sexta-feira, 11 de junho de 2010

UMA DICA (58)

MOMENTOS INEBRIANTES E NOSTÁLGICOS NO SHOW DO ZÉ GERALDO
Ontem à noite revi ZÉ GERALDO, num show contagiante (no SESC, e onde mais poderia ser?), dessas coisas antológicas, que não mais acreditamos continuar existindo. O Zé parou no tempo e no espaço, pois continua como dantes, com o mesmo visual dos anos do começo de sua carreira, com suas letras rurais e engajadas, com um palavreado misturando o presente e o passado, cheio de nostalgia e acreditando num mundo mais simples, desses de puro sonho dentro desse "pancadão" mundo atual. Dá para perceber que continua vivenciando aquilo que canta. Não faz genero. Vive do mesmo jeito que as letras de suas músicas profetizam/apregoam. Fazia bem uns vinte anos que não o revia e fui ao show sem muita expectativa. Foi surpresa em cima de surpresa. Logo de cara, percebo uma preparação de grande show, com a quadra disponibilizada e menos da metade da ocupação preenchida. Na verdade, muita gente estava dispersa, conversando pelos cantos do SESC, pois mal ele começou a tocar e cantar, todos se reuniram na frente do salão e extasiados, acompanharam sua apresentação até o fim, meio que em estado de graça. Um calor humano fora do comum foi contagiando a todos. Parecia um confraria de velhos amigos.

Logo na chegada revejo o vereador Roque Ferreira e Tatiana, sua esposa, essa com uma indumentária a lembrar uma verdadeira latina, com um poncho a lá Mercedes Sosa. Comemos bolo de milho e eu, não resistindo, misturo tudo com cevada. Tentei ficar junto de alguns conhecidos durante o show, mas não foi possível. Eu e Ana Bia fomos para a fila do gargarejo e lá ficamos, bem debaixo do palco, como nossos pescoços virados para cima, cantando, dançando e vendo a reverência de alguns. Não sabia que Zé Geraldo tinha uma legião de fãs a segui-lo por aí. Pois tem. Logo na frente, mas bem na frente mesmo, um casal todo de preto, cantando todas e em transe com o show. Depois fico conhecendo a ambos, ambos mineiros, morando a 70 dias em Jaú, vieram aqui, como vão a outros lugares atrás do Zé. Ismael Paracatu e Geisa Oliveira são daqueles fãs, que além de cultuar o ídolo, se dizem adeptos do modo de vida. Muitos cantavam todas, como um senhor que não saia da frente do palco, gravando e tentando repassar bilhetinhos com pedidos para os músicos. Agora, o que mais me encantou foi ver um senhor de preto, com um chapelão da mesma cor e uma barba dessas que não são aparadas há muito tempo e um botinão, demonstrando ser além de fiel cantante dos sucessos do músico, uma espécie de hippie dos anos 2000, figura em extinção, resistindo bravamente ao tempo. Um visual fora do tom atual, mas muito dentro do que se escutava pela boca de Zé Geraldo. Mal acabou o show sumiu como que por encanto, não dando tempo de perguntar seu nome. Em alguns momentos percebia-me distraído do show a olhar as pessoas admiradas e absortas com o presenciado no palco. Há muito não via algo parecido. Curti cada momento.

O músico e sua banda, formada por mais três pessoas, todas oriundas e no estilo do músico, transformaram o espaço do SESC num revival de algo bom e saudoso. O Zé Geraldo cantou todos os seus sucessos, começando pelo que diz ter sido o seu primeiro, “Cidadão” e tantos outros, como “Senhorita”, “Galho seco”, “Reciclagem”, “Eu não tenho nada com isso, só estou falando” e versões de “Cachorro Urubu” e “Mr. Tamborine Man”. E o que dizer de sua gaita e guitarra elétrica, afinadíssimas? Mais gostoso que o show foi papear com as pessoas no fim do mesmo, na fila do autógrafo. Compro um CD, o “Catadô de Bromélias”, por meros dez reais e tiro fotos com diletos amigos, como o casal Roque/Tatiana e Arthur/Lilian, juntos dos fãs de Jaú. No portão de saída, trocamos endereços com os antes desconhecidos e nos falamos como se amigos fossemos de há muito tempo. Zé Geraldo ainda consegue possibilitar algo perdido na gastança do tempo. Voltei cantarolando algumas do CD comprado (levei outro para o autógrafo, um Acústico, com o Duofel), não se importando com o que as pessoas achavam de um amalucado cantante, que com os vidros fechados do carro, emitia sons desafinados muito próximos de algo musical. Estava feliz além da conta. Hoje tô de um jeito que só quero ficar escutando o Zé aqui na vitrolinha, nem pra Copa do Mundo ando dando muita trela.

5 comentários:

Anônimo disse...

Beleza o show..... bom rever o Zé e encontrar tanta gente que eu nao via e ouvia ha tempos.
Tatiana Calmon

Anônimo disse...

E depois dizem que a cultura não passa por Bauru. Sempre passou. O que precisa ser reativado são as boas atividades culturais na nossa Secretaria Municipal de Cultura. Jaú esteve lotada nesses dias com um Festival Caipira, Francis Hime esteve em Garça e lá a Festa das Cerejeiras e aqui paradeira total.

Aurora

Anônimo disse...

Henrique

Uma figura o barbudo da foto. Quem seria ele? Alguém oconhece? Mantém o visual dos tempos da irreverência e contestação hippie. Com certeza deve ser daqueles a viverem meio que à margem desse nosso mundo atual. Tente descobrir quem seria ele e produza um texto com ele.

Regina

Anônimo disse...

Bom dia , meu jovem.

Agradeço pela consideração, temos certeza que jamais deixaremos o cavalo passar encilhado .

Vamos sentir o cheiro do povo sair pra rua de novo , tentar salvar este muito que ainda resta , da nossa juventude.

Abraços.



Ismael P. Oliveira

Ge Adriana disse...

o show como sempre foi um espetáculo,conhecer pessoas maravilhosas nele foi um presente a mais da energia enebriante e positiva que circulava no lugar!