Li recentemente sobre o que os vândalos estão a fazer com a casa da família Penna, ali na quadra 11 da rua Bandeirantes. Fico com a mesma dor, também sentida por muitos, pois conheci tanto seu dono, como o interior da mesma. Que teria sido feita da belíssima coleção de xícaras da proprietária? Ali naquela quadra adorava bater papo com dois Osvaldos, o Penna e o Rasi. Hoje, ambas as casas estão fechadas. Uma tristeza para o quarteirão e para quem os conheceu. Relembro aqui uma carta que enviei para a Tribuna do Leitor e foi publicada em 04/01/2004. Pena também não ter fotos dos dois para postar aqui. Ontem escrevi sobre duas casas fechadas em São Carlos e hoje falo de duas daqui:
BANDEIRANTES, QUADRA 11, DOIS OSVALDOS
"Eles moraram durante um bom tempo de suas vidas na mesma rua e quarteirão. A rua é a Bandeirantes, aquadra é a 11, ambos são Osvaldos e já nos deixaram. Esses dois Osvaldos têm muita coisa em comum, por mais complicado que seja essa comparação. Ambos, dois impolutos senhores, irriquietos e em constante ebulição. Cada um à sua maneira, produziram muito barulho nessa quieta cidade.
Um, o Rasi, grande batalhador das boas causas, de comerciante de ferragens à representante de sua categoria, dignificou a palavra integridade. Não se segurava nas calças quando presenciava alguma injustiça e 'dá-lhe protesto". Falou muito do filho, que retribuiu, falando muito do pai. Nos resta a saudade de uma figura, que cada vez está mais difícil de ser encontrada nos dias de hoje. O outro, o Penna, foi-se nesses dias. Esteve sempre envolvido com a sua revista Cadência, fazendo dela o sentido de toda uma vida, lutando aos trancos e barrancos para, enquanto viveu, não deixar esse sonho fenecer. E conseguiu seu intento. Sempre com papéis embaixo dos braços, para lá e para cá, não esmoreceu um minuto (nem quando perdeu o neto) na busca desse caminho. Sabia o que queria e ia à luta.
Isso aqui nada mais é do que uma justa homenagem para esses dois Osvaldos. Ambos, ótimos papos, pessoas que qualquer um tem o maior prazer de cruzar pelas ruas. Cada encontro era sinal de ótima e afilada conversa. Desmedidos na busca do que consideravam corretos, fizeram de suas vidas um campo da boa batalha e 'quixotescamente' sempre souberam se sobressair, como o Guilberto Carrijo, o Galvão de Moura e tantos outros. Decididamente, já não se fazem mais pessoas como esses dois Osvaldos nos dias de hoje".
OBS.: As fotos servem somente para ilustrar o texto e foram gileteadas da internet livre.
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