quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

UM LUGAR POR AÍ (77)


TECH ME FAZ REVIVER AS MARAVILHAS DE BEIRA DE ESTRADA E MATO ADENTRO

O recanto paradisiaco do Reginaldo Tech em Torrinha
Sou um estradeiro. Já viajei muito mais do que o faço hoje. Fui parando ao longo do tempo. Antes a estrada me comovia (e me sustentava), percorria distâncias inimagináveis em busca de meus caraminguás. Como sabem sou bocudo, tenho diploma de professor, mas escolhi eu mesmo criar meus empregos, pois como iria pedir emprego para os que amanhã poderia estar escrevendo contra. Não tinha mesmo jeito. Deu certo durante um bom tempo. Hoje nem tanto, mas continuo tentando esse ofício de Caixeiro Viajante do século XXII. As coisas mudam, hoje faço mestrado e estou com livros a entupir minha mesa de estudo e a estrada vai se distanciando cada vez mais dos meus projetos. Sofro por causa disso, mas não tenho muito o que fazer. Resignado, vivo do passado. São tantas histórias, em cada canto que ia, um lugarzinho mais do que especial para as devidas paradas. Quando me lembro disso tudo, tenho que me acorrentar num poste e peço para a Ana esconder a chave, pois me bate uma irrefreável vontade de pegar vento no rosto. Ela é boazinha e de vez em quando, ao me ver trêmulo me acompanha em lugares pela aí. Dia desses estávamos tomando uma cervejinha numa pizzaria na praça central de Tibiriçá. Noutro fui lhe explicar como era o distrito de Pouso Alegre de Baixo, onde tem o Restaurante do Polaco.
O Polaco em Pouso Alegre de Baixo

Fui lembrar disso tudo por causa do Reginaldo Tech, esse bandido, que ontem publicou pelas redes sociais algo falando de uma estalagem lá na estradinha entre São Manuel e Torrinha, uma que lava o nada ao coisa nenhuma. Ótimo lugar, por sinal. Não conheço o lugar indicado por ele, mas sim a estrada e os desvios de quem se perde entre Dois Córregos e Torrinha. Um lugar assim, com queijo fresco, mel, linguiça artesanal, pinga do lugar e gente proseando com capim enfiando entre os dentes é para parar o carro e perder hora dos compromissos até então assumidos. Se o Tech conhece um lugar assim e dele acabou fazendo seu pouso mais do que certo, tenho uma infinidade deles guardados aqui na memória, prontinhos para serem revelados. Respondi a ele de outro ali na entrada de Lins, mais rebuscado, chique, mas aconchegante como poucos, o Forte Apache, com guloseimas de babar e escorrer pelo queixo. O pão caseiro deles é uma alucinação. Fica do lado de quem volta e se bobear fica para trás, pois nem placa indicativa tem. Luxuoso e sem anúncios. Maravilhas de beira de estrada.
O Forte Apache na entrada de Lins

Olha o que o danado publicou: “Um rancho... rústico e simples... customizado como uma cabana no meio do mato, no km 222 da rodovia 304 (que liga às cidades de São Manuel (Rod. Mal. Rondon), Torrinha, São Pedro, Águas de São Pedro, Charqueada, Piracicaba e toda região de Campinas), em Santa Maria da Serra... onde você encontra o melhor queijo fresco da região, mel puro, favo de mel, água de coco gelada, pão caseiro congelado, suco puro de laranja, abóbora, laranja, melancia, doces caseiros e de Minas, carvão de eucalipto, leitoa e galinha caipira, ovo caipira, linguiça caseira, carneiro, pato, galinha d'angola, paçoca caseira, pimentas e picles em conserva, palmito macios de vários tipos, cachaça artesanal envelhecida (este produto nós entregamos na sua casa), molhos, temperos, artesanato de Santa Maria, água da mina... exposição de objetos antigos e de fazenda... ambiente rural aconchegante, canto dos pássaros e um bom dedo de prosa. RANCHO DA SERRA: a conveniência de produtos caseiros e caipiras de Santa Maria da Serra! #2016 A qualidade dos Sabores da Serra na sua mesa...”. pronto, me pegou pelo estomago.
Eu e Tech beirada de Igaraçu (foto Vinagre)

