segunda-feira, 7 de junho de 2010

UMA FRASE (52)

FRIO NA CIDADE, RETRÓGRADOS EM POLVOROSA E O JARDIM CULTURAL DA MANU
Domingo friorento em Bauru. Temperatura baixa nas ruas e quente, muito quente nos bastidores. Logo pela manhã abro os dois jornais e neles uma entrevista com o ainda sectário (sic) de Cultura de Bauru. “Tenho sido vítima da mais cruel e preconceituosa campanha realizada por um diminuto grupo de funcionários e entidades interessadas em manter seus privilégios à custa do dinheiro público. (...) Os que agora reclamam nunca se movimentaram. Ficavam mamando com os poucos recursos existentes. (...) Se minha saída vier a se concretizar, prevalecerá o retrocesso na SMC. (...) Só lamento que isso se faça sob a aparente ação dos retrógrados. (...) Os meus opositores só querem que a desordem e a desorganização continuem”, disse o mesmo em frases desconexas. Rodrigo, o prefeito, retruca: “Chamar os funcionários de retrógrados só dificultou ainda mais a situação”. Quer dizer, não se precisa dizer mais nada, só aguardar a escolha do novo mandatário (a) do setor. Cairá de maduro. Os desmandos foram citados aqui e continuam a ser, bastando uma olhada pela repercussão junto à seção de leitores dos dois jornais.

E num dia frio, um evento a me chamar para a rua, o JARDIM CULTURAL – Música, Artes, Literatura e Dança (http://www.jardimpontocultural.blogspot.com/), promoção da agitadíssima MANU SAGGIORO, que com seu sorriso de deusa do Olimpo recebe a todos, enrolada em capotes e xales. Fui e fiquei pouco, pois outro compromisso me chamava. Tristan Dierckx, professor de frances/belga e ex-assessor do governo municipal petista de Botucatu, junto com Duílio Duka, professor e ativista político, estiveram comigo. Caia a noite, 18h e na primeira roda o prefeito Rodrigo Agostinho, que papeava junto do Paulinho, da Oficina Cultural. Pelo semblante, veio, como o fez nas vezes anteriores, para se recarregar. Nesse, com mais motivos, após ainda não ter solucionado o problema da Cultura Municipal. Não reproduzo suas palavras aqui, só reafirmando que um novo nome está sendo consolidado.

Manu vem junto ao grupo, sempre sorridente e indo de um lado à outro, cuidando dos detalhes. No som, Pês, recebendo elogios logo de cara, pela forma pura como tudo fluía entre as árvores do parque. Antes do primeiro som no palco, malabaristas tentavam praticar sua arte, com certa dificuldade, pela escuridão. O grande astro foi um cão negro, morador do local, que não desgrudava de cada artista. João Alcara, o fotógrafo do evento, estava com sua exposição de fotos no barracão e disse estar por ali desde o meio da tarde, quando montou tudo e ajudou a ir dando a cara que o local apresentava. Ainda no barracão, Carlos Martins, já sob efeito de uma máscara facial, ensaiava sua apresentação performática. Vendo-me fez questão de alfinetar algo: “O cara vai sair, mas que tem gente lá fazendo corpo mole, isso tem”. Não lhe respondo, mas ele certamente lerá o que penso disso. Tem sim e continuou tendo sob o tacão atual. Se alguém veio para promover mudança, que faça para todos, não privilegiando ninguém e isso não ocorre. Tudo continuou como dantes, mudando somente os nomes dos sob o manto protetor. E tem aqueles que agindo como camaleões, mudam de cor a cada mudança. Ele sabe de quem falo e o que penso disso. Mas o momento, eu e ele sabemos (aliás, todos os sensatos), deve ser de união, buscando unir os grupos descontentes, para que todos unidos lutem por dias melhores no setor cultural. Imagine a SMC atuando com todos unidos em busca de uma nova cara e identidade cultural para a pasta? Precisamos de alguém que faça isso nesse momento.

