PORTUGAL, O CHEGA, MÍDIA MASSIVA, JOSUÉ GUIMARÃES E UM MODUS OPERANDI QUE NÃO É DE HOJEO pior conservadorismo do mundo, ou seja, chegando junto com uma direita radical, diria mesmo, já quase resvalando numa espécie hoje de fascismo/nazismo perfumado está voltando e tomando corpo mundo afora. Semanas atrás voltou em Portugal, o ultradireitista Chega, um partido de concepção ultradireitista, sob a liderança de um ex-comentarista de futebol, André Ventura, já é a segunda maior força política do país. Não poderia ser pior. Foi adquirindo força, notabilizando-se por declarações xenófobas, racistas e pregando contra os imigrantes, além de adotar o lema “Deus, Pátria, Família e Trabalho”. Na Vizinha Espanha, tem o VOX do pérfido Santiago Abascal. O Chega faz parte de uma rede de aliados extremistas internacionais e do conhecimento de toda a mídia massiva, daqui, dali e de todos os lugares. Eles não enganam mais ninguém e se existem os que lhe passam pano, o fazem em plena consciência.
Observo mais essa chegada, mais um país onde estes chegam e depois destroem tudo o que vêm pela frente, principalmente as instituições e a própria democracia. Bolsonaro tentou fazer isso aqui no Brasil. Não conseguiu em quatro anos. Trump também não havia conseguido no seu primeiro mandato. No segundo está detonando com tudo. Milei já consegue fazer um strago sem proporções na quebrada e dolarizada Argentina. As universidades e imigrantes que o digam. Aqui no Brasil, se houver um novo desGoverno com algum destes no comando, seja Bolsonaro, Tarcísio ou qualquer outro mentecapto, a destruição será eminente. Todos de nossa mídia sabem disso, mas continuam a paparicar os que estão minando o governo de Lula.
Gosto de relembrar algo ocorrido para exemplificar sobre a necessidade de muita luta para não deixarmos algo como Bolsonaro, ou de sua laia, voltar ao poder. Tenho muito carinho por um escritor gaúcho, que décadas atrás conheci como jornalista da Folha de São Paulo, com textos divinais publicados em suas páginas. Seu nome, JOSUÉ GUIMARÃES. Por um tempo ele foi correspondente de jornais gaúchos na Europa, com sede em Lisboa e dali, quando voltou relatou a experiência num livro, “Lisboa Urgente!”, a transformação de uma ditadura estabeilizada há meio século, a salazarista, numa sociedade livre, aberta, democrática e dinâmica, porém, com muitos jornalistas tendenciosos e a serviço do neo-salazarismo e de suas convicções totalitárias.
Enxergo exatamente isso acontecendo no Brasil, quando Lula tenta com todas suas forças no tirar de um atoleiro e parte significativa da mídia, não só torce para tudo dar errado, como que, fazendo mais que força pela volta de algo que, também incidia contra eles próprios, a imprensa livre. Fui em busca do livro aqui nas minhas prateleiras e nele, texto de 1975, algo caindo como uma luva para o momento brasileiro, argentino, português, norte-americano...
“Há jornalistas que se limitam, por despreparo, conveniências pessoais ou mera preguiça, a simplesmente reportar eventos. Outros, animados e propósitos tendenciosos, reportam-nos de tal maneira que eles como se encaixam em conceitos predeterminados, a serviços de causas específicas. A vastíssima cobertura jornalística, no Brasil, dos acontecimentos político-sociais, a parir da Revolução de 25 de Abril é justificada (...) por uma soma de interesses outros, de origem frequentemente espúria.
Com raras exceções, o grosso do noticiário, dos artigos e dos ensaios surgidos na chamada grande imprensa insere-se nas ardilosas manobras postas em prática por viúvas da ditadura deposta, geopolíticos do State Department, administradores de empresas multinacionais e os incansáveis arautos da tão falada guerra ideológica, uma guerra que, na realidade, existe mais em seus conturbados espíritos, para robustecer suas tendências antidemocráticas. Praticando exagero sobre exagero, deturpação sobre deturpação, buscaram tais jornalistas confundir a opinião pública brasileira, comover e aterrorizar os comendadores da colônia portuguesa e auxiliar os setores mais reacionários da vida política nacional em sua luta contra qualquer tipo de abertura democrática, distensão ou que nome tenha”.
Quando li isso, imediatamente me transportei para o que ocorre hoje, 50 anos depois. Nossa imprensa, até as pedras do reino mineral sabem, está a serviço deste ou daquele grupo de interesses, daí, se faz necessário entender o papel destes, como agem e pensam, de que lado estão de fato e só depois, compreender que a democracia não é uma dádiva celestial ou um processo de geração espontânea. Enquanto estes – parte significativa da mídia nativa -, continuarem agindo contra seus próprios interesses, pois também serão destruídos num futuro com gente como Tarcísio no poder, avançaremos muito devagar, diria mesmo, quase parando, até o dia em que o Brasil conseguirá de fato estabelecer um programa sólido e estável de desenvolvimento harmônico. Enfim, um governo democrático aqui e alhures lutam e muito contra os neonazistas e também contra parte da mídia que os dão sustentação.