Dia desses fui para a Barra e adoro ir pela vicinal que passa por Macatuba. Paro sempre no posto de gasolina ali no meio do nada, pouco antes da usina. Desço do carro, olho para os lados e só cana para tudo quanto é lado. Daí me pergunto: Mas como isso aqui sobrevive? E sobrevive, pois desde que me conheço por gente o posto está ali encravado no meio do hoje deserto de cana. Mais adiante, já quase chegando em Igaraçu, um barzinho na beirada do braço do rio. Tempos atrás parei ali com o Vinagre e o próprio Tech e a sardinhada foi de lamber os beiços. Quando volto por Jaú, paro também em Potunduva, antiga Ayrosa Galvão e na pracinha velha, quase junto de um Grupo Escolar onde minha mãe deu aula, sento vendo o verde da praça e observando as pessoas com a barra das calças sujas de um vermelho que deve difícil de sair da roupa. Em Guainás, tinha o restaurante com uma bisteca de lamber os beiços. Fechou, mas na entrada do Vale do Igapó tem uma venda, um armazém que tem uma ótima cervejinha gelada. Em Aymorés também tem um botequim de vilinha que é indescritível.
Empório Ribeirão Bonito de Arealva

Na estrada de Arealva, entro sempre em Santa Isabel e para num bar quase na esquina da praça, tomo uma gelada e só depois sigo viagem pelo terrão até o acampamento na beirada do rio. Lá no meio do mato, em Ribeirão Bonito tem uma venda fantástica no meio do mato, em frente ao campo de futebol e da igreja, tendo aos fundos uma cachoeira. O paradisíaco lugar é propriedade dos Cardoso, com a Cahoeira Babalim e aquela água gelada ali prontinha para ser apreciada. Descobri que tem até quartos para alugar. É impossível não ficar horas sentado ali na venda olhando pro nada logo ali adiante. Na estrada Bauru Ipaussu, pouco antes do famoso posto Paloma, tem um restaurante no sentido de quem vai daqui para lá, usual parada de caminhoneiros, com uma mesa grandona, onde todos se sentam juntos e depois se servem num grande fogão a lenha. Toda vez que passo na estrada e vejo aquela fumacinha subindo do telhado, fico trêmulo de vontade de parear e me esbaldar. A diabetes me oprime e é hoje meu freio de mão. Na volta de Marília, quase chegando em Bauru, antes do Cedro, tem uma bar do meio do mato, acho que é Bar da Rose, no meio de uns seringais, ponto de encontro de todos os sitiantes do lugar, mercearia e uma espécie de salva-vidas de quem mora por ali. A cerveja é gelada e o único cuidado é não deixar algum pássaro cagar dentro do seu copo.
Beira da balsa lado de Boracéia


E assim como esses, outros tantos. O Tavolaro e o Taperão lá pelos lados de Brotas. Na estrada que liga Itapuí até o trevo de Bariri, tem uma venda numa curva, diante de uma escola abandonada, com um paredão cheio de coisas empoeiradas expostas. Paro sempre. Na balsa de Boracéia tem uma vendinha chinfrim, mas quando a demora é grande um refúgio para estômagos vazios. Lá perto do escondido aeroporto de Arealva tem o cara que faz porco revirado e é um lugar bom demais da conta. Rio Verde tem uma venda que lota todo final de dia, bilhar disputadíssimo. Na estradinha que liga a Rondon e vai para Reginópolis, a que passa pelo presídio, logo nos primeiros quilômetros tem uma venda, a única no trecho, paro sempre, pinga boa e gente boa de conversa. Na Bauru Piratininga tem a mulher logo na saída da cidade que faz pão caseiro e os revende na beira da calçada de sua morada. Na Bauru Marília, um cara lá de Ubirajara montou uma barraca pouco depois do trevo de Fernão e fica ali na pista vendendo produtos da Vó. Perguntei da velha e ele com seu jeito matuto me disse que a velha já tinha batido as botas, mas que deixou as receitas todas com ele e assim ele dá prosseguimento no negócio. Faz tudo na cidade, ele e a esposa e depois fica o dia vendendo ali na beirada da pista. Tem muito mais e alguns até me esqueci agora, nessa pressa de escrever e publicar isso tudo. É isso, viu Tech o que você foi fazer, mexeu com meu cerebelo e desandei a extrair lá do fundo da memória uns lugares do arco da velha. Esse os lugares mais desestressantes desse nosso mundo. Gosto deles todos. Eu até paro de bater boca quando estou num lugar desses, eles me curam desse mal. Antídoto igual não existe.

2 comentários:

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:

Carlo Moreira Vixe...isso é uma radiografia dos meus itinerários...

Henrique Perazzi de Aquino vai lembrando de mais.

Carlo Moreira Venda do Venda Do Vivan - Pardinho e Restaurante Paineira Velha (Marcia Pauletti)

Carlo Moreira Atrás do Posto Paloma - na Fazenda - Venda da Dna Maria

Carlo Moreira Estrada, Garça - Alvinlândia: Venda Seca

Henrique Perazzi de Aquino Carlo Moreira Essa eu parava muito, fica quase no trevo. Ali nas imediações, indo mais no sentido da cidade seguinte, tem mais uma e quando cortavam as plantações ela ficava pelada sem nada em volta. Ao lado dela se pegava uma estrada dse terra que ia sair em Ubirajara.

