terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (01)

UMA HISTÓRIA DE ENTERRO
Quem já leu "Cem anos de solidão", do colombiano Gabriel Gárcia Marques sabe do que estarei a relatar. Nas estórias vindas da imaginária Macondo, o ocorrido num enterro daqui seria "café pequeno". Para quem vivenciou o daqui, foi no mínimo surreal. O fato é esse. Dona Jandira Ramos Ribeiro, 88 anos, sogra de minha irmã Erci, matriarca de uma unida família radicada entre Bauru e Piratininga, sofreu um irreversível AVC na semana passada. Após alguns dias numa UTI, ocorre o desfecho final. No sábado, família toda reunida, vamos todos para o enterro no Cemitério de Piratininga. Após um longo período de chuvas, esse foi o primeiro dia sem sua molhada presença. Com o sol a pino todos chegam ao local do enterro, por volta das 16h40. Com todos reunidos no saguão, orando com o caixão aberto, tem início do lado de fora um forte vento e o céu começa a escurecer. Tempo passando, os filhos reúnem-se e decidem pelo prosseguimento do féretro. Seguimos todos pela avenida principal, dobrando à direita até o túmulo, distante uns 100m de qualquer local com cobertura. Ali o temporal desaba sobre todos. Tudo foi muito rápido e parecia acontecer somente no perímetro dos muros do cemitério. Foi um aguaceiro de dar gosto. Não deu tempo para quase ninguém procurar abrigo. Imaginem a cena, minha mãe, aos 70 anos, fazia décadas que não tomava um banho de chuva. Todos ficaram encharcados. Os coveiros continuaram seu trabalho, cobertos por um plástico, enquanto o corre-corre foi generalizado. Ao colocarem o último tijolo, a chuva dissipou-se e o sol voltou a brilhar no céu. Tão torrencial quanto dantes. O inusitado foi todos se olhando entre si, somente aí sendo constatada a hilaridade da cena. Risos despontaram nas faces entristecidas de todos. Quebrando o clima minha irmã, até então inconsolável, conseguiu soltar sua opinião da situação: "Dona Jandira aprontou conosco. Lavou a alma de todo mundo por aqui. Só ela mesmo para nos fazer rir nesse momento". Na viagem de volta, eu e minha mãe encharcamos o interior do carro e fomos constatando que, a chuva ocorreu mesmo só nas imediações do cemitério. Rimos novamente e sem pedir explicações ao além, conseguimos afastar a tristeza que acometia a todos. Havia sido um banho e tanto.

4 comentários:

Anônimo disse...

Adoramos ver dona Jandira na internet.
Ficou muito legal.
Família Ramos Ribeiro

Unknown disse...

Após o momento em que não tive mais o prazer de, almoçar aos domingos, festas de aniversários, dias no sítio dos tios com toda a família e sentar e conversar com a vó, assistir uma tv, ela cuidar de mim como cuidou dos outros netos, depois de crescida, tive poucos momentos, mas esses momentos de infância e todos os outros jamais esquecerei e guardarei pra mim para sempre com uma lembrança boa, vai ficar na saudade, jamais vou esquecer quando quebrei meu dedo engessei meu braço e um dia ela deu banho em mim,dos conselhos que meu principalemnte de casamento...porque será??rsrsrs são poucos momentos que tenho na memória mas todos especias. Quando ela estava lá na U.T.I. pedi perdão e disse que a amava, sei que ela escutou e em todos esses dias pedi perdão a Deus pelas coisas que deixei de fazer e espero que a vó de lá de cima tenha me perdoado também e entendido tudo que se passou na minha vida com esse lado da família que pouco aproveitei, mas que tenho uma amor por todos. Sentirei saudades. Amo você vó.

Anônimo disse...

Acho que nunca em minha vida presenciei algo tão especial como foi aquele momento. Eu na qualidade de amiga de alguns poucos da família, senti de perto a dor da saudade que vovó Jandira vai deixar no coração de muitos. Quanto ao fato em questão, foi realmente marcante. QUE CHUVA FOI AQUELA!!!!!! Lavou a alma, acalmou a tristeza. Acho que eu nunca vi um enterro com um desfecho tão engraçado, onde todos riam muito da situação de cada um que iamos encontrando no caminho. (Acho melhor não comentar o estado crítico que fiquei). Com certeza D. Jandira onde estava naquele momento, também se divertiu. Um beijo especial pra família que aprendi a gostar muito, Paulo, Erci, Paula e Paulinho, e obrigado por me deixarem dividir com vocês esse momento.

Anônimo disse...

Como não lembrar da dona Janda..... Até no velório ela não deixou de brilhar, como aquele maravilhoso arco íris após a tremenda chuva que realmente foi para abençoar todos....
Dona janda, dona janda, que saudade nós deixa..... Mas com certeza como em toda a sua vida, seu enterro será inesquecível.
Quero aqui em nome de Paulo, Erci, Paulo e meu Paula, de agradecer a força que todos nos deram naquele dia tão triste em nossa vida, nos dias de hoje que são mais tristes ainda e para todo o sempre, pois sei que vamos ter a saudade dela em nossos corações e o carinho de amigos e família.....

Obrigada tio por essa história, que iremos guardar para sempre em nossas lembranças....

A inesquecível Janda....
Te amo incondicionalmente vó, Mãe, Pai, Amiga, Companheira Confidente...