terça-feira, 15 de setembro de 2015

CARTAS (146)


VARONIL REENCONTRO NUMA BANCA DE LIVROS*

* Missiva da lavra e responsabilidade deste HPA, publicada hoje na Tribuna do Leitor, página interna do Jornal da Cidade - Bauru SP:

Na Feira do Rolo, Banca do Carioca, domingo último, 13/09, todos por lá quarando com o retorno do sol. Reencontros mil, papos variados e múltiplos. Destaco aqui um a merecer destaque. Carlos Ladeira, prócer tucano na cidade, um que já bebericou comigo cervejas pelos bares da cidade e hoje, antes mesmo do cumprimento já chega com uma provocação: “Que aconteceu que não te vejo mais defendendo o PT no jornal?”.

Primeiro lhe estendo a mão e após, respondo com a devida vênia: “Continuo na mesma trincheira onde sempre estive. Se o PT mudou pergunte a ele, nem petista sou mais, expulso que fui por dona Estela. Não defendo nenhum político que tenha cometido deslize, independente de sigla partidária, mas não me furto em reconhecer todos os acertos deles, alguns ótimos para o país. Agora, tu é dos que não deveria questionar eles por nenhum tipo de erro, pois tudo de mal que alguns deles fizeram, membros pomposos do teu partido repetiram a dose e em maior escala. Tá difícil saber quem esmerdeou mais o país”.
Tempos atrás, noutros encontros na banca, eu e Ladeira.


A questiúncula não se encerrou por aí. Farpas ainda foram trocadas, ele de um lado da banca de livros, eu noutra. Nada além disso, mas preocupante. Primeiro, porque Ladeira me conhece e sabe não possuir envolvimento com nenhum escândalo, depois, sabe também, não possuir nenhum cargo complicatório de confiança junto a nenhum dos tais partidos envolvidos no Fla Flu em questão. Saliento ainda que, a esquerda brasileira não se resume ao PT e nem todos por lá devem ser atrelados aos fatos questionados. Cheguei a dizer de minha admiração por um dos fundadores do PSDB, o ex-governador Cláudio Lembo, ainda mais depois da feliz declaração, citando a tal da “elite branca” paulista.

Quando ao me responder cita Hélio Bicudo e sua mais recente admoestação ao PT, sou obrigado a lembrar de profética fala de Plínio de Arruda Sampaio, questionado certa vez por ter vindo da direita para a esquerda: “Sim, nada demais. Fui é salvo. Já sem possibilidade de salvação quando ocorre o contrário, a pessoa tendo militado na esquerda e um dia ir parar na direita. Esses são irrecuperáveis”. Voltamos a olhar uns livros e saio da banca com um dos meus autores preferidos debaixo do braço, Darcy Ribeiro. O escolhido do Ladeira não vi e não sei.

Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

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