sábado, 11 de novembro de 2017
BAURU POR AÍ (146)
NA ONDA DOS QUE CRITICAM SEM AO MENOS ENTENDER DOS MOTIVOS DE O FAZER
O indicado no título deste texto se repete como praga nos dias atuais. Diante de uma postagem qualquer, algo proliferando é que, mesmo não entendendo muito bem do que se trata, muitos não só emitem sua opinião em forma de crítica, como quando alguém tenta pacientemente explicar do erro, além de não existir a aceitação, surge a ira, o escancarado ódio. A partir daí, aberrações ocorrem e o que prevalece é a intolerância, muito em voga neste Brasil dos tempos do ilegítimo e golpista Michel Temer & a turma dos mais corruptos no comando da República. O Brasil não era assim até bem pouco tempo, mas isso hoje cresceu de uma tal forma, ganhando proporções catastróficas. O que aconteceu de fato com esse país, assim de forma tão rápida para ocorrer uma transformação tão radical na mente de parcela significativa de seus cidadãos?
Antes de tentar responder a pergunta, conto o fato que me fez escrever este texto. São tantos e um mais chocante que o outro. Poderia me ater a bestialidade da atroz e insana perseguição para com a escritora norte-americana Judith Butler, culminando com uma agressão quando estava prestes para embarcar de volta ao seu país. Isso beirou ao irracionalismo inimaginável até bem pouco tempo. De fato, isso demonstra o quanto estamos regredindo, mas cito um caso local, ocorrido ainda ontem na aldeia bauruense e a envolver o famoso sanduíche bauru, hoje o maior propagador país afora do nome da aldeira bauruense.
Conto a história, que seria melhor se fosse estória, porém ocorreu de fato, para perplexidade dos ainda sensatos. Num post feito pelas redes sociais (sempre através delas), um órgão da Prefeitura divulga o fato de mais um restaurante na cidade estar sendo reconhecido com o o Selo de Certificação, por fazer o famoso sanduíche mantendo sua receita tradicional. Poucos bares e restaurantes, como até as pedras do reino mineral sabem, fazem o mesmo seguindo a receita tradicional, criação de Casemiro Pinto Neto (hoje nome de viaduto em Bauru), no início do século passado na capital paulista.
Um cidadão se volta contra o enunciado do texto e desanca a Prefeitura, "cheia de tantos problemas e agora querendo também cuidar de como restaurantes preparam seus sanduíches". Talvez o mesmo nutra um ódio visceral para com a Prefeitura e não suportando mais, na simples menção do seu nome, já se destempere. Outros intervieram na conversa e um disse "que isso é falta do que fazer" e não consegue entender como, com tanta coisa para fazer "pode se preocupar com algo desta natureza". Diante destes argumentos, mesmo tendo a explicação adequada, diante de tanta barbaridade hoje em curso, o melhor é não prolongar muito a conversa, pois do contrário, no capítulo seguinte, um xingamento ocorrerá.
O que ocorre com o país é merecedor de um amplo estudo e não estou em condições de fazê-lo a contento. Muitos saíram de verde-amarelo bradando contra a corrupção do PT e hoje, diante de um quadro imensamente pior, não o fazem mais, mas sentem que o nabo está entrando sem vaselina. Não reconhecem o erro, a empáfia predomina, mas despirocaram de vez, estando mais perdidos do que cegos no meio de tiroteio. Não conseguem e nem sabem mais identificar o que venha a ser certo ou errado, daí ao invés de atacarem a verdadeira raiz dos nossos problemas, atiram a esmo para a direção que a banda está tocando e na imensa maioria das vezes, não só erram o alvo, como estão a provocar um estrago sem fim em tudo o que foi construído de saudável neste país. Dizem que isso é só o começo e a tendência é a piora do quadro da doença a acometer este país. Desalento será pouco diante de um quadro de acentuada piora. De um interlocutor ouvi ontem algo bem fundamentado sobre tudo isto em curso: Ainda não chegamos ao fundo do poço, mas iremos chegar e lá, com a terra arrasada, um reínicio do zero". Não sei se terei estômago para suportar a bestialidade chegando logo ali, na dobrada da esquina.
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