segunda-feira, 12 de junho de 2017

AMIGOS DO PEITO (134)


DOIS RELATOS QUASE SEM RELAÇÃO, MAS MUITO RELACIONADOS

1.) EU GOSTEI DA FESTA NOS ARES DE BAURU, FUI VER DE PERTO, MAS...
Foto da professora e fotógrafa Loriza Lacerda, varanda de sua casa.
Gostar é uma coisa. Gostei do que vi, um belo congraçamento no ar, cores e muita gente, muita gente mesmo. Uma entrada precária, um só lugar, tudo afunilado e no confronto de quem queria entrar e quem queria sair, confusão. Lá dentro, possibilidades variadas de todos tomarem conhecimento do interior do Aeroclube bauruense e da importância em sua manutenção e NUNCA deixarem uns poucos, os ligados à especulação imobiliária derrubar aquilo tudo para levantar ali arranha-céus. Enfim, esse aeroporto tem a cara e a marca bauruense. Toda a estrutura de madeira dos galpões é obra maravilhosa de ferroviários, uma categoria que precisa sempre ser enaltecida nesta cidade também aérea.

E vai meu questionamento. Foi tudo lindo, mas a festa é PRIVADA. Estou certo ou errado? Ela pode ter apoios, mas tem a chancela da empresa do Marcos Pontes, o astronauta e do Jornal da Cidade, nosso único e resistente diário impresso. Os dois são os carro-chefes do evento. Fizeram uma bela festa, privada e sem problema nenhum se o fizeram para auferir lucros. Até aí, rudo bem, perfeito, sem neuras. Daí, vejo também lá a Prefeitura Municipal montando o imenso palco no lugar e disponibilizando shows artísticos a todo instante, no sábado e domingo. Foram ótimos e preencheram junto dos demais, propiciando um belo espetáculo. Minha pergunta que não quer calar é só uma e se estiver errado, quero ser confrontado e que desponte o debate e me convençam do contrário: Sendo um evento particular, com gente auferindo lucro, por que a presença da Prefeitura e da Cultura local? Quero entender: A Prefeitura entrou com todo esse aparato num evento particular? Foi isso? Por que não os próprios organizadores não o fizeram e teve que ser o poder público, com dinheiro público? Tudo bem ser festa para a população de Bauru, estava ótima e bombou, mas abre precedentes perigosos. Estou errado? Se é festa pública, sem ninguém auferir lucros, cabe e é o papel do poder público estar presente, do contrário, perigoso demais, pois outros farão pedidos similares junto ao órgão público e na resposta negativa, poderão querer se utilizar até do argumento: "Mas, lá foi concedido, por que não para mim?". Vi no local ponto de arrecadação de alimentos, que com certeza, deve ser encaminhado para entidades assistenciais da cidade, mas isso, por si só, não justifica o investimento em evento particular. Ou não é particular e estou enganado? Ou ninguém ali está tendo lucro e também estou enganado? Ou é público e eu é que não enxerguei isso? Ou até, se os lucros também foram divididos e ela teve sua parte, empregada para pagar suas despesas com contratação de palco e afins? Faltou explicar e explicitar essa parte.

Fica o registro. Vale o debate de ideias.

2.) QUEM NÃO GOSTA DE CARINHO? O DINHO ME CHAMEGOU HOJE...
Fui almoçar na maior correria, num lugar que adoro aqui perto de casa, comidinha das mais simples, gasto perto de uns R$ 10, por quilo, hoje com um virado a paulista em drops, ou seja, aos poucos, que juntado, dá o tal virado. Os donos do lugar são uns amores e ainda escrevo deles. Já me chamam pelo nome e ainda ouço um conselho da dona, a simpatia em pessoa: “O sr come muito rápido, seu Henrique. Assim faz mal, venha com mais tempo”. Pago meus R$ 10 e volto pra correria, tanto na hora da comida, como no pega diário.

