terça-feira, 19 de julho de 2016
FRASES DE UM LIVRO LIDO (105)
FAZ FALTA UM “GIP! GIP! NHECO! NHECO!” NOS DIAS DE HOJE Quando o bom e até hoje insubstituível O Pasquim feneceu, a justificativa encontrada pelos seu desaparecimento, uma espécie de post-mortem era a de que não mais havia espaço na imprensa da época para conteúdo daquela natureza, pois com a abertura todos os órgãos de imprensa já podiam escrever da mesma forma ou até com mais ousadia que o semanário carioca. O tempo passou, algumas décadas e caímos em 2016, onde nossa mídia carece de espelho para olhar as próprias faces e se envergonhar do triste papel desempenhado. Olho para minha estante e um livro me sorri, é o ‘GIP! GIP! NHOCO! NHECO!’, obra da editora Desiderata RJ, que em 2007 colocou na banca u lindo livro com as frases da última página d’O Pasquim, a seção com frases do IVAN LESSA e ilustrações do Redi e outros. Quando estou um tanto irritado como hoje, saco dele e relendo as frases, vejo como algo assim faz falta nos dias de hoje. Rememoro aqui algumas delas, sacadas ao leu:
- “De uma forma geral, só temos uma coisa a TEMER: a coisa de uma forma geral”. - “Todo brasileiro vivo é uma espécie de milagre”.
- “3 entre 4 pessoas confundem silêncio com ordem. O outro não tem a menor idía doque está dizendo”.
- “A terra de ninguém é sempre dispuitada por duas ou mais facções”.
- “Um nordestino escreve, dois são uma editora. Trê, uma academia”.
- “Se todas as disposições em contrário fossem revogadas, todas as disposições a favor continuariam enchendo o saco”.;
- “A dura realidade, na Suiça, é mole”.
- “Fome é um negócio que dá em pobre devido ao calor e à tensão nervosa que precedem as grandes arrancadas para o progresso”.
- “Os jovens brasileiros quando crescem e se formam viram críticos articulados da progressiva decadência de nosso ensino superior”.
- “Os apolíticos quando morrem deixam uma lacuna irreparável nos sistema de aperfeiçoamento democrático das instituições”. - “Se você colocar o ouvido no peito de uma católico praticante, ouvirá nitidamente uma voz dizendo: Saravá, zifio!”.
- “No Brasil não há Finlândia”.
- “Nos EUA, ao contrário de vários píses subdesenvolvidos, somente o Super-Homem, Capitão Marvel e congêneres têm direito a poderes excepcionais”.
- “Três em cada quatro deputados são um”.
- “A azeitona na testa é o primeiro passo no sentido da aculturação de nossos silvícolas”.
- “Visão crítica de nossa problemática é Stve Wonder cantando no Canecão”.
- “os prefeitos são emissários divinos destinados asalvar as cidades mudando o nome de suas ruas”.
- “Mandato de Segurança é assim quando despacham um cara pra Europa”.
- “Os jovens brasileiros são a esperança de um futuro melhor para os EUA”.
- “O progresso é uma forma ordeira de se dar prosseguimento à devastação de recursos naturais”.
- “Todos são iguais perante a lei. O problema é que as leis ainda não sabem direito o que querem”. - “O império da lei reina quando todas as pessoas de terno e gravata são chamadas de ‘Sua excelência’”.
- “Graças ao novo mínimo os trabalhadores podem escolher entre ser enterrados descalços ou de alpargatas”.
- “O Brasil é um país cheio de dedos”.
Essas frases assim soltas talvez dizem pouco, mesmo querendo dizer muito, mas quando com a ilustração do saudoso Redi do lado, daí ganhavam uma proporção inimaginável. Ando vendo pouca provocação para os poderosos de hoje e daí, acredito que nossa imprensa precisa se reiventar, ou melhor, já que ela não vai mesmo sair do marasmo e do conformismo golpista e excludente, o jeito é continuar dando importância e valor para esse meio alternativo de criar e colocar o bloco na rua, o pelas beiradas e vielas. Tá faltando esse jeito pasquim de ser enfurnado na sisudez do que vejo nas bancas de jornais e revistas dos tempos atuais. Nem jornal de humor ácido e contundente temos mais.
Na verdade, gente, desculpem mas, ando precisando rir para não chorar.
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