Ainda parei em algumas rodinhas por lá. Numa, Ralinho Gomaia chegava carregando sua batera e me pede para ficar mais, pois seu show não demoraria. A dentista e agitadora cultural Alê me falava do show do Pato Fu, na noite de sábado em Garça e Norba falava a todos que neste ano veio para se divertir, pois não cantaria (sei não?). Sérgio Losnak estava junto de Ariane, servidora cultural e esta me pergunta: "Feliz, agora?". Respondo que não, pois esperávamos algo diferente na atuação do secretário, não o autoritarismo, isolamento e favorecimento a um grupo restrito de apaniguados. Nilma, professora da Unesp, ri quando digo que foram dadas várias oportunidades para o secretário alterar sua postura, tendo prosseguido no ritmo gerador de toda crise atual. Sim, acredito que foram, mas ele insensível e turrão, continuou a cavar sua própria cova. Quando me fui muitas rodas se formavam e na maioria o assunto era a Cultura Municipal. No palco bandas se alternavam, o frio aumentava e a gelada "Devassa" circulava de mão em mão, além dos destilados, tão bons nessas horas. Não pude ver mais nada, nem vi o prefeito engolir fogo, como da vez passada por lá. Mesmo saindo cedo, deixo aqui aquele abraço para Manu, incansável batalhadora para que aquilo possa continuar vingando (peço desculpas a ela pela mistureira do meu texto). O Jardim Cultural é a sua cara e ambas, bonitas demais. Vida longa ao Jardim Cultural e vida nova para a SMC.
Em tempo: Retrógrado seria o modelo que vai ou o que fica? Para mim, o que parte é infinitamente maior.
OBS.: Os assuntos escrevinhados são vários, mas as fotos, todas tiradas por mim, são do Jardim Cultural de ontem. Cliquem nelas para sua ampliação.

2 comentários:

Anônimo disse...

Uma boa resposta pode ser uma das cartas publicada hoje na Tribuna do Leitor, do Jornal da Cidade.
PAULO LIMA

07/06/2010
Resposta à carta do, se Deus quiser, ex-secretário de Cultura
Este secretário (Pedro Romualdo), desde que assumiu, já se mostrava um erro, pois o seu currículo não mostra nada mais do que o fato de ser o presidente do PSB, partido que apoiou na eleição e hoje dá sustentação na Câmara ao governo do prefeito. Declarações descabidas como essa (de ontem) mostram o total des-preparo deste senhor para controlar uma pasta tão importante como a da Cultura. Essas acusações sem provas claras e inquestionáveis mostram apenas um político desesperado, não querendo perder a “boquinha” dos R$ 7 mil mensais que ganha como secretário municipal.

É lamentável ouvir de um membro do go-verno municipal que entidades culturais sérias só querem manter os “privilégios do dinheiro público” como se esses “privilégios”, como o direito constitucional ao trabalho, fosse um grande negócio para as entidades. A única coisa que as entidades ganharam esses anos todos com “o dinheiro público” foram as muitas dores de cabeça, pois para receber as mi-sérias que o poder público direciona para a cultura se demora muito, além das mil papeladas para provar o que se gastou. Em síntese, é um “privilégio” no mínimo burro porque você trabalha primeiro, gasta dinheiro do próprio bolso, que muitas vezes não existe, afinal somos artistas e aqui no Brasil artista vive praticamente mendigando, e no fim recebemos o dinheiro do poder público quase dois anos após o contrato inicial que se renova e renova e renova e renova. Finalizando, o único privilegiado aqui é o senhor Pedro, que ganhou até hoje, desde que assumiu a pasta, aproximadamente R$ 125 mil e, pior, nada fez pela nossa cultura, apesar de ter ganho tanto.

André Luiz Zambelo - diretor de teatro

Anônimo disse...

Caríssimo Henrique!
Que surpresa gostosa! Muito bom o post... a mistura de assuntos ficou ótima, rs
Adorei sua presença por lá... vc se livrou de um frio dolorido que cobriu a noite um pouco mais tarde!
Super beijo!
Manu