Hoje quem estava lá era o Dinho, um velho conhecido, professor de Letras e sem cátedra, hoje na verdade, sem eira e nem beira. Desde que, pediu desligamento do serviço público por incompatibilidade com a forma como era tratado dentro das hostes estaduais no Magistério, encontra-se desempregado, morando com a mãe e o irmão, o taxista Antonio Carlos Antonini, lá nos altos da rua Inconfidência, pouco acima do Albergue. Pois bem, o Dinho, José Henrique Antonini, beirando os 60 está desempregado e continua pagando a Previdência Privada, não se sabe nem como, pois acha que não vai se aposentar nunca mais.

Entro lá no restaurante e vejo o Dinho. Pego minha comidinha e ele se senta junto de mim, enquanto aguarda a moça aprontar uma comida para ele levar pra sua casa. Falamos de Previdência, de Temer, do PT, do Magistério, do Alckmin, do Lula, da Lava Jato, do golpe e de mim. Sim, o que me leva a escrever isso tudo foi a fala dele para me encorajar: “Henrique, não se avexe com os caras que não gostam do que você escreve, pois eu gosto muito, leio tudo e sei que tem razão. Continue batendo doído nesses caras, pois são poucos os com coragem de enfrentar essas bestas feras. Eu lembro, você dizia desde o começo que, se o Lula e Dilma tinham culpa, a dos que estavam tirando ela do Governo eram muito piores. Hoje, taí a prova, veja o país como está. Não sei como esses ainda continuam tendo coragem de apoiar isso tudo que estão fazendo com a gente. Não arrede pé, tasque a moleira neles, pois assim como eu, sei que muita gente precisa de escritos assim para continuar tendo coragem de lutar e de enfrentar os que desgraçaram com o país”.

Eu quase chorei. Chego em casa e vou procurar o que já havia escrito do Dinho. Achei e republico aqui, para vocês relembrarem comigo desse cara, uma grande pessoa humana, bauruense como eu, lutador como a maioria de nós e contra esses golpistas, como os lúcidos o são. O Dinho me fez ganhar o dia.

O que escrevi dele:
“JOSÉ HENRIQUE É A PUREZA EM FORMA DE PESSOA
Sim, eu acredito e muito nas pessoas puras, desprovidas de qualquer maldade, simples por natureza e só por isso, encantadoras. Quando me deparo com uma, não existe como não dar-lhes a devida atenção. São as tais pessoas que não conseguem, mesmo que queiram produzir maldades. Até por serem do jeito que são, sofrem em demasia, pois dentro de um mundo recheado de muita maldade, maledicência, o tal do cobra comendo cobra, alguns se aproveitam de sua situação e daí o padecimento nas mãos dos ditos espertos. Vendo como vivem alguns puros, vejo como o mundo poderia ser diferente se tudo fosse simplificado. Eis aqui uma pessoa pura.

JOSÉ HENRIQUE ANTONINI é professor e de Língua Portuguesa, justamente a que auxilia o outro a conhecer mais e mais a sua língua. Ser professor da Rede Pública Estadual hoje, todos sabem, não é tarefa das mais fáceis. Penosa, mas para alguns um bocadinho mais. Conseguir se fixar perto de sua morada, algo cada vez mais difícil. Zé Henrique acabou tendo que ir dar aula na região de Campinas. Na sua pureza, penou na mão de segmentos variados, desde dirigentes de ensino a alunos. Pediu exoneração e voltou para Bauru para não adoecer mais, onde hoje tenta continuar conseguindo aulas, algumas aqui, outras ali. Tudo esporádico, sem fixação, mas com sensível melhora na saúde. Está em casa, perto dos seus, morando ali na rua Inconfidência, no seu último quarteirão, fundos com o novo shopping, ele, a mãe e um irmão. 58 anos, cabelos brancos, voz pausada, calmo até demais, tenta buscar forças para não desistir. E desistir como? Não existe isso. Sua história da sequência de fatos ocorridos em sala de aula é entristecedora. Ele não consegue agir igual ao imposto pelo hoje dito senso comum. Sua forma de ação, de vida é outra. Na pureza de como acredita deveria ser o ensino, como deveriam ser as relações humanas, principalmente entre professor e aluno, ele não consegue se embrutecer, nem perder a ternura e a pureza. Mas como continuar sendo muito puro num mundo onde a rudeza é o que predomina? Daí o confronto e os desencontros.”
, publicado no blog do Mafuádo HPA e meu facebook em 22.04.2015.