Carlo Moreira Antes do Cardoso - no Ribeirão Bonito - tem a lanchonete da Dna Leide. Tia do Nilton Cardoso

Carlo Moreira E o famoso Boteco Azul, do Sr Sgarb - já falecido - o filho dele ainda trabalha por lá.( essa que ia pra Ubirajara)

Carlo Moreira http://circuitoturistico.com.br/.../circuitoturistico.php...

Circuito Turístico
A fazenda São Benedito é uma fazenda encantada,aberta pelo capitão Benedito Ottoni…
CIRCUITOTURISTICO.COM.BR

Reginaldo Tech Henrique Perazzi de Aquino... você é foda!!! kkkkkkk... No nosso Rancho, que na verdade fica na rodovia que liga Santa Maria da Serra a São Pedro... por onde passam em média 2 mil carros por dia durante a semana... e uns 3 mil a cada dia do final de semana (essa estrada liga a região de Campinas e os rios Piracicaba, Tietê e represa da Barra, onde tem 15 condomínios de ranchos de primeira categoria)... sempre falo de um tal professor de história... mais bandido ainda que eu porque nunca passou no nosso Rancho da Serra... que poderia escrever um livro sobre todas as estradas vicinais e nada vicinais do estado de São Paulo... hahahahaha... Quando comecei a ler seu maravilhoso artigo, logo lembrei de quando eu, você e o José Vinagre... paramos para comer os maravilhosos peixes com cerveja numa dessas estradinhas... mas logo achei nas suas bem traçadas linhas esta passagem das nossas vidas. Estava eu aqui... numa conversa cervejística... quando me deparei com seu artigo... e viajei no tempo... porque muitas dessas suas paragens, também já foram minhas. #TamoJuntoSempre Abraço fraterno e forte... cheirando cerveja e poeira das estradas.

Henrique Perazzi de Aquino Reginaldo Tech, sabe que isso desses roteiros pelas vicinais merece, no caso que estou metido no momento, um belo de um trabalho acadêmico e mais que isso, um livro sobre essas entranhas mundanas e fora de qualquer roteiro turístico. Algo a ser pensado e para breve. Tentador...

Reginaldo Tech Voto a favor! hehehe


Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK 2:

Henrique Perazzi de Aquino Mas me diga Reginaldo Tech, ainda não entendi direito a coisa: Onde vc está morando atualmente? Aí no paraíso da foto ou em alguma cidade de concreto? Como se deu isso. Conte para nós... Herança? Fuga? Refúgio? Exílio? Desistência desse mundo bruto e cheio de ódio? Busca pelo lado lúdico da vida? Ou tudo isso junto e misturado?

Reginaldo Tech O motivo? Paixão! Minha amada é de Santa Maria da Serra., Karine Gravena Miranda. Mudei pra cá no início de 2015 e temos uma bela churrasqueira... e uma rede que vai pra lá e pra cá...onde acontecem bons churrascos, regados a cerveja gelada, devidamente rateados entre os presentes... na nossa casa. Fora isso, estamos associados da família em um belo recanto, que vende apenas produtos caseiros e caipiras, chamado Rancho da Serra. Fora isso também, continuo professor dos cursinhos... durante os dias da semana. Quer saber mais, meu amigo? Visite-nos, mesmo que de passagem pela estrada. Abs

Reginaldo Tech Ahhh... não saio mais daqui!!!

Henrique Perazzi de Aquino Em breve, já agendando algo com minha companheira de boléia, Ana Bia Andrade. Que tal no Carnaval dos bonecões de Torrinha. O maestro George Vidal que é de lá vive me convidando e eu sempre prometendo ir. Quem sabe unindo os dois motivos eu apareça. Daí descemos um pedaço da serra até encontrar o seu paraíso e beberemos algumas juntos. Me arruma um lugar na rede antes de pegar estrada novamente?

Toka Miguel Garcia Dupla de ouro.... felicidades.

Henrique Perazzi de Aquino Ah, gente isso tudo me deu uma baita vontade de pegar meu pai e ir tomar uma cerva gelada lá em Tibiriçá. Vamos??????????


Carlo Moreira Opa! Se preferir um lugar mais rural, Acampamento Tibiriçá. Também tem o bar do bairro Barra Grande - perto de Tibiriça e,um pouco mais a diante,o boteco do "Nirdão"( Nildo Coracini ),sentido Barra Grande Rio Verde . E na volta,a "saideira", tem que ser no bar do "tatu"- no bairro Santa Maria (entrada:no sentido Bauru - tibirça,primeira entrada à direita.

Henrique Perazzi de Aquino Pronto, e depois como faço para achar o caminho de casa?

Carlo Moreira kkkk com moderação dá pra cumprir o itinerário...rsrs