HISTÓRIAS DE PERDEDORES"Se você não consegue ter sucesso, a melhor coisa que pode lhe acontecer na vida é ser um fracasso completo". Leio essa frase no release de um lançamento de um livro de um escritor argentino e assim como, alguns anos fui tocado quando li uma definição sobre os ecritos do Luiz Antonio Simas, "historiador das insignficâncias", junto as duas coisas e tento me posicionar para algo pelo qual tenho tentando construir alguns dos meus textos.
Todos nesta vida possuem um lado. Ninguém é indiferente, ainda mais neste tempos quando a perversidade tenta botar as asinhas de fora, nada como, corajosamente, se posicionar e mostrar o lados dos que lutam, lutam, porém perdem o jogo. Perder não quer dizer se resignar, nem desistir. Eu vivo no meio de perdedores, enfim, a maioria do povo brasileiro. Nas histórias expostas pela nossa mídia massiva, explos de sucesso dentro do mundo capitalista, onde o que vale é ter importância, ou seja, ter grana e poder. Os que não possuem, ralam muito e desta forma, na labuta, constroem vigorosas experiências de resistência, sempre remaqndo contra a maré.
É destes que gosto de escrever. Observo como se desenvolvem e é sobre suas pequenas vitórias, que para mim são imensas, incomensuráveis, essas sim valorosas e merecedoras de destaque. Não me peçam para ficar mostrando e escrevinhando sobre os que, aliados do poder estabelecido, adoram se mostrar como vitoriosos. Passo batido por todos estes. O que vale mesmo a pena retratar, pelo menos para mim, são as histórias vivenciadas nas "quebradas do mundaréu", como fazia e escrevia Plinio Marcos. Era isso, nada mais, só refoirçar os caminhos pelos quais continuo navegando, circulando e produzindo meus textos. Qualquer dia publico algumas dessas histórias, como uma escrita tempos atrás e nunca publicada, do amigo Neto Keller, que ontem se foi e em cada vez que o revia, ao ouví-lo, sempre uma renovação de histórias, que vou anotando, escrevinhando secretamente e um dia, ainda criarei coragem de publicar.
* Algo que mais gosto é escrevinhar e poder contar as histórias de gente como NETO, que ontem se foi. O via nos últimos tempos nas imediações da praça Machado de Mello, sentadinho ali na padaria, tomando uma gelada ou simplesmente deixando o tempo ir passando. Neto deixou uma história e algo dela consegui retratar. Dele guardo sempre boas recordações, desde quando o conheci, nas viagens de ônibus pela Reunidas, ambos trabalhando em JAú, eu como bancário, ele como vitrinista, junto de Paulo Keller. Muito tempo depois o reencontro no La Pingueta, creio que antes de ter este nome, como cozinheiro, uma de suas especialidades e sempre disposto a boa conversa. Depois, nas imediações da praça, onde devia morar. Resistiu o quanto pode. HPA
NETO, UM DECORADOR NO CAMINHO DO SUCESSO
Antonio Dangio Neto, esse seu nome dado na pia batismal, lá em Jaú, sua cidade natal. Hoje, 50 anos depois, foi simplificado e no mundo da decoração, onde vive num entrosamento mais do que perfeito, é simplesmente Neto. Aos 13 anos algo significativo que iria mudar sua vida. Conhece numa festa Paulo Keller, já um decorador em ascensão e algo se acende dentro dele. Estava dado o rumo de sua vida. Segue nesse caminho, numa profissão, que hoje, com trinta anos de tarimba, alcança um patamar de inigualável sucesso. Permaneceu ao lado de Paulo até sua morte, uma espécie de fiel escudeiro e está dando continuidade ao seu trabalho de forma brilhante, com novas portas se abrindo e um horizonte cada vez mais amplo despontando a cada passo dado. Neto tem se sobressaído não só por ter trabalhado ao lado de um conceituado decorador, mas pelos próprios méritos, todos expostos e reconhecidos nas festas e eventos diversos onde atua. Segue fielmente um lema, que continua sendo o seu, o de pegar o sonho das pessoas e transformar em realidade. Faz isso com categoria, esmero e dedicação, comprovando que para conseguir dar a volta por cima e se firmar num mercado cada vez mais competitivo, não basta trabalho, sendo necessário uma boa dose de talento e, principalmente, de profissionalismo. Neto sabe fazer e faz bem feito. Daí estar com a agenda cheia de novos compromissos. Vive e deixa viver, uma boníssima pessoa, que por si só merece os píncaros da glória. Vê-lo em plena agitação na preparação de um evento e depois, todo engravatado no transcurso do mesmo é entender um pouco dos dois lados de uma mesma moeda. Trabalho e reconhecimento andam sempre de mãos dadas e Neto é a própria personificação dessa união.
