos os lugares.
Penso nisso tudo logo cedo, ao reviver no dia de hoje, o que foi o fim da Guerra do Paraguai, quando brasileiros dizimaram uma tropa de crianças e velhos, incendiando os que sobreviveram. Essa parte é pouco conhecida da historiografia da guerra produzida no Brasil, pois denigre personalidades vistas como heróis. Alguns de nossos heróis não passaram de perveros carrascos. Que o diga, o capataz da construção da ferrovia em Bauru, hoje dando nome à praça defronte a Estação da NOB, Machado de Mello. Saber quem de fato foi e o que fez este homem é parte ainda não muito conhecida de nossa história.
Acosta Ñu: a sangrenta batalha em que crianças lutaram contra o Exército do Brasil Imperial na Guerra do Paraguai.
Cerca de 3.500 crianças foram massacradas na mais terrível e desigual Batalha da Guerra do Paraguai.
Diz-se ainda que os pequenos iam armados com varas que simulavam rifles.
"As crianças de 6 a 8 anos, no calor da batalha, aterrorizadas, se agarravam às pernas dos soldados brasileiros, chorando, pedindo que não os matassem. E eram degoladas no ato", escreveu Chiavenato em sua obra, conforme a tradução do Portal Guaraní.
À tarde, ele acrescenta, quando as mães recolhiam os corpos dos filhos e ainda havia feridos, os brasileiros teriam queimado todo o lugar.
Cerca de 300.000 Paraguaios foram exterminados em 5 anos de Guerra algo entorno de 80% da população daquele país.
Getulio Valls
Dentro da última administração Izzo Filho, quando ela já estava sendo acossada e ameaçada pela cassação, um vereador procura alto dirigente do staff governamental e sugere a ele que, poderia votar favoravelmente ao prefeito, ou seja, contrário à sua cassação desde que recebesse uma casa, destas sendo construídas num dos convênios com o município. O tal dirigente achou um absurdo, leva o fato ao prefeito e continuam levando tudo em banho maria, com o vereador insistindo, chegando num dado momento em que, além da casa, diz querer também uma piscina junto da mesma. A partir deste momento e para encerrar o assunto, o dirigente chama o vereador e o grava. Sua gravação é lavada para a Câmara, ouvida numa sessão e tudo escancarado. Por fim, o vereador não é cassado por este motivo e quando da cassação do prefeito pelos vereadores, este vota favorável pela mesma.
Este curto relato, bem resumido é só para exemplificar de como existe muito a ser contado de épocas passadas, muitas delas já do conhecimento público, mas já caídas no esquecimento. Só mesmo, além da documentação existente do período, uma conversa com os que testemunharam os acontecimentos para se ter a verdade dos fatos. Sempre levando em consideração, algo mais do que necessário nestes casos: ouvir ambos os lados, ou todos os existentes, para só depois chegar numa conclusão, se é que a mesma é possível. Rever o passado requer muito trabalho.
Escrevo isso pensando em como seria louvável tomar conhecimento de todos os bastidores que levaram à estapafúrdia aquisição deste projeto Palavra Cantada pela atual administração municipal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário