domingo, 13 de setembro de 2015

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (67)


40 MINUTOS QUE VALEM POR UM MÊS INTEIRO - NADA SE COMPARA A ESTAR NA BANCA DO CARIOCA NA FEIRA DO ROLO AOS DOMINGOS
Cheguei na Feira do Rolo hoje já eram umas 11h20. Parte da manhã estive no velório de uma pessoa querida de minha família. A feira foi usada para desopilar, soltar a embutida amargura. A passada obrigatória, como sempre se dá na Banca do Carioca. Hoje, em algo em torno de 40 minutos, uma concentração do que se pode dizer como a verdadeira e original “ebulição” bauruense. Tudo estava ali acontecendo e eu ali inserido naquele rico contexto. Aquilo ali, dentro da riqueza de possibilidades que já vi o lugar oferecer, hoje estava com os decibéis acima da voltagem permitida. Extrapolou e confesso, se tivesse tempo, permaneceria ali a tarde toda, curtindo cada pessoa reencontrada. Para começo de conversa, Carioca ao me ver chegando já me entrega dois livros que havia reservados especialmente para mim. “Achei a sua cara, veja se interessa”, diz. Um luxo só. Claro que interessava. São eles, o “Direito à Memória e à Verdade” e “Croquis de Pagu”. Vi que estava cheio de novos CDs.

Muita gente ali reunida e nem deu para circular em mais nada. Fiquei só ali e pronto, foi o suficiente. Duas semanas sem comparecer na feira é motivo para gente vir ao seu encontro e perguntar: “Que foi? Qual o motivo do sumiço? Não faça mais isso”. Sim, prometo não fazer mais e já me oferecem um copo de cerveja. Prometo ajudar no rachide e vou assuntando quais as novidades. No fundo da banca, pendurado num cabide um imenso capote mostarda, desses grossos e para enfrentar frios desmedidos. Está ali justo hoje quando o sol voltou a bater forte. Não houve jeito, peço para tirarem uma foto comigo ali dentro e sem tirar o cabide. Logo o próprio Carioca tira outra e depois nosso mestre em esperanto. O dia estava prometendo. Duas jovens estavam por ali e sendo paparicadas pela turma toda. Uma era mexicana e hospedada na casa de uma já famosa artista plástica, a Tássia Sardão. Essa radiante, pois estará inaugurando mostra de seus trabalhos no Templo Bar no próximo dia 15.

Rubens Colacino estava tentanto colar uns papéis na parede da Associação dos Aposentados e inaugurar um Mura. Num certo momento chama todos para tirar uma foto diante dos papéis ali colados. Na frente da farmácia uma animada turma saia para fora a todos instante quando o movimento diminuía e se juntava à trupe foliona na calçada. Lá na frente, da loja de usados, outro acena a mão e pedia que em breve estaria no furdunço. Outro acha um livro sobre Portugal e o levanta como preciosidade: "Esse é meu". Uma garota pede uma indicação de dica literária para ler e o mais recomendando foi um João Cabral de Mello Neto, prontamente aceito por ela. Ficou alguns instantes entretida com a leitura e quando se decidiu pela aquisição, todos que até então estavam com a respiração presa a soltam e levantam seus copos de cerveja. Logo a seguir a vemos com um LP do Milton Nascimento nas mãos e a alegria foi geral. A festa continua porque quem vem chegando com um amigo, desses que ainda não conhecia o encantado lugar é Manoel Carlos Rubira. Em instantes já está trocando ideias sobre a exposição no Templo.

Uma sorveteira passa com seu carrinho e para diante da banca de CDs e de livros. Esquece por instantes do serviço e tenta escolher um CD. Já estavam propondo uma vaquinha coletiva para pagar o que ela quisesse levar. Na foto coletiva, não resisto e pego uma dessas chapas de fogão, tipo frigideira e ameaço tacar na cabeça do Carioca. Onde já se viu vender aquilo no meio de livros? Tinha mais. Chegando e parando o engenheiro cultural, um que diz que a cultura está no seu interior e que se a categoria se interessa por estar inserido nas leis do mercado, para ele, o que interessa mesmo é estar inserido nas leis da cultura. leva o livro mais estranho da banca, um da historiadora bauruense Terezinha Zanloqui sobre mangás. Todos queriam que ele abrisse o dito cujo ali, mas plastificado permaneceu. Rubira levanta lá do outro lado um livro do Darci Ribeiro, o "Sobre o Óbvio" e lhe pergunto: "Vai levar?". Quando diz que não junto aos meus. Vejo por ali o novo livro do Reginaldo Furtado, lançado ontem e já presentado ao livreiro da feira.

Não sei vindo de onde circula entre os presentes um pratinho com frango e linguiça. E a cerveja vai de Petra, a da reserva especial da farmácia, a uns litrões de Skol que o Carioca pede para trazer não sei de onde. Do outro lado banca aparece o Ladeira querendo provocar a mim por defender petistas. Fico sem entender, pois o que não coaduno é com a hipocrisia reinante, mas lhe digo: "Estranhar o que, se você fica a defender tucanos?". O papo micha e com ele prossegue naquele estilo Fla Flu só resolvível, com a desatenção. Volto para os convivas do lado de dentro do balcão, onde Colacino tenta conversar com a mexicana em esperanto e vejo que ambos não se entendem. Mas no mais todos estão se dando muito bem. E assim prossegue até não sei quando. Tenho que bater asas, pois o almoço dominical com meu pai me espera e com o coração partido, pago parte dos CDs escolhidos, os livros e uma pequena parte penduro para quitar no próximo domingo.

O nome de todos os presentes eu não conseguiria me lembrar, daí preferi citar só uns poucos. Queria que todos os presentes levantassem a mão e aqui pela internet escrevesse nos comentários um "Eu estava lá". Conversamos novamente sobre a abertura da tal Banca Cultural dentro da Feira do Rolo e todos, como sempre, gostaram muito da ideia, só que nada fica de concreto e dessa forma continuamos batendo cartão, domingo após domingo, sempre no mesmo bat canal, ali na Banca do Carioca. Amílcar Oliveira, um dos responsáveis e representantes dos feirantes já deu o aval, mas está faltando é reunir a galera e bater o martelo. Qualquer dia isso acontece e daí pro diante, pordem ter certeza, os domingos nunca mais serão os mesmos. O melhor lugar é ao lado da Banca do Carioca, com um espaço para exposições, entrevistas, falatórios, lançamentos e tudo fluindo entre as partes, sem nenhum atrapalhamento de ambas as partes.

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