LACRANDO COM LADY GAGACritiquem como quiserem, sem fazer uso de mentiras e falácias. Gostar é uma coisa, porém reconhecer da magia contida e embutida dentro de um imenso espetáculo como este, algo inegável. O investimento total, na casa de 100 milhões de reais, sem dinheiro público, este só entrando com serviços essenciais foi o mais rentável. Já apregoam ser da casa dos 600 milhões o retorno.
Deu tudo muito certo. Ela propiciou um espetáculo único, soube reverenciar o Brasil e os brasileiros. Estes deram um retorno mais que diferenciado. Não dá pra ficar fazendo e aceitando críticas vazias e sem fundamento e argumentação. Do palco nas areias, quase quatro horas contagiantes e a cidade fervilhando com mil possibilidades advindas dele. Aceitemos, melhor assim, dói menos. Lady Gaga foi e é um sucesso, e em todas perspectivas.
CHEGOU A "GOELA", MAS QUAL O DESTINO DAQUELE SIMPÁTICO PADEIRO/PROPRIETÁRIO DA "COPACABANA"?A padaria Goela bomba aqui na avenida Brisolla, onde por décadas funcionou a Copacabana. Acompanhei todo o processo de fechamento de uma e abertura da outra, pois moro aqui perto. Passo todos os dias diante de suas portas. Inevitável olhar e ir até conferir. Ontem entrei e comi um salgado, provei do pão. Estão iniciando e as considerações farei depois, quando a poeira baixar. O ocorrido por aqui é normal dentro deste nosso mundo. Um se vai, definha e fecha e outro ocupa seu espaço.
O que percebo aqui e agora é um fervo, como se dá em tudo que seja novidade, aqui e alhures. A casa está cheia por estes dias. Inauguraram no domingo, funcionando até 8h da noite e pelo visto, voltaremos a ter padaria até à noite aos domingos aqui na região. Tudo ainda sendo azeitado e os cheirando novidades já frequentando.
Eu, na qualidade de observador de tudo, do processo por inteiro, do definhar da antiga Copacabana, tenho a dizer que, neste momento, olho para a efervecência do que vejo e sinto saudade daquele senhor - mais moço que eu -, que ali ficou até seus últimos dias e resistindo como pode. Gostava demais do pão feito por ele e de um em especial, o árabe, vendido em saquinhos. Ele ficou sózinho nos últimos tempos. Até tentou colocar gente pra lhe ajudar, mas desistiu e foi só. Um dia o vi, quando ali comprando pão, chegar uma família e pedem pão com alguma coisa, tipo um lanche e suco, creio que de laranja. Ele sózinho, pedia calma e ia tentando atender quem ali ainda entrava. Ele, na verdade, tinha que bater escanteio e fazer gol, uma loucura. A família viu a situação e não aguentou, se levantou e foi embora. Cenas como aquelas devem ter se repetido muito naqueles dias. Não existia mais remédio, tudo já estava consumado.
Eu, cá com meus botões e torcendo para que o Goela tenha sucesso, penso naquele senhor, bom padeiro e do seu destino. Enfim, por onde andará? Uma vez contou algo de sua história, que acho conveniente não expor aqui, pois não ouvi o outro lado e, na verdade, nem quero fazê-lo, não é da minha conta, porém, vendo como com grana tudo foi reabilitado no lugar, a praça revivida, plantas novas ganharam espaço e até um jardim com elas cercando uma área vip. Tudo isso é bonito, não tenho dúvida, mas o que gostaria mesmo de saber é para onde foi atuar o antigo padeiro e proprietário, o permanecendo ali até as últimas consequências, ou seja, até o arroz secar. Tem momentos da vida da gente que, males vem para o bem e depois da bancarrota, surgem novas possibilidades, novos horizontes se abrem e a vida segue seu rumo. Espero mesmo que para ele isso tenha ocorrido, pois nessas passadas diárias ali defronte, impossível, no meu caso, não se recordar dele e de como, com sua fleuma tentou fazer a coisa andar, a roda girar e só desistiu quando não havia mais nenhuma possibilidade. São as tais histórias que vou observando nas minhas andanças pela aí.
Era para ser apenas mais um capítulo na já turbulenta relação entre as bancadas na Câmara de Bauru. Eduardo Borgo, vereador bolsonarista e defensor ardoroso de Jair Bolsonaro – aquele que, mesmo após as cenas do 8 de janeiro, insiste em tratar o episódio como um mal-entendido turístico –, via-se diante de um processo por quebra de decoro. A denúncia, movida por uma advogada que se disse ofendida após a sessão em que Borgo concedeu um título de cidadania ao ex-presidente, tinha vídeos, testemunhas e certo fervor público. Mas, como em tantos outros dramas políticos, o que parecia sólido dissolveu-se no ar. Links quebrados, arquivos corrompidos, testemunhos truncados – e, no fim, um processo que, sem materialidade concreta, foi arquivado.