OBS.: Não vivo de elogios, nem bajulo ninguém que não queira. É que o Neto é tudo isso aí mesmo, um batalhador, caladão, simplão, mas fazendo e acontecendo. Merece esse mimo de final de ano, pelas agruras passadas numa reviravolta em sua vida, transtornos que de instransponíveis, já estão se mostrando contornáveis. Para tudo existem saídas e ele está encontrando a sua e dando a volta por cima.
Publiquei este texto acima em 24/12/2009.
Tive o prazer de ouví-lo para um bate papo no meu LADO B - A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES, onde, ao seu modo e jeito, conta algo de sua vida e, principalmente do relacionamento intenso que teve com Paulo Keller. Abaixo reproduzo o texto da época, 13/07/2023:
NO 118º LADO B, NETO KELLER, ANTONIO DANGIÓ NETO E ALGO MAIS DOS 15 ANOS AO LADO DE PAULO KELLER, UM DOS MAIORES FESTEIROS DESTAS PLAGAS
Prazer inenarrável ter sentado hoje pela manhã com NETO KELLER e poder conversando ir revivendo algo da trajetória dele e de seu eterno companheiro de todas as horas, o coriga, homem de muitas possibilidades profisionais e artísticas, Paulo Keller. Reencontrei o Neto por acaso dias atrás, justamente logo após acabar de realizar o 117º Lado B - A Importância dos Desimportantes, quando com o professor José Xaides ali na praça Machado de Mello. Ao término daquele bate papo, eu e Xaides precisávamos de água e um café. Lembramos da padaria, uma que até bem pouco tempo funcionou 24h do dia e para lá nos dirigimos. Lá ao fundo, tomando sua cerveja, por volta da meia dia, o Neto. Fui até ele para o habitual cumprimento e Xaides o conheceu. Nasceu dali, numa troca rápida de conversa, a vontade de tê-lo aqui para ele ser o centro das atenções. Fiz o convite e ele topou na hora, mas disse teríamos que conversar, enfim, queria saber o que queria dele. Trocamos telefones e fomos conversando, até que dei o xeque-mate nessa semana: "Neto, viajo na sexta e queria muito antes de bater asas, ter aquela conversa pessoal contigo, ao vivo e a cores". O convenci e, para minha surpresa, marcou na mesma padaria da praça onde o revi - depois descobri, ele mora ali perto, na quadra do Teatro Edson Celulari e bate cartão todo dia pela manhã, primeiro o café e depois a cerveja.
