quinta-feira, 14 de março de 2019

COMENTÁRIO QUALQUER (186)


COISINHAS
1.) PRODUTOS SEM AGROTÓXICOS DIRETOS DE GÁLIA PARA MESA DO BAURUENSE
O Assentamento Luiz Beltrame Castro está localizado na área rural de Gália, ali instalado há décadas e até com desapropriação consolidada, esperavam ter vida tranquila, porém, de forma cruel, injusta, cruel e sádica passam por momentos aflitivos. Dezenas de famílias vivem da produção rural, produtos sem agrotóxicos e distribuidos conforme as condições de cada agricultor ou como vimos ontem em Bauru, na sede da Apeoesp, quando lotaram uma perua kombi e vieram revender kits, caixas dessas de mercado, com produtos variados, todos do assentamento e de diferentes culturas. Após contato com variados consumidores da cidade, dentre os quais me incluo, fui buscar meu kit e acabei tendo que repartir, pois é muito para mim e Ana. Seguimos ajudando da forma como podemos. Que o assentamento consiga vencer mais essa barreira, esse impedimento, essa admoestação imposta pela concentração rural ainda a persistir num país muito desigual. Nas fotos, algo do montado na entrada do sindicato dos professores estaduais e segundo ouvi por lá, toda semana estão de volta, com a perua cheia e produtos sem nenhum tipo de pesticida. Além da compra, do apoio, um papo mais do que necessário com quem realmente coloca a mão na massa nesse país e apresenta resultados positivos. Quem vai querer?

2.) A CHARGE DO DIA
A charge do dia é do amigo Carlos Latuff, sintonizando as coisas que devem ser mesmo sintonizadas, pois encontram-se no mesmo canal, ligadas umbilicalmente. Mostrou tudo o que queria escrever, daí não escrevo mais nada, pois estou plenamente contemplado com o que vejo. Até quando vamos permanecer indiferentes a isso tudo e também o caso dos vizinhos de condomínio, cuja filhos se namoram e dessa intensa relação nasce algo maior, a tomar conta do país?

3.) PESCAR O QUE NO RIO BAURU NAS ATUAIS CONDIÇÕES?
Na primeira página do Jornal da Cidade, único órgão impresso ainda circulando diariamente na cidade, saiu ontem, quarta, 13/03 com a sua principal manchete em caráter irônico, “Semma quer barrar pesca no rio Bauru – Projeto em fase de elaboração prevê multa e visa garantir recomposição da biodiversidade do manancial, explica secretário Sidnei Rodrigues” (https://www.jcnet.com.br/…/semma-quer-proibir-pesca-no-rio-…) e na manchete seguinte mostra o tipo de pesca possível na atual condição do rio, bostento e fedorento, com fezes boiando cidade adentro (e afora também), uma vez que Estação de Tratamento de Esgoto segue inconclusa, “Fuga frustrada – Acusado é preso no rio por furto de celular” (https://www.jcnet.com.br/…/jovem-e-preso-apos-roubar-celula…). São os tipos de matérias que se casam divinalmente, na ironia e na piada pronta. Só mesmo um louco ousaria pescar no rio Bauru hoje, algo só mesmo possível na divagação da tal da Semma, já se esconder nas cercanias do rio e ser ali “pescado” pelas autoridades de plantão, algo bem plausível, como se vê nas fotos.
Eu, que cresci nas cercanias do lugar, perto da Nuno de Assis, só adentrava o rio em casos extremos, quando jogando bola nas barrancas, a mesma chutada por mim caia naquelas águas e era praticamente obrigado a adentrar o rio, pois o jogo tinha que ter continuidade. Ficava bons minutos com a canela e os pés debaixo d'água para retirar os resíduos dentre os dedos. Uma tortura. Pouca coisa mudou de lá para cá, mesmo que a Semma insista em tentar provar o contrário. Quero ver peixes por ali. Enfim, pescar, ou ser pescado nesse rio só mesmo desta forma e jeito. Rir pra não chorar...