HPA, muito do alegrinho com seus muitos amigos e amigas.

3 comentários:

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK, CHAMEGO DO DINHO:

Reginaldo Tech Meu grande amigo.

Claudio Lago muito bom

Daniel Pestana Mota Eh isso.ai, Henrique, dando.voz a.quem tem!!!

Sivaldo Camargo encontro sempre o Dinho, é uma pessoa muito doce e está sempre nas atividades culturais, ele está presente em todas as apresentações da Companhia Estável de Dança. Reforço a importância de se ter uma Companhia de Dança Pública, nossas apresentações são sempre gratuitas e abertas a população que talvez não tivesse a oportunidade se fosse cobrado. valeu Henrique, Dinho infelizmente não posso te dizer quando será a próxima apresentação da Companhia no Teatro !!!😦😦😦😦

Luiz Fernando Alves Souza Henrique ...Ele é meu amigo da decada 60/70...trabalhamos juntos Cia fotograficas Mazzeto...amigao de menino....agora agente o chama de Zinho....abç a ele ...valeu

Roque Teodoro É MUITO LEGAL LER UMA HISTÓRIA DESSA ! E SABER DE UMA PESSOA BRILHANTE,MARAVILHA E SIMPLES. É EMOCIONANTE ! VALEU MESMO.HENRIQUE E HENRIQUE.UM ABRAÇO ROQUE.

Milton Puga Como raro e emocionante e encontrar dois seres humanos que dão orgulho do melhor da raça humana. Dinho e Henrique, obrigado por existir!

Henrique Perazzi de Aquino Eu errei, não é Dinho e sim, ZINHO. Obrigado quem acertadamente me lembrou do correto apelido, aliás, desde sua infância.


Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK - ARRAIÁ DA AVIAÇÃO:

Ana Paula Baldo Baldo Também gostei, apesar de não ter ficado para a a grande atração... Preferi ver de longe, aqui dá Bela Vista... Evento lindo, grandioso, merecia uma organização a altura...

Fernando José De Almeida Costa Toda a população teve acesso sem custo algum, por isso a participação do poder público, a festa não foi para os organizadores e sim para o público .

Henrique Perazzi de Aquino Sim, mas desde que particular e com gente auferindo lucros, precedente dos mais perigosos. Ninguém pagou nada para ir lá, entrada gratuita, mas creio que todos os que lá venderam algo, os comerciantes lá dentro pagaram e daí alguém ganhou. Foi isso mesmo?, essa foi minha pergunta.



Cristina Zanin Sant'Anna O espetáculo no céu sem dúvida maravilhoso, o objetivo da festa, ainda não sei. Entretanto, fica aqui minha ressalva que comungo com o amigo Henrique, tem que deixar bem clara essa questão do público/privado. Quem trouxe a proposta foi a Fundação Astronauta Marcos Pontes. Tem nomes de vários bauruenses no conselho fiscal (inclusive) da fundação: Nelson Paschoalotto (presidente) Antônio Carlos Gimenez, Sérgio Augusto Pires de Moraes . No conselho consultor: tem desde construtor civil, até artista da Record, Luciano Facciolli, Edu Guedes, etc. Mas a festa em si: uma desorganização completa, um horror. Comissão organizadora nota zero para vocês. Uma muvuca, faltou água, refrigerante, faltou lixeiras, o trânsito um caos, para um evento precisa planejamento, LOGÍSTICA.

Henrique Perazzi de Aquino Não faço a crítica pela crítica. Quero entender melhor como deve se dá essas questões entre o poder público e o privado. Para um grande evento, com forte atração popular pode entrar e bancar palco de grande monta, atrações musicais e para um pequeno, com pequena atração não pode? Me expliquem isso.

Fernando José De Almeida Costa Não sei, mas acredito que seja muito mais caso de custos do que de lucro. Acredito que os únicos que lucraram foram o vendedores de alimentos bebidas e aquele vendedor de aviãozinho de isopor kkkkk

Henrique Perazzi de Aquino Fernando José De Almeida Costa, tomara...

