QUATRO ANOS SEM PEDROSO JR - RELEMBRO ALGO DO LEGADO DEIXADO POR ELEQuando Antonio Pedroso Jr, o Chinelo, voltou para residir em Bauru, escolha sua para passar sua última estada em sua cidade, escolheu junto um lugar específico no Bar do Genaro. O bar o adotou e ele, ao mesmo tempo, divulgou o bar, pois fez dali o seu escritório, ponto de encontro e de bate papo quase diário. Quando não era visto em sua pequena casa, era visto ali, sentado sempre no mesmo lugar e tendo ao seus pés, a famosa mala. Isso mesmo, veio muitas vezes direto da rodovoiária para o bar. No final, bebia bem menos que dantes, mas ali continuava, pois conseguia no lugar fazer o que mais gostava, propagar através de muita conversa, suas ideias e entrelaçar flechadas e disparos, muitos deles certeiros para todos os lados.
Pedroso construiu muitas histórias desta forma e jeito. Uma delas, foi mencionada pelo narrador da noite, o jornalista Gerson de Souza, depois relembrada por mim junto do fotógrafo Pedro Romualdo. Certa vez, também num bar, ele e Pedro, militando no PDT, após a desistência do candidato do partido a governador, bolaram e fizeram vingar o nome do Pitolli - não o da rádio, pelo amor, hem! -, hemérito representante da esquerda, como candidato a governador do estado de São Paulo. Pedro maquinava coisas deste tipo e desta forma, instigando, provocando, articulando e aprontando muito, sempre com tiradas incríveis, soube ir arquitetando pelas beiradas uma resistência dessas para endoidecer gente sã. Ousadia nunca lhe faltou.
Escreveu seus livros desta forma e jeito, pesquisando e juntando cacos e casos, numa junção que só ele mesmo conseguia produzir. E fez muito, pois em algo também lembrado ontem quando do evento para lembrar dos quatro anos sem ele, foi dito: ele deixou registrado histórias de uns tantos que, de outra forma, não seriam mais lembrados. Daí, a importância do que fez, sempre muito bem. Registrou como se deu a resistência aos constituídos donos do poder em Bauru, resgatando algumas de suas vitórias e, principalmente, como se deu essas vidas, envoltas em "sangue, suor e lágrimas". Ele optou por isso, contar essas histórias e também ajudou outro tanto a resgatar a dignidade, quando conseguiram reaver direitos, com indenizações recheadas de um senso comum, o de fazer valer direitos perdidos quando da ditadura. Ficou também conhecido por causa deste trabalho.
Foi uma noite para, de conversa em conversa, ir revendo passagens e confirmando de sua importância, não só na historiografia bauruense, como na forma como enfrentar poderosos de todas as matizes. Criou caso com muitos destes e, por outro lado, foi um fiel amigo para uma legião de pessoas que o circundavam. Pedrosinho não gostava de navegar sózinho. Estava sempre rodeado e isso o alimentava, numa espécie de recarregamento de baterias. De tudo, conversando com Ana Celia Ferreira Albuquerque, sua esposa e Pedro, o filho, o desejo de juntar seus escritos, todos reunidos em uma grande mala e deixado após sua morte aos cuidados de Milton Dota, que também já se foi. O trabalho agora é o de resgatar esses papéis, escritos inéditos e originais, publicando-os num livro que ele tinha já construído em sua cabeça nos últimos tempos, o de causos, todos políticos. Isso vai dar muito trabalho para o filho Pedro, que hoje, além disso tem a intenção de montar um site, onde irá disponibilizar a história de seus pai e ali também, de forma gratuita, todos os seus livros.
O danado contou a história de muita gente, mas ninguém ainda contou a sua história. A grande recuperação a ser empreendida agora é essa, o resgate dessa história. Ou seja, reencontros como o deste sábado, não só só importantes para nos revermos e falarmos de alguém como o Chinelo, mas para com sua história, demarcar um território, o do resgate de como seu deu a luta, o enfrentamento desta cidade contra as perversidades lhe impostas ao longo do tempo. Quem resistiu e enfrentou isso tudo, merece ter essa história retratada. Deixo aqui meus parabéns para o Pedro Romualdo que, convidadndo o Gerson de Souza, juntou tudo o que encontrou sobre o Pedroso - inclusive o que eu já tinha publicado, me disse - e apresenta um documentário de alto valor. Assistimos todos contritos, calados, olhos e ouvidos colados na projeção, vendo como essa luta foi feita e continua sendo travada cidade afora. Pedroso fez a sua parte e agora é com os que ficaram. Quanto mais gente tomar conhecimento de como seu deu, melhor, pois serve de incentivo para que a chama nunca se apague. Saio deste evento revigorado e redespertado para tudo o mais que teremos pela frente. Poderia escrevinhar uma noite inteira sobre ele, revivendo suas histórias e feitos, mas no momento, é o que consigo.