4.) SÃO TANTOS OS QUE SE VÃO, RELEMBRANDO UM É COMO SE RELEMBRASSE DE MUITOS - SE FOI O ALFREDINHO DO BIP BIP
Poucos aqui em Bauru conhecem ou tiveram o imenso prazer de conhecer o macanudo do Alfredinho, dono de um botequim chinfrim nos cafundós de um dos bairros mais imponentes deste país, Copacabana, no antigo mais famoso balneário do país, a cidade do Rio de Janeiro. Um atarracado cidadão, voz esganiçada, rouco pra dedéu e tocando seu negócio de um jeito sui generis. Era a indelicadeza em pessoa, mas de uma gentileza dessas a te fazer voltar mais e mais para o mais famoso pé sujo do planeta, seu estabelecimento, o Bip Bip.
Esse botequim era um corredor, o cliente pegava sua cerveja e na saída dizia pro Alfredo quantas bebeu. A maioria das cadeiras ficavam na calçada e por ali passaram gente famosa, cantantes de uma cepa inimaginável, todos os grandões e libertários deste país. O lugar ficou conhecido pelo seu espírito de alforria de regras muito estabelecidas. Virou point de gente do bem, ditos esquerdistas e progressistas. Nesses tempos atuais quiseram lhe causar problemas exatamente por causa disso, de manter um papo muito além do conservadorismo predominante. Alfredinho era um ditador e ao mesmo tempo um bonachão. O gostoso do lugar era a putaria que rolava nas conversas nas mesas e dos que permaneciam encostados na poucas paredes. Fez História (com H maiúsculo). Leio na coluna semanal do imortal jogador de bola, o Afonsinho, na Carta Capital dessa semana e junto com algumas outras mortes desses dias, algumas insanas demais com as de hoje na escola em Suzano e a tristeza aumenta desmedidamente. "Comoção impressionante nas despedidas de Alfredinho do Bip Bip, reconhecido em todo Brasil pela dignidade que construiu em sua vida de fraternidade. À frente de seu botequim, em Copacabana, defendeu a cultura popular brasileira às vezes aos berros, sem mencionar o apoio a numerosas campanhas solidárias. O Botafogo perdeu um baluarte na Terra, mas ganhou um defensor intransigente no Céu. A sua querida Mangueira o homenageou com vitória irreprensível no tema que mais o podia felicitar. As demonstrações carregadas de emoção foram impressionantes diante da morte gloriosa, em pleno sábado de Carnaval, seguida por uma multidão de amigos. Muitos estavam fantasiados, voltando ou depois partindo para os blocos espalhados pela cidade. Jorge Amado puro, na simplicidade de um bar de uma porta só. Adeus, querido amigo". Se um dia voltar a ter um bar (tomara que dê tempo, toc toc toc), minha inspiração virá do Bip Bip, um lugar que este mafuento caipira foi algumas vezes, das muitas vezes em que estive no Rio e se perdia olhando como aquilo tudo era possível. Em tempos de Bolsonaro podia ser considerada uma Embaixada da Contestação.

5.) UM DONO DE GRANA DANDO ENTREVISTA NA PAN NA HORA DO ALMOÇO, TUDO AO ESTILO KLAN - LOBOS EM PELE DE CORDEIRO
Sai de um cliente na hora do almoço e até chegar em casa, morto de fome, sintonizei na tal Jovem Pan, a também conhecida como Velha Klan por causa de seus posicionamentos muito conservadores. Não era da de Bauru, pois nesse momento eles falavam de futebol, era uma outra sintonia, alguma de cidade vizinha. Estavam entrevistando um sujeito, não sei se em rede ou local, mas o cara, que se dizia empresário bem sucedido, desses grandões cheios da grana, arrogante e prepotente, quando liguei falava exatamente isso: "A Venezuela tem um preço, a gente sabe quanto custa, assim como Cuba, tudo tem seu preço. A gente pode pagar e se livrar dos caras, resolveria muita coisa, mas depois tem o custo de manutenção. O capitalista de hoje pensa muito em onde colocar seu dinheiro, enfim, tudo se resolve com dinheiro", e continuou sua ladainha. Minha modesta conclusão ouvindo o sujeito é que ele não possui empresa nenhuma, mas muita grana, vive de especulação, movimentação financeira. Falou da grana não subir na cabeça, não mudar seus hábitos e coisa e tal, algo repugnante, de dar nojo. Essa a mentalidade do capitalista neoliberal predatório de hoje, não estar nem aí para o semelhante, para empregar pessoas, produzir bens. O negócio desses é com muita grana, não fazer mais nada a não ser multiplicar tudo sem nenhum esforço, na base da opressão de uns poucos sob a maioria. A rádio e todos os que ouvi entrevistando o sujeito, babavam ovo pro sujeito. Depois ouvi mais a tarde que o Amoedo foi entrevistado pela rádio na manhã, não sei se foi ele, mas isso ouvido demonstra o lado que a tal da "impoluta" da Pan está. Da boca pra fora se diz ao lado do povo, do ouvinte, que na imensa maioria é de uma classe menos favorecida, trabalhador sendo enganado, pois de um lado dizem defender a cidade e seus interesses e depois, do outro cravam a estaca em todos seus interesses. E à tarde, para sofrer mais um pouco, voltando da Unesp ouço um locutor ler uma espécie de editorial da Pan, ou seja, a linha editorial e de conduta adota, a que defende. Se alguém achar isso no site deles merece ser publicado, só para comparar se aquilo tem alguma coisa com o interesse do povo trabalhador, esse que nem sabe mais se um dia na vida vai conseguir se aposentar. A Pan representa o atraso todo que este país está metido e atolado até o pescoço. Só cai na ladainha deles quem não mais consegue enxergar o outro lado da questão, ludibriados na cara dura.

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