Mauricio Passos Henrique o que vc não viu foi o palco montado para o pato dá FIESP em campanha antecipada pelo governo de são Paulo

Henrique Perazzi de Aquino Não diga. O patão do Paulo Skaf, um com nome envolvido na Lava Jato fez uso do palco? Confirme isso, por favor, pois aí a coisa ganha ares bagunçativo além do que podia imaginar...

Mauricio Passos Henrique o pato deu um giro pela região esteve em campanha em Macatuba Pederneiras é Bauru tudo por conta tá do sistema dá FIESP

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK - ARRAIÁ DA AVIAÇÃO 2:

Cristina Zanin Sant'Anna O Skaf esteve em Bauru , tinha estande do Sesi expondo

Henrique Perazzi de Aquino Mas isso que quero confirmar. Ele subiu lá no palco e fez comício falando de sua intenção de ser governador. No palco principal. Isso de fato ocorreu? Queria a confirmação disso, seria muito descaramento.

Loriza Lacerda de Almeida Prezado Henrique Perazzi de Aquino, sempre acompanhando atentamente sua narrativa política, preocupada com nossa cidade e nossos direitos, preciso agradecer o compartilhamento da foto e declarar que ela foi tomada da sacada de minha casa, espaço integralmente livre de quaisquer interesses escusos. Abração🤗

Henrique Perazzi de Aquino Loriza, desculpe por me utilizar de sua foto e escrever de tema político. Nada contra a festa, o astronauta, a aviação, tudo muito lindo. Adorei suas fotos e também sinto o mesmo que tu pela tema avião, são encantadores e magnetizantes. Fiz um questionamento e acho que talvez muitos o questionem, mas se o evento é para gerar lucros para alguém, a Prefeitura não pode bancar nada, se ela mesma só entra com grana e quem leva o lucro são outros. Sendo isso, meu escrito é válido, se não for, peço desculpas. Agora tem outra coisa, leio que o Skaf da Fiesp fez uso do palco montado e bancado pela Prefeitura para antecipar campanha ao governo do estado. O evento foi lindo, teve falhas, no céu estava DEZ, mas na terra, algumas coisas pegam. Só isso. Adorei as fotos. Abracitos sempre...

Loriza Lacerda de Almeida Henrique Perazzi de Aquino caro amigo, não discordo uma vírgula de seu comentário. Sua voz sempre voltada à crítica consistente, fala por muitos de nós. Fiquei envaidecida de ter a foto lá, pinduradinha no seu texto. Com tanta foto bacana por aí, só quero agradecer a oportunidade. Use e abuse!


Guilherme Reis Henrique Perazzi de Aquino a campanha eleitoral além dos 100 dias era clara a participação publico privada, agora mais claro como ela se dará!
Eu te doou (publico), você lucra (privado), simples assim!

Henrique Perazzi de Aquino Gui, essa definição é mais que ótima: " Te dou (público) e você lucra (privado)". Viajo com isso. Daí, se confirmando que Skaf subiu no palanque montado pelo poder público numa festa privada, ele usa o microfone sem custos, ou seja, custeado pelo público para expor ideia privada. Tudo isso não passa de uma imensa PRIVADA, hem?


Cristina Maria Cristina Quarta feira estive no aero clube a tarde, fui levar minha neta que adora ir lá e tinha uma equipe da Emdurb podando as árvores, fazendo limpeza da área e me chamou a atenção tb.🙈

Henrique Perazzi de Aquino Eles fazem barba, cabelo, bigode, tiram os pelos de dentro do nariz e orelha, tudo de mão beijada.

Vanda Silvia Novelli Não consegui nem chegar perto. Um congestionamento horrível, nenhum lugar para estacionar, gente indo, gente vindo: parecia um formigueiro. O aeroclube é lindo, mas o lugar é péssimo para grandes eventos, não há ruas de escape. Só uma avenida para ir, só uma rua para sair. Foi uma tarde infeliz e no fim não vi a esquadrilha da fumaça que é meu momento infantil na vida. Muito a lamentar.

Sivaldo Camargo Henrique Perazzi de Aquino, isso é só o dedinho ! a luva tem cinco dedos bem mais longos e gordos. e agora temos duas mãos afoitas !!!