O danado contou a história de muita gente, mas ninguém ainda contou a sua história. A grande recuperação a ser empreendida agora é essa, o resgate dessa história. Ou seja, reencontros como o deste sábado, não só só importantes para nos revermos e falarmos de alguém como o Chinelo, mas para com sua história, demarcar um território, o do resgate de como seu deu a luta, o enfrentamento desta cidade contra as perversidades lhe impostas ao longo do tempo. Quem resistiu e enfrentou isso tudo, merece ter essa história retratada. Deixo aqui meus parabéns para o Pedro Romualdo que, convidadndo o Gerson de Souza, juntou tudo o que encontrou sobre o Pedroso - inclusive o que eu já tinha publicado, me disse - e apresenta um documentário de alto valor. Assistimos todos contritos, calados, olhos e ouvidos colados na projeção, vendo como essa luta foi feita e continua sendo travada cidade afora. Pedroso fez a sua parte e agora é com os que ficaram. Quanto mais gente tomar conhecimento de como seu deu, melhor, pois serve de incentivo para que a chama nunca se apague. Saio deste evento revigorado e redespertado para tudo o mais que teremos pela frente. Poderia escrevinhar uma noite inteira sobre ele, revivendo suas histórias e feitos, mas no momento, é o que consigo.
Pois bem, o livro saiu e logo a seguir Darcy faleceu. Dos exemplares encaminhados a ele, seu filho, o querido Jorge me disse desde aquele período ter um exemplar guardado para mim. Um dia cheguei a ir lá perto de onde mora, nas imediações do Rasi, mas ele estava ausente. Sabia que o exemplar estava bem guardado. Jorge esteve hoje no evento marcando os quato anos sem Pedroso Jr, o Chinelo e estava com o livro embaixo do braço. Sabia ali me encontraria. Dito e feito. Vi muita emoção em seus olhos marejados ao me entregar o livro e relembrarmos juntos algumas histórias vivenciadas num passado saudoso.
Tive o prazer da convivência próxima de Darcy Rodrigues e gravei muita conversa dele, uam delas relembrada por Jorge, dias antes dele falecer, vestindo uma camiseta regata do Palmeiras. Como sempre, naquele dia, mesmo já adoentado, falou grosso e forte, incisivo e preciso. Do livro, hoje o tenho em mãos, como uma jóia rara. Vou direto na Nota de Abertura feita por ele e de lá retiro este trecho: "Lamarca me honraste chamando 'mano'. (...) A história com certeza gravará o nome do 'mano' Lamarca com letras douradas, crevejadas de brilhante na história de nossa Pátria da mesma forma que depositará a vasilha de excremento ao autor e mandante do ato de vandalismo contra meu eterno comandante. Comandar (co-mandar) significa mandar junto. Portanto, continuarei sob seu comando".
Terei eternamente um apreço mais que especial por Darcy, por tudso o que representou e por me aconselhar muitas vezes, em conversas contínuas. Ao receber o livro, relembro com carinho tantas histórias e momentos. Um dia ele me pegou pelo braço e me levou até Três Lagoas. Queria me mostrar uma cidade que o acolheu. Passamos um dia inteiro por lá, andanças inesquecíveis. E depois, quando retornei de Cuba, foi o primeiro a me recepcionar, querendo saber se fui nos lugares indicados por ele, inclusive uma escola onde lecionou. Hoje, relembrei de Pedroso Jr e de Darcy Rodrigues, dois valentes destas plagas, que ousaram enfrentar o poder local com muita garra e perseverança. Inesquecíveis para todo o sempre. O livro não sairá de minha cabeceira enquanto não o ler adequadamente.
OBS. FINAL: Não existe nada mais reconfortante na vida do que ser reconhecido. Jorge, o filho do Darcy me disse algo ao pé do ouvido, onde choramos juntos. Depois, Ana Celia, esposa do Pedroso, disse que a entrevista Lado B que fiz com ele, lhe serviu para tirá-la da depressão onde se encontrava, quando lhe perguntei sobre Sorocaba, ela e o filho. Depois, Gerson de Souza, jornalista dos bons deste país, hoje residindo em Ribeirão Preto, diz me ler diariamente, "mesmo os textões" e isso me enche de orgulho e contentamento. De tudo, se acerto em algo, tô feliz da vida e me vendo trilhando um caminho salutar.
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