Eu conheci o Neto desde meus tempos de Jaú, anos 80 - lá se vão mais de quarenta anos -, quando trabalhava numa corretora de seguros do Bradesco, viajando diariamente no trecho entre as duas cidades, pela Reunidas e várias vezes cruei com o Neto. Ele era o decorador e o vitrinista da loja Riachuelo. Quem por lá sempre aparecia era também o Paulo Keller, que na época trabalhava como figurinista de uma loja de tecidos finos de Jaú. Três vezes por semana em Jaú e outros três em Bauru, na Gebara Tecidos. No meio disso tudo ele conhece o Neto e a partir daí, foram 25 anos juntos. Tudo foi só interrompido com o falecimento do Paulo, de forma súbita, sem doença aparente e sem ficar acamado. Foi numa espécie de sopro. Neto e eu, sentados lá na padaria revivemos algo de sua infância, os lugares onde trabalhou e a descoberta por montar vitrines, o Paulo no caminho e daí pra frente uma vida em conjunto, unidos e coesos. O encantamento da histórias destes dois reside no trabalho que faziam, sempre juntos, as festas todas, os embalos entre plumas e paetês, decorações para festas variadas e os figurinos para tudo quanto é tipo de evento. Junto ou aliado a isso tudo veio o Carnaval. Não dá para falar de Carnaval em Bauru sem citar a participação de Paulo Keller, cantor de primeira - quem não se lembra dele cantando New York New York - e as montagens dos carros alegóricos, adereços, fantasias e um mundo de cores, lantejoulas e balangandãs.
Meus bate papos sempre possuem algum tipo de som ao fundo, pois na maioria são gravados na rua, ou melhor, no olho da rua. Desta feita, gravando no fundo da paradia, com muitos ônibus coletivos estacionando defronte o local, algum barulho, depois o som da padaria ligado e quando fui educadamente pedir para a moça do balcão se poderia abaixar, ela me olha com cara de susto e diz: "Ninguém abaixa minha música, aqui o som permanece ligado o dia todo, ele me embala". Diante deste forte argumento, a entrevista foi feita envolta em muitos sons, porém, dá para ouvir perfeitamente como se deu a conversação. Neto é alguém que, percebi ali, queria e quer contar suas histórias. Contou algumas, mas tem muito mais. Me disse que havia dado até hoje, do alto dos seus 64 anos, uma só entrevista em sua vida, para Luly Zonta, anos atrás.
Eis o link da gravação do bate papo, duração de 45 minutos: https://web.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/576881921326701
Com o fechamento deste Lado B, tenho a certeza de que, é algo assim, com gente realmente Lado B que quero dar continuidade a este projeto. Se já fiz 118, espero chegar logo ao 200 e abordando gente realmente sem espaço nas mídias, mas com boas histórias, relatos contundentes de vida. Isso é o que gosto de fazer e, desta forma, continuarei fazendo, mais e mais, pois para mim, isso é VIDA. Assim prossigo...
NO FACEBOOK HOJE:
"Não sei porque você se foi, tanta saudade vou sentir e de tristeza vou vivendo... Ah meu amado, Antonio Dangio Neto Keller , aprendi tanto com você nessa vida, sou eternamente grato por ter me ajudado inúmeras vezes, por ter me ajudado aqui em BAURU quando comecei minha nova vida pessoal e profissional. Nada disso seria possível se não fosse você. *ETA LELÊ HEIN* , e agora? Não posso deixar esse mantra morrer, como me esquecer do banho que dei em você no hospital e você exigente como sempre, me ensinando o jeito certo de fazer a sua barba. Você lutou contra a solidão com o sorriso no rosto. Nunca quis incomodar ninguém,foi vivendo, sobrevivendo e infelizmente até o dia que precisou de maior cuidado. Ah tio Neto, você jamais iria conseguir viver naquela casa de repouso, mas meus tios não tinham escolhas, todos de uma certa idade,como iriam cuidar de você? É lógico que você iria dar sua escapadinha para ir tomar sua cervejinha, sempre com o sorriso no rosto, sempre de bem com a vida. Nos ensinando que a vida é bela. Sorria meu bem , Sorria... Que sua passagem seja feliz e dê um abraço em todos aí no céu, Vó Edith, Vô Pedro, Tio Luís e Tia Elvira estão a sua espera,e tenho certeza que seu eterno amor está lá feliz da vida por ter você com ele. Cuide de nós, daí que daqui vamos cuidar de todos, minha mãe Iolanda Maria Dangio estará bem perto de nós, vamos cuidar dela. Acredito que não foi do jeito que queria, mas pode estar perto da sua família por quase dois meses. Descansa aí e obrigado por tudo, nada do Will da Unimed seria possível sem você. Te amo Tio", WILLIAN DANGIÓ.
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