O inesperado, porém, não foi o desfecho, mas quem o garantiu: Estela Almagro, vereadora do PT e presidente da Comissão Processante. Sim, a mesma Estela que quase nunca menciona Lula em discursos, que evita elogios a ministros do governo federal e cujo silêncio estratégico já incomoda setores do seu próprio partido. Foi ela quem, com precisão quase cirúrgica, argumentou pela falta de provas, pela ausência de autoria clara e pela fragilidade jurídica da acusação. E, assim, Borgo – que há poucos meses era ovacionado por seus pares ao homenagear Bolsonaro – teve seu mandato preservado por uma mão vermelha.
A ironia não poderia ser mais espessa. No mesmo plenário onde Borgo defendeu com unhas e dentes um ex-presidente que chamou o PT de "bandido", foi uma petista quem evitou que ele fosse manchado por uma acusação de decoro. E não foi por falta de vontade alheia: Markinhos de Souza, presidente da Câmara, chegou a ser chamado de "quarto membro da comissão" por sua tentativa de influenciar o processo. Estela, no entanto, manteve-se firme no rito, nos autos, na legalidade.
O que explica esse movimento? Coerência institucional? Talvez. Mas também é difícil ignorar o jogo político que se esconde por trás do formalismo. Afinal, em uma cidade como Bauru, onde as alianças municipais muitas vezes se sobrepõem às nacionais, salvar um adversário de um processo frágil pode ser menos sobre ética e mais sobre manter portas abertas. Borgo, afinal, não é um qualquer: é um vereador barulhento, com base eleitoral, capaz de inflamar ou acalmar ânimos dependendo do momento. E, para uma oposição que precisa escolher suas batalhas, garantir que ele não vire mártir pode ser mais útil do que vê-lo condenado por um processo que, no fim, não mudaria nada.
Enquanto isso, o cidadão comum assiste, perplexo. De um lado, um bolsonarista que, mesmo salvo, dificilmente abrandará seu discurso. De outro, uma petista que, mesmo crítica ao governo Suéllen Rosim, mostra que na política local as linhas são mais fluidas do que os slogans sugerem. E no meio, a pergunta que fica: quando a oposição salva um adversário de si mesmo, é sinal de institucionalidade saudável – ou de um cinismo tão arraigado que já nem parece cinismo, apenas realidade?
O plenário de Bauru, mais uma vez, virou palco. Os atores seguem seus scripts, misturando convicção e conveniência. E o público, lá fora, tenta decifrar se o que vê é um jogo de princípios ou apenas mais um ato de sobrevivência política.
Fernando Redondo / Jornalismo Independente
São eles: "Cuca Fundida", de Woody Allen, 1980, 5ª edição, L&PM Editora RS, 152 páginas e "Tem aquela do...", Chico Anísio, 1979, 3ª edição, Editora Rocco RJ, 136 páginas.
No quesito humor, riso mesmo quem me provoca são as estórias do Chico. Boas leituras. Neste momento de tensão, precisava de algo assim, desviando um pouco a atenção diante de tantos temas escabrosos à nossa volta. Na sequência, algumas poucas frases, de um e outro:
- "Não há nada de mal com a vida eterna, desde que você esteja devidamente vestido para ela" (Woody).
- "Fui expulso da faculdade muitos anos atrás, vítima de certas acusações infundadas, não muito diferentes das que mandaram um conhecido personagem para a cadeira elétrica" (Woody).
- "...capaz de afirmar que trocaria que trocaria todas as realizações de sua vida por uma pomada que o livrasse das hermorróidas" (Woody).
- "O carnaval era a razão, o sarro, o motivo. O que cada um queria era exatamente o que estava fazendo: sair pelas ruas, muitos com uma meia de meulher escondendo o rosto, cantando e curtindo, tirando uma forra dos 362 dias de trabalho e preocupação. (...) Pouco a pouco o bloco crescia.Carnaval não tem dono; como um bloco pode ter?" (Chico).
- "Primeiro foi a rua quem ficou sabendo; depois o bairro e, afinal, toda a cidade já era sabedora de que a palavra masculino na referência do sexo, em sua carteira de identidade, era tão verdadeira quanto Catolé do Rocha ser a capital do Irã" (Chico).
- "A construção da barragem corria o perigo de não ficar pronta no dia aprazado. Não houvesse o contrato assinado e talvez fosse possível dar-se um jeitinho, acertar dali; afinal somos todos brasileiros exatamente para usarmos do direito de quebrar esses pequeninos galhos. Quem botava tudo a perder era o contrato" (Chico).
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