Ouvi essa hoje, mas é fato já consolidado, histórico. Quem me contou, se não é testemunha ocular da História, chega bem perto. Não decvlino seu nome, mas pelo jeito como ouvi e ele me informando como a história chegou até ele, numa pesquisa de longa data, creio não ter mais dúvidas a respeito.
Muitas famílias portuguesas chegavam até Bauru em busca de terras para se instalar e aqui se fixar. Século passado, primórdios da constituição da cidade, ferrovia ainda em fase embrionária, Bauru incipiente, modesta e já com algumas famílias bem constituídas, consolidadas. Estes que chegavam, traziam consigo muitos pertences e como iam desbravar uma terra virgem - como a denominavam, mas moradia de várias etnias indígenas -, não querendo levar o desconhecido pela frente o pouco de valor que traziam, como jóias e afins, encontravam numa pessoa, de sobrenome muito conhecido, o lugar seguro. Dizem, recebiam até um recibo pelo montante do deixado sob os cuidados deste senhor, dito dos mais ilibados.
O fato é que, muitas dessas famílias iam se estabelecendo por aí e muitas delas nunca mais se teve notícia, ou se tiveram, foi informando terem sido mortas, por epidemias ou mesmo trucidadas quando da invasão do território indígena. E daí, como não voltavam para reclamar o deixado em confiança, este ficava com tudo e assim foi constituíndo uma pequena fortuna, que somado ao que já fazia, tornou-se algo realmente grandioso.
Não me perguntem o sobrenome, pois para fazê-lo ainda se faz necessário algumas confirmações. A hipótese mais provável é pela confirmação e a também provável é que, os descendentes desta rica família venham a contestar. Daí, todo cuidado é pouco, mas que isso de fato ocorreu, disso não existe a menor hipótese de não ter ocorrido. A assim foram se formando muitas das fortunas de algumas das famílias aqui constituídas.
Com CEI no Fundo Social, rejeição de contratos no TCE, lua de mel institucional e alianças que blindam, o império familiar da prefeita de Bauru começa a dar sinais de colapso. Mas até onde vai a proteção dos deuses da política?
Na Alexandria de Bauru, não é Marco Antônio quem se ajoelha diante da rainha, mas toda uma estrutura de governo. Suéllen Rosim, à moda cleopatrina, construiu um verdadeiro império familiar dentro da administração municipal. A mãe, Lúcia Rosim, hoje secretária de Assistência Social, é agora investigada por uma CEI criada para apurar desvios no Fundo Social. O pai, Dozimar Rosim, evangélico influente, celebrou o casamento que consolidou um novo elo desse reinado: Renato Purini, presidente do DAE e agora esposo da prefeita.
O matrimônio, longe de ser apenas uma união afetiva, simboliza também uma lua de mel entre a família Rosim e a estrutura do poder municipal. Enquanto a prefeita se licencia por 12 dias, a cidade é entregue ao vice-prefeito Orlando Costa Dias, nosso "César interino", que talvez tenha que lidar com uma Roma em combustão.
E combustão é o que não falta: o Tribunal de Contas do Estado rejeitou o contrato milionário para compra de uniformes escolares, firmado pela gestão Suéllen em 2024, com indícios de irregularidades tão gritantes que até o MP foi acionado. Uniformes idênticos aos de 2023 foram adquiridos com até 96% de sobrepreço. Nem o estilista Victor Hugo conseguiria justificar tamanha "sofisticação" no preço.
Segundo o TCE, a empresa vencedora foi "beneficiada" pela desclassificação questionável de concorrentes. O preço de jaquetas, por exemplo, saltou de R$ 59,96 para R$ 106,90. Os indícios de formalismo exagerado e conivência administrativa estão registrados em vídeo, ata e parecer. E a multa de R$ 5.923,20 à prefeita é apenas um gesto simbólico diante de um rombo de R$ 15 milhões.
Como resistir ao escândalo? Com apoio, claro. A família Rosim tem Kassab à tiracolo. O presidente nacional do PSD compareceu ao casamento da prefeita e, de brinde, fortaleceu a costura partidária que poderá blindar a gestão até 2026. Também marcaram presença deputados ligados à família, como Gilberto Nascimento e Paulo Corrêa Jr., que tem entre seus assessores a irmã da prefeita.
E a CEI do Fundo Social? Vai investigar a própria mãe da prefeita. Mas como levar a sério uma CEI onde o relator é o aliado André Maldonado, o presidente é o líder do governo Sandro Bussola e outros membros como Pastor Bira e Beto Móveis são da base mais fiel do Palácio das Cerejeiras? É como se os generais de Marco Antônio investigassem o paradeiro da coroa de Cleópatra.
Em meio a esse enredo, a população assiste bestificada ao drama bauruense: uma cidade sem água, mas com alianças que não secam nunca. Um império de sobrenome Rosim, onde cada crise parece ser resolvida com um novo cargo, um novo parente, um novo contrato. E como bons egípcios do século XXI, o povo observa, mas emudecido.
Talvez o problema não esteja apenas em Cleópatra. Mas em todos aqueles que, fascinados pelo brilho do palácio, continuam a carregar os tapetes para que ela passe incólume.
FERNANDO REDONDO, texto e ilustração.
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